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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

ustentabilidade: utopia em construção?

Por enquanto, sustentabilidade é só uma ideia feliz nos comerciais de empresas, ainda associada à venda, e não a uma utopia para mudar o mundo. É recorrente na história da humanidade a ideia de que é possível construir o paraíso na Terra. Os antropólogos afirmam que tal ideia percorre a mente humana desde que em nós brotou a concepção de futuro. Isso ocorreu lá num dia distante, numa trilha seca na savana africana, quando um de nossos ancestrais fez um buraco na terra e enterrou uma moringa, para que houvesse água quando ele passasse ali na volta. Dizem os especialistas que esse gesto indicava não só o surgimento, em nossa mente, da noção de futuro, mas de tudo o que isso traria consigo: o medo das coisas que estão por vir, a ansiedade, a esperança, a capacidade de sonhar, de imaginar coisas piores e coisas melhores. E os extremos – pior e melhor – sempre andaram juntos quando se tratou de imaginar um mundo diferente daquele em que se vivia. O próprio paraíso cristão tem seu contrário, o inferno, a um passo de distância para quem não cumpre as regras da religião. Assim, medo e desejo caminham juntos desde a aurora da nossa vida (in)consciente. Medo e desejo construíram e destruíram civilizações e nos levaram à encruzilhada em que nos encontramos neste século XXI. Qual é essa encruzilhada? Desde os anos 1960, a humanidade vem enfrentando vários dilemas para os quais ainda não obteve resposta: a acelerada revolução tecnológica mexeu com empregos e com relações familiares; a exaustão dos recursos naturais impõe restrição ao uso intensivo deles; o modelo econômico baseado na industrialização intensiva e no consumo maciço também começa a entrar em colapso pela escassez de recursos naturais e pela própria crise de superprodução do sistema que se manifestaria em ciclos e de formas diferentes em vários lugares do planeta. A globalização acelerou todos os processos sociais, econômicos, ambientais e financeiros, concentrando ainda mais a riqueza produzida nas mãos de poucos e gerando bilhões de excluídos. Assim, num cenário de terra devastada, entramos no século XXI e novo golpe é desferido contra quem nutria esperanças num século mais ameno: os relatórios Stern e do IPCC mostram o resultado de dois séculos de desenvolvimento industrial: o aquecimento global, que, se não for contido, poderá levar a tragédias ainda não vividas (e não imaginadas?) pela humanidade. É nesse contexto de tragédia que cresce a ideia de que o dilema da humanidade, de inserir bilhões de marginalizados, de equilibrar o meio ambiente e de alcançar justiça não será possível se não houver uma mudança radical nos padrões de produção e consumo. Ou adotamos a sustentabilidade ou haverá um desastre ambiental de proporções inimagináveis. Assim, ante a necessidade – verdadeira – de superar o padrão atual de civilização – o que se apresenta é a construção que nosso medo fez do futuro. Mas e o lado positivo disso tudo? A sustentabilidade não tem nenhum atrativo além dos aterrorizantes dados constantemente divulgados? Seria possível engajar e mobilizar os diversos públicos por meio de estratégias de comunicação mais positivas, voltadas para o conjunto de oportunidades e conveniências que certamente existem quando falamos desse tema? Como fazer uma comunicação igualmente verdadeira, porém com muito mais empatia? Sustentabilidade, por enquanto, só é uma ideia feliz nos comerciais de empresas. Por isso, continua sendo um conceito associado à venda, e não a uma utopia para mudar o mundo. Sustentabilidade também é algo hoje associado à elite. Arquitetos com projetos de casas sustentáveis constroem para quem tem dinheiro. Bairros com ciclovias e outros serviços que não dependem de carro também são mais caros para morar. Sustentabilidade, todavia, é a voz das ruas. É qualidade de vida para todos. É fazer mais com menos. É emprego, renda e trabalho decente. É criança na escola. É também uma nova cultura, de compartilhamento, de cuidado, de preocupação com a coletividade. Por isso, economizamos água, apagamos a luz, separamos os resíduos. O que sobra para mim pode faltar para um vizinho. Sustentabilidade é criar uma visão de mundo positiva – e mudar. Mudar o mundo é um processo que necessita de pessoas, milhões de pessoas que encontram a mesma linguagem impulsionadora e, pelo desejo de ser feliz, vencem o medo de perder (o passado) e ganham força para superar adversidades, pois têm confiança e convicção no princípio, ainda que ela se desdobre em vários significados. Todas as utopias precisaram de empresas e negócios para se transformar em realidade. Se hoje nossos jovens pedem saúde e educação pública gratuitas e de alta qualidade, essas demandas exigem uma indústria preparada para atendê-las. * Sérgio Mindlin é presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos. ** Publicado originalmente no site Instituto Ethos.

Problemas com pesticidas na Amazônia

À medida que a população mundial aumenta e as fronteiras agrícolas se expandem para os habitats tropicais nativos, pesquisadores estão trabalhando arduamente para entender os impactos nas florestas tropicais e na biodiversidade global. Mas um impacto óbvio foi pouco estudado nessas fronteiras agrícolas: pesticidas. Contudo, um novo estudo publicado no periódico Philosophical Transactions of The Royal Society B procura colocar uma luz no fim do túnel. Mudanças intensivas na terra em muitas partes da Amazônia brasileira estão expondo grandes números de espécies a pesticidas com impactos desconhecidos, de acordo com Luis Schiesari, da Universidade de São Paulo, e sua equipe de pesquisadores. “Pesticidas são produtos deliberadamente criados para reduzir o crescimento, desenvolvimento, reprodução e sobrevivência de organismos, e, portanto, têm uma gama potencialmente grande de efeitos letais e subletais de preocupação”, falou Schiesari ao mongabay.com. Regiões de florestas tropicais como a Amazônia não apenas têm mais espécies a serem perdidas em termos absolutos, mas também contêm mais espécies sensíveis, vulneráveis e endêmicas que provavelmente são ameaçadas tanto pelo uso de pesticidas como pela expansão de terras agrícolas. O uso excessivo de pesticidas é predominantemente, mas não inteiramente, atribuído a pequenos produtores agrícolas cuja principal renda é baseada na produção total e na qualidade da produção agrícola, de acordo com os pesquisadores. Por outro lado, fazendas corporativas estão sob o olhar público e são mais propensas a obedecer a regulamentações estabelecidas por organizações governamentais. O uso excessivo de pesticidas pode muito bem ser um produto de níveis de educação limitados ou baixos em relação a produtos químicos. “Acredito que qualquer educação, suporte técnico ou transferência de tecnologia que ajudasse pequenos agricultores a aumentar a produção e a renda, minimizar perdas e proteger a saúde seria bem-vindo”, disse Schiesari. “O uso apropriado de pesticidas pode contribuir para qualquer desses tópicos, e é uma das práticas mais tecnicamente desafiadoras de manejo de terras: por exemplo, grãos de feijão são, sozinhos, responsáveis por 400 formulações de pesticidas que contêm 137 ingredientes ativos no Brasil. Decidir qual deles usar, quando, como e quanto é um desafio técnico considerável.” Schiezari e seu grupo também argumentam que onde o alcance e o controle governamental são limitados, a pressão de mercado pode ser direta ou indiretamente importante na conservação da biodiversidade. Entretanto, isso pode ser enganador. Por exemplo, quando analisada uma plantação em grande escala de soja onde as regulamentações são altas, houve uma tendência de diminuição gradual na toxidade total dos mamíferos e humanos e uma tendência crescente na toxidade de espécies de água doce. Pesticidas selecionados criados especificamente para proteger mamíferos não garantem a proteção de organismos aquáticos, segundo a pesquisa de Schiesari. Além disso, “uma das primeiras e mais penetrantes mudanças nos sistemas de água doce que acompanha a conversão de terras é o represamento. Produtores constroem pequenas barragens para conceder acesso ao gado para a água, para gerar energia hidrelétrica e para armazenar reservas com peixes.” Como no caso da expansão agrícola para florestas tropicais onde a terra é abundante, prontamente apropriada e barata, é comum que os incentivos econômicos compensem a conservação e a saúde geral das espécies circundantes. Pequenos produtores agrícolas, por exemplo, fazem seu salário baseados na quantidade de rendimento de suas terras de fronteira. Essa ênfase na quantidade em relação à qualidade da estrutura agrícola leva ao ocasional uso excessivo de pesticidas para assegurar a integridade da colheita, assim como o desejo de expandir a propriedade em florestas tropicais intocadas. A infiltração de habitats tropicais para as terras agrícolas fronteiriças é prejudicial para a biodiversidade e integridade da Amazônia brasileira, especialmente quando o uso de pesticidas não é regulamentado e há falta de manejo de terra. “Há uma necessidade ampla de mitigação do risco de pesticidas em todas as escalas de produção. Isso só pode ser atingido através do compartilhamento de responsabilidades e o envolvimento de uma grande diversidade de interessados”, declarou Schiesari no relatório de sua pesquisa. Melhores práticas de manejo de terra e regulamentações são necessárias se buscamos práticas mais sustentáveis de agricultura que incluem proteções para biodiversidade, de acordo com o estudo. Mas isso não é apenas um trabalho para governos. “Consumidores podem ter um efeito significativo na conservação da biodiversidade em cenários agrícolas ao comprarem comida de produtores que manejam terra de formas ambientalmente responsáveis – tanto de sistemas de produção convencionais quanto orgânicos”, observou Schiesari. Citação: Schiesari L, Waichman A, Brock T, Adams C, Grillitsch B. 2013 Pesticide use and biodiversity conservation in the Amazonian agricultural frontier. PhilTrans R Soc B 368: 20120378. Traduzido por Jéssica Lipinski Leia o original no Mongabay (inglês) Autor: Adam Andrus - Fonte: Mongabay

Novo vírus H7N7 da gripe aviária pode ser o mais letal de todos

Cientistas da China informaram estar preocupados com um novo vírus do tipo H7 que infecta galinhas. O vírus, batizado de H7N7, e tem capacidade de infectar mamíferos, segundo experiência de laboratório. Os cientistas chegaram às suas conclusões enquanto estudavam o vírus da gripe das aves H7N9, que matou mais de 40 pessoas no país desde março. "Se deixarmos o H7N7 continuar a circular em galinhas, tenho a certeza de que ocorrerão casos de infecção humana", disse por o coautor do estudo Yi Guan, da Universidade de Hong-Kong. "Esse vírus pode causar infecções mais graves que o H7N9." Nova gripe aviária transmitida entre humanos pela primeira vez "A prevalência continuada dos vírus H7 em aves poderá levar à geração de variantes altamente patogênicas e mais infecções humanas esporádicas", disseram os cientistas, em um artigo publicado na revista Nature. O mais preocupante é que não há indícios de que o ser humano possua anticorpos contra o H7N7. "Pensamos que é assustador para os humanos. A população humana não tem anticorpos contra o subtipo de vírus da gripe H7. Por isso, se ele causar um surto pandêmico, matará muitas pessoas", disse Yi Guan, da Universidade de Hong-Kong. Em uma amostra de 150 galinhas testadas, 36 eram portadoras do vírus H7N7 e muitas aves tinham tanto o H7N7 quanto o H7N9. Agência Brasil

