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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Estudo sugere que veremos um "novo clima" em 35 anos

Pesquisadores afirmam que a partir de 2047 mais de metade do globo apresentará temperaturas médias anuais acima de qualquer recorde de calor registrado desde 1860 Se as emissões de gases do efeito estufa continuarem no ritmo atual, a cidade do Rio de Janeiro alcançará um “desvio no clima” (climate departure) no ano de 2050, significando que a partir dessa data todos os anos seguintes serão mais quentes do que qualquer recorde registrado desde 1860. Para São Paulo, o ano marcante é 2051, já para Brasília é 2047. É 2047, aliás, o ano no qual mais de metade do planeta alcançará esse “desvio”, aponta uma pesquisa realizada pela Universidade do Havaí e publicada na revista Nature nesta quinta-feira (10). “Estamos chocados. Independentemente do cenário, mudanças acontecerão em breve. Ainda nesta geração, o clima ao qual estamos acostumados será uma coisa do passado”, afirmou Camilo Mora, principal autor do estudo. Nos trópicos o cenário é ainda mais pessimista. Havana, em Cuba, e a Cidade do México ultrapassarão esse “desvio” em 2031. Accra, em Gana, em 2027, e Porto Príncipe, no Haiti, em 2025 (veja a tabela completa das cidades no fim da matéria). “Nossos resultados sugerem que os países a serem primeiro impactados por um clima sem precedentes são justamente os que possuem menos capacidade para se adaptar. Ironicamente, esses também são os menos responsáveis pelas mudanças climáticas”, afirmou o coautor Ryan Longman. Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores dividiram o planeta em regiões de pouco mais de 600 quilômetros quadrados e traçaram mínimos e máximos de temperaturas entre 1860 a 2005 para cada uma dessas áreas. Em seguida, usando 39 Modelos de Sistemas Terrestres, desenvolvidos por 21 centros climáticos de 12 países, projetaram quando cada uma dessas regiões começaria a constantemente ficar acima dos limites elaborados pelo levantamento das temperaturas históricas. O ano em que isso acontece foi batizado pelos autores como “climate departure” (que aqui escolhemos traduzir como “desvio no clima”). Impactos Os trópicos são o lar da maior biodiversidade do planeta, e muitas dessas espécies não estão acostumadas com variação climática e são vulneráveis mesmo às menores alterações, alerta o estudo. Citando outras pesquisas, os autores afirmam que os corais são um exemplo claro de como a situação é crítica. Esses organismos estão sobre enorme pressão devido ao aumento das temperaturas e da queda do pH dos oceanos, resultante da maior concentração de dióxido de carbono (CO2) nas águas. A Universidade do Havaí utilizou o mesmo método que foi aplicado para as temperaturas nas cidades também para avaliar o pH dos oceanos. O resultado disso revela que o “desvio no clima” para o pH já aconteceu. Desde 2008, o pH está abaixo de qualquer registro desde 1850 e assim deve continuar. O baixo pH resulta na acidificação dos oceanos, que é uma das principais causas para o “branqueamento” e consequente morte de grande parte dos corais, que são essenciais para o ecossistema marinho. “Esse trabalho demonstra que estamos colocando os ecossistemas sob novas condições, as quais eles podem não ser capazes de se adaptar. É muito provável que veremos extinções”, afirmou Ken Caldeira, do Departamento de Ecologia Global da Instituição Carnegie, que não participou do estudo. Obviamente, a elevação das temperaturas terá também impactos na sociedade humana. Mais de cinco bilhões de pessoas vivem atualmente em regiões que já antes de 2050 passarão a experimentar eventos extremos mais frequentes e intensos. Além dos conhecidos problemas de secas e inundações, haverá consequências para a produção de alimentos e para praticamente todos os setores econômicos. Outras pesquisas também destacam que entre os perigos da elevação das temperaturas estão o aumento de conflitos causados por disputas por terras aráveis e por água, a migração em massa e a expansão de doenças tropicais, que sob um novo regime climático devem alcançar novas áreas. “Esse estudo é muito importante. Ele conecta os pontos entre os modelos climáticos e os impactos para a biodiversidade de uma forma inovadora, e traz ramificações para espécies e pessoas”, declarou Jane Lubchenco, ex-presidente da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA). Além de considerar o cenário do “business as usual” (RCP 8.5) para as emissões (se continuarmos com nossos hábitos de consumo sem alteração), o trabalho também fez projeções para um cenário onde consigamos controlar as liberações de gases do efeito estufa (RCP4.5). Nessa segunda situação, ganharíamos entre 20 e 25 anos até que mais da metade do globo ultrapassasse o “desvio no clima”. “Cientistas têm repetidamente alertado sobre as mudanças climáticas e seus efeitos na biodiversidade e nas pessoas. Nosso estudo mostra como tais mudanças já estão próximas. Os resultados apresentados não são uma razão para desistirmos. Ao contrário, precisamos encorajar as reduções nas emissões para diminuir a taxa das mudanças climáticas. Assim, poderemos ganhar tempo para as espécies, ecossistemas e para nós mesmos nos adaptarmos”, concluiu Mora. http://www.institutocarbonobrasil.org.br/mudancas_climaticas1/noticia=735366

Os limites da Terra e os desafios financeiros e ambientais

Os problemas ambientais do mundo já ultrapassaram os limites da Terra e a possível continuidade da melhora dos indicadores sociais estão ameaçados pela crise financeira. Nos últimos duzentos anos, o ser humano tem retirado recursos ambientais da Terra, transformando as riquezas naturais em artigos de luxo e devolvido tudo em forma de lixo, para a tristeza do Planeta. Há quem diga que os seres humanos são os vândalos do meio ambiente. A metodologia da Pegada Ecológica mostra que a humanidade já superou em 50% o uso sustentável da biocapacidade. A metodologia das Fronteiras Planetárias mostra que estamos ultrapassando os limites seguros para a vida na Terra. O IPCC mostra que o aquecimento global é provocado pelas atividades antrópicas e atingiu os maiores níveis nos últimos 12 mil anos. Em todos os cenários, o quadro é de insustentabilidade do modelo de crescimento da produção e consumo, em um quadro de uma população e renda per capita em expansão. Em pouco mais de dois séculos, a humanidade teve um impacto maior sobre a biosfera do que nos 200 mil anos anteriores da história do homo sapiens. Entramos na Era do Antropoceno, isto é, da dominação humana sobre a Terra e sobre as demais espécies animais e florestais. Mas ao mesmo tempo os ganhos de escala da economia estão virando deseconomias de escala e a sinergia virando entropia. As mudanças climáticas têm provocado diversos desastres naturais e têm aumentado o sofrimento dos refugiados do clima. Levantamento da FAO mostra que 200 quilômetros quadrados de florestas foram dizimadas por dia no mundo, entre 2000 e 2005, com perda de 7,3 milhões de hectares. Somente o Brasil destruiu 3,1 milhões de hectares de florestas nesse período de 5 anos. Entre 2000 e 2010 aproximadamente 13 milhões de hectares de florestas foram convertidos para outros usos ou perdidos. Aliás, o Brasil já destruiu 93% da Mata Atlântica, mais de 50% do Cerrado e a Amazônia está sendo saqueada de suas madeiras de lei e invadida pela pecuária, as plantações de soja e agora o Congresso permite a plantação de cana-de-açúcar na região. Os ecossistemas brasileiros estão sendo depredados e destruídos. Segundo o relatório Povos resilientes, Planeta resiliente: “a sobrepesca fez com que 85% de todos os estoques de peixes fossem atualmente classificados como sobre-explorados, esgotados, em recuperação ou totalmente explorados, uma situação substancialmente pior do que há duas décadas. Enquanto isto, os escoamentos agrícolas significam que os níveis de nitrogênio e fósforo nos oceanos triplicaram desde a época pré-industrial, levando a aumentos maciços das zonas mortas costeiras. Os oceanos do mundo também estão se tornando mais ácidos em consequência da absorção de 26% do dióxido de carbono emitido na atmosfera, afetando tanto as cadeias alimentares marinhas quanto a resiliência dos recifes de corais. Se a acidificação dos oceanos continuar, é provável que haja alterações nas cadeias alimentares bem como impactos diretos e indiretos sobre diversas espécies, com consequente risco para a segurança alimentar, afetando as dietas baseadas em alimentos marinhos de bilhões de pessoas em todo o mundo” (p. 30). Diversos rios e lagos do globo estão sendo destruídos, contaminados ou desviados para diversos usos. O rio Colorado nos Estados Unidos não chega mais ao mar. Os rios da China estão sendo represados e poluídos, gerando conflitos hidropolíticos. Nas grandes cidades brasileiras a transformação de rios em canais de esgoto segue a ritmo acelerado, como nos casos do rio Arrudas em Belo Horizonte, do rio Carioca no Rio de Janeiro e do rio Tietê em São Paulo. Por tudo isto, cresce a luta pelo “Direito das águas”. A dependência do petróleo, de produtos químicos e o uso de métodos não-orgânicos na agricultura tem gerado agressões ao meio ambiente, provando erosão, infertilidade, desertificação, contaminação dos solos, das águas, dos animais e dos seres humanos. A pecuária não tem causado menos danos, além de acelerar o desmatamento e elevar a emissão de gás metano. A acidificação do solo e dos oceanos reduz a fertilidade em geral e ameaça a biodiversidade. O apetite humano tem provocado o sofrimento e o desaparecimento de outras espécies de seres vivos e animais sencientes. Segundo a FAO, cerca de 60 bilhões de animais são mortos todos os anos para enriquecer a dieta dos 7,1 bilhões de habitantes do mundo. Cerca de 30 mil espécies são extintas a cada ano. A perda de biodiversidade prossegue de maneira assustadora, mostrando a gravidade dos problemas ambientais. O Parque Nacional do Iguaçu, considerado por biólogos um dos locais com as melhores condições de abrigar uma grande população de onças-pintadas no pouco que resta da Mata Atlântica no Brasil, sofreu uma redução de mais de 80% no número de indivíduos do final dos anos 1990 para cá. De uma média de cem onças estimadas em estudo naquele período, hoje se acredita que só restem 18, de acordo com reportagem do jornal o Estado de São Paulo. Segundo a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), dos Estados Unidos, os níveis de dióxido de carbono na atmosfera saltaram 2,67 partes por milhão (ppm) chegando ao montante recorde de 395 ppm, em 2012. O registro do ano passado só ficou atrás do aumento de 2,93 ppm ocorrido em 1998. Sem surpresas, em maio de 2013, os níveis de CO2 chegaram ao limite crítico de 400 ppm. Controlar o aquecimento global nos limites dos 2 graus está ficando cada vez mais difícil. Para agravar tudo isto, os governos continuam emitindo moeda e se endividando para elevar a “demanda agregada” (os níveis de investimento e consumo), com a boa intenção de reduzir o desemprego. Mas gerar crédito fictício pode minorar os problemas do curto prazo, mas não vai resolver os problemas de longo prazo da economia. Os Estados Unidos, por exemplo, estão paralisados pelo debate interminável sobre o teto da dívida pública (a dívida está em US$ 16,7 trilhões atualmente, mas crescendo). Tanto as economias desenvolvidas quanto as chamadas economia emergentes estão passando por grandes incertezas e redução do crescimento. Enquanto o clima esquenta, a economia esfria. Nunca o mundo se viu diante de tão graves problemas ambientais e financeiros. Não vai ser fácil resolver esta dupla crise. Referências: TVERBERG, Gail. Oil Limits and Climate Change. Posted on May 23, 2013 TVERBERG, Gail. Oil Prices Lead to Hard Financial Limits, Posted on August 28, 2013 Kate Raworth. Um espaço seguro e justo para a humanidade: Podemos viver dentro de um “Donut”? Textos para Discussão da Oxfam, 2012 WWF. Relatório Planeta Vivo 2012 ALVES, JED. A destruição dos ecossistemas brasileiros, EcoDebate, Rio de Janeiro, 07/03/2013 ALVES, JED. O Decrescimento Demo-Econômico e a Sustentabilidade Ambiental. XI ENABER – XI Encontro da Associação Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos, Foz do Iguaçu, 02 a 04/10/2013 * José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br ** Publicado originalmente no EcoDebate e retirado do site CarbonoBrasil. (CarbonoBrasil)

