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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Descobertas bactérias resistentes a todos os antibióticos

Sem antibióticos O mundo está no limiar de uma "era pós-antibiótico". O alerta soou com a descoberta de bactérias resistentes aos antibióticos da última linha de defesa humana contra infecções. Um estudo divulgado na revista científica Lancet identificou, em pacientes e animais na China, bactérias que resistem à colistina, um potente antibiótico. Os pesquisadores concluem que essa resistência bacteriana a todos os antibióticos disponíveis pode se espalhar pelo mundo, trazendo consigo a ameaça de infecções intratáveis. Especialistas afirmam que esse desdobramento precisa ser visto como um alerta mundial. Se as bactérias se tornarem completamente resistentes a tratamentos, infecções comuns voltariam a causar mortes, enquanto cirurgias e tratamentos de câncer, que apostam em antibióticos, ficariam sob ameaça. Resistência bacteriana A equipe de cientistas chineses identificou uma mutação genética, denominada gene MCR-1, que permite às bactérias se tornarem altamente resistentes à colistina (também conhecida como polimixina), antibiótico geralmente usado como último recurso no caso de ineficácia de medicamentos. Ela foi encontrada em um quinto dos animais testados, 15% de amostras de carne crua e em 16 pacientes. Também há evidências de que a resistência já chegou ao Laos e à Malásia. E a resistência se espalhou por um leque de cepas e espécies de bactérias, como E. coli, Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa. "Se o MRC-1 se tornar global, o que é uma questão de tempo, e se o gene se alinhar com outros genes resistentes a antibióticos, o que é inevitável, então teremos provavelmente chegado ao começo de uma era pós-antibiótico," disse Timothy Walsh, colaborador do estudo. "E se nesse ponto um paciente estiver gravemente doente, por exemplo, com E. coli, não haverá praticamente nada a se fazer." Colistina A resistência à colistina já havia sido detectada antes. Contudo, a diferença desta vez é que a mutação surgiu numa forma em que é facilmente compartilhada entre bactérias. "A taxa de transferência desse gene de resistência é incrivelmente alta, e isso não é bom", disse o microbiologista Mark Wilcox, do centro de hospitais universitários de Leeds, na Inglaterra. A preocupação é que o novo gene da resistência se associe a outros que assolam hospitais, produzindo bactérias resistentes a todos os tratamentos, o que é conhecido como pan-resistência. Com informações da BBC