Distribuição geográfica de árvores da Mata Atlântica pode cair 65% até 2100

Caso se concretizem as projeções mais otimistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e a temperatura nas áreas com remanescentes de Mata Atlântica aumentar até dois graus Celsius, a distribuição geográfica das árvores desta floresta poderá ter redução de 30% em 2100. Se as estimativas mais pessimistas vingarem e o aquecimento atingir a casa dos quatro graus Celsius, tal redução poderá chegar a 65%. O alerta foi feito por Carlos Joly, coordenador do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA-FAPESP) e pesquisador do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB/Unicamp), durante o sexto encontro do Ciclo de Conferências 2013 do BIOTA Educação, realizado no dia 22 de julho na FAPESP, em São Paulo. Os números foram obtidos a partir de um levantamento que começou em herbários. “Identificamos pelo menos 30 pontos de ocorrência exata de árvores da Mata Atlântica e, com isso, fizemos um mapa de onde elas ocorrem hoje em determinadas condições de temperatura, precipitação, tipo de solo e altitude”, explicou Joly. Considerando os 30 pontos iniciais, o passo seguinte foi usar um algoritmo para calcular em que outros lugares haveria potencial para a ocorrência das espécies, o que deu origem a um segundo mapa. De acordo com o pesquisador, “isso nos permitiu dizer que determinada espécie é capaz de ocorrer em certa localidade, sob certas condições anuais de temperatura e precipitação”. Em seguida, as projeções do IPCC permitiram traçar o panorama de 2100, considerando cenários mais e menos otimistas. “Estimamos que a porção nordeste dos remanescentes – onde a estimativa é que também haja redução significativa de chuvas – vá diminuir. E a distribuição geográfica das espécies ficará mais restrita a áreas como a Serra do Mar, onde a precipitação é garantida e o relevo impede que a temperatura suba demais”, afirmou Joly. Estoques de carbono – Outro tema abordado durante a conferência foi o monitoramento do carbono estocado na Floresta Atlântica paulista, em uma faixa equivalente a 14 campos de futebol entre Ubatuba e São Luiz do Paraitinga. Desde 2005, pesquisas viabilizadas pelo BIOTA-FAPESP e pelo Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) investigam os remanescentes de Mata Atlântica na região, inclusive no que diz respeito às trocas gasosas entre as plantas e o meio ambiente. O acompanhamento é feito por meio de cintas de aço colocadas nos troncos das árvores – a medição do diâmetro, a cada dois anos, aponta quanto carbono vem sendo fixado por elas. “Também monitoramos árvores que morrem e vão entrar em decomposição e plantas novas, que no último período verificado cresceram o bastante para entrar em nossa amostragem”, afirmou Joly. Uma torre de 60 metros de altura, equipada com um grande conjunto de sensores, também mede o fluxo de trocas gasosas, além de radiação, chuva, vento, entre outros fatores. Os resultados obtidos até o momento apontam para a existência de grandes estoques de carbono, principalmente no solo das regiões mais altas, onde as temperaturas frias tornam o processo de decomposição mais lento e há acúmulo de serapilheira – camada fofa que se forma com folhas caídas no chão. “Imaginamos que, em um processo de aquecimento, a serapilheira que se acumulou por milhares de anos vai se decompor mais depressa, fazendo com que a floresta libere mais gás carbônico do que pode assimilar. Ou seja, ela se tornaria uma fonte emissora e nós perderíamos o serviço ambiental de estocagem que hoje as espécies nos prestam”, explicou Joly. Nos próximos anos, o monitoramento na Floresta Atlântica paulista será comparado a estudos na Floresta Amazônica e em florestas da Malásia, em parceria com pesquisadores britânicos. Já se sabe, por exemplo, que a Floresta Amazônica não acumula tanto carbono no solo como a Atlântica e, nas medições anuais, estabelece trocas com a atmosfera que resultam em um balanço próximo a zero. Fauna e sensoriamento – André Victor Lucci Freitas, pesquisador do IB/Unicamp, também participou da conferência apresentando dados sobre origem, evolução e diversidade da fauna da Mata Atlântica. Ele apontou que a grande diversificação e o alto endemismo faunístico podem ser explicados por um conjunto de processos. “A interação entre as tolerâncias ambientais dos diferentes grupos de animais, a heterogeneidade de habitats (florestas, restingas, campos) e os processos históricos (como variações climáticas no passado) explicam a grande diversidade encontrada ao longo de toda a extensão da Mata Atlântica”, disse Freitas. O terceiro palestrante, Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), tratou sobre os bastidores do desenvolvimento de um atlas. “O acompanhamento, agora anual, dos remanescentes da Mata Atlântica é feito a partir da interpretação de imagens de satélites. Fotografias aéreas resultariam em um detalhamento maior, mas essa ainda é uma técnica muito cara para a grande extensão que precisamos monitorar”, disse. Outro desafio é identificar desmatamentos menores causados pela expansão urbana. De acordo com Ponzoni, o bioma cobre 7,9% de sua extensão original, se considerados os remanescentes acima de 100 hectares. Quando computados todos os polígonos com 100 hectares ou menos, o domínio é de 11% a 16%. (Fonte: Agência Fapesp)

sábado, 24 de agosto de 2013

MMA convoca a população a participar da conferência virtual

Os brasileiros terão a oportunidade de participar da Conferência Virtual de Meio Ambiente, que começa na próxima segunda-feira (26). Por meio do portal e-Democracia, da Câmara dos Deputados, qualquer pessoa interessada sólidos poderá enviar contribuições relativas à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). O debate faz parte da 4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente (CNMA) e é a primeira vez que essa modalidade via internet é utilizada. “Essa é a oportunidade de, quem ainda não participou, dar a sua contribuição para aprimorar a gestão de resíduos sólidos no país”, ressalta o coordenador geral da 4ª CNMA e diretor do Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental do Ministério do Meio Ambiente, Geraldo Vitor de Abreu. Serão 16 dias em que o cidadão poderá enviar as sugestões via internet. O prazo acaba em 10 de setembro. Eixos prioritários – Nas últimas duas semanas foram promovidas conversas virtuais sobre cada um dos eixos prioritários da conferência: produção e consumo sustentáveis, redução dos impactos ambientais, geração de trabalho, emprego e renda e educação ambiental. Ao fim da conferência virtual, serão cadastradas 20 propostas por eixo temático. Outra forma de participação na 4ª CNMA é por meio das conferências livres, que podem ser convocadas por qualquer cidadão. Já foram realizadas 139 reuniões em 24 estados. As contribuições levantadas nesta modalidade, assim como na virtual, são encaminhadas diretamente à etapa nacional e devem ser cadastradas no site da conferência. Além das conferências livres e da virtual, estão sendo realizadas as assembléias municipais e regionais. Essas enviam suas propostas às etapas estaduais, que também já tiveram início. As propostas levantadas pelas etapas estaduais serão encaminhadas à etapa nacional, que acontecerá de 24 a 27 de outubro, em Brasília. Esse é o ponto alto do debate, pois é quando os resultados de todas as conferências locais são discutidos pelos representantes eleitos. Ao final, será elaborado documento com 60 ações prioritárias, sendo 15 por eixo. E produzida uma carta de responsabilidade compartilhada da 4ª CNMA com esses resultados. (Fonte: MMA)

Bactéria resistente a antibióticos passou do gado para humanos

Um tipo de bactéria resistente aos antibióticos, encontrada agora em seres humanos, originou-se em bovinos nos últimos 40 anos. Pesquisadores descobriram evidências claras de que o gado é a fonte original de uma cepa da perigosa MRSA, que agora é muito comum em pessoas. Laura Spoor, da Universidade de Edimburgo (Escócia), estava estudando a composição genética de mais de 40 cepas de uma bactéria, a Staphylococcus aureus que pode criar resistência aos antibióticos, passando a ser conhecida como MRSA (methicillin-resistant Staphylococcus aureus). Ela descobriu que pelo menos dois subtipos genéticos da bactéria, que se tornou endêmica nas pessoas, podem ser facilmente rastreados de volta para o gado criado para abate. Segundo os pesquisadores, o cenário mais provável é que a bactéria passou do gado para as pessoas através de contato direto - através de pessoas que trabalham com animais em fazendas ou em frigoríficos. Bactéria do gado para pessoas Depois de passarem para hospedeiros humanos, a bactéria Staphylococcus aureus tornou-se resistente ao antibiótico meticilina, tornando-se um dos mais graves problemas de infecção atuais. Mas já há pelo um caso documentado de MRSA que passou dos animais para o homem já resistente aos antibióticos. Recentemente, autoridades de saúde do Reino Unido afirmaram que as bactérias resistentes a antibióticos são um problema pior do que o aquecimento global. Além disso, as bactérias adquiriram a capacidade de evitar o ataque do sistema imunológico humano. A pesquisa vai ajudar os cientistas a descobrir como as bactérias são capazes de se espalhar e causar doenças em seres humanos, e tentar evitar que novas cepas passem do gado para as pessoas. "Já se sabia da ocorrência de infecções humanas causadas por bactérias que estão sendo transmitidos diretamente do gado. No entanto, esta é a primeira evidência genética clara de subtipos de Staphylococcus Aureus que saltaram do gado e desenvolveram a capacidade de se transmitir amplamente entre as populações humanas," disse o Professor Ross Fitzgerald, orientador do estudo. http://www.diariodasaude.com.br/

Pesquisadores chineses descobrem vírus da gripe aviária

Cientistas da China informaram na quinta-feira (22) que estão pesquisando a existência de um vírus do tipo H7 que infecta galinhas. Eles estudam o vírus da gripe das aves H7N9, que matou mais de 40 pessoas no país desde março. O vírus foi batizado de H7N7 e tem capacidade de infectar mamíferos, segundo experiência de laboratório. “Se deixarmos o H7N7 continuar a circular em galinhas, tenho a certeza de que ocorrerão casos de infecção humana”, disse por e-mail o coautor do estudo Yi Guan, da Universidade de Hong-Kong. “Esse vírus pode causar infecções mais graves que o H7N9”, observou. Para os especialistas chineses, é necessário manter o alerta, pois o novo vírus pode representar uma ameaça. “A prevalência continuada dos vírus H7 em aves poderá levar à geração de variantes altamente patogênicas e mais infecções humanas esporádicas”, disseram os cientistas, em um artigo publicado na revista Nature. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), houve 135 casos confirmados de pessoas que contraíram a gripe das aves H7N9 ao longo do ano, 44 morreram. Todos os casos ocorreram na China, com exceção de um em Taiwan. O H7N7 se espalha em aves. Em 2003, causou uma morte humana e mais de 80 casos moderados da doença na Holanda. Para o novo estudo, os especialistas testaram em ratos de laboratório o vírus H7N7. Os animais desenvolveram pneumonia grave, o que sugere que o vírus é potencialmente infeccioso para os seres humanos. “Pensamos que é assustador para os humanos. A população humana não tem anticorpos contra o subtipo de vírus da gripe H7. Por isso, se ele causar um surto pandêmico, matará muitas pessoas”, disse Yi Guan, da Universidade de Hong-Kong. Em uma amostra de 150 galinhas testadas, 36 eram portadoras do vírus H7N7 e muitas aves tinham tanto o H7N7 quanto o H7N9. Ao analisar o estudo, o professor Iain Jones, da Universidade de Reading, disse que o vírus não é “um imediato perigo público”. “Os programas de vigilância podem agora concentrar-se em estirpes fundamentais no processo de adaptação e erradicá-las”, disse ele, em texto divulgado pelo Science Media Centre. (Fonte: Agência Brasil)

Por que os gatos causam alergia?