Poluição do ar é classificada como cancerígena pela OMS

A Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), anunciou nesta quinta-feira (17) a classificação da poluição do ar exterior como cancerígena, de acordo com a AFP. “O ar que respiramos tem sido contaminado por uma mistura de substâncias que provoca câncer”, afirmou Kurt Straif, chefe da seção de monografias da IARC. “Agora sabemos que a contaminação do ar exterior não apenas é um risco maior para a saúde em geral, mas também uma causa ambiental de mortes por câncer”. “Os especialistas concluíram que existem provas suficientes de que a exposição à poluição do ar provoca câncer de pulmão. Também notaram uma associação com um risco maior de câncer de bexiga”, destacou a IARC em um comunicado. Apesar da possibilidade de variação considerável na composição da contaminação do ar e dos níveis de exposição, a agência destacou que suas conclusões se aplicam a todas as regiões do mundo. Os dados mais recentes da agência mostram que, em 2010, mais de 223 mil pessoas morreram de câncer de pulmão relacionado à poluição do ar. Em nota divulgada após uma semana de reuniões entre especialistas que revisaram a literatura científica mais recente, a IARC disse que a poluição atmosférica ao ar livre e o material particulado – um importante componente da poluição – devem passar a ser classificados como agentes carcinogênicos do Grupo 1, segundo informações da Reuters. Essa classificação abrange mais de cem outros agentes cancerígenos conhecidos, como o amianto, o plutônio, a poeira de sílica, a radiação ultravioleta e o cigarro. A classificação já abrangia também muitas substâncias habitualmente encontradas no ar poluído, como a fumaça dos motores a diesel, solventes, metais e poeiras. Mas esta é a primeira vez que os especialistas classificam o próprio ar poluído dos ambientes externos como uma causa do câncer. “Nossa tarefa foi avaliar o ar que todos respiram, em vez de focar em poluentes específicos do ar”, disse Dana Loomis, subdiretora da seção. “Os resultados dos estudos revistos apontam na mesma direção: o risco de desenvolver câncer de pulmão é significativamente maior em pessoas expostas à poluição atmosférica.” Christopher Wild, diretor da agência, disse que a classificação da poluição atmosférica como um agente carcinogênico é um passo importante no sentido de alertar os governos sobre os perigos e os custos em potencial. “Há formas muito eficientes de reduzir a poluição atmosférica e, dada a escala da exposição que afeta as pessoas no mundo todo, este relatório deveria passar um forte sinal à comunidade internacional para agir.” (Fonte: G1)

Brasileiros criam vacina contra câncer de próstata

Uma empresa brasileira criou uma nova tecnologia de combate ao câncer que funciona como uma vacina. Inicialmente ela será usada para tratar câncer de próstata, mas já há estudos em curso prevendo sua aplicação em outros tipos de câncer. Trata-se de uma vacina autóloga - ou seja, feita com células tumorais do próprio paciente - desenvolvida pela empresa gaúcha FK Biotec com apoio da FINEP, o banco da inovação tecnológica do governo federal. Os primeiros testes mostram resultados muito promissores. Em um grupo de 107 pacientes acompanhados por cinco anos, foi usado o nível de PSA como referência do que poderia ser chamado de cura bioquímica, ou seja, quando o PSA fica indetectável. O PSA é uma proteína encontrada no sangue que, quando em nível elevado, indica a possibilidade de câncer de próstata. No grupo vacinado, após cinco anos, 85% dos pacientes tiveram PSA indetectável. No grupo de controle, apenas 48% apresentaram esse resultado. A sobrevida também aumentou de forma significativa. A média de mortalidade esperada conforme a literatura médica é de 20%. O grupo não vacinado teve 19% de mortes por câncer. No grupo vacinado, a mortalidade foi de apenas 9%. "Nesse tipo de paciente, a mortalidade é de 1 em 5 pacientes, mas com a vacina, a chance de morrer da doença é de 1 em 11", explica Fernando Kreutz, pesquisador responsável pela vacina. O produto criado não se limita ao câncer de próstata, podendo ser expandido para outros tipos da doença. Os pesquisadores já estão estudando seu uso em melanoma e câncer de pâncreas - este último é muito agressivo, com sobrevida de apenas três meses. "Testamos por enquanto em apenas três pacientes, mas um deles respondeu ao tratamento e seu tumor diminuiu de tamanho, o que é muito raro e indicativo de que essa plataforma tecnológica é promissora", conta Fernando. A vacina já recebeu uma patente internacional está agora na fase clínica, com previsão de entrada no mercado em três anos. Redação do Diário da Saúde

Excesso de vitaminas pode gerar risco para a saúde

Milhões de pessoas no mundo todo tomam suplementos de vitaminas. Mas, segundo o médico britânico Chris van Tulleken, muitas vezes esta prática é um desperdício de dinheiro e pode colocar a saúde em risco. Em novembro de 1912 três homens e 16 cães saíram de uma base remota na Antártica para explorar uma área que cobria centenas de quilômetros. Três meses depois, apenas um dos homens voltou. A pele de Douglas Mawson estava descascando, o cabelo caindo, ele tinha perdido quase metade de seu peso corporal. Depois de um mês do início da viagem, um membro da equipe caiu em uma fenda, levando junto uma barraca, a maior parte dos suprimentos e seis cães. Nunca mais foram vistos. Mawson e o outro explorador, Xavier Mertz, decidiram voltar para a base se alimentando dos cães que sobraram. Semanas depois, Mertz apresentou dores de estômago e diarreia, a pele do explorador começou a descascar e o cabelo caiu. Dias depois, ele morreu. Mawson sofreu sintomas semelhantes, inclusive com a pele descascando nas solas dos pés. “A visão dos meus pés me chocou, pois a pele mais grossa das solas tinha se separado como uma camada completa… A nova pele, embaixo, ainda estava muito ferida”, disse. Ele estava com os sintomas que muitos exploradores antigos e marinheiros sofriam e motivaram os primeiros estudos sobre vitaminas e as doenças que a falta delas causam. Fígado de cachorro – O relato de Mawson na verdade mostra os sintomas típicos da overdose de vitamina A, provavelmente devido ao consumo de fígado de cachorro. Apesar de tudo, Mawson viveu até os 76 anos, mas sua história serve como um exemplo para os dias atuais: vitaminas em excesso podem fazer mal e até abreviar a vida de pessoas saudáveis. As companhias fabricantes de vitaminas não vão concordar. Mas, é preciso analisar a razão de acreditarmos que estes suplementos são úteis. Vitaminas são essenciais para vida e há grupos de pessoas que precisam de suplementos específicos, mas o consumo sem supervisão é mais do que desperdício de dinheiro. O problema é que todos nos sentimos bem quando o assunto são as vitaminas, primeiro pelo fato de as histórias sobre a falta destas vitaminas serem horríveis. Segundo, nós lemos os pacotes de cereal e, terceiro, um cientista ganhador do Nobel duas vezes, Linus Pauling, tomava muita vitamina C. Tudo isso leva a uma crença falsa: se um pouco é bom, muito deve ser melhor. Eu já sabia o nome de vitaminas obscuras muito antes de entrar na faculdade de medicina pois sempre gostei dos cereais coloridos artificialmente, servidos no café da manhã e, de acordo com suas propagandas, ’são enriquecidos com vitaminas e minerais’. É preciso lembrar que o enriquecimento de alimentos básicos com vitaminas e minerais tem sido uma das intervenções em saúde pública de maior sucesso na história. Salva inúmeras vidas todo ano até na Europa. Quantidade recomendada – Então, você não deveria comer fígado de cachorro na Antártica, mas a deficiência de vitamina A aumenta muito o risco de cegueira e morte entre crianças com sarampo e diarreia em países em desenvolvimento. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda uma quantidade muito exata e alerta que doses mais altas podem causar problemas congênitos entre outros problemas. Então, as vitaminas fazem uma enorme diferença na expectativa de vida em algumas circunstâncias. A propaganda de cereais e outros suplementos nos leva a pensar nos efeitos benéficos para nossas vidas, contribuindo para uma ideia geral de saúde associada às vitaminas. E também há o cientista Linus Pauling, alguém de muita credibilidade, que venceu o prêmio Nobel duas vezes e escreveu um livro em 1970 afirmando que a vitamina C pode combater gripe, câncer, doenças cardiovasculares, infecções e problemas degenerativos. Ele consumiu quantidades imensas desta vitamina, centenas de vezes a quantidade indicada, e viveu muito. Ele foi garoto propaganda das grandes doses de vitamina e contribuiu para o crescimento dessa indústria. Mas, ao invés de aceitar a palavra de um homem, mesmo que confiável, vale a pena analisar os resultados de estudos que analisam o que acontece às pessoas que tomam estes suplementos durante longos períodos. Não basta olhar para um estudo. Cientistas independentes reúnem todos os dados e pesquisas disponíveis e analisam tudo novamente para responder algumas questões. Eis o que alguns deles afirmaram. “Não encontramos provas que apoiem (o uso) de suplementos antioxidantes para prevenção primária ou secundária (de doenças de qualquer tipo). Betacaroteno e vitamina E parecem aumentar a mortalidade, assim como doses mais altas de vitamina A. Suplementos antioxidantes precisam ser considerados como produtos medicinais e devem passar por avaliações antes de (ser feita a) propaganda.” Só para esclarecer: “aumenta mortalidade” significa que pode matar. Estes são compostos bioativos fortes, mas não são regulamentados da mesma forma que remédios. Não importa o que se pensa sobre regulamentação, se há dados afirmando que pode nos fazer mal, deveria haver um alerta na embalagem. Próxima questão – A próxima questão é por que estes suplementos podem fazer mal. É muito difícil separar os dados, em parte pelo fato de as vitaminas serem um grupo de substâncias químicas muito diverso. Podemos incluir o que as pessoas normalmente apontam como minerais sob a bandeira das vitaminas. Eles são necessários na dieta não para energia, mas como parceiros químicos para as enzimas envolvidas no metabolismo – produção de células, regeneração de tecidos e outros processos vitais. As funções deles são compreendidas, em sua maior parte, pelas doenças causadas pela deficiência. Então não temos muita certeza sobre tudo o que eles fazem ou como interagem. Antioxidantes são um bom exemplo: eles absorvem os radicais livres que, se deixados em nosso corpo, podem danificar o DNA e podem estar ligados ao câncer. Suas células estão cheias de antioxidantes e a dúvida é se tomar mais destes faria bem. No entanto, nosso sistema imunológico luta contra infecções usando radicais livres. Não está claro qual o efeito de antioxidantes neste aspecto, mas é fácil imaginar que não deve ser bom. A vitamina A está ligada ao aumento de câncer de pulmão entre fumantes. Excesso de zinco está ligado à redução na função imunológica, consumo excessivo de manganês, no longo prazo, está ligado a problemas nos músculos e nervos entre pessoas mais velhas. E por aí vai. Fica ainda mais complicado quando tudo vem misturado em um comprimido. Diferentes minerais competem pela absorção no corpo e, por exemplo, se você toma grandes quantidades de cálcio, você não vai conseguir absorver ferro, vitamina C pode reduzir seus níveis de cobre etc. Então, quando os suplementos são recomendados? O National Institute for Health and Clinical Excellence (Nice), órgão britânico que orienta os médicos do país, recomenda suplementos para alguns grupos de pessoas específicos. Por exemplo: ácido fólico para mulheres grávidas até a 12ª semana ou que estão pensando em engravidar, vitamina D para mulheres grávidas ou amamentando ou pessoas que não ficam muito expostas ao sol, etc. E o seu médico poderá recomendar suplementos se você precisar deles por razões de saúde. (Fonte: G1)

Descoberto novo tipo de vírus da dengue

ientistas descobriram um novo tipo de vírus que causa dengue. É a primeira descoberta desse tipo em mais de 50 anos. A existência de mais um subtipo do vírus deverá complicar ainda mais os esforços para desenvolver uma vacina contra a dengue. Os testes de vacinas contra a dengue têm fracassado porque não oferecem proteção contra os quatro tipos de vírus que se conhecia até agora. Um quinto vírus deverá complicar ainda mais as coisas, embora os cientistas especulem que o novo membro da família possa ajudar a explicar o surgimento e a evolução do grupo. Sorotipo 5 da dengue O quinto sorotipo da dengue foi descoberto pela equipe do Dr. Nikos Vasilakis, da Universidade do Texas (EUA) a partir de amostras coletadas durante um surto de dengue na Malásia em 2007. A equipe suspeita que o recém-descoberto sorotipo 5 da dengue esteja circulando entre macacos nas florestas do país. Até agora, há apenas um caso registrado de humano afetado pela dengue tipo 5. Redação do Diário da Saúde

Ministra do Meio Ambiente destaca papel dos catadores na política de resíduos sólidos