Câncer: Oito desafios que a ciência precisa vencer

Em um levantamento inédito, alguns dos principais pesquisadores do mundo na área de oncologia fizeram um levantamento sobre as "grandes questões" que a pesquisa sobre o câncer ainda precisa enfrentar. No artigo, publicado na revista científica Trends in Cancer, os pesquisadores identificaram oito desafios que a ciência ainda precisa superar para conseguir que o câncer seja vencido. 1. Como transformar o conhecimento sobre mutações em melhores tratamentos? Há décadas os cientistas têm tentado descobrir as mutações genéticas específicas que podem fazer com que uma célula comece a se dividir descontroladamente. Hoje já é possível sequenciar os tumores para identificar a raiz genética da doença, mas ainda não foi possível tirar grandes proveitos desses dados genômicos. "Nas últimas três décadas, eu e David Dolberg mostramos que nem os mais potentes oncogenes são suficientes para formar um tumor, apenas em determinadas circunstâncias," disse Mina Bissell, dos Laboratórios Berkeley, cujas pesquisas já mostraram que o câncer não é causado apenas pela genética. 2. É possível reduzir os diferentes cânceres a um conjunto de traços comuns? "A noção de que o câncer era uma doença única, como se pode concluir da noção de um conjunto comum de características, foi, naturalmente, uma ilusão," escreve o professor Robert Weinberg, que estuda os mecanismos moleculares do câncer no MIT. "Embora os princípios gerais da formação do câncer possam se estender amplamente por muitos tipos de tumor, os comportamentos detalhados do câncer fazem com que cada tumor seja uma entidade única - uma invenção única da natureza," completou. . Por que devemos nos preocupar com o microambiente do tumor? As células cancerosas não existem isoladamente. Elas trabalham juntas e cooptam vasos sanguíneos e tecido extracelular normais. Um câncer bem desenvolvido é como um órgão indesejável, roubando recursos do resto do corpo. A ideia de que o ambiente circundante, onde um câncer cresce, é uma parte essencial do tumor e determina sua sobrevivência, tem forçado os pesquisadores a repensar a forma como os tumores se formam e crescem. "[Os oncogenes] precisam colaborar com o sistema imunológico e exigir muitos outros passos e eventos para fazer uma célula verdadeiramente maligna. A arquitetura dos tecidos é a chave para entender por que o câncer é uma doença específica de cada órgão," disse Mina Bissell. 4. A epigenética desempenha um papel no câncer? O que mais se ouve é que os cânceres são definidos pelas mutações genéticas que lhes causam - contudo, mutações genéticas não são a única maneira de alterar o DNA. O que se pensava saber sobre o câncer está sendo alterado pelo crescente campo da epigenética, que procura compreender as mudanças físicas feitas ao DNA que não alteram o código genético, mas mudam a mensagem codificada, por exemplo, acrescentando um composto químico a uma sequência de DNA de modo que estes genes não sejam expressos. "A epigenética do câncer foi transformada pela descoberta inesperada que muitos dos genes mais comumente mutados nos cânceres humanos são modificadores epigenéticos, portanto, ligando claramente processos genéticos e epigenéticos no câncer," disse o professor Peter Jones, do Instituto de Pesquisas Van Andel. 5. Será que a imunoterapia cumprirá o que promete? A imunoterapia do câncer - usar o sistema imunológico natural para combater as células cancerosas - foi um campo tranquilo até que os pesquisadores começaram a demonstrar que ela poderia tratar alguns pacientes que não se beneficiavam das terapias tradicionais. As células cancerosas são capazes de iludir o sistema imunológico, e estas estratégias imunes acordam as células T do sistema imunológico, fazendo os tratamentos funcionarem melhor com cânceres do sangue e melanomas. Infelizmente, a imunoterapia não serve para todos, o que faz com que o campo tenha desafios importantes pela frente, tais como a forma de selecionar os pacientes que têm maior probabilidade de se beneficiar da terapia e como determinar a sequência correta para aplicar as terapias em combinação com outros tratamentos. 6. A proteína p53 justificará toda a sua fama? O gene que codifica a proteína p53 é um dos genes mais frequentemente mutados no câncer. A atividade normal da p53 previne o câncer, mas existem vários tipos diferentes de mutações do gene p53 que provocam o crescimento do tumor e aumentam sua agressividade. Isso tem atormentado os pesquisadores porque a p53 representa um possível alvo terapêutico que poderia ter um grande impacto em muitos tipos de câncer. Infelizmente, a complexidade da proteína provou ser mais desafiadora do que os pesquisadores previam inicialmente. Essas complexidades dão aos pesquisadores muitas linhas de ação, e as drogas atuais já atuam na p53 nas células cancerosas. Essas drogas até funcionam, mas estão associados com efeitos secundários tóxicos e com o desenvolvimento de resistência aos medicamentos. 7. Pode-se tirar proveito das diferenças no metabolismo das células cancerosas? As células cancerosas usam a energia de maneira diferente das células normais porque os tumores requerem diferentes tipos de combustível para crescer continuamente. Esta propriedade do câncer tem recebido uma onda de interesse nos últimos anos, com os pesquisadores considerando como terapias poderiam interromper o consumo de energia da célula cancerosa. Um grande problema que essas abordagens metabólicas para o tratamento do câncer estão enfrentando é que as células normais também dependem das mesmas vias metabólicas. Isto significa que os tratamentos que exploram o metabolismo das células de câncer poderiam ter efeitos colaterais semelhantes aos da quimioterapia. 8. Camundongos ainda são relevantes para estudar os cânceres humanos? Os cientistas acreditam que não estamos muito distantes de uma época em que organoides artificiais, derivados de células doentes, poderão replicar mais fielmente os cânceres humanos em um recipiente de laboratório. Depois de décadas curando o câncer em camundongos - sem que isso nem sempre se traduza em cura do mesmo câncer em humanos -, esta nova era poderá redefinir a etapa pré-clínica, permitindo testar terapias potenciais diretamente em tecido humano. Mas os camundongos geneticamente modificados têm gerado muitas ideias inovadoras, e os recentes avanços na manipulação genética têm garantido que nenhum outro sistema experimental atual possa rivalizar com os ratos de laboratório. Assim, parece que não contaremos com melhores recursos em um horizonte curto de tempo. Com informações da Cell

Estima-se que dois terços da população mundial com até 50 anos tenham o vírus do herpes