22 de agosto de 2013 (Bibliomed). Cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, afirmam ter descoberto por que os gatos causam alergia. Os pesquisadores identificaram como o sistema imunológico do corpo detecta os alérgenos dos gatos, o que provoca sintomas como tosse e espirros. O estudo mostrou que o alérgeno dos felinos ativa uma rota especifica no corpo humano quando entra em contato com uma toxina bacteriana comum, presente no ambiente. Esse encontro desencadeia uma resposta imunológica extrema em pessoas com predisposição, causando tosse, chiado no peito, espirros e coriza. Essa reação exagerada do sistema imunológico era desconhecida até então. A pesquisa inglesa mostrou que a causa mais comum das reações alérgicas a gatos é a proteína Fel d 1, encontrada nos pêlos. Essa pode estar presente, ainda, em pedaços de pele e na saliva do animal. Quando a proteína Fel d 1 entra em contato com doses baixas da toxina bacteriana lipopolissacarídeo (LPS), ela ativa um receptor chamado de receptor do tipo Toll 4. Esse receptor entende que o pêlo do gato é um patógeno e inicia uma defesa contra um inimigo que, na realidade, não existe. Os pesquisadores acreditam que, a partir dessas descobertas, poderão ser desenvolvidos novos tratamentos que impeçam a alergia. Fonte: Diário da Saúde, 21 de agosto de 2013

Doação de sangue

- Você pode salvar uma vida - Quem pode doar - Quem não pode doar - Doação passo a passo - Direitos do doador - O que fazer após a doação - Mitos sobre a doação de sangue - Doação de medula óssea - Encontre o Hemocentro mais perto de você - Referências Você pode salvar uma vida As primeiras tentativas de utilização do sangue para a cura de doenças datam da pré-história, sendo que, durante muitos séculos, os resultados não obtiveram sucesso. O primeiro relato de transfusão de sangue ocorreu no século XVII, sendo quase todas realizadas com sangue de animais. A história da transfusão de sangue é dividida em três períodos: a era pré-histórica, que vai até a descoberta da circulação sanguínea pelo médico britânico William Harvey, no início do século XVII; o período pré-científico, vai de 1616, ano da descoberta da circulação, até o início do século XX, quando o pesquisador austríaco Landsteiner descobre o grupo sanguíneo ABO; e o terceiro período – chamado científico – começa com a descoberta de Landsteiner, chegando até os dias atuais. Após a descoberta de Landsteiner a transfusão de sangue passou a ser realizada braço a braço, uma vez que não existiam anticoagulantes que permitissem a estocagem do sangue colhido. Durante o período entre as duas guerras mundiais, foi desenvolvida uma solução anticoagulante à base de citrato de sódio. A primeira transfusão de sangue coletado e estocado em garrafas de vidro ocorreu durante a guerra civil espanhola, em 1939, quando um médico francês organizou uma rede de doadores de sangue formada por simpatizantes da causa dos rebeldes que lutavam contra os fascistas comandados pelo general Franco. Na Segunda Guerra Mundial surgiram os primeiros bancos de sangue, sendo o período das primeiras campanhas de doação de sangue. No Brasil, o sistema de doação de sangue era remunerado, ou seja, as pessoas recebiam pelo sangue. Com isso, aumentou o número de bancos de sangue privados, o que dificultava a fiscalização. Na década de 1980, o Governo Brasileiro se posicionou contrário à prática e criando o Programa Nacional de Sangue e Hemocomponentes (Pró-Sangue) com a finalidade de regularizar a situação da hemoterapia brasileira, criando os Centros de Hematologia e Hemoterapia – os hemocentros. Quem pode doar O principal requisito para que uma pessoa doe sangue é estar em boa saúde. É necessário ter entre 16 e 68 anos, sendo que os menores de 18 anos precisam do consentimento formal dos pais ou responsáveis. A pessoa precisa ter peso igual ou superior a 50 kg e não estar em jejum. O doador deve evitar alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a doação. Bebidas alcoólicas e cigarros não devem ser consumidos antes da doação. Dormir pelo menos seis horas na noite anterior à doação também é recomendado. Quem não pode doar Algumas condições podem impedir temporária ou permanentemente a doação. O impedimento temporário se dá por: Gripes e resfriados (aguardar sete dias após o desaparecimento dos sintomas); Gravidez e parto (esperar 90 dias após o parto normal e 180 após cesarianas); Amamentação (tempo de parto inferior a 12 meses); Ingestão de bebidas alcoólicas (12 horas antes da doação); Tatuagens (feitas nos últimos 12 meses); Situações de risco para doenças sexualmente transmissíveis (12 meses); Viagens para regiões com alto risco de malária (Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Tocantins, esperar 12 meses após retorno) Já o impedimento definitivo ocorre quando: Casos de hepatite após 11 anos de idade; Evidências ou laboratorial das seguintes doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue: Hepatites B e C, AIDS (vírus HIV), doenças associadas aos vírus HTLV I e II e Doença de Chagas; Uso de drogas ilícita injetáveis; Malária; Pessoas que fazem uso de medicamentos ou estão em tratamento dentário, assim como quem realizou cirurgias ou tomou vacinas, deve consultar nos Hemocentros se estão ou não aptas para doar sangue. Veja abaixo alguns prazos: Extração dentária: 72 horas; Apendicite, hérnia, amigdalectomia, varizes: três meses; Colecistectomia, histerectomia, nefrectomia, redução de fraturas, politraumatismos sem seqüelas graves, tireoidectomia, colectomia: seis meses; Transfusão de sangue: 12 meses; Doação passo a passo A doação de sangue é realizada em oito etapas. Veja o que ocorre em cada uma delas: Etapa 1 - é realizado um cadastro Etapa 2 - são realizados testes sanguíneos para medicação dos níveis de hemoglobina e detectar se o candidato está apto para doação. Etapa 3 - batimento cardíaco, pressão arterial e peso são verificados Etapa 4 - o profissional de saúde realiza uma pesquisa detalhada sobre o histórico do doador a fim de descobrir se a doação pode trazer riscos para ele ou para o receptor. Etapa 5 - o doador responde a uma pergunta confidencialmente sobre comportamento de risco para Aids. É importante responder de forma verdadeira, pois a resposta positiva leva ao descarte da bolsa de sangue. Etapa 6 - é realizada a coleta de cerca de 450 ml de sangue. Etapa 7 - o doador recebe um lanche. Recomenda-se a ingestão de muito líquido no dia. Etapa 8 - o sangue é enviado ao fracionamento, onde seus componentes são separados (hemácias, plasma, plaquetas e crioprecipitado), para, então, ser encaminhado aos receptores. Direitos do doador A Lei 1.075 de 27 de março de 1950 e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), através do artigo 473, garante ao doador a dispensa do ponto no dia da doação de sangue, por um dia, em cada 12 meses de trabalho, no caso de doação voluntária devidamente comprovada. O atestado de comparecimento e doação é fornecido pelos hemocentros. O que fazer após a doação Após a doação de sangue são necessários alguns cuidados. Deve-se evitar esforços físicos exagerados por pelo menos 12 horas, aumentar a ingestão de líquidos, não fumar por duas horas e não ingerir bebidas alcoólicas por 12 horas. O curativo colocado no lugar da punção deve se mantido por, no mínimo, quatro horas, e atividades como dirigir veículos de grande porte, trabalhar em andaimes e praticar atividades radicais como paraquedismo ou mergulho devem ser evitadas. Mitos sobre a doação de sangue A doação de sangue é cercada por mitos, tais como: "Quem doa sangue uma vez, tem que doar sempre". "Doar sangue engorda ou emagrece, afina ou engrossa o sangue" "Doar sangue dá coceiras". "Doar sangue contamina o doador". Essas não têm respaldo ou comprovação científica, tendo surgido no início do processo de doação de sangue. Da mesma forma, não existe sangue artificial, sendo a doação a única maneira de conseguir sangue para quem precisa. Doação de medula óssea Além do sangue é possível doar medula óssea. O cadastramento é realizado nos hemocentros, durante o qual é coletado 5ml de sangue para realização de exame de compatibilidade. O candidato só será chamado à doação em caso de compatibilidade com o receptor. O exame de Histocompatibilidade (HLA) para determinação do “perfil genético” não são realizados nos hemocentros, sendo o procedimento e os resultados disponibilizados no Cadastro Nacional de Doadores de Medula (Redome), vinculado ao Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde. Os candidatos à doação de medula óssea devem ter entre 18 e 54 anos, boa saúde e não apresentar doenças infecciosas ou hematológicas. Encontre o Hemocentro mais perto de você Referências GUERRA, Celso. Fim da doação remunerada de sangue no Brasil faz 25 anos. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. vol.27 no.1 São José do Rio Preto Jan./Mar. 2005. Acessado em 01/08/2013. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-84842005000100001&script=sci_arttext CAMPOS, Lilian. Os mitos como barreira para a prática de doação de sangue. Acessado em 02/08/2013. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-84842005000100001&script=sci_arttext Fundação Pro Sangue. Disponível em http://www.prosangue.sp.gov.br/hemocentros/Default.aspx Hemominas. Disponível em http://www.hemominas.mg.gov.br/hemominas/index.html Copyright © Bibliomed, Inc. 22 de agosto de 2013.

Carlos Nobre alerta para extinções que serão causadas pelas mudanças climáticas

Pesquisador afirmou ainda que a maioria dos céticos estão ligados à indústria dos combustíveis fósseis e adotam a estratégia dos lobistas do tabaco dos anos 1970, buscando confundir a opinião pública para ganhar tempo para o setor que defendem Em sua participação no programa Roda Viva da TV Cultura, o Secretário do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Carlos Nobre, destacou que muitas espécies não conseguirão sobreviver às mudanças climáticas. “Nós somos muito adaptáveis. É claro que uma grande mudança climática traz impactos, ela afeta os mais pobres e vulneráveis, mas é muito possível que nós, como sociedade humana, consigamos superá-la. Quem não vai conseguir superar é um grande porcentual das espécies”, disse Nobre. “Os cenários do IPCC, de 2007, e que agora estão bem mais refinados, serão apresentados no relatório de 2014 sobre os impactos [das mudanças climáticas]. Eles trazem números muito preocupantes. Com um aumento de 4oC, até 40% de todas as espécies estarão ameaçadas”, completou. O pesquisador citou o exemplo dos recifes de Coral, que com um aumento de 2oC nos oceanos devem desaparecer em até 80%. Nobre falou muito sobre a transição para uma economia de baixo carbono e sobre a necessidade de alterarmos a matriz para fontes renováveis. “O Brasil é o segundo, talvez até o primeiro, país em potencial de energia renovável quando consideramos todas as fontes; solar, eólica, marés, biomassa (...) Esse potencial deve ser utilizado (...)O país pode chegar em 2050 com 80% de energias absolutamente renováveis.” O IPCC está preparando a apresentação do seu quinto relatório para o próximo mês, que deve, segundo Nobre, trazer um novo fôlego para as políticas climáticas. “Tenho convicção que este relatório vai ter um impacto talvez da mesma ordem do de 2007 (...) A certeza científica [sobre o papel do homem no aquecimento global] só tem aumentado. Não temos nenhuma explicação melhor para a elevação das temperaturas, principalmente nas últimas décadas, do que as emissões cumulativas de gases do efeito estufa”, afirmou. Sobre os céticos das mudanças climáticas, Nobre aproveitou para diferenciar os especialistas sérios daqueles que agem por interesses variados. “Há de tudo nesse meio dos céticos ou negacionistas. Alguns são bons pesquisadores, que têm um natural ceticismo com relação ao consenso científico. Essa postura individual de cientistas é saudável. São pessoas que questionam grandes consensos e ajudam muito a ciência a avançar. Mas esses são uma pequena, muito pequena, porcentagem dos céticos”, declarou. “O grande número de céticos está nos Estados Unidos e a maioria não é cientista da área climática. São pessoas ligadas aos lobbies da economia fóssil. Eles estão fazendo o mesmo que alguns pesquisadores da área médica fizeram nos anos 1970 sobre a questão do tabaco. Eles estão aí para confundir. Com o lobby do tabaco deu certo. A não regulamentação do cigarro durou mais dez anos. É o mesmo agora, e a estratégia está funcionando. Os EUA têm muita dificuldade em passar leis vigorosas para promover uma economia menos dependente dos combustíveis fósseis.” “Pesquisas mostram que dos milhares de cientistas que publicam trabalhos na área climática, 98,7% não têm dúvida da origem antrópica das mudanças climáticas”, concluiu. Autor: Fabiano Ávila - Fonte: Instituto CarbonoBrasil

Brasileiro inventor de "luz engarrafada" tem ideia espalhada pelo mundo

Alfredo Moser poderia ser considerado um Thomas Edison dos dias de hoje, já que sua invenção também está iluminando o mundo. Em 2002, o mecânico da cidade mineira de Uberaba, que fica a 475 km da capital Belo Horizonte, teve o seu próprio momento de "eureka" quando encontrou a solução para iluminar a própria casa num dia de corte de energia. Para isso, ele utilizou nada além do que garrafas plásticas do tipo PET com água e uma pequena quantidade de cloro. Nos últimos dois anos, sua ideia já alcançou diversas partes do mundo e deve atingir a marca de 1 milhão de casas utilizando a "luz engarrafada". Luz engarrafada Mas afinal, como a invenção funciona? A reposta é simples: pela refração da luz do Sol numa garrafa de dois litros cheia d'água. "Adicione duas tampas de cloro à água da garrafa para evitar que ela se torne verde (por causa da proliferação de algas). Quanto mais limpa a garrafa, melhor", explica Moser. Moser protege o nariz e a boca com um pedaço de pano antes de fazer o buraco na telha com uma furadeira. De cima para baixo, ele então encaixa a garrafa cheia d'água. "Você deve prender as garrafas com cola de resina para evitar vazamentos. Mesmo se chover, o telhado nunca vaza, nem uma gota", diz o inventor. Outro detalhe é que a lâmpada funciona melhor se a tampa for encapada com fita preta. "Um engenheiro veio e mediu a luz. Isso depende de quão forte é o Sol, mas é entre 40 e 60 watts", afirma Moser. Lâmpada de Moser Ainda que ele ganhe apenas alguns reais instalando as lâmpadas, é possível ver pela casa simples e pelo carro modelo 1974 que a invenção não o deixou rico. Apesar disso, Moser aparenta ter orgulho da própria ideia. "Uma pessoa que eu conheço instalou as lâmpadas em casa e dentro de um mês economizou dinheiro suficiente para comprar itens essenciais para o filho que tinha acabado de nascer. Você pode imaginar?", comemora Moser. O inventor já instalou as garrafas de luz na casa de vizinhos e até no supermercado do bairro. "Essa é uma luz divina. Deus deu o Sol para todos e luz para todos. Qualquer pessoa que usar essa luz economiza dinheiro. Você não leva choque e essa luz não lhe custa nem um centavo", ressalta Moser. As luzes 'engarrafadas' também chegaram a outros 15 países, dentre eles Índia, Bangladesh, Tanzânia, Argentina e Fiji. Pessoas em áreas pobres também são capazes de produzir alimentos em pequenas hortas hidropônicas, utilizando a luz das garrafas para favorecer o crescimento das plantas. http://www.inovacaotecnologica.com.br/