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse na sexta-feira (25) que o problema dos resíduos sólidos está ligado a outros problemas ambientais como a emissão de gás metano, a contaminação de lençóis freáticos, das florestas e do solo por causa das embalagens de agrotóxicos. Para ajudar a enfrentar esses desafios, explicou a ministra, os catadores de recicláveis têm papel central na Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305, de 2010. “A lei dá grande destaque ao papel dos catadores e à necessidade de avançarmos de forma mais rápida na questão da reciclagem no Brasil,” ressaltou a ministra, ao participar do painel Os Catadores na Gestão de Resíduos Sólidos – De Excluídos da Sociedade a Empreendedores da Reciclagem, na 4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente (CNMA), que termina domingo (27). “Os catadores resolvem os problemas que nós causamos nas cidades. É preciso definir uma estratégia em caráter permanente para o papel dos catadores. Eles são um elo importante para mudança de atitude do brasileiro que sequer relaciona a quantidade de lixo que ele gera com seu comportamento no dia a dia”, acrescentou a ministra. Izabella também destacou a importância da desoneração da cadeia de reciclagem no Brasil para que se torne uma realidade. “A meta é acelerar o debate da desoneração tributária na cadeia da reciclagem para que a gente possa fazer estruturas de logística reversa [prevê o recolhimento e descarte pelo fabricante do resíduo pós-consumo] em caráter permanente e possa trazer soluções para os municípios porque há muitos que sequer têm recursos para fazer coleta seletiva.” A ministra também informou que o governo deve concentrar a atenção em cerca de 240 municípios que produzem 80% do lixo no país. “Os demais municípios não são responsáveis pela magnitude do impacto ambiental, embora também produzam resíduos sólidos. Temos que nos concentrar nesses 240 municípios e muitos deles já têm soluções [para a gestão de resíduos sólidos]”, disse. (Fonte: Agência Brasil)

Capacidade do cérebro é muito maior do que se pensava

Como sempre acontece na ciência, as coisas são sempre mais complicadas do que pareciam à primeira vista. Um grupo internacional de pesquisadores acaba de descobrir que o cérebro possui um "poder computacional" muito maior do que eles calculavam. Os cientistas gostam de comparar o cérebro humano com um computador, no qual os neurônios seriam os "transistores" com os quais são construídos os processadores. Neurônios são células nervosas de cujo corpo central derivam um axônio, a parte mais longa, e dendritos, uma teia com numerosas ramificações. As teorias atuais afirmam que os axônios "disparam" - liberam cargas elétricas - para que os neurônios comuniquem-se uns com os outros. Tudo o que o cérebro faz seria resultado dessas interações interneurais, as chamadas redes neurais. Os dendritos, por sua vez, seriam apenas fios de interligação, sem nenhum papel ativo. Contudo, uma equipe do Reino Unido e dos Estados Unidos acaba de descobrir que os muito mais numerosos dendritos também "disparam", fazendo suas próprias computações de forma autônoma. Capacidade do cérebro é muito maior do que cientistas pensavam Os dendritos têm seu próprio poder computacional, mostrando que o cérebro é muito mais complicado do que se imaginava. [Imagem: Biosferas/UNESP] Cálculos cerebrais Os resultados desafiam o paradigma atual das neurociências de que os cálculos cerebrais são feitos apenas por um grande número de neurônios trabalhando em conjunto, demonstrando como componentes básicos do cérebro são dispositivos computacionais excepcionalmente potentes. "Os dendritos atuam como dispositivos de computação em miniatura para detectar e amplificar tipos específicos de sinais de entrada," disse o professor Michael Hausser, orientador do estudo. "Esta nova propriedade dos dendritos adiciona um novo elemento importante para a 'caixa de ferramentas' computacionais do cérebro," concluiu ele. Ou seja, mesmo a nova descoberta não foi suficiente para que os cientistas escapassem de seu mecanicismo e mudassem sua concepção do cérebro como uma máquina, cheia de peças e ferramentas. Redação do Diário da Saúde

Brasil vai produzir vacina de sarampo e rubéola para países pobres

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta segunda-feira (28), no Rio de Janeiro, uma parceria com o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e a Fundação Bill & Melinda Gates para formular a primeira vacina brasileira – contra sarampo e rubéola – para ser destinada a países em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina. Atualmente, essa dose é fabricada apenas por um laboratório indiano. A expectativa é que 30 milhões de doses estejam disponíveis no mercado até 2017. Segundo Padilha, cada uma delas será comercializada por US$ 0,54 (R$ 1,17), o menor preço do mercado mundial. O ministro disse que a parceria é a consolidação da terceira fase do Programa Nacional de Imunizações, que completa 40 anos. “O acordo que a gente assinou propicia mais investimentos e garantia de compra, o que possibilita ocupar o mercado externo pelo menor preço. O ministério está investindo R$ 1,6 bilhão e, com os investimentos no desenvolvimento de vacina dupla e o investimento da fundação, estaremos capazes de entregar a produção de 30 milhões de doses em 2017″, explicou. Investimentos – O secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, disse que este é o primeiro passo concreto de uma ação que vem sendo realizada desde 2011. “Depois que o Brasil foi muito bem-sucedido no mercado nacional de imunização, vai atender à demanda global. Vamos avançar para a (dose) pentavalente e a vacina da dengue também. Isso estimula a produção no Brasil. O investimento será de R$ 13,3 bilhões em saúde, o que abrange vacinas, medicamentos e equipamentos médicos”, disse. Segundo o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, a instituição tem capacidade de ampliar a produção para o mercado internacional. A parceria possibilitou um processo de desenvolvimento e finalização para produzir doses com preços mais baixos. “Com esse preço, chegamos a uma situação vantajosa. Os investimentos na Fiocruz estão em torno de US$ 500 mil (R$ 1,09 milhão). Isso pode quadruplicar nossa capacidade de produção”, afirmou o presidente da Fiocruz. De acordo com o ministro Padilha, todos os investimentos vão gerar emprego e renda. Além disso, a tecnologia desenvolvida vai beneficiar o mercado interno. Atualmente, o Brasil exporta vacina para 75 países em todo o mundo. Nacionalmente, o sarampo foi erradicado em 2000 e a rubéola, em 2009. Mas de 150 mil pessoas no planeta ainda morrem em decorrência do sarampo. Escala de produção – As vacinas produzidas em Bio-Manguinhos serão fornecidas a países atendidos pela Aliança Global para Vacinas e Imunização e por entidades da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o diretor de Bio-Manguinhos, Artur Couto, essa parceria vai fortalecer o papel do instituto. O valor investido será destinado à construção de um laboratório em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, que permitirá a produção de outras vacinas. O presidente da Fundação Bill & Mellinda Gates, Trevor Mundel, reforçou a importância da parceria. Segundo ele, por questões de segurança, é importante ter uma diversidade de fornecedores de vacinas, a preços baixos. A fundação vai investir R$ 1,5 milhão para o desenvolvimento e pesquisa clínica no continente africano. “A meta geral é que todas as crianças do mundo tenham acesso universal a vacinas que protegem vidas”, disse. Programa Mais Médicos – Segundo o ministro da Saúde, os médicos brasileiros e estrangeiros que aderiram ao programa Mais Médicos já começaram a trabalhar no Rio. Padilha afirmou ainda que mais 120 médicos formados em outros países estão chegando à cidade desde sábado (26). “A partir de 4 de novembro, eles vão começar a atender nos postos de saúde”, afirmou. O ministro disse, ainda, que até março de 2014 as demandas de todos os 13 mil médicos solicitados pelos municípios serão atendidas. (Fonte: G1)

O mundo em que vivemos é ecocida

No dia 27 de setembro, centenas de cientistas reunidos em Estocolmo para avaliar o nível de aquecimento global do planeta, o conhecido Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC), nos transmitiram dados preocupantes: “Concentrações de dióxido de carbono (CO2), de metano (CH4) e de óxido nitroso (N2O), principais responsáveis pelo aquecimento global, agora excedem substancialmente as maiores concentrações registradas em núcleos de gelo durante os últimos 800 mil anos”. A atividade humana influiu nesse aquecimento com uma certeza de 95%. Entre 1951 e 2010 a temperatura subiu entre 0,5ºC e 1,3ºC e em alguns lugares já chegou a 2ºC. As previsões para o Brasil não são boas: poderemos ter, a partir de 2050, um permanente verão durante todo o ano.Tal temperatura poderá produzir efeitos devastadores para muitos ecossistemas e para crianças e idosos. Os cientistas do IPCC fazem um apelo ardente para que se iniciem no mundo todo imediatamente ações, em termos de produção e de consumo, que possam deter este processo e minorar seus efeitos maléficos. Como disse um dos coordenadores do relatório final, o suíço Thomas Stocker: “A questão mais importante não é onde estamos hoje, mas onde estaremos em 10, 15 ou 30 anos. E isso depende do que fizermos hoje”. Pelo visto muito pouco ou quase nada se está fazendo de forma articulada e global. Os interesses econômicos de acumulação ilimitada à custa do esgotamento dos bens e serviços naturais prevalecem sobre as preocupações pelo futuro da vida e pela integridade da Terra. A percepção básica que se tem ao ler o resumo de 31 páginas é que vivemos num tipo de mundo que sistematicamente destrói a capacidade de nosso planeta de sustentar a vida. Nossa forma de relacionamento para com a natureza e a Terra como um todo é ecocida e geocida. A seguir por este rumo vamos seguramente ao encontro de uma tragédia ecológico-social. O propósito de incontáveis grupos, movimentos e ativistas se concentra na identificação de novas maneiras de viver de sorte que garantamos a vida em sua vasta diversidade e que vivamos em harmonia com a Terra, com a comunidade de vida e com o cosmos. Num trabalho que nos custou mais de dez anos de intensa pesquisa, um pedagogo canadense e experto em moderna cosmologia, Mark Hathaway, e eu, tentamos ensaiar uma reflexão atenta que incluísse a contribuição do Oriente e do Ocidente a fim de delinearmos uma direção viável para todos. O livro se chama: “O Tao da libertação: explorando a ecologia da transformação” (Vozes 2012). Fritjof Capra fez-lhe um belo prefácio e a comunidade científica norte-americana o acolheu a edição inglesa benevolamente, pois o Instituto Nautilus nos conferiu, em 2010, a medalha de ouro em Ciência e Cosmologia. Nossa pesquisa parte da seguinte constatação: há uma patologia aguda inerente ao sistema que atualmente domina e explora o mundo: a pobreza, a desigualdade social, o esgotamento da Terra e o forte desequilíbrio do sistema-vida; as mesmas forças e ideologias que exploram e excluem os pobres estão também devastando toda a comunidade de vida e minando as bases ecológicas que sustentam o Planeta Terra. Para sair desta situação dramática, somos chamados, de uma maneira muito real, a nos reinventar como espécie. Para isso precisamos de sabedoria que nos leve a uma profunda libertação/transformação pessoal, passando de senhores sobre as coisas a irmãos e irmãs com as coisas. Essa reinvenção implica também uma transformação/libertação coletiva através de um outro design ecológico. Este nos convence a respeitar e viver segundo os ritmos da natureza. Devemos saber o que extrair dela para a nossa subsistência coletiva e como aprender dela pois ela se estrutura sistemicamente em redes de inter-retro-relações que garantem a cooperação e a solidariedade de todos com todos e conferem sustentabilidade à vida em todas as suas formas, especialmente à vida humana. Sem esta cooperação/solidariedade de nós com a natureza e entre todos os humanos, não encontremos uma saída eficaz. Sem uma revolução espiritual (não necessariamente religiosa) que envolva uma outra mente (nova visão) e um novo coração (nova sensibilidade) em vão procuramos soluções meramente científicas e técnicas. Estas são indispensáveis; mas, incorporadas dentro de um outro quadro de princípios e valores que estão na base de um novo paradigma civilizatório. Tudo isso está dentro das virtualidades do processo cosmogênico e também dentro das possibilidades humanas. Importa crer em tais realidades. Sem fé e esperança humanas, não construiremos uma Arca salvadora para todos. *Leonardo Boff é teólogo e professor emérito de ética da UERJ.Autor: Leonardo Boff * - Fonte: Mercado Ético

