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domingo, 23 de outubro de 2011

Estudo americano confirma aquecimento da superfície terrestre

Uma nova análise de um grupo de cientistas dos Estados Unidos concluiu que a superfície da Terra está ficando mais quente. Desde 1950, a temperatura média em terra aumentou em um grau centígrado, segundo as descobertas do grupo Berkeley Earth Project.

O Berkeley Earth Project usou novos métodos e novos dados, mas as descobertas do grupo seguem a mesma tendência climática vista pela Nasa e pelo Escritório de Meteorologia da Grã-Bretanha, por exemplo.

“Nossa maior surpresa foi que os novos resultados concordam com os valores de aquecimento publicados anteriormente por outras equipes nos Estados Unidos e Grã-Bretanha”, afirmou o professor Richard Muller, que estabeleceu o Berkeley Earth Project na Universidade da Califórnia reunindo dez cientistas renomados.

“Isto confirma que estes estudos foram feitos cuidadosamente e que o potencial de (estudos) tendenciosos, identificados pelos céticos em relação ao aquecimento global, não afetam seriamente as conclusões”, acrescentou.

O grupo de cientistas também relata que, apesar de o efeito de aumento de calor perto de cidades – o chamado efeito de ilha de calor urbana – ser real e já ter sido estabelecido, ele não é o responsável pelo aquecimento registrado pela maioria das estações climáticas no mundo todo.

Ceticismo – O grupo examinou as alegações de blogueiros “céticos” em relação ao fenômeno, que afirmam que os dados de estações meteorológicas não mostram uma tendência verdadeira de aquecimento global.

Eles dizem que muitas estações meteorológicas registraram aquecimento pois estão localizadas perto de cidades e as cidades crescem, aumentando o calor. No entanto, o grupo de cientistas descobriu cerca de 40 mil estações meteorológicas no mundo todo cujas informações foram gravadas e armazenadas no formato digital.

Os pesquisadores então desenvolveram uma nova forma de analisar os dados para detectar a tendência das temperaturas globais em terra desde 1800. O resultado foi um gráfico muito parecido com aqueles produzidos pelos grupos mais importantes do mundo, que tiveram seus trabalhos criticados pelos céticos.

Dois destes três registros são mantidos pelos Estados Unidos, na Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) e na Nasa. O terceiro é uma colaboração entre o Escritório de Meteorologia da Grã-Bretanha e o Centro de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia (UEA).

O professor Phil Jones, do Centro de Pesquisa Climática da UEA, encarou o trabalho do grupo com cautela e afirmou que espera ler “o relatório final”, quando for publicado. “Estas descobertas iniciais são muito encorajadoras e ecoam nossos resultados e nossa conclusão de que o impacto das ilhas urbanas de calor na média global de temperatura é mínimo”, disse.

Phil Jones foi um dos cientistas britânicos acusados de manipular dados para exagerar a influência humana no aquecimento global. Os cientistas foram inocentados em 2010. O caso teve início em 2009, com o vazamento de e-mails de Jones nos quais o cientista parecia sugerir que alguns dados de pesquisas sobre o aquecimento global fossem excluídos de apresentações que seriam realizadas na conferência da ONU sobre mudanças climáticas.

O episódio deu munição aos céticos em relação ao papel dos seres humanos nas alterações climáticas. Mas a sindicância da Universidade de East Anglia concluiu que não havia dúvidas sobre o rigor e a honestidade dos cientistas.

Sem publicação – Bob Ward, diretor de política e comunicações para o Instituto Graham de Mudança Climática e Meio Ambiente, de Londres, afirmou que o aquecimento global é claro.

“Os chamados céticos devem deixar de lado sua alegações de que o aumento na temperatura média global pode ser atribuído ao impacto do crescimento das cidades”, disse.

A equipe do Berkeley Earth Project decidiu divulgar os dados de suas pesquisas inicialmente em seu próprio website, ao invés de fazê-lo em uma publicação especializada. Os pesquisadores estão pedindo para que os internautas comentem e forneçam suas opiniões antes de preparar os manuscritos para a publicação científica formal.

Richard Muller, que criou o grupo de pesquisa, afirmou que esta livre circulação de informações marca uma volta à forma como a ciência precisa ser feita, ao invés de apenas publicar o estudo em revistas científicas.

(Fonte: G1)

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