‘Água em pó’ é promessa contra a seca

Enquanto a ONU afirma que a maior parte da água usada no planeta vai para a irrigação , pesquisadores estão desenvolvendo uma série de ideias para fazer render mais a água utilizada na agricultura. Nas últimas semanas, muitos se empolgaram com um produto que afirmam ter potencial para superar o desafio global de se cultivar em condições áridas. Denominado “Chuva Sólida”, ele é um pó capaz de absorver enormes quantidades de água e ir liberando o líquido aos poucos, para que as plantas possam sobreviver em meio a uma seca. Um litro de água pode ser absorvido por apenas 10 gramas do material, que é um tipo de polímero absorvente originalmente criado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). Nos anos 1970, o USDA desenvolveu um produto superabsorvente feito de um tipo de goma. Ele foi usado principalmente na fabricação de fraldas. Potencial – Mas um engenheiro químico mexicano chamado Sérgio Jesus Rico Velasco via no produto um potencial que ia além de deixar bebês sequinhos. Ele então desenvolveu e patenteou uma versão diferente da fórmula, que pode ser misturada com o solo para reter a água. O engenheiro vem vendendo a “Chuva Sólida” no México há cerca de 10 anos. Sua empresa afirma que o governo mexicano testou o produto e concluiu que a colheita poderia ser ampliada em 300% quando ele era misturado ao solo. Segundo Edwin González, vice-presidente da empresa Chuva Sólida, o produto agora vem atraindo um interesse cada vez maior, já que crescem os temores por falta de água. “Ele funciona encapsulando água e pode durar 8 a 10 anos no solo, dependendo da qualidade da água. Se você usar água pura, ele dura mais.” A empresa recomenda usar cerca de 50 quilos do produto por hectare (10 mil metros quadrados), mas essa quantia custa cerca de US$ 1.500 (o equivalente a R$ 3.500). Segundo Gonzalez, a “Chuva Sólida” é natural e não prejudica o solo, mesmo após ser usada por vários anos. Ele afirma que o produto não é tóxico e que, ao se desintegrar, o pó se torna parte das plantas. ‘Sem evidências’ – No entanto, nem todos estão convencidos de que a “Chuva Sólida” é uma solução válida para o problema da seca. A professora Linda Chalker-Scott, da Universidade do Estado de Washington, afirma que esses produtos não são novidade. “E não há evidência científica que sugira que eles armazem água por um ano.”, disse ela à BBC. “Outro problema prático é que esse gel pode também causar problemas. Isso porque à medida que eles secam, ele vai sugando a água ao redor dele mais vigoorosamente. E assim ele desvia a água que iria para a raiz das plantas.” Segundo ela, usar adubo de lascas de madeira produz o mesmo efeito e é significantemente mais barato. González, no entanto, tem uma opinião diferente: “Os outros concorrentes não duram três ou quatro anos. Os únicos que duram tanto são os que usam sódio em suas formulas, mas eles não absorvem tanto.” Apesar do fato de que a ciência ainda não estar totalmente confiante nos benefícios de produtos como esse, González afirma que sua empresa recebeu milhares de pedidos vindos de locais áridos, incluindo Índia e Austrália. Ele também recebeu encomendas da Grã-Bretanha, onde secas não chegam a ser um problema. (Fonte: Portal iG)

Terra é ameaçada por 1.400 asteroides, revela mapa da Nasa

A Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos) divulgou nesta semana um mapa retratando órbitas de 1.400 asteroides classificados como ‘potencialmente perigosos’. As rochas gravitam próximas à órbita da Terra e também às de Vênus, Mercúrio, Marte e Júpiter. Mas, apesar do uso do termo “perigosos”, o mapa não deve ser motivo para gerar pânico na Terra, avisa a Agência. “Os asteroides retratados são classificados como perigosos porque são razoavelmente grandes, com até 140 metros de extensão, e porque devem passar relativamente perto da Terra, a 7,5 milhões de quilômetros”, explica comunicado. A Nasa ressalta que nenhum desses mais de mil asteroides representa uma ameaça de impacto real ao planeta nos próximos 100 anos. Além disso, as estatísticas mostram que a probabilidade de grandes corpos caírem por aqui ocorre uma vez a cada 10 mil anos. O mapeamento de asteroides é feito com frequência pelos cientistas e já ajudou o órgão norte-americano a detectar 95% dos asteroides que poderiam por a Terra em perigo – neste caso, rochas espaciais que têm pelo menos 1 quilômetro de extensão. “Ao observar continuamente a rota desses asteroides podemos perceber quando suas órbitas são redefinidas e fazer previsões mais precisas sobre possíveis aproximações do planeta e eventual impacto”, afirma a Agência. (Fonte: UOL)

Conferência Nacional de Meio Ambiente mobiliza todo o país

O país inteiro está discutindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), principal tema da 4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente (CNMA). Já foram realizadas mais de 900 reuniões locais que levantaram propostas relacionadas aos eixos prioritários desta quarta edição: produção e consumo sustentáveis, redução de impactos ambientais, geração de trabalho, emprego e renda e educação ambiental. Foram realizadas 643 conferências municipais e 179 regionais, que reúnem mais de um município, totalizando a participação de 3.652 cidades. Nesta fase, os participantes debatem as questões locais e elegem representantes para a etapa estadual. Educação ambiental – As conferências estaduais começaram esta semana. O primeiro estado a realizar foi o de Roraima, que propôs 20 ações para contribuir com a implantação da PNRS. A proposta mais votada foi a referente ao eixo de educação ambiental. A sugestão é capacitar os agentes de saúde e agentes do meio ambiente para dar orientação quanto à gestão dos resíduos domiciliares. A abertura da conferência contou com a participação da secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Mariana Meirelles. As conferências estaduais discutem questões locais e nacionais e elegem delegados para a etapa nacional, que acontecerá em Brasília, de 24 a 27 de outubro. Esse é o ponto alto do debate, pois é quando os resultados de todas as conferências locais são discutidos pelos representantes eleitos. Ao final, será elaborado documento com 60 ações prioritárias, sendo 15 por eixo. Será produzida uma carta de responsabilidade compartilhada da 4ª CNMA com esses resultados. Participação popular – Mas as discussões vão além dos debates municipais, regionais e estaduais. Qualquer pessoa interessada no tema pode convocar uma conferência livre até 10 de setembro. Já foram realizadas 114 conferências em 23 estados. As contribuições levantadas nesta modalidade são encaminhadas diretamente à etapa nacional e devem ser cadastradas no site da conferência. Outra forma de participação é por meio do debate via internet. A conferência virtual acontecerá de 26 de agosto a 10 de setembro no Portal e-Democracia da Câmara dos Deputados. Estão sendo promovidos bate-papos preparatórios sobre cada eixo temático. Podem participar pessoas de todo o país, inclusive brasileiros que residem no exterior. Dois temas ainda serão debatidos nestas conversas virtuais, que acontecem sempre no horário de 19h às 20h: 20 de agosto é o debate sobre Geração de Emprego, Trabalho e Renda e 22 de agosto sobre Educação Ambiental. (Fonte: MMA)

Falta de estrutura dificulta implementação de educação ambiental

Fundada na Cidade de Goiás, a Escola Pluricultural Odé Kayodê é tida como exemplo na área de educação ambiental. Ali, crianças de entre 3 e 10 anos aprendem na prática como é o ciclo das plantas num jardim plantado por elas mesmas. Também conhecem a vida no campo, em uma fazenda próxima, e aprendem sobre conservação da água em um rio que passa atrás da escola. Há 15 anos, o tema sustentabilidade está presente em todas as disciplinas. “Em uma prova de matemática, você tem que saber qual o resultado de três árvores mais duas árvores. É assim que a gente tem meio ambiente em tudo”, explica a educadora Emicléia Alves Pinheiro O Ministério da Educação (MEC) quer que, assim como no colégio de Cidade de Goiás, a educação ambiental passe a fazer parte do cotidiano de todas as instituições de ensino do país. A escola, no entanto, é exceção. Transformar o tema em uma realidade ainda é um projeto distante em praticamente todas as cidades brasileiras. Apenas 0,5% dos colégios públicos teriam condições hoje de cumprirem com as diretrizes de educação ambiental, segundo levantamento feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Faltam professores, infraestrutura e investimento para fazer com que as Diretrizes Curriculares para a Educação Ambiental, aprovadas em 2012 durante a Rio +20, saiam do papel. “A maioria dos professores têm muita vontade. Muitos já têm até algum conhecimento, mas não possuem recursos. As verbas para as escolas são restritas e até para treinamentos, nós temos que oferecer os materiais em vários casos”, diz Miriam Duailibi, presidente do Instituto Ecoar, que forma professores em todo o país. Falta de pessoal – O desenvolvimento da educação ambiental é uma necessidade para todas as regiões brasileiras, segundo o MEC. Nordeste e Norte são apontados como as áreas que demandam maior atenção para incentivo desse tipo de iniciativa, por causa das condições de infraestrutura e de gestão das escolas. Para atender às exigências do MEC, muitas unidades comprometem outras disciplinas. “Em alguns lugares, eles tiram uma aula de ciências, por exemplo, e colocam uma de educação ambiental. O problema é que nem sempre há profissional qualificado para isso. Não é possível trabalhar transversalmente com a estrutura de hoje”, afirma o secretário de assuntos educacionais do CNTE Heleno Araújo. A falta de tempo é outro aspecto que impacta o processo, segundo especialistas. “O professor tem de trabalhar em várias escolas, para poder sobreviver, o que não permite que invista em sua especialização e atualização. É necessária formação continuada destes professores, investir em sua valorização profissional”, comenta o pós-doutor em educação ambiental, Luiz Fernando Silveira Guerra. A realidade vai de encontro ao que as diretrizes determinam. Resultado de cinco anos de debates entre educadores ambientais, legisladores e sociedade, elas estabelecem o tema como prioritário, que deve ser tratado de forma transversal. “Não pode ser trabalhada de forma isolada. Em todas as aulas seria necessário haver lições que abordem este tema, para estabelecer um convívio harmônico e integrado com o meio ambiente”, explica Duailibi. Iniciativas isoladas – Apesar de existir um movimento governamental que incentiva a inserção do tema educação ambiental em todos os níveis, os projetos existentes ainda são ações pontuais. Guerra afirma que “maior parte das iniciativas ainda ocorre em projetos e atividades extra-curriculares, com a participação de poucos professores”. Em muitos casos, eles são incentivados por organizações civis e com apoio da comunidade escolar. Exemplo disso pode ser visto em Joinville (SC). Através da parceria entre professores, alunos, funcionários, pais e a comunidade local, a realidade do Centro de Educação Infantil Municipal Raio de Sol foi transformada. A partir de 2010, áreas antes de cimento ganharam vida ao receberem espaços como lagoa, jardim, horta e pomar. “As crianças não podiam andar descalças, porque tudo era de cimento e brita. Agora, elas têm vários espaços onde podem interagir com a natureza”, comenta Marlene Malschitzky, supervisora gestora da Secretaria Municipal de Educação. O Ministério da Educação reconhece que ações como esta ainda precisam de mais incentivo. A entidade garante que ainda falta investimento e estrutura. “A maioria das escolas ainda está às voltas com questões, que embora de caráter socioambiental, não são reconhecidas como tal, como espaços físicos insuficientes, inadequados e mal aparelhados. Há escolas, por exemplo, que não dispõem de água corrente, coleta de esgotos ou prédio próprios. Há também uma grande dificuldade dos educadores e gestores públicos em converterem as questões socioambientais em pauta, seja nas aulas, seja fora delas, promovendo o enfoque transversal”, destaca Macaé Evaristo, secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC. De acordo com ela, são realizados investimentos em seminários e formação continuada de professores, para garantir o aprofundamento no tema. Além de projetos para disponibilizar recursos em projetos nessa área. Ela também destaca que é realizada a Conferência Infanto-juvenil pelo Meio Ambiente, que reúne professores e alunos de todo o país em eventos regionais e nacionais, para debater a educação ambiental. (Fonte: Terra)