Controle do colesterol é importante para prevenir doenças do coração

O colesterol é necessário para o funcionamento do organismo, porém o desequilíbrio dessa gordura pode trazer consequências ruins, especialmente se houver excesso de LDL, conhecido como o colesterol “ruim”. Para diminuir o risco de doenças cardiovasculares e até mesmo infarto, a Sociedade Brasileira de Cardiologia apresentou recentemente novas orientações sobre o limite saudável do LDL, como explicaram os cardiologistas Roberto Kalil e Raul Dias dos Santos no Bem Estar desta terça-feira (29). Antes, o tolerável para pacientes com alto risco de doenças cardiovasculares era 100 mg/dl. Agora o paciente que tem alto risco precisa estar com o colesterol em torno de 70 mg/dl como uma maneira de proteger o coração. Além disso, ele pode precisar também de medicamento, já que as mudanças na dieta e a prática de exercícios não são suficientes para reduzir esses níveis. O paciente considerado com alto risco de doenças cardiovasculares são aqueles que já sofreram infarto, AVC ou outro problema cardíaco, que têm diabetes, que têm histórico familiar ou fatores de risco associados, como tabagismo, obesidade, pressão alta, HDL baixo (o colesterol “bom”) e insuficiência cardíaca. Para quem tem risco médio, quando há um ou dois fatores de risco associados, os valores toleráveis também diminuíram 30 mg/dl – de 130 mg/dl para 100 mg/dl. Ou seja, o paciente que tem risco médio deve se preocupar em manter sua taxa de colesterol perto de 100 mg/dl. Segundo o cardiologista Raul Dias dos Santos, essas mudanças têm a intenção de diminuir em 15% os riscos de doenças cardiovasculares e também as mortes causadas por elas, com tratamentos mais agressivos. No caso dos pacientes com risco baixo, que não tem nenhum histórico de problema cardíaco ou fatores associados, o ideal é que a taxa de colesterol ruim esteja em 130 mg/dl, mas isso depende muito da avaliação médica. Em relação aos riscos de doenças do coração, os médicos alertam que há diferenças entre os homens e as mulheres. Para eles, as chances são maiores a partir dos 45 anos de idade; para elas, depois dos 55 anos, quando entram na menopausa e ficam desprotegidas sem a quantidade ideal de hormônios. Para manter as taxas de colesterol controladas, é importante evitar alguns hábitos, como o consumo excessivo de gordura, o sedentarismo e o cigarro. De acordo com os médicos, o cigarro produz uma substância que reduz o HDL, o colesterol “bom”, o que aumenta as chances do acúmulo de gordura na parede dos vasos sanguíneos; e ainda aumenta a oxidação do LDL, o colesterol “ruim”, facilitando sua entrada nesses vasos. Associado a isso, o cigarro aumenta o risco de trombose e faz os vasos se contraírem mais, o que eleva as chances de um entupimento dos vasos. Resultado dos exames – O Bem Estar desta terça-feira (29) mostrou que identificar se o colesterol está alto não é uma tarefa simples – por isso, o resultado do exame deve ser sempre avaliado por um médico. No entanto, existem pessoas que logo que recebem o resultado, vão pesquisar na internet os valores de referência, como mostrou a reportagem da Marina Araújo. De acordo com os especialistas, a internet pode ser uma aliada da saúde, mas não chega a substituir uma consulta com um médico. O paciente pode se informar nos sites sobre os sintomas e as doenças para ter o que perguntar na hora da conversa com o médico, mas não deve confiar em diagnósticos disponíveis na rede e nem se automedicar. (Fonte: G1)

Cientistas elaboram primeiro mapa de resistência humana ao vírus da aids

Um grupo de pesquisadores suíços elaborou o primeiro mapa de resistência humana ao vírus da aids, que mostra a defesa natural do corpo contra a doença, um avanço que poderá ter aplicações como a criação de novos tratamentos personalizados. Cientistas da Escola Politécnica de Lausanne (EPFL, sigla em francês) e do Hospital Universitário do Cantão de Vaud, ambos na Suíça, publicam nesta terça-feira os resultados de seu estudo conjunto sobre a doença na revista científica eLife. Através da pesquisa com cepas do vírus HIV em um hospedeiro humano, os pesquisadores puderam identificar mutações genéticas específicas, um sinal que reflete os ataques produzidos pelo sistema imunológico. Com esse sistema, os cientistas podem reconhecer as variações genéticas que ocorrem em algumas pessoas mais resistentes ao vírus e em outras mais vulneráveis, além de usar essa informação para criar tratamentos individualizados. Com a ajuda de um supercomputador, os cientistas cruzaram mais de 3 mil mutações possíveis no genoma do vírus, com mais de 6 milhões de variações do genoma de 1.071 pessoas soropositivas. “Tínhamos que estudar as cepas virais de pacientes que ainda não tivessem recebido nenhum tratamento, o que não é comum”, explicou o pesquisador da EPFL, Jacques Fellay, através de um comunicado. Por esse motivo, os cientistas basearam o estudo em bancos de amostras criados nos anos 1980, quando ainda não havia tratamentos eficazes contra o vírus. Fellay detalhou que o corpo humano desenvolve sempre estratégias de defesa contra o HIV, mas infelizmente “o genoma do vírus muda rapidamente, na razão de milhões de mutações por dia”, o que dificulta a tarefa de combatê-lo. Segundo os autores do estudo, esse trabalho permitiu obter uma visão mais completa dos genes humanos e a resistência imune ao HIV, o que pode gerar novos tratamentos inspirados nas defesas genéticas naturais do corpo humano. (Fonte: Terra)

Cientistas criam tratamento que previne que fumantes sintam-se satisfeitos após fumar

O hormônio GLP-1 é liberado quando comemos; é o que nos faz sentir “cheios”, ou saciados, no final da refeição. Receptores de GLP-1 também são ativados em partes do cérebro ligadas a uma sensação de recompensa. Isso indica que o hormônio está envolvido diretamente em nossa experiência de satisfação. Cientistas chegaram à conclusão de que bloquear esses receptores pode impedir que fumantes sintam-se satisfeitos depois de um cigarro. “Sem esse tipo de recompensa, um fumante não vai continuar fumando. Ele pode reduzir a dependência e o risco de uma recaída”, afirma Elisabet Jerlhag, pesquisadora da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. Jerlhag e seus colegas investigaram essa nova arma em potencial na luta contra o tabagismo. Os índices de fumantes diários e habituais estão em declínio, mas o fumo do tabaco continua a ser um grande desafio de saúde pública. Um em cada quatro noruegueses, por exemplo, fuma de vez em quando e os números de tais “fumantes parciais” são bastante estáveis. Mesmo aqueles que não são fumantes diários podem achar difícil largar seus cigarros de vez. No caso do Brasil, ainda que o número de viciados em cigarro tenha diminuído quase pela metade nos últimos 25 anos, um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), em parceria com a Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, mostrou que, hoje em dia, 16,8% dos brasileiros com 18 anos ou mais ainda conserva o hábito. Sedentário é igual a fumante, mesmo sem colocar um único cigarro na boca “A nicotina é notavelmente uma formadora de hábitos e muitas pessoas acham que é terrivelmente difícil parar de fumar. Precisamos começar a aceitar a dependência como uma doença que exige tratamento”, ressalta Jerlhag. Para testar se o GLP-1 regula a satisfação, os pesquisadores experimentaram com outra substância química, exendina-4 (Ex4), que imita o efeito do GLP-1 em receptores. A substância foi administrada em um grupo de ratos de laboratório aos quais foram dadas doses de nicotina. Os pesquisadores então observaram os padrões de movimento dos camundongos, assim como as liberações de dopamina no cérebro. Eles descobriram que a nicotina fez os animais se tornarem mais ativos, mas a adição de Ex4 reduziu essa atividade. No entanto, os ratos que a princípio não haviam recebido nicotina, não tiveram o efeito de redução de Ex4. A nicotina aumentou a liberação de dopamina no cérebro, mas esta foi reduzida quando Ex4 tinha sido dada anteriormente. Fumante: saiba quanto tempo você vai perder de expectativa de vida Os cientistas concluíram, então, que os receptores de GLP-1 havia regulado o efeito da nicotina sobre as funções de recompensa no cérebro de ratos, e que Ex4 tinha diminuído o efeito da nicotina. Os pesquisadores ainda apontam que experimentos mostraram o mesmo efeito mitigador de Ex4 com outras substâncias formadoras de hábito, como o álcool, anfetaminas e cocaína. “Como o Ex4 também reduziu a motivação para o consumo de sacarose, isso pode indicar que os receptores de GLP-1 desempenham um papel fundamental na satisfação criada por substâncias que causam dependência”, acrescentam. Os estudiosos acreditam que substâncias que imitam o hormônio GLP-1 devem ser consideradas para ampliar as perspectivas de novos regimes de tratamento para combater o fumo e dependência da nicotina. Este método, que impede de fumar ao acalmar o desejos pela nicotina, é diferente dos métodos existentes para o tratamento do uso habitual do tabaco, como adesivos de nicotina ou medicamentos, como a bupropiona ou vareniclina. Fumar causa danos em seu material genético em questão de minutos A esperança é que as descobertas possam conduzir ao desenvolvimento de novos medicamentos que imitam o GLP-1. Este tipo de medicamento já foi aprovado para o diabetes, de modo que deve ser relativamente fácil de obter a carta branca para usá-los para ajudar os fumantes a deixarem seu vício de lado. “As recompensas são a principal razão por que nos tornamos viciados. Então, nós achamos que medicamentos que funcionem da mesma forma que o GLP-1 podem ter um impacto positivo sobre a dependência da nicotina. Esta é uma abordagem totalmente nova”, comemora Jerlhag.[Science Nordic]

Reciclar é preciso

Números do Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem), associação sem fins lucrativos mantida por um grupo de grandes empresas brasileiras, mostram que nosso país está avançando na reciclagem, atingindo índices satisfatórios em alguns segmentos, mas deixando a desejar em outros: 96,2% da produção nacional de latas de alumínio; 47% da resina PET; 45% das embalagens de vidro; 29% das latas de aço; 23% das 46 mil toneladas de embalagens longa vida pós-consumo; e 20% dos plásticos. Nesses itens, estamos à frente de numerosas nações, como nas garrafas de PET, ou razoavelmente inseridos nas médias mundiais. Entretanto, há um aspecto particularmente preocupante: reciclamos apenas 3% do lixo sólido orgânico urbano. Evoluir nesse item específico é importante para a melhoria do meio ambiente, ganhos econômicos na produção e também no aspecto social, contemplando, assim, as três vertentes do mais contemporâneo conceito de sustentabilidade. Vale lembrar que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) definiu o conceito de “rejeito” da seguinte maneira: somente podem ser assim caracterizados os materiais que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. A fração orgânica dos resíduos domiciliares corresponde entre 48% e 55% do total do resíduo domiciliar gerado. Para uma produção anual de aproximadamente 64 milhões de toneladas de resíduos, temos então mais de 30 milhões de toneladas de resíduos orgânicos que não são ainda tecnicamente rejeitos e que, por isso, vãoin natura para os aterros e lixões no País. Há que se resolver isso, cumprindo-se metas até 2030, o que parece tempo suficientemente longo para tal. Não é! As grandes cidade ou consórcios das pequenas e médias terão de iniciar já a implantação dos respectivos Planos de Gestão, ou irá pairar a ameaça de validação da máxima que não somos afeitos ao cumprimento de metas, ou, em outras palavras, a assumirmos responsabilidades públicas. O trabalho das cooperativas é importante, mas não é suficiente para atender à gigantesca demanda. Em 2012, registrou-se um aumento de 1,3% na geração per capita de resíduos. No mesmo período, segundo o IBGE, o número de habitantes aumentou apenas um por cento. Conclui-se, portanto, que a inclusão social nos últimos dez anos e a maior renda estão fazendo com que o incremento do consumo (e, portanto, a geração de resíduos) fique acima da expansão demográfica. Otimo! Entretanto, precisamos atender com eficácia a essa demanda ambiental. Para isso, o grande salto é o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, cuja implantação, contudo, está atrasada em pelo menos metade dos 5.564 municípios brasileiros. Aliás, o descumprimento de cronograma relativo à execução do plano já comprometeu definitivamente a erradicação dos lixões em todo o País até 2014, como estava originalmente previsto na Política Nacional relativa ao tema (Lei nº 12.305). O que será feito? Com o atraso do programa, não só estamos postergando um processo capaz de melhorar muito o meio ambiente, como também retardando o crescimento da reciclagem. Ao invés de um círculo virtuoso de coleta de resíduos sólidos, seletividade, encaminhamento para aterros sanitários modernos e adequados e reciclagem em grande escala, estamos mantendo o círculo vicioso da letargia. * Ariovaldo Caodaglio, cientista social, biólogo, estatístico e pós-graduado em meio ambiente, é presidente do SELUR (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo). ** Publicado originalmente no site Mercado Ético. o Ético)

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Já estamos vivendo em um novo planeta?

Segundo relatório do IPCC, hoje habitamos um mundo desconhecido em virtude dos níveis inéditos de concentração de carbono na atmosfera Não surpreendeu, surpreendendo, saber que caminhamos todos rumo ao desconhecido. Diferentemente do que anunciava a série Star Trek, “indo onde nenhum homem jamais esteve”, não precisamos ser um capitão Kirk no comando da nave estelar USS Enterprise. Basta apenas sentar no próprio sofá, na cadeira do trabalho ou no banco do carro para realizarmos uma jornada a um novo mundo. Segundo o IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, órgão da ONU), atingimos tal quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, inédita, ao menos nos últimos 800 mil anos. E suas consequências para o futuro imediato é, pelo menos, o acirramento ainda maior dos fenômenos climáticos extremos que já temos observado sem grandes esforços. Períodos maiores de secas; chuvas mais torrenciais; ciclones e tornados mais frequentes ou ocorrências inéditas em locais antes não atingidos por esse tipo de fenômeno; aumento no nível dos oceanos e derretimento de geleiras. Todas essas evidências, assim como o aumento da temperatura média do planeta e a decisiva ação humana para que esse quadro se configurasse, já haviam sido apontadas no último relatório do IPCC divulgado em 2007. Mas o que antes era uma certeza, transcorridos mais 6 anos de estudos exaustivos levados a cabo por cientistas do mundo todo, tornou-se convicção. Para o órgão das Nações Unidas, nós somos os responsáveis por esse estado de coisas e nos cabe também a missão de começar a reverter esse quadro. O documento divulgado pelo IPCC enfatiza que: “a concentração de CO2 na atmosfera aumentou 40% desde a era pré-industrial em razão das emissões oriundas da queima de combustíveis fósseis. Deste total, 30% foram absorvidos pelos oceanos que, por essa razão, se tornaram mais ácidos e menos capazes de regular o clima”. De 2007 para 2013 sem motivos para comemorar Muitas das novas conclusões entre o penúltimo e o último relatório divulgados pelo órgão da ONU para mudanças climáticas está a certeza de que a pouca movimentação de autoridades para melhorar o quadro, trouxe como consequência o acirramento de alguns problemas, ou seja, o que era ruim ficou um pouco pior. Quanto ao aumento da temperatura média desde 1850 estimada em 0,76 graus Celsius no relatório de 2007, passou para 0,85 ºC tendo como base o ano de 1880. O aumento no nível do mar também sofreu uma alteração para cima entre um documento e outro de 17 centímetros para 19cms. A velocidade de derretimento no Ártico foi outra constatação que mudou de patamar subindo de uma perda de 2,7% de gelo por década para algo entre 3 e 4,1% a cada dez anos. Ceticismo sem lugar na história São muitos os obstáculos para que possamos empreender mudanças nas políticas públicas mundiais que contemplem uma reversão no cenário apontado pelo IPCC. A ganância e imediatismo humanos são mais do que suficientes interesses econômicos a dificultar esse processo. Agora ainda ser obrigado a ouvir insistentemente os mesmos gatos pingados a bater na tecla que as mudanças climáticas e o aquecimento global não passam de bobagens, é demais para fígados sensíveis. Quase sempre financiados por grandes corporações interessadas em deixar tudo como está a “base científica” usada por eles se assemelha aos comentários de botequim utilizando-se largamente de dados fora de contexto e responsabilidade zero. Esperemos que as novas informações divulgadas mundialmente pelo IPCC sejam capazes de despertar a urgência na tomada de posições e evitar que no comando de nossa Enterprise esteja algum desses céticos trogloditas a arrastar nossa nave-mãe Terra para dentro de buracos negros ainda mais obscuros e desconhecidos. * Reinaldo Canto é jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente e pós-graduado em Inteligência Empresarial e Gestão do Conhecimento. Passou pelas principais emissoras de televisão e rádio do País. Foi diretor de comunicação do Greenpeace Brasil, coordenador de comunicação do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e colaborador do Instituto Ethos. Atualmente é colaborador e parceiro da Envolverde, professor em Gestão Ambiental na FAPPES e palestrante e consultor na área ambiental. Publicado originalmente no site Carta Capital.

Correios oferecerão e-mail criptografado gratuito à população

Os Correios vão disponibilizar um serviço de e-mail criptografado gratuito para a população brasileira. O objetivo é evitar espionagem de conteúdo. Segundo o secretário executivo do Ministério das Comunicações, Genildo Lins, a remuneração da empresa poderia ser feita por meio da venda de anúncios na página, assim como os atuais e-mails gratuitos como Gmail e Hotmail. "É uma grande oportunidade de negócios do ponto de vista dos Correios. Os correios do mundo hoje não vivem só de cartas, têm que encontrar novas formas de se sustentar," disse Lins. A ideia surgiu durante o desenvolvimento de um projeto de certificação digital de mensagens, que está sendo feito pelos Correios para oferecer a empresas e pessoas físicas, mediante pagamento. Lins disse que, apesar de o sistema ter começado a ser estudado antes das denúncias de espionagem de mensagens de brasileiros pelo governo dos Estados Unidos, as notícias recentes podem acelerar o projeto. A expectativa é que o serviço de correio eletrônico gratuito criptografado esteja disponível para a população até o final deste ano O sistema está sendo desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). O presidente do Serpro, Marcos Mazoni, defende que o sistema do Serpro é mais seguro por usar infraestrutura própria e software livre, além de ser um e-mail criptografado. Software livre é a saída para fugir da espionagem oficial Segundo Mazoni, o Serpro vai fazer o trabalho técnico junto com os Correios. Caberá ao Ministério das Comunicações fazer uma articulação para potencializar uma infraestrutura capaz de atender à população do país. O e-mail será gratuito, e o projeto será custeado pelo governo. O sistema deverá ser nos mesmos moldes do serviço de e-mail expresso que já é oferecido pelo Serpro a seus clientes corporativos. Com informações da Agência Brasil

Mais da metade das empresas do Brasil têm metas de redução de emissão de carbono, diz ONG

Pouco mais da metade (55% do total) das 51 empresas brasileiras que responderam a um questionário sobre mudanças climáticas têm metas de redução de emissão de carbono. O número, embora ainda seja baixo se comparado ao de diversos outros países, representa um avanço para o Brasil considerando o ano anterior, pois, em 2012, 40% das empresas informaram ter metas de redução de emissão. O dado está no relatório CDP Brasil 100, do Programa Mudanças Climáticas 2013, que foi divulgado na tarde de quarta-feira (9) em uma cerimônia na capital paulista. O relatório é divulgado pelo Carbon Disclosure Project (CDP), uma organização internacional sem fins lucrativos que mede e incentiva que empresas e cidades divulguem informações sobre os impactos delas no meio ambiente. Para a pesquisa deste ano, 100 empresas foram convidadas para responder ao questionário, mas apenas 56 delas o fizeram, sendo que cinco foram desconsideradas porque eram multinacionais (neste caso, o CDP considerou apenas as respostas enviadas pela empresa matriz). Um relatório mais abrangente do CDP, envolvendo 500 grandes empresas em todo o mundo, foi divulgado anteriormente e está disponível no site da organização (www.cdp.net). Segundo Sue Howells, diretora de operações do CDP, o relatório mundial demonstrou que as grandes empresas precisam fazer muito mais para reduzir as emissões de carbono. “As emissões continuam a crescer e isso nos preocupa muito”, disse Sue durante a apresentação do relatório brasileiro. Segundo Luísa Guimarães Krettli, da Way Carbon, empresa que presta consultoria ambiental e que é uma das responsáveis pela elaboração e divulgação do relatório no Brasil, o mesmo fenômeno foi observado nas empresas do país. De acordo com ela, 76% das empresas instaladas aqui aumentaram suas emissões no escopo 1 [emissões diretas] e no escopo 2 [emissões indiretas provenientes do consumo de energia elétrica] em relação ao ano anterior. “Isso mostra que a efetividade dessas iniciativas [de redução das emissões] que estão sendo implantadas pelas empresas devem ser repensadas”, disse Luísa. De notas que variam entre A (a melhor nota) até E (a pior), considerando-se a performance das empresas com relação à redução da emissão de carbono, o Brasil recebeu uma média D, abaixo de países como a África do Sul e a Coreia do Sul. “As empresas brasileiras precisam analisar como podem melhorar sua performance”, disse Sue Howells. O relatório demonstrou que as empresas somaram R$ 6 bilhões de investimentos em iniciativas de redução de emissões [considerando-se somente as empresas que responderam ao questionário e que informaram ter iniciativas de redução]. Isso significou que elas investiram apenas 0,07% de suas receitas, em média, em iniciativas de redução de emissão de carbono. “A reação [das empresas] se dá justamente porque ainda não há clareza do impacto financeiro, seja ele negativo ou positivo. Há sempre a ótica do risco ou da oportunidade. A partir do momento em que elas tiverem um entendimento maior do quanto o risco representa e de que maneira elas podem converter esse risco em uma oportunidade, explorando novos modelos de negócio e reconfigurando seus processos produtivos, teremos essa trajetória [de crescimento na redução de emissão]”, disse Juliana Lopes, diretora do CDP na América Latina, em entrevista à Agência Brasil. (Fonte: Agência Brasil)

Brasil e 140 países assinam acordo para eliminação gradual do mercúrio

O Brasil e mais 140 países assinam, nesta quinta-feira (10), em Kumamoto, no Japão, a Convenção de Minamata sobre Mercúrio, que define prazos para a redução, controle e eliminação do mercúrio em processos industriais e artesanais em todo o mundo. A medida não banirá o uso do metal, mas estabelecerá rigorosos protocolos internacionais de segurança, com o objetivo de reduzir os riscos na utilização de um dos elementos mais tóxicos para a natureza. Ele é capaz de poluir o ar, a água e a terra, além de causar danos irreversíveis à saúde humana, podendo levar à morte por contaminação. A validade do acordo no país depende, ainda, de aprovação pelo Congresso Nacional. O documento, que ficou pronto em fevereiro, após dois anos de negociações, será assinado pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Uma vez obtidas as 50 ratificações necessárias para o protocolo entrar em vigor, os países que aderirem à convenção terão as atividades ligadas ao mercúrio vinculadas ao pacto global. O texto identifica como fontes de mercúrio no ambiente segmentos produtivos como as usinas de energia a carvão, a produção de cimento, a indústria de equipamentos hospitalares e odontológicos e a incineração de resíduos. De acordo com o tratado, até 2020, o mercúrio deverá ser eliminado de baterias, pilhas, lâmpadas, cosméticos, pesticidas e outros materiais. As normas para reduzir as emissões atmosféricas do metal incluem práticas ambientais e as melhores técnicas disponíveis para novos empreendimentos. No caso das instalações já existentes, será necessário estabelecer metas de diminuição e fazer planos nacionais para implantar medidas de adaptação. Desde o início da semana, equipes técnicas dos ministérios do Meio Ambiente e das Relações Exteriores participam de reuniões preparatórias com o objetivo de acordarem resoluções ligadas ao pacto global. Os principais aspectos em pauta dizem respeito ao período interino do acordo, ou seja, o tempo entre a assinatura dos países e a entrada efetiva em vigor das regras estabelecidas pela convenção. Saiba mais – Kumamoto foi escolhida para sediar a conferência porque é próxima à cidade de Minamata, palco de um desastre que culminou na contaminação da população com mercúrio na década de 1950, durante o desenvolvimento industrial da região. A estimativa é que até 150 toneladas da substância tenham sido despejadas na baía, o que infectou água, peixes e frutos do mar, base da alimentação local. As desordens fisiológicas e neurológicas causadas pelo envenenamento da população ficaram conhecidas como Doença de Minamata. Segundo a Embaixada do Japão, o governo local declarou que os níveis de mercúrio estavam seguros para consumo humano em 29 de julho de 1997. A decisão marcou a remoção por completo da rede que, por 23 anos, impedia os peixes contaminados de deixar a região, em um esforço para frear a doença ambiental. Apesar de estar presente na natureza, o mercúrio é um metal tóxico pesado, que oferece riscos à saúde humana e ao meio ambiente. O desastre no Japão é o primeiro caso documentado de envenenamento humano pelo metal. Em 1968, depois de 12 anos de contaminação, a doença já havia se tornado epidêmica e grande parte da população apresentava os efeitos do envenenamento. A estimativa é de que cerca de 50 mil pessoas sofreram danos diretos na saúde. Do total, mais de 3 mil sofreram deformidades e má formação fetal, além de existirem casos registrados de morte. (Fonte: MMA)

Como ajudar um amigo com depressão?