Brasil terá temperatura de 3ºC a 6ºC mais alta em 2100, segundo relatório

Em 2100, a temperatura média do Brasil será de 3ºC a 6ºC mais alta do que no final do século 20. A previsão faz parte do primeiro relatório de avaliação nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC). O documento será divulgado em setembro na 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais, mas alguns dados foram adiantados na edição de agosto da revista “Pesquisa Fapesp”. De acordo com a “Pesquisa Fapesp”, o relatório também traz dados sobre mudanças em relação às chuvas no país. Enquanto biomas como a Amazônia e a Caatinga devem receber cerca de 40% a menos de chuva, nos Pampas, há uma tendência de aumento de cerca de um terço na pluviosidade até 2100. Especialistas ouvidos pela revista observam que os dados demonstram que o Brasil sofrerá mais com extremos climáticos, como períodos prolongados de seca ou períodos prolongados de chuva forte. Um dos instrumentos utilizados para se chegar ao cenário da evolução do clima no país nos próximos anos foi o Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre (Besm), primeiro modelo climático nacional. A ferramenta, em desenvolvimento desde 2008, foi apresentada em seus detalhes em fevereiro deste ano. Especialistas afirmam que o Brasil é o único país do hemisfério Sul a ter um modelo climático próprio. A vantagem de ter um sistema nacional é a possibilidade de obter características mais detalhadas sobre o Brasil e sobre o continente sul-americano. Um dos resultados obtidos exclusivamente pelo instrumento nacional, segundo a “Pesquisa Fapesp”, é que, em 30 anos, se a taxa de emissão de CO2 continuar na tendência atual, a temperatura média anual do país já deve aumentar 1ºC. Apenas as regiões Sul e Norte devem se manter com temperaturas estáveis no período. O PBMC é uma iniciativa que reúne 345 pesquisadores de diversas áreas para reunir e sintetizar toda a produção científica nacional sobre as mudanças climáticas no Brasil. Ele foi constituído nos moldes do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC). (Fonte: Globo Natureza)

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O que fazer quando seu filho se engasga

Alimentos, brinquedos e moedas representam a maioria dos casos de asfixia em crianças pequenas, que tem o costume de pegar objetos diferentes e colocar na boca. Por isso, os pais e responsáveis devem saber como reagir caso os pequenos se engasguem. “Se uma criança engasgar ou engolir algo perigoso, os pais e encarregados às vezes oferecem líquidos e/ou sólidos, mas isso não é recomendado. Além disso, os pais não devem forçar a criança a vomitar. O correto é levá-la ao médico o mais breve possível, ou para um hospital de emergência”, explica Dr. Graça Arteaga, pediatra no Centro Infantil da Mayo em Rochester, Minnesota (EUA). Se uma criança está tossindo com força depois de engolir um objeto, incentive-a a continuar com a tosse e não interfira. Mas se o objeto engolido está bloqueando as vias aéreas de forma que a criança não pode tossir e a respiração torna-se mais difícil, os pais ou quem estiver próximo devem utilizar o “cinco e cinco”, procedimento de primeiros socorros para asfixia: Em primeiro lugar, dê cinco tapas nas costas da criança, entre as omoplatas, segurando-a pelo calcanhar; Em seguida, faça cinco compressões abdominais (também conhecido como a manobra de Heimlich). Para as crianças, use compressões torácicas, pois compressões abdominais podem causar lesões; Por fim, alterne os cinco tapas nas costas e as cinco compressões abdominais/compressões torácicas até que o bloqueio na garganta pare. Ao mesmo tempo, alguém deve ligar para a assistência de emergência. A recomendação para asfixia em bebês é diferente: Segure o bebê de bruços em seu antebraço. A cabeça da criança deve estar mais baixa do que seu corpo. Bata com firmeza no meio das costas do bebê com a palma da outra mão. A combinação da gravidade e da força das batidas de mão deve deslocar o objeto que está bloqueando as vias aéreas do bebê. Os médicos desaconselham a utilização de uma varredura de dedo, o que poderia piorar a possibilidade de respiração. [MedicalXpress]

Relatório indica que todo o Brasil deverá ficar ao menos 3ºC mais quente até o fim do século