É difícil ver alguém que você gosta se afundar em tristeza, e não saber o que dizer ou fazer para ajudar. Mais de 350 milhões de pessoas no mundo possuem depressão, segundo a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, estima-se que pelo menos dez milhões de pessoas ou 18% da população sejam afetadas pela condição. Quem sofre não é apenas o doente, mas todas as pessoas próximas a ele. Para ser capaz de ajudar alguém nessa situação, no entanto, é preciso compreender, tanto quanto possível, o que seu amigo está passando. Do lado de fora, a depressão pode parecer tristeza normal, do tipo que aparece na vida de todas as pessoas. A doença, entretanto, é muito mais extrema: os sintomas duram mais tempo, as emoções são mais intensas, e a vida cotidiana é simplesmente mais difícil de se manter. De acordo com o psicólogo clínico Dr. Jeffrey DeGroat, enquanto uma pessoa triste pode não estudar por alguns dias ou evitar sair com os amigos no fim de semana, uma depressiva pode não estudar por semanas a fio e evitar passar tempo com amigos e família por semanas. Você pode ser capaz de animar um amigo triste com piadas e incentivo, mas a depressão é um distúrbio médico que pode ser devastador. Muitas vezes, as pessoas com depressão nem sabem por que têm esse sentimento esmagador de desespero, ou extrema apatia. Pode não fazer qualquer sentido. Tudo pode estar bem na vida do depressivo, mas ele ainda assim estar dominado pela tristeza. Infelizmente, é comum que as pessoas tentem esconder sua condição. Ao mesmo, é difícil até para profissionais de saúde mental diagnosticar a doença. Existem várias formas do distúrbio, das mais tradicionais a desordens sazonais e depressão pós-parto. Os sinais de depressão também variam de acordo com a pessoa e podem incluir extrema tristeza, irritabilidade, dificuldade de concentração e sensação de apatia. Se você acredita que seu amigo está sofrendo de depressão, a melhor coisa que você pode fazer por ele é ouvi-lo e apoiá-lo. Confira algumas dicas: Seja honesto e expresse suas preocupações. Dr. DeGroat recomenda notar quaisquer alterações significativas no comportamento, humor ou personalidade de seu amigo, e, em seguida, tentar conversar com ele sobre o assunto. As pessoas podem apresentar sintomas de depressão de muitas maneiras diferentes, como tristeza, irritabilidade, isolamento social, comportamentos autodestrutivos, perda de interesse em atividades, alterações no apetite, no sono, e assim por diante. Ao invés de determinar se seu amigo ou ente querido está deprimido com base em um sintoma ou outro, observe se há alguma mudança significativa no seu comportamento. Se houver, pergunte a ele ou ela como as coisas estão indo. Seu amigo pode estar preparado para discutir seus sentimentos, e o convite para falar pode ser apenas o que ele estava esperando. Não ofereça conselhos ou tente “consertar” a pessoa. Se o seu amigo quiser falar, reconheça e valide seus sentimentos. Por exemplo, você pode dizer “Nossa, que chato. Sinto muito que você está se sentindo dessa forma”, mas não oferecer conselhos ou chavões positivos, como “Você vai superar isso” e “Pense pelo lado positivo”. Ninguém quer morrer, mas já é difícil o suficiente querer morrer e alguém pensar que isso vai mudar com uma frase boba. Não é como se você pudesse falar “Anime-se” e a pessoa deprimida fosse responder “Sabe, você está totalmente certo. Estou animado agora!”. Entenda que você não pode resolver os problemas de seu amigo. Seu trabalho é se tornar um melhor ouvinte e apoiar a pessoa. Coisas específicas para se evitar de dizer, de acordo com a Ventre Medical Associates, incluem: “Não há nada de errado com você. Está tudo na sua cabeça”, “Sua vida é ótima, que motivos você tem para estar deprimido?” e “Será que você poderia se animar logo?”. Certifique-se de que ele saiba que você está lá por ele. Se o seu amigo nega quaisquer problemas ou não quer falar, não o force a admitir que está deprimido. Em vez disso, entre em contato com ele com frequência (e-mails, telefonemas rápidos para dizer oi) e mostre apoio, oferecendo para fazer algo juntos. Mesmo que a pessoa não tiver interesse na atividade em si, a ligação social pode ajudar a reforçar o fato de que ela não precisa sofrer sozinha. Verifique se ela está comendo bem, dormindo bem, recebendo luz solar e fazendo exercício físico. Qualquer atividade mínima pode ajudar quando uma pessoa está sentindo para baixo. Não leve a situação pro lado pessoal. Pare de se perguntar se você de alguma forma causou a depressão. Além disso, tentar ajudar alguém em sofrimento emocional pode ser desgastante e estressante, então lembre-se de cuidar de sua própria saúde emocional também. Conte com a ajuda de outros. Você pode obter orientação de um profissional (um orientador da escola, alguém que você conhece que já passou por isso) para ajudar a encontrar a melhor estratégia para ajudar um ente querido. Você também pode conversar com amigos em comum. Ajude a outra pessoa a entender sobre a depressão, se você puder. Se você já passou por isso, compartilhar esse fato poderia tirar qualquer medo que a pessoa tem de falar sobre o que está passando. Mas tenha em mente que não existe uma solução única para a depressão. O que lhe ajudou pode não ser apropriado para outra pessoa. Alguns precisam de medicação apenas para serem capazes de sair da cama de manhã, outros acham útil a psicoterapia, e assim por diante. Independentemente disso, seria ideal mostrar ao seu amigo que a depressão não é um sinal de fraqueza, algo de que ele deveria se envergonhar ou esconder. A depressão carrega um estigma terrível, e isso impede que muitas pessoas recebam a ajuda de que precisam. Mostre ao seu amigo que ele não está sozinho e que a condição é tratável. Sugira aconselhamento ou outro tipo de ajuda profissional. Se os sintomas depressivos do seu amigo estão interferindo com sua vida (por exemplo, ele falta da escola ou do trabalho com frequência, evita contato social e assim por diante), recomende que ele visite um psicólogo ou um terapeuta. Você pode ajudar o seu amigo a encontrar um profissional, incentivá-lo e acompanhá-lo. Se ele se afastar ou estiver relutante em buscar ajuda, lembre-o de que às vezes precisamos de um check-up mental, assim como de outros exames médicos. Colabore com outros amigos e familiares se a situação ficar muito séria e seu amigo ainda resistir. Ninguém evitaria o médico se tivesse dor cardíaca grave ou quebrasse uma perna; a depressão não é uma doença menos importante. Por fim, se o seu amigo mostrar sinais de que poderia se machucar ou a qualquer outra pessoa, contate as autoridades para obter ajuda, porque você não pode controlar isso sozinho. A cada 30 segundos, alguém no mundo tira a sua própria vida. Você não pode distrair e dissuadir uma pessoa da depressão ou do suicídio mais do que você poderia dissuadir alguém de ter gripe ou um ataque cardíaco. Busque ajuda. [LifeHacker]

Impacto das mudanças climáticas na saúde da população preocupa governo

As mudanças climáticas deverão provocar aumento do nível dos mares e da intensidade de eventos extremos, como secas e tempestades em todo o mundo. A previsão foi confirmada pelo último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), em 27 de setembro. Diante de um cenário de incertezas em relação ao futuro do planeta, o governo brasileiro se prepara para reduzir os efeitos colaterais do clima na saúde da população. O tema já havia sido tratado na primeira versão do Plano Nacional de Mudanças Climáticas, de 2008, mas ganhou destaque ainda maior nos últimos anos. Em junho, foi lançado o Plano Setorial de Saúde para Mitigação e Adaptação para a Mudança do Clima. O plano setorial integra a versão preliminar do novo Plano Nacional de Mudanças Climáticas, que abriu para consulta pública na internet no dia 1º de outubro. De acordo com o governo brasileiro, espera-se que as mudanças no clima tenham impactos diretos (como no caso dos desastres naturais), indiretos (devido à mudança na qualidade da água, do ar e dos alimentos) e também por meio de perturbações sociais e econômicas. “A questão é como preparar o sistema de saúde para esses eventos. Dentro do sistema que já existe, temos que começar a prepará-lo para isso. Pelo que os relatórios apontam, haverá chuvas muito fortes e secas muito fortes no país”, disse o secretário nacional de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MME), Carlos Klink. Entre as preocupações do governo brasileiro, estão as doenças transmitidas por vetores como a dengue, a malária, a febre amarela e a leishmaniose, ou por água e alimentos contaminados, como diarreias agudas, leptospirose e toxoplasmose. Acredita-se que alterações climáticas, como intensas ondas de calor, tenham impacto também sobre doenças crônicas não transmissíveis, como males cardiovasculares e respiratórios. Há ainda o agravante de se unir as mudanças no clima com a poluição atmosférica (que é um dos principais fatores de aceleração do aquecimento global). Há também a preocupação com os riscos de escassez de águas e alimentos e de transtornos psicológicos como o estresse provocado pelos eventos climáticos extremos. Entre as metas do governo estão ampliar a cobertura vacinal da população, a vigilância sobre as doenças crônicas e a análise da qualidade da água, além de reduzir a incidência de doenças provocadas por vetores. (Fonte: Agência Brasil)

Exercícios são melhores que remédios para coração e AVC

Os exercícios físicos podem ser tão eficazes - e eventualmente até melhores - do que alguns medicamentos para reduzir o risco de morte em pessoas com derrame cerebral ou doenças cardíacas. Os pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard, da Universidade de Stanford e da Escola de Economia de Londres analisaram centenas de testes que envolveram quase 340 mil pacientes. O objetivo era comparar o efeito dos exercícios físicos e dos medicamentos em pessoas com problemas no coração, história de acidente vascular cerebral, pré-diabetes e insuficiência cardíaca. As atividades físicas obtiveram resultados semelhantes aos dos medicamentos para doenças cardíacas. Já os remédios chamados diuréticos tiveram melhores resultados do que a atividade física no combate às doenças cardíacas. Os exercícios também são mais eficazes do que os medicamentos no caso das pessoas que tiveram acidente vascular cerebral. No caso de derrames, as atividades físicas tiveram eficácia superior à dos remédios. Os cientistas recomendam a realização de mais estudos específicos para avaliar os resultados, dada a escassez de informações sobre o tema. Defenderam, no entanto, que, as atividades físicas "sejam consideradas uma alternativa viável ou acompanhe o uso dos medicamentos". Especialistas alertam que isso não significa que as pessoas devam abandonar o uso de remédios, em prol de exercícios. Eles recomendam que ambos sejam usados ao mesmo tempo no tratamento de doenças. http://www.diariodasaude.com.br/

Você ingere vitamina K suficiente?

O déficit de vitamina K pode levar, entre outras possibilidades, a problemas de coagulação. "O papel clássico da vitamina K está relacionado com o mecanismo de coagulação sanguínea, mas estudos epidemiológicos mostram que ela tem outros papéis no organismo, como a manutenção da saúde óssea," explica Simone Aparecida Faria, pesquisadora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Além disso, estudos têm indicado a falta desta vitamina em pessoas que ingerem constantemente anti-inflamatórios e anticoagulantes. Recomendação de ingestão da vitamina K A recomendação para a ingestão diária de vitamina K é de 90 µg/dia para mulheres e 120 µg/dia para homens Mas a vitamina é tão desconhecida que, até agora, não havia uma tabela brasileira de sua presença nos alimentos. Foi o que Simone e Marilene Penteado se dispuseram a fazer. Elas mediram a quantidade de vitamina K para as principais hortaliças consumidas pelos brasileiros. Dos valores encontrados, destacam-se o espinafre cru (404,57 microgramas (µg)/100 g), o repolho verde cru (336,05 µg/100 g) e a rúcula (319,20 µg/100 g). Os dados indicaram também que a ingestão diária da vitamina K pelos brasileiros está abaixo do recomendado, com 88 µg/dia entre os jovens, 98 µg/dia entre os adultos e 104 µg/dia entre as pessoas com mais de 60 anos. Vitamina K em hortaliças As pesquisadoras também compararam as quantidades desta vitamina encontradas em hortaliças cultivadas em São Paulo e nos EUA. Enquanto a alface americana plantada no Brasil apontou 77,79 µg/100 g de vitamina K, nos EUA ela alcança 102,30 µg/100 g. A couve cultivada aqui tem 245,52 µg/100 g e a cultivada lá, 817,00 µg/100 g. Já a rúcula brasileira é mais rica nessa vitamina: são 259,11 µg/100 g contra 108,60 µg/100 g da norte-americana. Isto mostra a importância do levantamento de dados referentes aos alimentos cultivados no Brasil, sobretudo para o trabalho dos nutricionistas. A utilização apenas de dados internacionais, como é mais comum, não é adequada porque "as composições nos alimentos mudam conforme o tipo de solo do cultivo, quantidade de luz recebida, dados pluviométricos," explica Simone. Agência USP

Quais ecossistemas são mais vulneráveis às mudanças climáticas?

Uma nova pesquisa, publicada no periódico Nature Climate Change, é a primeira a combinar os impactos esperados das mudanças climáticas com a degradação das ações humanas para criar uma lista das mais vulneráveis regiões do planeta. Entre as áreas em maior perigo estão o sul e sudeste da Ásia, o oeste e a parte central da Europa, o centro-leste da América do Sul e o sul da Austrália. James Watson, principal autor do estudo, afirma que a pesquisa busca indicar “onde os recursos limitados [financiamentos climáticos] podem fazer mais diferença” para proteger os mais vulneráveis ecossistemas em um mundo em aquecimento. “Precisamos perceber que as mudanças climáticas vão impactar ecossistemas de forma direta e indireta em uma grande variedade de maneiras e que não podemos continuar presumindo que todas as ações de adaptação são cabíveis em todos os lugares. O fato é que temos apenas fundos limitados e precisamos começar a pensar de forma inteligente em como utilizá-los ao redor do mundo”, disse Watson, que é diretor do programa de mudanças climáticas da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem (WCS). Para chegar às conclusões do estudo, Watson e sua equipe avaliaram a estabilidade dos ecossistemas sob cenários futuros de mudanças climáticas, uma vez que certos ecossistemas devem sofrer transformações mais drásticas do que outros. Por exemplo, o Ártico deverá ser uma das regiões mais afetadas pelo aquecimento global. Depois, os pesquisadores combinaram esses dados com informações relativas à área ainda preservada em cada ecossistema, contando com o fato de que regiões mais intactas serão capazes de se adaptar melhor. Dessa forma, o estudo observa que entre os locais menos vulneráveis, levando em conta os impactos climáticos e a atual degradação, estão o sul da América do Sul, o Oriente Médio, o norte da Austrália e a costa atlântica no sul da África. As regiões mais vulneráveis aparecem na cor creme, enquanto as menos vulneráveis em cinza escuro/preto. Regiões que são muito degradadas, mas que deverão ter clima estável estão em laranja escuro, enquanto aquelas relativamente intactas, mas que são sensíveis às mudanças climáticas estão em verde escuro. Citação: James E. M. Watson, Takuya Iwamura& Nathalie Butt. (2013) Mapping vulnerability and conservation adaptation strategies under climate change. Nature Climate Change. doi:10.1038/nclimate2007 Fonte: Mongabay

Ameaças à Amazônia vão muito além das queimadas

Há outros tipos de ameaças à conservação da Amazônia, além do desmatamento, que ocorrem em pequena escala e em áreas de várzea da região – como a extração inadequada de madeira e o manejo inapropriado de recursos pesqueiros –, que podem gerar transformações tão importantes na floresta nas próximas décadas quanto as queimadas. Esses fenômenos, contudo, são menos perceptíveis e não são facilmente detectáveis na paisagem por imagens aéreas, como são as próprias queimadas, por acontecerem no interior da floresta e fora do chamado “Arco do desmatamento amazônico” (região de borda do bioma que corresponde ao sul e ao leste da Amazônia Legal e abrange todos os estados da região Norte, mais Mato Grosso e uma parte do Maranhão). Por isso, podem passar despercebidos e não merecer a mesma atenção recebida pelos desmatamentos pelos órgãos fiscalizadores. O alerta foi feito por Hélder Queiroz, pesquisador do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), durante o sétimo encontro do Ciclo de Conferências 2013 do BIOTA-FAPESP Educação, realizado no dia 19 de setembro em São Paulo. “A diminuição do desmatamento é, sem dúvida, muito importante para a conservação da Amazônia, mas ele não representa a única ameaça ao bioma”, afirmou Queiroz. “Também há um grupo grande de ameaças, composto por transformações de habitat em pequena escala realizadas exatamente da mesma forma nos últimos 50 anos e de difícil detecção, mas que geram mudanças importantes na composição e na estrutura da floresta e cujos efeitos serão prolongados por muitas décadas”, estimou. A extração inadequada de madeira da Floresta Amazônica, por exemplo, pode alterar o número de espécies de animais que vivem em uma determinada área da selva. Isso porque, de acordo com o pesquisador, algumas espécies de árvore cuja madeira tem grande valor comercial – e, por isso, são mais visadas – também podem ser importantes para alimentação da fauna. A retirada dessas espécies de árvore de forma desordenada pode alterar a composição florística e, consequentemente, de espécies de animais de uma área da floresta, ressaltou Queiroz. “A abertura de pequenas clareiras para remoção específica dessas espécies de madeira não é detectada pelas imagens de satélite porque, geralmente, elas têm poucos metros quadrados”, disse Queiroz. “Ao final de três décadas, todas as espécies dessas árvores e, consequentemente, a fauna que dependia delas podem desaparecer da região”, alertou. Pesca e caça inadequadas – Outra ameaça que está se tornando um problema na Amazônia, de acordo com o pesquisador, é a pesca desordenada da piracatinga (Calophysus macropterus) – espécie de peixe sem escama, apreciada para consumo, conhecida popularmente como “urubu d´água”, por ser carnívora e se alimentar de restos de peixe e outros animais. Para a pesca do peixe na região amazônica está sendo utilizada como isca a carne de jacaré e de boto cor-de-rosa. Por causa disso, o número de botos cor-de-rosa – também conhecidos como botos-vermelhos (Inia geofrrensis) – diminuiu em diversas regiões da Amazônia, indicam dados de monitoramento da espécie na região da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) de Mamirauá fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). “A carcaça de um jacaré ou de boto cor-de-rosa vale, no máximo, R$ 100,00 na região amazônica e gera aproximadamente entre 200 e 300 quilos dessa espécie de peixe”, disse Queiroz. “Além de uma crise pesqueira, esse problema representa um sistema de valoração da biodiversidade que está profundamente desequilibrado”, avaliou. Já em terra, segundo o pesquisador, a caça desordenada de determinadas espécies de animais tem resultado no surgimento do que alguns autores denominaram no início da década de 1990 de “florestas vazias” – áreas de floresta em pé, mas nas quais as principais espécies de animais responsáveis pela reprodução, polinização e dispersão de sementes desaparecem em razão da caça desenfreada. “A expressão cunhada para esse fenômeno – ‘florestas vazias’ – é romântica, mas o problema é preocupante e os efeitos dele são só percebidos ao longo de décadas”, avaliou Queiroz. “Os aviões ou satélites utilizados para monitoramento também não conseguem identificar essas regiões de floresta cujas árvores estão em pé, mas nas quais as espécies de animais estão sendo intensamente caçadas”, afirmou. Florestas alagadas – Em geral, a maior parte dessas ameaças “imperceptíveis” ocorre nas chamadas florestas alagadas ou de várzea – que representam quase um quarto de toda a extensão da Amazônia, ressaltou o pesquisador. Submetidas ao regime de alagamento diário, sazonal ou imprevisível – de acordo com o regime de chuvas –, essas regiões de baixas altitudes são alagadas por águas brancas, de origem andina, escoadas, principalmente, pelos rios Solimões e Madeira. Como são muito produtivos – por suas águas receberem grandes cargas de nutrientes e sedimentos –, os recursos naturais das florestas de várzea da Amazônia são abundantes. Por isso, são densamente ocupadas desde o período pré-colombiano. “Praticamente 75% da população amazônica [cerca de 8 milhões de pessoas] está diretamente inserida nesses ambientes de várzea ou em suas proximidades, vivendo, trabalhando e transformando essas regiões”, disse Queiroz. “Isso significa que esses ambientes são mais ameaçados do que os localizados no ‘arco do desmatamento’, porque recebem maior impacto diário das populações, ainda que não sejam detectados na paisagem, como o desmatamento”, comparou. Justamente por terem grande densidade populacional, é difícil criar Áreas Prioritárias para Conservação (Arpa) nessas regiões de floresta alagada, contou Queiroz. “Existem poucas áreas protegidas e muitas propostas de criação de Arpas em florestas alagadas da Amazônia”, afirmou. Algumas delas são as RDS de Mamirauá e Amanã, que, juntas, somam quase 3,5 milhões de hectares da Amazônia. Criada no início dos anos de 1980 com intuito de proteger o macaco uacari-branco (Cacajao calvus), a Reserva de Mamirauá começou a ser gerida no final dos anos 1990 pelo Instituto Mamirauá, que tem o objetivo de realizar pesquisa de conservação da biodiversidade. Os pesquisadores da instituição fazem pesquisas voltadas principalmente para o manejo sustentável dos recursos naturais. E, mais recentemente, começaram a desenvolver tecnologias sociais voltadas ao tratamento de água e ao saneamento ambiental, entre outras finalidades. “Desde 2010 estamos expandindo nossas ações. Atualmente elas atingem 150 mil pessoas. Mas esperamos chegar, nos próximos anos, a 1,5 milhão de pessoas”, contou Queiroz. Redução do desmatamento – O evento na FAPESP também contou com a participação de Maria Lucia Absy, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Em sua palestra, Absy destacou a queda das taxas anuais de desflorestamento da Amazônia Legal, que, no total, caíram 84% no período de 2004 a 2012, segundo dados do Projeto Prodes, do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama). “As ações de fiscalização e redução dos índices de desmatamento da Amazônia contam com o suporte fundamental dessa ferramenta e do Deter [Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real, realizado pelo Inpe]”, ressaltou. “Não é que seja errado desmatar uma área – desde que não seja grande – para fins produtivos. O errado é fazer isso aleatoriamente, sem metodologia e técnicas de manejo florestal”, avaliou Absy. O próximo encontro do Ciclo de Conferências 2013 do Biota Educação será realizado no dia 24 de outubro, quando será abordado o tema “Ambientes marinhos e costeiros”. Finalizando o ciclo, em 21 de novembro, o tema será “Biodiversidade em Ambientes Antrópicos – Urbanos e Rurais”. Organizado pelo Programa de Pesquisa em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA-FAPESP), o Ciclo de Conferências 2013 tem o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento do ensino de ciência. (Fonte: Agência Fapesp)

Painel da ONU confirma efeitos alarmantes das mudanças climáticas

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) iniciou nesta segunda-feira (23) uma conferência em Estocolmo, na Suécia, confirmando as alarmantes consequências das mudanças climáticas. “As provas científicas das (…) mudanças climáticas se reforçaram a cada ano, deixando pouca incerteza, salvo sobre suas graves consequências”, declarou o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, durante a abertura do evento. O IPCC, que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 2007, revelará nesta sexta-feira (27), após quatro dias de debates, o primeiro volume de um relatório completo sobre as mudanças climáticas, suas consequências e os meios para combater o problema, confirmou Pachauri. Este será o quinto relatório do painel da ONU – que reúne milhares de cientistas – desde sua criação, em 1988. Segundo uma versão provisória do texto obtida pela AFP, o relatório confirmará a responsabilidade do ser humano no aquecimento da Terra e apontará a intensificação de alguns eventos extremos. Os delegados – cientistas e representantes de governos – divulgarão o documento depois de examinar as novas evidências das mudanças climáticas e suas consequências. O presidente do painel lembrou que o objetivo da reunião é validar a primeira parte do relatório sobre o aquecimento global, que deixará em evidência a responsabilidade do homem e a grave situação que o planeta enfrenta. Pachauri ressaltou que o texto será aprovado “linha por linha” antes do fim da reunião em Estocolmo. O relatório, que conta com a colaboração de 520 autores, também ressaltará a intensificação de alguns fenômenos extremos, entre eles o aumento do nível do mar, segundo a versão do documento obtida pela AFP. O texto destacará, ainda, a urgência de tomar medidas para poder conter o aquecimento da Terra em 2° C, objetivo adotado por 195 países, mas que parece cada vez mais distante, segundo cientistas. Pachauri prometeu que o diagnóstico contido no informe será inquestionável. “Não conheço um documento que tenha sido submetido a esse tipo de análise minuciosa e que tenha envolvido tantas pessoas com espírito crítico, que ofereceram sua perspicácia e seus conselhos”, afirmou o co-presidente do grupo de trabalho que assinou o documento, Thomas Stocker. O relatório “se baseou em milhares de medições na atmosfera, na terra, no gelo, no espaço”, afirmou o cientista suíço, que é professor da Universidade de Berna. Ele ressaltou que essas medidas permitem ter uma visão sem precedentes e imparcial do estado do sistema climático. “A mudança climática é um dos grandes desafios de nossa época”, disse o especialista, destacando que “essa mudança ameaça nossos recursos primários, a terra e a água”. “E como ameaça nossa única residência, devemos enfrentá-la”, ressaltou o especialista, acrescentando que isso exige “as melhores informações para tomar as medidas mais eficazes”. O último IPCC, de 2007, gerou uma mobilização sem precedentes a respeito do clima, o que lhe rendeu a atribuição do prêmio Nobel da Paz, ao lado do ex-vice-presidente americano Al Gore. (Fonte: Globo Natureza)

Biofármacos: mercado de US$ 45 bilhões espera capacitação nacional

Patentes de vários biofármacos consumidos no Brasil expiraram recentemente ou vão vencer entre 2014 e 2018, o que equivale a um mercado de US$ 45 bilhões. Esse cenário, que à primeira vista indica uma boa perspectiva de negócios para os laboratórios brasileiros, revela, na verdade, um quadro preocupante. Barreira tecnológica Como não dominam a produção do princípio ativo dos biofármacos, empresas e instituições de pesquisa nacionais que atuam no setor biofarmacêutico têm pela frente o desafio de desenvolver tecnologia para que o Brasil possa produzir esse tipo de medicamento, cujo princípio ativo é obtido a partir de células vivas modificadas geneticamente. Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) apontam que o Brasil gasta cerca de R$ 4 bilhões por ano na importação desses produtos. Esse valor representa 32% dos gastos com medicamentos, embora os biofármacos representem apenas 3% das unidades adquiridas, o que demonstra a distorção provocada pelo seu alto custo. De acordo com o chefe do Departamento de Produtos Químicos e Farmacêuticos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Pedro Palmeira, o fenômeno ocorrido após o vencimento das patentes dos medicamentos de referência, que estimulou a produção dos medicamentos genéricos, não se repetirá com os biofármacos, já que esses são produtos mais difíceis de copiar. "Existe uma barreira tecnológica que precisa ser ultrapassada", afirmou Palmeira. Segundo Pedro Palmeira, a área de biotecnologia é prioritária para o Brasil e por conta disso o BNDES não medirá esforços para apoiar projetos nesse segmento. Desde 2009, o Banco vem ampliando sua atuação no setor, de modo a viabilizar a estruturação de grupos nacionais. A expectativa do BNDES é de que até 2017 ou 2018 o Brasil consiga produzir o seu primeiro fármaco biossimilar, ou seja, um medicamento biológico com eficácia e segurança comparáveis às do produto de referência. Produção nacional de biofármacos "O Brasil por muitos anos não investiu na área de biofármacos e tem hoje duas décadas de atraso nesta área. Esta realidade mudou bastante nos últimos anos e o nosso desafio agora é buscar esse desenvolvimento no menor tempo possível", afirmou a professora Leda Castilho, responsável pelo Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares da UFRJ/Coppe. Em parceria com a Hemobras, a equipe da Coppe está desenvolvendo tecnologia para produção de três biofármacos: dois destinados a pacientes com hemofilia e um para ser administrado em pessoas em tratamento quimioterápico. Os projetos contam com financiamento de R$ 7,2 milhões do BNDES. Outras iniciativas também estão em andamento. A Bio-Manguinhos/Fiocruz está em processo de implantação de estrutura para produção de outros três biofármacos por meio de transferência de tecnologia adquirida de países como Cuba e Estados Unidos.Com informações da Coppe