Os cientistas familiarizados com a obra do historiador inglês marxista Eric Hobsbawm, falecido no ano passado, bem que poderiam tomar emprestado o título de seu livro dedicado às transformações político-econômicas do século XX e empregá-lo para descrever o cenário climático previsto para o Brasil das próximas décadas. Se o assunto são as mudanças climáticas, a era dos extremos (nome do livro de Hobsbawm) apenas se iniciou e, segundo os pesquisadores, veio para ficar por um bom tempo. Em razão do aumento progressivo da concentração de gases de efeito estufa – em maio passado, os níveis de dióxido de carbono (C02) atingiram pela primeira vez na história recente da humanidade as 400 partes por milhão (ppm) – e de alterações na ocupação do uso do solo, o clima no Brasil do final do século XXI será provavelmente bem diferente do atual, a exemplo do que deverá ocorrer em outras partes do planeta. As projeções indicam que a temperatura média em todas as grandes regiões do país, sem exceção, será de 3º a 6ºC mais elevada em 2100 do que no final do século XX, a depender do padrão futuro de emissões de gases de efeito estufa. As chuvas devem apresentar um quadro mais complexo. Em biomas como a Amazônia e a caatinga, a quantidade estimada de chuvas poderá ser 40% menor. Nos pampas, há uma tendência de que ocorra o inverso, com um aumento de cerca de um terço nos índices gerais de pluviosidade ao longo deste século. Nas demais áreas do Brasil, os modelos climáticos também indicam cenários com modificações preocupantes, mas o grau de confiabilidade dessas projeções é menor. Ainda assim, há indícios de que poderá chover significativamente mais nas porções de mata atlântica do Sul e do Sudeste e menos na do Nordeste, no cerrado, na caatinga e no pantanal. “Com exceção da costa central e sul do Chile, onde há um esfriamento observado nas últimas décadas, estamos medindo e também projetamos para o futuro um aumento de temperatura em todas as demais áreas da América do Sul”, diz José Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que trabalha com projeções futuras a partir de modelos regionais do clima. “A sensação é de que as estações estão meio ‘loucas’, com manifestações mais frequentes de extremos climáticos.” A expressão significa que os brasileiros vão conviver tanto com mais períodos de seca prolongada como de chuva forte, às vezes um após o outro. Isso sem falar na possibilidade de aparecimento de fenômenos com grande potencial de destruição que antes eram muito raros no país, como o furacão Catarina, que atingiu a costa de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul em março de 2004. Nas grandes áreas metropolitanas, e mesmo em cidades de médio porte, o avanço do concreto e do asfalto intensifica o efeito ilha urbana de calor, tornando-as mais quentes e alterando seu regime de chuvas. Esse quadro faz parte do mais completo diagnóstico já produzido sobre as principais tendências do clima futuro no país: o primeiro relatório de avaliação nacional (RAN1) do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), criado em 2009 pelos ministérios do Meio Ambiente (MMA) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Entre 9 e 13 de setembro, o relatório será divulgado durante a 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais, organizada pela FAPESP. Concebido nos moldes do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) das Nações Unidas, que, aliás, vai divulgar a primeira parte de seu quinto relatório no final de setembro, o PBMC reuniu 345 pesquisadores de diversas áreas para formular uma síntese inédita do estado da arte da produção científica nacional sobre o tema. O RAN1 é dividido em três partes, cada uma elaborada por um grupo de trabalho distinto. A primeira traz as principais conclusões de estudos feitos entre 2007 e o início deste ano que mostram a ocorrência das mudanças climáticas no Brasil. A segunda detalha os impactos das alterações climáticas no país, realçando vulnerabilidades e medidas de adaptação à nova realidade. A terceira indica formas de reduzir as emissões de gases de efeito estufa no território nacional (ver reportagem na página 22 sobre a segunda e a terceira partes do documento). “Fizemos uma compilação crítica dos dados produzidos pelos estudos mais recentes”, explica o meteorologista Tércio Ambrizzi, da Universidade de São Paulo (USP), um dos coordenadores do primeiro grupo de trabalho do PBMC sobre a produção científica nacional. “Há regiões do país, como o Centro-Oeste, sobre as quais quase não há estudos. Também temos pouca pesquisa sobre o paleoclima no Brasil.” A maioria dos trabalhos sobre esse tema analisa o pólen fossilizado de plantas do território nacional e apresenta datação de qualidade irregular, segundo os especialistas. “Pesquisas sobre como era o clima do passado na costa do Atlântico em torno do Brasil são ainda mais raras”, afirma o paleoceanógrafo Cristiano Chiessi, da USP Leste, um dos autores do relatório. “Precisamos investir nesse tipo de estudo para sabermos o que é variação natural do clima e o que é decorrente da ação humana.” Um modelo climático brasileiro A divulgação do relatório do PBMC marca a incorporação de uma sofisticada ferramenta para melhorar o entendimento do clima e fazer projeções no país. O Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre (Besm, na sigla em inglês) é um conjunto de programas computacionais que permite simular a evolução dos principais parâmetros do clima em escala global. “O Brasil é hoje o único país do hemisfério Sul a contar com um modelo próprio”, diz Paulo Nobre, do Inpe, um dos coordenadores do Besm. “Isso nos dará uma grande autonomia para realizar as simulações que sejam de nosso maior interesse.” Com o Besm podem ser feitas, por exemplo, projeções sobre prováveis efeitos no clima no Brasil ocasionados por alterações na circulação oceânica do Atlântico Tropical e nos biomas do país. A Austrália também estava criando um modelo climático próprio, mas preferiu juntar seus esforços aos do Centro Hadley, do Reino Unido. O modelo brasileiro está sendo desenvolvido desde 2008 por pesquisadores de diversas instituições que integram o Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), a Rede Brasileira de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC). Como qualquer programa de computador, o Besm é uma obra aberta, a ser aprimorada continuamente. Sua construção visa não somente a dotar o país de um modelo que seja o estado da arte para representar o sistema terrestre, mas também contribuir para a formação de uma nova geração de cientistas capazes de manejar um poderoso instrumento dedicado à previsão climática. A versão atual do Besm – que roda no supercomputador Tupã da Rede Clima/PFPMCG, instalado na unidade do Inpe de Cachoeira Paulista – já permite reproduzir vários fenômenos do clima global e regional e prever cenários futuros. O modelo consegue, por exemplo, reconstituir a ocorrência dos últimos El Niños e estimar o retorno desse fenômeno climático. O El Niño é o aquecimento anormal das águas superficiais do Pacífico Equatorial, uma alteração oceânica e atmosférica que afeta o regime de chuvas em boa parte do planeta. No Brasil tende a provocar secas na Amazônia e no Nordeste e intensificar a pluviosidade no Sul. Simulações feitas com o Besm mostraram que o hipotético desmatamento total da Amazônia aumentaria a intensidade dos El Niños e reduziria a precipitação anual sobre a região Norte em até 40%. Os cenários climáticos gerados pelo Besm foram aceitos neste ano pela iniciativa internacional que reúne os dados produzidos pelos 20 modelos globais até agora desenvolvidos, a fase 5 do Projeto de Intercomparação de Modelos Acoplados (CMIP5, na sigla em inglês). Eles inauguram a participação do Brasil no IPCC como nação fornecedora de projeções em escala planetária das mudanças climáticas. As projeções geradas pelo modelo nacional serão utilizadas para a elaboração do quinto relatório sobre mudanças climáticas do IPCC. O Besm ainda não fornece cenários tão detalhados como os gerados por outros modelos globais e mesmo pelo modelo regional do Inpe, que enfoca o clima na América do Sul e serviu de base para boa parte das projeções do primeiro relatório do PBMC. Sua resolução espacial é de 200 por 200 quilômetros, enquanto a do modelo regional do Inpe, que por ora roda “dentro” do modelo global do Centro Hadley, é usualmente de 40 por 40 quilômetros e pode chegar a 5 por 5 quilômetros. Apesar de estar em seus primórdios, o Besm já produz simulações que traçam um panorama das variações climáticas previstas para ocorrer no Brasil nos próximos 30 anos. Pesquisa FAPESPpublica em primeira mão os resultados de uma simulação inédita que mostra como a temperatura média anual da atmosfera pode variar em todos os estados do país até 2035, com base nos primeiros resultados da versão mais recente do modelo Besm. Os dados indicam um Brasil mais quente em quase todas as latitudes. “Esse é o primeiro resultado de cenário de aquecimento global futuro realizado integralmente no país, sem depender das simulações obtidas por modelos de outros países”, comenta Paulo Nobre, também um dos autores do RAN1. Se a taxa de CO2, principal gás responsável por intensificar o efeito estufa, mantiver a tendência atual e atingir os 450 ppm daqui a três décadas, a temperatura média anual na maior parte do território nacional, em especial nas áreas mais distantes da costa, deverá se elevar até 1ºC. Apenas no Sul do país e em áreas setentrionais da região Norte a temperatura apresenta tendência a se manter estável ou até diminuir ligeiramente. “Esse resultado inicial leva em conta as contribuições das tendências de ajuste de longo tempo da circulação oceânica global e do aquecimento atmosférico decorrente do aumento moderado de CO2 em escala planetária”, explica Paulo Nobre. “São resultados preliminares. Precisamos rodar o modelo mais vezes para ter um grau maior de confiabilidade dos resultados e, assim, podermos falar mais especificamente de tendências climáticas para um estado ou uma área menor.” As previsões do Besm para a parte mais meridional do país são as únicas que não concordam totalmente com as feitas pelo modelo regional do Inpe, que projeta uma discreta elevação de temperatura na região Sul até 2040. Até o final do século, no entanto, a maioria das projeções sinaliza que o Rio Grande do Sul vai seguir a mesma tendência das demais partes do país e se tornar mais quente. Com o aumento contínuo do CO2, a passagem do tempo faz os modelos registrarem uma elevação progressiva das temperaturas e exacerba a possibilidade de ocorrer mais ou menos chuva numa região. O tamanho da gota de chuva A versão mais recente do Besm conseguiu contornar, em parte, uma grande limitação da modelagem climática: prever com razoável nível de exatidão a pluviosidade na Amazônia, um traço determinante da região Norte sem o qual uma floresta tropical tão densa e exuberante não se sustenta a longo prazo. Na região Norte chove anualmente entre 2.500 e 3.400 milímetros, mais ou menos o dobro do que no Centro-Oeste, onde a vegetação típica é o cerrado, com predomínio de gramíneas e presença esparsa de pequenas árvores. “Todos os modelos climáticos globais subestimam a chuva que cai na região amazônica”, diz Paulo Nobre. A melhoria na previsão de pluviosidade sobre a floresta amazônica foi obtida pela introdução de aprimoramentos sucessivos no componente atmosférico do Besm, com destaque para a revisão de um parâmetro: o tamanho médio do raio das gotas de chuva representadas nas nuvens geradas pelo modelo. Antes as gotas de chuva simuladas pelo Besm tinham raio médio de 1 milímetro. Agora adotam o valor de 1,4 milímetro. “O modelo climático norte-americano CAM5, do NCAR (Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica) já usava esse valor médio de raio, mas os resultados de suas projeções não corrigiram os totais pluviométricos sobre a Amazônia de forma tão satisfatória como ocorreu com nosso modelo”, afirma Paulo Nobre. “Ainda não simulamos com perfeição as chuvas. No entanto, isso nenhum modelo climático faz por enquanto.” Com as modificações introduzidas, o Besm deu um salto de qualidade. Passou a simular melhor a formação dos ventos alísios que levam umidade à Amazônia. Começou a registrar de forma mais adequada a variação de temperatura do mar entre o Brasil e a África. Conseguiu ainda reproduzir um importante mecanismo climático conhecido como Zona de Convergência do Atlântico Sul, que regula a formação de chuvas no Sudeste e sul do Nordeste. Formado por um conjunto de nuvens que pode se estender por até 5 mil quilômetros de extensão, orientado no sentido noroeste-sudeste, a zona de convergência cruza o litoral brasileiro entre 18 e 25 graus de latitude sul. A diferença de desempenho tem uma explicação razoavelmente simples. Cada modelo é composto por partes menores que tentam reproduzir o funcionamento dos grandes componentes do clima, como a atmosfera, os oceanos, a ocupação do solo e sua vegetação, o gelo do globo. Uma série de dados e equações particulares faz cada componente funcionar de uma maneira única e interagir com as demais partes do modelo. Por isso, ao mexer num parâmetro como o raio médio das gotas de água na cobertura de nuvens, um modelo pode melhorar seu desempenho enquanto outro pode piorar ou não apresentar mudança significativa. “Os modelos têm mais dificuldade de fazer projeções de chuvas do que temperatura”, comenta o físico Alexandre Costa, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), um dos autores do capítulo sobre nuvens e aerossóis (conjunto de diminutas partículas sólidas ou líquidas em suspensão num gás) do primeiro relatório do PBMC. “De acordo com o tamanho da gota de uma nuvem, pode ocorrer mais ou menos chuva.” A favor de uma rede de dados ambientais Para o físico Paulo Artaxo, da USP, um dos maiores especialistas no processo de formação de aerossóis, o primeiro relatório do PBMC servirá para o Brasil identificar áreas ainda carentes em termos de pesquisa, além de fornecer um panorama sobre os estudos a respeito das mudanças climáticas. “Temos um longo caminho a percorrer”, afirma Artaxo, membro do conselho diretor do PBMC. “O IPCC tem 20 anos e está indo para seu quinto relatório. Ainda não temos massa crítica de cientistas e falta gente para tocar algumas áreas importantes.” O físico alerta que o Brasil ainda não conta com uma rede nacional para coleta sistemática de dados ambientais mais sofisticados do que somente medidas de temperatura e pluviosidade. Na Amazônia há 12 torres que registram as trocas de carbono e energia entre a floresta e a atmosfera e medem propriedades de outros ciclos biogeoquímicos, uma iniciativa mantida pelo Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia (LBA), uma bem-sucedida parceria que há mais de duas décadas une pesquisadores do país e do exterior. Fora da região Norte existem poucas torres no território brasileiro, entre as quais uma no pantanal, outra no cerrado, uma terceira nos pampas e uma no interior paulista. “Essa estrutura de pequena escala não permite fazer uma radiografia nacional, por exemplo, das emissões e da captura de C02 atmosférico”, diz Artaxo. “Na Europa e Estados Unidos há centenas de torres que fornecem uma radiografia do que está acontecendo com o funcionamento dos ecossistemas em decorrência das mudanças climáticas.” Para o climatologista Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI e presidente do PBMC, os dados disponibilizados pelo Painel Brasileiro servem para guiar as políticas públicas de adaptação e mitigação das mudanças climáticas. “O trabalho do painel não se encerrará com esse primeiro relatório de avaliação, mas continuará e se tornará cada vez mais relevante”, afirma. * Publicado originalmente no site do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e retirado do site CarbonoBrasil. (CarbonoBrasil)

Ministério do Meio Ambiente detecta crescimento de desmatamento seletivo na Amazônia

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse na quinta-feira (15) que não há aumento do desmatamento na Amazônia, mas o ministério detectou um crescimento da prática da fragmentação, que ocorre quando se corta árvores seletivamente, sugerindo uma mudança na dinâmica do crime ambiental. “O sistema de inteligência do ministério já detectou essa prática e estamos combatendo com novas estratégias de fiscalização”, disse a ministra. Segundo Izabella, o desmatamento da Amazônia foi reduzido para menos de 5 mil quilômetros quadrados. Em 2004, o desmatamento chegou a mais 27 mil quilômetros quadrados. “Todos os recursos tecnológicos, humanos e financeiros foram alocados para a fiscalização. Não há corte de recursos. Ao contrário, é o maior contingente de fiscais que já trabalhou na Amazônia”, disse Izabella. A ministra também cobrou dos estados maior empenho na fiscalização. “Tem estado que colocou na operação total de homens apenas seis funcionários para combater o desmatamento. E é um dos estados que mais desmata. Quando vai ser prioridade dos governos estaduais cuidar da Floresta Amazônica?”, disse Izabella. A ministra não quis revelar qual é o estado por questões de segurança. Segundo a ministra, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vai tornar disponível em breve em seu site as áreas embargadas (proibidas ao plantio para recuperação da área degradada). “Tem gente plantando em área embargada e apostando na impunidade. A regularização prevista no Código Florestal é para quem desmatou até 2008. Após 2008, tem multa. É inaceitável que as pessoas ainda busquem o caminho da ilegalidade”, ressaltou. (Fonte: Agência Brasil)

Site reúne indicadores dos municípios brasileiros participantes do Programa Cidades Sustentáveis

Uma plataforma criada pelo Programa Cidades Sustentáveis vai reunir dados sobre a situação dos municípios brasileiros. Começaram a ser disponibilizados, na semana passada, 100 indicadores ligados a diversas áreas, como saúde, educação, cultura, meio ambiente e mobilidade. São ao todo 242 prefeituras participantes, sendo que 92 já iniciaram o preenchimento das categorias no site. Maurício Broinizi, coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis, explica que a sustentabilidade defendida tem conceito abrangente. “Trabalhamos com um conceito de sustentabilidade bastante amplo que não é só ambiental, é a sustentabilidade na educação, na saúde na cultura, na economia, na política, reforçando os instrumentos de democracia”, disse. O plano, uma inciativa da Rede Nossa São Paulo e do Instituto Ethos, começou durante a campanha eleitoral do ano passado. Mais de 650 candidatos a prefeito assinaram uma carta de compromisso, na qual asseguravam a participação do município no programa, caso fossem eleitos. Venceram a eleição 200 deles, sendo que 42 prefeitos resolvem aderir ao programa posteriormente. “Fomos surpreendido pela adesão. A gente estava contando em chegar a 100 municípios. Então, superou a nossa expectativa, porque tem muitos de prefeitos em primeira gestão. Eles se interessaram realmente por uma modernização da gestão pública e tentar fazer dela uma gestão que coloque o município no rumo da sustentabilidade”, disse. Entre os indicadores, existem alguns vitais, como os ligados à saúde. Um deles traz a proporção de leitos hospitalares disponíveis por mil habitantes, que precisam estar dentro dos padrões recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Há também indicadores sobre mortalidade infantil e materna. “São indicadores bastante tradicionais e que mostram um pouco a situação da saúde pública em cada cidade”, disse. Na área da cultura, há levantamento sobre acervo de livros por habitante nas bibliotecas. A meta é repeitar a recomendação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que estabelece o mínimo de dois livros por habitante. “A gente coloca isso como uma meta razoável, uma referência de meta indicada pela Unesco, e os municípios têm que calcular e ver o número de livros disponibilizados, tanto para adultos quanto para o público infantojuvenil”, disse ele. Outro levantamento trata de saneamento básico, medindo o número de domicílios atendido pela coleta de esgoto e quanto rebebe tratamento. “A ideia é medir a evolução da coleta e tratamento de esgoto nas cidades, assim como a evolução de água potável ou tratada para os habitantes”, informou. Alguns indicadores servem apenas para determinados tipos de cidades. Aquelas de grande porte, por exemplo, precisam medir índice de material particulado no ar, como forma de apurar as condições de poluição. Broinizi destacou que outros índices ainda apresentam lacunas no site, pois nem todas as cidades tinham os dados dos indicadores disponíveis. “Isso é uma política nova no Brasil, os municípios não tinham essa política de levantar os indicadores, usá-los no planejamento público. Então, tem muito município que está com dificuldade de construir alguns indicadores, precisam de técnicos e integrar sistemas de informações”. Outra situação é a das cidades que decidiram integrar seus planos plurianuais (PPAs), que precisam ser entregues até setembro, ao plano de metas do Programa Cidades Sustentáveis. “É um processo importante de modernização, de racionalização e de reforço da necessidade de planejamento na gestão pública no Brasil”, declarou. Autor: Fernanda Cruz - Fonte: Agência Brasil