Quinto relatório do IPCC mostra intensificação das mudanças climáticas

Caso as emissões de gases do efeito estufa continuem crescendo às atuais taxas ao longo dos próximos anos, a temperatura do planeta poderá aumentar até 4,8 graus Celsius neste século – o que poderá resultar em uma elevação de até 82 centímetros no nível do mar e causar danos importantes na maior parte das regiões costeiras do globo. O alerta foi feito pelos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU), que divulgaram no dia 27 de setembro, em Estocolmo, na Suécia, a primeira parte de seu quinto relatório de avaliação (AR5). Com base na revisão de milhares de pesquisas realizadas nos últimos cinco anos, o documento apresenta as bases científicas da mudança climática global. De acordo com Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e um dos seis brasileiros que participaram da elaboração desse relatório, foram simulados quatro diferentes cenários de concentrações de gases de efeito estufa, possíveis de acontecer até o ano de 2100 – os chamados “Representative Concentration Pathways (RCPs)”. “Para fazer a previsão do aumento da temperatura são necessários dois ingredientes básicos: um modelo climático e um cenário de emissões. No quarto relatório (divulgado em 2007) também foram simulados quatro cenários, mas se levou em conta apenas a quantidade de gases de efeito estufa emitida. Neste quinto relatório, nós usamos um sistema mais completo, que leva em conta os impactos dessas emissões, ou seja, o quanto haverá de alteração no balanço de radiação do sistema terrestre”, explicou Artaxo, que está em Londres para a Fapesp Week London, onde participou de um painel sobre mudança climática. O balanço de radiação corresponde à razão entre a quantidade de energia solar que entra e que sai de nosso planeta, indicando o quanto ficou armazenada no sistema terrestre de acordo com as concentrações de gases de efeito estufa, partículas de aerossóis emitidas e outros agentes climáticos. O cenário mais otimista prevê que o sistema terrestre armazenará 2,6 watts por metro quadrado (W/m2) adicionais. Nesse caso, o aumento da temperatura terrestre poderia variar entre 0,3 °C e 1,7 °C de 2010 até 2100 e o nível do mar poderia subir entre 26 e 55 centímetros ao longo deste século. “Para que esse cenário acontecesse, seria preciso estabilizar as concentrações de gases do efeito estufa nos próximos 10 anos e atuar para sua remoção da atmosfera. Ainda assim, os modelos indicam um aumento adicional de quase 2 °C na temperatura – além do 0,9 °C que nosso planeta já aqueceu desde o ano 1750”, avaliou Artaxo. O segundo cenário (RCP4.5) prevê um armazenamento de 4,5 W/m2. Nesse caso, o aumento da temperatura terrestre seria entre 1,1 °C e 2,6 °C e o nível do mar subiria entre 32 e 63 centímetros. No terceiro cenário, de 6,0 W/m2, o aumento da temperatura varia de 1,4 °C até 3,1 °C e o nível do mar subiria entre 33 e 63 centímetros. Já o pior cenário, no qual as emissões continuam a crescer em ritmo acelerado, prevê um armazenamento adicional de 8,5 W/m2. Em tal situação, segundo o IPCC, a superfície da Terra poderia aquecer entre 2,6 °C e 4,8 °C ao longo deste século, fazendo com que o nível dos oceanos aumente entre 45 e 82 centímetros. “O nível dos oceanos já subiu em média 20 centímetros entre 1900 e 2012. Se subir outros 60 centímetros, com as marés, o resultado será uma forte erosão nas áreas costeiras de todo o mundo. Rios como o Amazonas, por exemplo, sofrerão forte refluxo de água salgada, o que afeta todo o ecossistema local”, disse Artaxo. Segundo o relatório AR5 do IPCC, em todos os cenários, é muito provável (90% de probabilidade) que a taxa de elevação dos oceanos durante o século 21 exceda a observada entre 1971 e 2010. A expansão térmica resultante do aumento da temperatura e o derretimento das geleiras seriam as principais causas. O aquecimento dos oceanos, diz o relatório, continuará ocorrendo durante séculos, mesmo se as emissões de gases-estufa diminuírem ou permanecerem constantes. A região do Ártico é a que vai aquecer mais fortemente, de acordo com o IPCC. Segundo Artaxo, o aquecimento das águas marinhas tem ainda outras consequências relevantes, que não eram propriamente consideradas nos modelos climáticos anteriores. Conforme o oceano esquenta, ele perde a capacidade de absorver dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Se a emissão atual for mantida, portanto, poderá haver uma aceleração nas concentrações desse gás na atmosfera. “No relatório anterior, os capítulos dedicados ao papel dos oceanos nas mudanças climáticas careciam de dados experimentais. Mas nos últimos anos houve um enorme avanço na ciência do clima. Neste quinto relatório, por causa de medições feitas por satélites e de observações feitas com redes de boias – como as do Projeto Pirata que a FAPESP financia no Atlântico Sul –, a confiança sobre o impacto dos oceanos no clima melhorou muito”, afirmou Artaxo. Acidificação dos oceanos Em todos os cenários previstos no quinto relatório do IPCC, as concentrações de CO2 serão maiores em 2100 em comparação aos níveis atuais, como resultado do aumento cumulativo das emissões ocorrido durante os séculos 20 e 21. Parte do CO2 emitido pela atividade humana continuará a ser absorvida pelos oceanos e, portanto, é “virtualmente certo” (99% de probabilidade) que a acidificação dos mares vai aumentar. No melhor dos cenários – o RCP2,6 –, a queda no pH será entre 0,06 e 0,07. Na pior das hipóteses – o RCP8,5 –, entre 0,30 e 0,32. “A água do mar é alcalina, com pH em torno de 8,12. Mas quando absorve CO2 ocorre a formação de compostos ácidos. Esses ácidos dissolvem a carcaça de parte dos microrganismos marinhos, que é feita geralmente de carbonato de cálcio. A maioria da biota marinha sofrerá alterações profundas, o que afeta também toda a cadeia alimentar”, afirmou Artaxo. Ao analisar as mudanças já ocorridas até o momento, os cientistas do IPCC afirmam que as três últimas décadas foram as mais quentes em comparação com todas as anteriores desde 1850. A primeira década do século 21 foi a mais quente de todas. O período entre 1983 e 2012 foi “muito provavelmente” (90% de probabilidade) o mais quente dos últimos 800 anos. Há ainda cerca de 60% de probabilidade de que tenha sido o mais quente dos últimos 1.400 anos. No entanto, o IPCC reconhece ter havido uma queda na taxa de aquecimento do planeta nos últimos 15 anos – passando de 0,12 °C por década (quando considerado o período entre 1951 e 2012) para 0,05°C (quando considerado apenas o período entre 1998 e 2012). De acordo com Artaxo, o fenômeno se deve a dois fatores principais: a maior absorção de calor em águas profundas (mais de 700 metros) e a maior frequência de fenômenos La Niña, que alteram a taxa de transferência de calor da atmosfera aos oceanos. “O processo é bem claro e documentado em revistas científicas de prestígio. Ainda assim, o planeta continua aquecendo de forma significativa”, disse. Há 90% de certeza de que o número de dias e noites frios diminuíram, enquanto os dias e noites quentes aumentaram na escala global. E cerca de 60% de certeza de que as ondas de calor também aumentaram. O relatório diz haver fortes evidências de degelo, principalmente na região do Ártico. Há 90% de certeza de que a taxa de redução da camada de gelo tenha sido entre 3,5% e 4,1% por década entre 1979 e 2012. As concentrações de CO2 na atmosfera já aumentaram mais de 20% desde 1958, quando medições sistemáticas começaram a ser feitas, e cerca de 40% desde 1750. De acordo com o IPCC, o aumento é resultado da atividade humana, principalmente da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento, havendo uma pequena participação da indústria cimenteira. Para os cientistas há uma “confiança muito alta” (nove chances em dez) de que as taxas médias de CO2, metano e óxido nitroso do último século sejam as mais altas dos últimos 22 mil anos. Já mudanças na irradiação solar e a atividade vulcânica contribuíram com uma pequena fração da alteração climática. É “extremamente provável” (95% de certeza) de que a influência humana sobre o clima causou mais da metade do aumento da temperatura observado entre 1951 e 2010. “Os efeitos da mudança climática já estão sendo sentidos, não é algo para o futuro. O aumento de ondas de calor, da frequência de furacões, das inundações e tempestades severas, das variações bruscas entre dias quentes e frios provavelmente está relacionado ao fato de que o sistema climático está sendo alterado”, disse Artaxo. Impacto persistente Na avaliação do IPCC, muitos aspectos da mudança climática vão persistir durante muitos séculos mesmo se as emissões de gases-estufa cessarem. É “muito provável” (90% de certeza) que mais de 20% do CO2 emitido permanecerá na atmosfera por mais de mil anos após as emissões cessarem, afirma o relatório. “O que estamos alterando não é o clima da próxima década ou até o fim deste século. Existem várias publicações com simulações que mostram concentrações altas de CO2 até o ano 3000, pois os processos de remoção do CO2 atmosférico são muito lentos”, contou Artaxo. Para o professor da USP, os impactos são significativos e fortes, mas não são catastróficos. “É certo que muitas regiões costeiras vão sofrer forte erosão e milhões de pessoas terão de ser removidas de onde vivem hoje. Mas claro que não é o fim do mundo. A questão é: como vamos nos adaptar, quem vai controlar a governabilidade desse sistema global e de onde sairão recursos para que países em desenvolvimento possam construir barreiras de contenção contra as águas do mar, como as que já estão sendo ampliadas na Holanda. Quanto mais cedo isso for planejado, menores serão os impactos socioeconômicos”, avaliou. Os impactos e as formas de adaptação à nova realidade climática serão o tema da segunda parte do quinto relatório do IPCC, previsto para ser divulgado em janeiro de 2014. O documento contou com a colaboração de sete cientistas brasileiros. Outros 13 brasileiros participaram da elaboração da terceira parte do AR5, que discute formas de mitigar a mudança climática e deve sair em março. De maneira geral, cresceu o número de cientistas vindos de países em desenvolvimento, particularmente do Brasil, dentro do IPCC. “O Brasil é um dos países líderes em pesquisas sobre mudança climática atualmente. Além disso, o IPCC percebeu que, se o foco ficasse apenas nos países desenvolvidos, informações importantes sobre o que está acontecendo nos trópicos poderiam deixar de ser incluídas. E é onde fica a Amazônia, um ecossistema-chave para o planeta”, disse Artaxo. No dia 9 de setembro, o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) divulgou o sumário executivo de seu primeiro Relatório de Avaliação Nacional (RAN1). O documento, feito nos mesmos moldes do relatório do IPCC, indica que no Brasil o aumento de temperatura até 2100 será entre 1 ° e 6 °C, em comparação à registrada no fim do século 20. Como consequência, deverá diminuir significativamente a ocorrência de chuvas em grande parte das regiões central, Norte e Nordeste do país. Nas regiões Sul e Sudeste, por outro lado, haverá um aumento do número de precipitações. “A humanidade nunca enfrentou um problema cuja relevância chegasse perto das mudanças climáticas, que vai afetar absolutamente todos os seres vivos do planeta. Não temos um sistema de governança global para implementar medidas de redução de emissões e verificação. Por isso, vai demorar ainda pelo menos algumas décadas para que o problema comece a ser resolvido”, opinou Artaxo. Para o pesquisador, a medida mais urgente é a redução das emissões de gases de efeito estufa – compromisso que tem de ser assumido por todas as nações. “A consciência de que todos habitamos o mesmo barco é muito forte hoje, mas ainda não há mecanismos de governabilidade global para fazer esse barco andar na direção certa. Isso terá que ser construído pela nossa geração”, concluiu. * Publicado originalmente no site Agência Fapesp. (Agência Fapesp)