5 alimentos tóxicos que você está comendo

Alimentar-se é uma arte delicada. Porém, mais difícil do que preparar um molho Alfredo ou acertar o ponto do brigadeiro é descobrir se a comida que você está cozinhando faz mesmo bem. Quem nunca ouviu falar que comer ovo é bom, e quem nunca descobriu que outras pesquisas indicam exatamente o oposto? Novos estudos dizem que tal alimento causa câncer. Outros estudos indicam que essa mesma comida pode previr a doença. Parece que muda a cada dia! E até uma comida que contém o terrível arsênico e outras substâncias tóxicas pode não ser assim tão ruim para você. Confira uma lista de 5 elementos tóxicos que estão na sua comida agora mesmo: 5. Corantes alimentícios Quando criança, parecia que toda comida bem colorida era a melhor coisa do mundo. Agora que crescemos, aprendemos a nos preocupar com aquela poção mágica que faz balinhas, sucrilhos e isotônicos quase brilharem no escuro. São os temíveis corantes alimentícios, associados à hiperatividade e ao câncer no cérebro. No entanto, as pesquisas sobre o assunto são inconclusivas. 4. Bromato de potássio O nome complicado é encontrado em alimentos bem comuns como pães, wraps e afins. Dizem que causa danos aos rins e pode deixar ratos (e seres humanos) obesos. Porém, seria necessário comer 15 quilos de massa de pão crua por dia para que o composto químico de fato fizesse mal. Alguém se habilita? 3. Azodicarbonamida Refeições congeladas não possuem uma boa reputação entre nutricionistas e mães, e uma das causas atende pelo nome de azodicarbonamida, que pode causar asma. Entretanto, a substância química só leva ao desenvolvimento da doença em sua forma pura. Tendo em vista que as lasanhas, tortas e outros congelados que você vê nas prateleiras dos mercados só contam com 45 partes por milhão de azodicarbonamida, você está a salvo. 2. Arsênico Os cientistas garantem que arsênico (também chamado de “arsênio”) faz mal para a saúde, pelo simples fato de ser veneno. Eles têm a mesma convicção ao afirmar que frangos criados em granjas possuem o elemento químico. Isso significa que sua próxima asinha de frango pode ser a última? Não é bem por aí. A carne desses animais vindos da granja possui apenas 2,3 partes por bilhão de arsênio inorgânico. Para que isso seja tóxico, você precisaria comer todos os frangos do mundo. Água mineral pode causar diabetes, afirma estudo 1. Olestra Nome pouco comum para nós, a olestra é uma gordura artificial sem calorias, pois não é digerida pelo organismo humano. Alternativa ao óleo de cozinha, é encontrada em batatas chips sem gordura. Os efeitos colaterais incluem dores de estômago e intestino solto. Como ninguém gosta de um intestino solto – nem os cientistas -, melhor ficar longe das batatinhas de pacote, mesmo que elas não causem malefícios mais sérios como asma ou câncer. [Gizmodo]

Fritar e cozinhar dentro de casa faz tão mal quanto ‘poluição’ da rua C

No meio da manhã, o cheiro de óleo de amendoim quente se dissipou e, dentro do laboratório completamente vedado, conhecido como Prédio 51F, um hambúrguer rosado chiava na frigideira sobre a chama raivosa do gás. Acima da cabeça, os ventiladores zumbiam, puxando a fumaça cáustica através do esôfago metálico da rede de condutos. Woody Delp, 49, engenheiro cabeludo de óculos supervisionava os experimentos com vagem e hambúrguer. Ele se sentou diante de um computador dentro de um simulador de cozinha, enquanto fileiras e mais fileiras de dados numéricos surgem na tela, marcando os materiais da nuvem de fumaça sugada pelo cano de chaminé. Para ele, um hambúrguer tostado é apenas uma fonte confiável de poluição interna. Porém, Delp e colegas não estão interessados em testar receitas. Eles são cientistas do Departamento de Energia do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, e a experiência tinha a ver com outro enigma da cozinha, uma briga contra a física: como remover contaminadores nocivos gerados ao cozinhar. Em termos simples, cozinhar é um ato de combustão controlada – você põe óleo, gordura e carboidratos no fogo. Como risco à saúde, incinerar hambúrgueres e vagem pode parecer bobagem diante de acender uma lareira a lenha ou carvão dentro de quatro paredes, a principal causa ambiental de morte e invalidez do mundo. Contudo, fritar, grelhar ou tostar comidas com equipamentos a gás ou elétricos criam substâncias, em particular o dióxido de nitrogênio, o monóxido e dióxido de carbono, além de compostos orgânicos voláteis. As emissões de dióxido de nitrogênio nas casas com fogão a gás ultrapassam a definição de ar limpo da Agência de Proteção Ambiental de 55% a 70% das casas, segundo um modelo; um quarto dos lares dos Estados Unidos tem qualidade de ar pior do que o pior evento registrado de smog (dióxido de nitrogênio) em Londres, na Inglaterra. Cozinhar representa um dos maiores contribuintes da poluição interna, gerando material particulado em concentrações quatro vezes maiores do que os piores episódios de neblina em Pequim. “Como estamos acostumados ao cheiro, não pensamos que seja um problema”, disse Jennifer M. Logue, 32, engenheira de qualidade do ar do Laboratório Berkeley. “Quando se mora em um prédio pequeno, você cozinha bastante e não usa exaustor, que talvez não seja lá muito eficiente mesmo, então, provavelmente, virá a ter problemas com os poluidores provenientes do ato de cozinhar.” Há pouco tempo, Logue estimou os efeitos à saúde no longo prazo esperados das centenas de substância químicas encontrados em uma casa comum. O estudo de 2012, publicado em Environmental Health Perspectives, utilizou uma medida epidemiológica comum conhecida como esperança de vida saudável para mostrar que o impacto na saúde da população, considerando-se os poluidores internos, encontra-se no mesmo nível que o de acidentes automobilísticos, e maior do que preocupações tradicionais, como fumo passivo. “Fica muito acima da violência”, ela disse. “Não é um risco pequeno.” A política e o financiamento federal costumam se concentrar na pesquisa ao ar livre – qualidade do ar, água potável, águas servidas, pontos de descarte de lixo perigoso e contaminação do solo. “Não tivemos tal impulso regulador para o ambiente interno, ainda que este provavelmente seja o mais importante em termos de saúde humana”, declarou Richard L. Corsi, engenheiro e professor da Universidade do Texas. “Se você examinar a dose de substâncias químicas tóxicas que assimilamos em nossos corpos durante a vida que são de origem ambiental, ela é dominada pelo ar que respiramos e as superfícies que tocamos em áreas internas”, falou Corsi. A pesquisa do Laboratório Berkeley é parcialmente motivada pela iniciativa renovada de aprimorar o selamento do prédio e economizar os custos com energia. Prédios hermeticamente fechados mantém distante o ar livre, mas também aprisionam contaminantes. Tentativas de mascarar odores (incenso, velas e aromatizantes) aumentam o perigo. Afinal, a combustão interna cria mais poluidores que persistem em espaços herméticos; e, por exemplo, o formol é formado quando o ozônio reage com gases, principalmente agentes de perfumes, desodorizadores e aromatizantes. Como as pessoas não devem parar de cozinhar, o laboratório pretende criar padrões de ventilação científicos. “As pessoas não precisam mudar radicalmente o estilo de vida”, disse Logue. “Nós necessitamos modificar os códigos de edificação para que todos tenham exaustores.” Os atuais padrões de ventilação representam o melhor julgamento de engenharia. Nunca houve muita ciência envolvida em determinar o quanto exaustores e outros sistemas de ventilação devem trabalhar bem em termos de saúde humana. Os indicadores de desempenho existentes costumam medir o uso de energia, não o impacto do equipamento à saúde humana. Embora seja difícil livrar uma casa dos compostos orgânicos de um sofá durante um longo período de tempo, os compostos voláteis do fogo e do vapor de água podem ser removidos com um exaustor eficaz. Quando testaram sete exaustores diferentes, os cientistas descobriram que o fluxo de ar, a quantidade do gás do queimador do fogão e os contaminantes sugados – a chamada “eficiência de captura” – varia de 15% a 98%. Dentro do simulador de cozinha, ar fresco é soprado para a sala – uma taxa de troca de 12 vezes por hora, quase 40 vezes a quantidade circulando em uma casa comum. Singer é otimista em relação ao fato de os novos padrões científicos poderem mudar os hábitos dentro das casas. “Queremos as pessoas cozinhando. A saúde dos Estados Unidos vai provavelmente melhorar. Nós só queremos ter certeza que todos esses poluidores, vapores e umidade gerados durante o processo sejam jogados para fora.” (Fonte: UOL)

Porcos são tão inteligentes quanto cães, dizem cientistas

Porcos são tão inteligentes e sociáveis ​​como os cães, dizem os cientistas. No entanto, uma espécie recebe afeição e carinho enquanto a outra encara o caminho para o abate, para se tornar bacon, presunto e costelas suínas. Buscando tirar proveito sobre essa disparidade, os defensores dos direitos animais estão lançando uma campanha chamada “The Someone Project” que tem como objetivo destacar a pesquisa retratando os porcos, galinhas, vacas e outros animais como mais inteligentes e emocionalmente complexos do que geralmente se acredita. A esperança é que mais pessoas possam ver esses animais com a mesma empatia que vêem cães, gatos, elefantes, macacos e golfinhos. “Quando você perguntar às pessoas por que elas comem galinhas e não gatos, a única coisa que eles podem argumentar é que acham que os cães e gatos são cognitivamente mais sofisticados do que as espécies que comemos – e nós sabemos que isso não é verdade”, disse Bruce Friedrich da Farm Sanctuary, organização de proteção dos animais e em defesa dos veganos, que está a coordenando o novo projeto. “O que isso se resume é que as pessoas não conhecem os animais da maneira que conhecem os cães ou gatos”, disse Friedrich. “Nós somos uma nação de amantes dos animais, e os animais que encontramos são, com mais frequência, os animais que pagamos para outras pessoas matarem, para que possamos comê-los” Lori Marino, cientista-chefe do projeto e professor de psicologia na Universidade de Emory, já fez várias pesquisas sobre a inteligência de baleias, golfinhos e primatas . Ela pretende rever a literatura científica existente sobre a inteligência dos animais, identificar áreas que justifiquem uma nova pesquisa e preparar relatórios sobre suas descobertas, que serão distribuídos em todo o mundo por meio das mídias sociais, vídeos e palestras em conferências científicas. “Eu quero ter certeza de que tudo isso é levado a sério”, diz Lori. “A questão não é a classificação desses animais, mas sim a reeducação das pessoas sobre quem eles são. Eles são animais muito sofisticados”. Para Lori e Friedrich, ambos veganos, o projeto tem dois objetivos: construir apoio público mais amplo para o tratamento humanizado aos animais de fazenda e aumentar o número de americanos que optam por não comer carne. “Este projeto não é uma forma bruta de transformar pessoas em veganas do dia para a noite, mas sim de dar a eles uma nova perspectiva, e talvez fazê-las sentir um pouco desconfortáveis [em comer carne]“, diz Lori. “Talvez as pessoas poderiam pensar: ‘Humm, eu não sabia que vacas e porcos podem reconhecer uns aos outros e ter amigos especiais’”, disse ela. “Isso pode fazê-las sofrer um pouco, mas tudo bem”. As principais associações que representam os produtores de frango e carne de porco dizem que os agricultores que eles representam tomaram atitudes para minimizar o tratamento cruel de animais de fazenda. “Enquanto os animais criados para alimentação têm um certo grau de inteligência, Farm Sanctuary está tentando humanizá-los para divulgar a agenda vegana – e acabar com o consumo de carne”, disse David Warner, do Conselho Nacional de Produtores de Carne de Porco. “Os veganos têm o direito de expressar sua opinião – e nós respeitamos esse direito – eles, porém, não devem forçar o estilo de vida deles em outras pessoas”. Gwen Venable, da Associação de Aves e Ovos dos Estados Unidos disse que aves fornecem uma valiosa fonte acessível de proteína. “Os consumidores devem poder escolher sua comida com base nas suas próprias preferências alimentares e necessidades nutricionais, sem ser indevidamente influenciados pela campanha de qualquer grupo”, ela escreveu em um e-mail. “Nós não sentimos que a campanha da Farm Sanctuary é razoável, porque o objetivo final da campanha seria erradicar as aves e suínos das dietas dos consumidores.” Thomas Super do Conselho Nacional de frango disse que os esforços para vincular animais de fazenda com animais domésticos foi parte de uma estratégia para criar uma “sociedade livre de carne.” Ele também afirmou que os agricultores e as empresas envolvidas na criação de galinhas têm interesse em assegurar que eles são saudáveis ​​e bem tratados. Enquanto o “The Someone Project” vai abranger várias espécies de animais de fazenda, os porcos tendem a ser um dos temas principais, dada a amplitude dos estudos anteriores que dizem respeito à inteligência e comportamento deles. Alguns pesquisadores dizem que as habilidades cognitivas dos porcos são superiores às crianças de 3 anos de idade, bem como para cães e gatos. A ONG PETA (sigla em inglês para Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) tem uma seção no site intitulado “As Vidas Ocultas dos Porcos”, que retrata os porcos como animais sociais, brincalhões e protetores, com um vocabulário de mais de 20 diferentes óincs, grunhidos e guinchos. “Os porcos são conhecidos por sonhar, reconhecer seus próprios nomes, aprender truques como sentar para um divertimento e levar vidas sociais de uma complexidade anteriormente observada apenas em primatas”, diz o site. “Assim como seres humanos, os porcos gostam de ouvir música, brincar com bolas de futebol e receber massagens”. O site relata notícias de porcos salvando a vida de seres humanos ameaçados e pulando de caminhões com destino ao matadouro, para se salvarem. Bob Martin, um especialista em sistemas de alimentos na Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, disse que desenvolveu uma apreciação da complexidade emocional dos porcos enquanto trabalhava recentemente como diretor-executivo na Pew Commission on Industrial Farm Animal Production. “Porcos em celas de gestação mostram muitos sinais de depressão”, disse ele. “Quando fui para uma operação de fazenda em Iowa, onde os porcos não foram confinados, eles vieram correndo para cumprimentar o fazendeiro como se fossem cães. Eles queriam interagir com ele.” Bernard Rollin, professor de filosofia e ciência animal na Universidade Estadual de Colorado, disse que espera que um número crescente de quem come carne se junte àqueles que exigem mudanças na forma como os suínos são alojados em muitas instalações de grande porte. “Você tem que ter uma cegueira ideológica para pensar que esses animais não são inteligentes”, disse Rollin. “Espero que a gente volte para uma agricultura que invista mais nas necessidades biológicas e psicológicas da natureza dos animais em vez de trabalhar contra eles.” “O problema é que estamos acostumados a vê-los como rebanhos”, disse ele. “Você vê mil vacas ou porcos e pensa, ‘Oh, eles são todos iguais.” Na verdade, porém, existem grandes diferenças individuais. ” De acordo com a Farm Sanctuary, as vacas se animam com desafios intelectuais, as galinhas podem decifrar labirintos e antecipar o futuro, as ovelhas podem se lembrar dos rostos de dezenas de seres humanos individuais e de outras ovelhas por mais de dois anos. Existem pesquisas sugerindo que campanhas como o “The Someone Project” podem progredir influenciando os consumidores. Um estudo recente, que examinou dúvidas que as pessoas têm sobre comer carne, os psicólogos da Universidade de British Columbia, Matthew Ruby e Steven Heine, concluíram que o nível de inteligência do animal era a principal preocupação. Outro estudo recente realizado por pesquisadores de universidades da Austrália e Grã-Bretanha concluiu que muitos que comem carne experimentam um conflito moral se lembram-se da inteligência dos animais que estão consumindo. “Embora a maioria das pessoas não se importem em comer carne, eles não gostam de pensar de animais que estão comendo como tendo mentes inteligentes”, escreveram os pesquisadores em Personality e Social Psychology Bulletin. (Fonte: Portal iG)

Mudanças climáticas não põem em risco a existência da Terra, diz cientista

O rápido aumento da temperatura da Terra, observado no período atual, representa uma ameaça mais para a humanidade em si do que para o planeta, que já passou e sobreviveu a diferentes períodos de mudanças climáticas. A avaliação foi feita pelo climatologista Ulrich Glasmacher, professor da Universidade de Heidelberg, da Alemanha, na conferência que proferiu sobre aspectos geológicos e sociais das mudanças climáticas mundiais na semana passada, durante a 65ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Recife (PE). De acordo com o pesquisador alemão, o planeta experimenta períodos de frio seguidos de ondas de calor há cerca de 450 milhões de anos. “O Cretáceo (há mais de 100 milhões de anos), por exemplo, foi um dos períodos mais quentes da Terra nos últimos 600 milhões de anos”, disse Glasmacher. Os níveis de emissão de CO2 na atmosfera naquela época também eram muito altos, como pode ser observado em estudos com fósseis de formigas – inseto que respira o ar e, em seguida, expira o oxigênio, retendo um nível muito alto de CO em seu organismo –, explicou o pesquisador. Há poucos dados, no entanto, sobre a atividade do Sol naquele período, que influencia a temperatura da Terra e poderia fornecer pistas de como será o clima do planeta no futuro, disse Glasmacher. “O que podemos dizer é que, toda vez que houve um período muito frio [de glaciação] na Terra, ele foi sucedido por um período muito quente”, afirmou. As mudanças climáticas pelas quais a Terra passou, contudo, não colocaram em risco a sua existência e não causaram o desaparecimento em massa de espécies, ressaltou Glasmacher. Segundo ele, nenhuma das extinções em massa ocorridas no planeta foi causada por mudanças climáticas, mas sim por vulcões, mudanças nas placas tectônicas, meteoritos ou cometas. E, em todos os casos, o planeta sobreviveu. “Qualquer cenário previsto como fatal para o planeta é mentiroso e tem o objetivo de causar medo. Por mais devastador que as mudanças climáticas possam ser, a vida e o planeta vão sobreviver sem nós, humanos”, disse. “O planeta fez isso no passado, quando os dinossauros foram extintos, e a vida na Terra continuou nos milhões de anos seguintes. A questão, agora, é se a humanidade conseguirá sobreviver às mudanças climáticas globais”, ponderou. Risco de extinção Na avaliação de Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o risco de as mudanças climáticas causarem o desaparecimento do homem no planeta é, de fato, muito pequeno, uma vez que os humanos desenvolveram capacidades cognitivas que os tornaram uma das espécies mais adaptadas e adaptáveis da Terra. Além disso, é muito improvável que a concentração de oxigênio no planeta seja modificada nos próximos milhões de anos por efeito das mudanças climáticas, a ponto de ameaçar a vida no planeta. O problema é que as plantas só conseguem realizar fotossíntese sob uma temperatura de até 48 graus. Se a temperatura média continental atingisse essa faixa, haveria o risco de extinção em massa de espécies por causa da quebra da cadeia alimentar, ressalvou Nobre, que foi o apresentador da conferência de Glasmacher. “Não que a temperatura média da Terra vá chegar a mais de 40 graus. Mas, se isso acontecesse, haveria o risco de interromper a fotossíntese das plantas e, com isso, o planeta seria muito diferente de hoje, com menos vida e mais desértico – ainda que plantas do deserto façam fotossíntese em um intervalo muito curto de tempo”, disse o pesquisador, que é membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG). Segundo Nobre, a maior preocupação sobre os possíveis impactos do aquecimento global observado no período antropocênico atual, contudo, não está relacionada ao valor final da temperatura suportada pelas espécies (48 graus), mas à velocidade com que a mudança está ocorrendo, o que poderá dificultar a adaptação de diversas espécies. “Ter uma variação de cinco graus na temperatura em 200 anos, como acontece agora no Antropoceno, é algo muito raro e não ocorria há muito tempo. Muitas espécies não têm condições de se adaptar a uma mudança climática tão rápida”, afirmou Nobre. “Se a temperatura levasse um milhão de anos para subir cinco graus, a extinção de espécies seria pequena. Já se isso acontecer em um período entre 50 e 100 anos a extinção será muito grande. E, se ocorrer em um prazo de 30 anos, 40% das espécies seriam extintas – o que, talvez, não possa ser considerada uma extinção em massa, mas é uma perturbação de uma dimensão que só meteoritos e vulcanismos causaram no passado”, comparou. Relatório do IPCC Nobre, que é integrante do grupo 2 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), confirmou que parte do quinto relatório de avaliação do órgão – intitulado AR5 – deverá ser publicado ainda este ano. “O primeiro relatório, do grupo 1, deve sair ainda este ano, enquanto os relatórios dos grupos 2 e 3 serão divulgados em 2014”, disse Nobre à Agência FAPESP. “No final de setembro haverá uma reunião para aprovação do Summary for Policymakers”, contou o pesquisador, se referindo a um resumo do relatório, voltado para formuladores de políticas públicas. O grupo de trabalho 1 avalia os aspectos científicos do sistema climático e o fenômeno das alterações climáticas. Já o grupo de trabalho 2 examina a vulnerabilidade dos sistemas humanos e naturais impactados pelas alterações climáticas, as consequências dessas alterações e busca maneiras de adaptar-se a elas. O grupo de trabalho 3, por sua vez, avalia o potencial para mitigar alterações climáticas e limitar a emissão de gases do efeito estufa. Autor: Elton Alisson - Fonte: Agência FAPESP

Mudanças climáticas estariam empurrando espécies marinhas para os polos a uma velocidade de 72 km por década

“A linha de frente da distribuição das espécies marinhas está se movimentando em direção aos polos a uma média de 72 quilômetros por década – o que é consideravelmente mais rápido do que as espécies terrestres, que estão migrando para os polos a uma velocidade de seis quilômetros por década. E isso está acontecendo mesmo com as temperaturas da superfície dos oceanos se aquecendo três vezes mais lentamente do que em terra firme”, resume Elvira Poloczanska, coautora de um novo estudo publicado nesta semana no periódico Nature Climate Change. O trabalho, que levou três anos para ser concluído, é resultado dos esforços de mais de uma dezena de pesquisadores de 17 instituições, e foi financiado pela Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos. “Os efeitos das mudanças climáticas sobre as espécies marinhas ainda não foram um grande objeto de análise dos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) porque ninguém tinha reunido as diferentes observações existentes pelo mundo. Este estudo fornece uma base sólida para incluir os impactos marinhos nas medições de como as mudanças climáticas estão afetando nosso planeta”, explicou Carrie Kappel, coautora e pesquisadora do Centro Nacional para Análise e Síntese Ecológica da Universidade de Santa Barbara. Além da migração acelerada, o estudo afirma que estão sendo vistas mudanças na alimentação, reprodução e na fenologia – relação dos ciclos dos seres vivos com o meio ambiente – das espécies marinhas devido ao aquecimento dos oceanos. Para chegar a essas conclusões, os autores reuniram dados sobre 1735 mudanças na vida marinha documentadas na literatura científica. No total, até 83% dessas observações, sejam sobre distribuição, fenologia, composição comunitária, abundância ou demografia, estão dentro do que seria esperado em oceanos sob os impactos do aquecimento global. “O que revelamos é que as alterações vistas em terra são também encontradas nos oceanos. Para piorar, o que percebemos é uma resposta ainda mais dramática das espécies marinhas do que das terrestres às mudanças climáticas”, declarou Camille Parmesan, do Departamento de Biologia Integrativa da Universidade do Texas. Citação: Global imprint of climate change on marine life, doi:10.1038/nclimate1958 Autor: Fabiano Ávila - Fonte: Instituto CarbonoBrasil