Uma nova pesquisa da Universidade de Bristol, no Reino Unido, em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS), descobriu que mais de 3,7 bilhões de pessoas com idade inferior a 50 anos no mundo todo estão infectadas com o vírus herpes simples tipo 1 (HSV-1), que leva a feridas na boca e pode ainda causar herpes genital. Infecções genitais O vírus do herpes simples é classificado em dois tipos: o HSV-1 e o HSV-2. Ambos são altamente infecciosos e incuráveis. O tipo 1 é transmitido principalmente pelo contato oral-oral e comumente causa feridas ao redor da boca. O tipo 2 é quase totalmente sexualmente transmitido, através do contato pele-a-pele, causando herpes genital. A nova estimativa global, no entanto, mostra que o HSV-1 é também uma importante causa de herpes genital. Estima-se que cerca de 140 milhões de pessoas com idades entre 15 a 49 anos têm infecção genital a partir de HSV-1, principalmente nas Américas, Europa e Pacífico Ocidental. No início deste ano, a OMS publicou estimativas do HSV-2 que mostram que 417 milhões de pessoas entre 15 a 49 anos estão infectadas. Tomadas em conjunto, esses números sugerem que mais de meio bilhão de pessoas com menos de 50 anos de idade têm uma infecção genital devido a HSV-1 ou HSV-2. Urgência de uma vacina Dada a falta de um tratamento permanente ou cura tanto para o HSV-1 quanto para o HSV-2, a OMS e seus parceiros estão trabalhando para acelerar o desenvolvimento de vacinas e microbicidas tópicos, que terão um papel crucial na prevenção dessas infecções no futuro. “É provável que, em contextos de renda mais alta, menos crianças sejam infectadas com HSV-1. Ao mesmo tempo, o sexo oral é agora comum. Isso significa que mais pessoas são capazes de ser infectadas com HSV-1 genital depois de se tornar sexualmente ativas”, comentou a Dra. Katharine Looker, principal autora do estudo. Estimativas de infecção por região As estimativas para prevalência de HSV-1 por região em pessoas com menos de 50 anos em 2012 foram: Américas: 178 milhões de mulheres (49%), 142 milhões de homens (39%); África: 350 milhões de mulheres (87%), 355 milhões de homens (87%); Mediterrâneo Oriental: 188 milhões de mulheres (75%), 202 milhões de homens (75%); Europa: 207 milhões de mulheres (69%), 187 milhões de homens (61%); Sudeste Asiático: 432 milhões de mulheres (59%), 458 milhões de homens (58%); Pacífico Ocidental: 488 milhões de mulheres (74%), 521 milhões de homens (73%). As estimativas de novas infecções de HSV-1 por região em pessoas com menos de 50 anos em 2012 foram: Américas: 6 milhões de mulheres, 5 milhões de homens; África: 17 milhões de mulheres, 18 milhões de homens; Mediterrâneo Oriental: 6 milhões de mulheres, 7 milhões de homens; Europa: 5 milhões de mulheres, 5 milhões de homens; Sudeste Asiático: 13 milhões de mulheres, 14 milhões de homens; Pacífico Ocidental: 11 milhões de mulheres, 12 milhões de homens. [MedicalXpress]

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Aliadas do soro antiofídico

Por volta de 30 mil pessoas são picadas por serpentes no Brasil a cada ano, segundo dados do Ministério da Saúde. As principais vilãs dessa lista, responsáveis por quase 80% dos casos, são as jararacas, cobras do gênero Bothrops, presentes em todas as regiões brasileiras. A recomendação médica é expressa: quem é picado deve receber o soro antiofídico com urgência. “O soro tem ação sistêmica. Consegue minimizar os distúrbios de coagulação, a insuficiência renal e evitar a morte, mas, no caso das jararacas, não combate lesões locais sérias, como feridas e necroses, que podem levar à amputação de pernas e braços”, afirma o biólogo Carlos Fernandes, do Laboratório de Biologia Molecular Estrutural (LBME) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu. Buscando alternativas, ele demonstrou que plantas usadas por comunidades tradicionais e indígenas com fins medicinais são eficazes para tratar as lesões locais – os resultados mais recentes foram publicados em julho na revista PLoS One. “Esperamos que uma pomada, por exemplo, possa num futuro próximo complementar o efeito do soro.” Antes de demonstrar a ação dessas plantas, o grupo da Unesp precisou desvendar um enigma sobre o veneno da jararaca. Nos anos 1980, estudos internacionais indicaram que, no veneno da jararaca, as proteínas fosfolipases A2, comuns no veneno de muitas serpentes, apresentam modificações em sua estrutura que potencializam seus efeitos locais. Fernandes e colegas recorreram à cristalografia, principal técnica usada para compreender a estrutura tridimensional de proteínas, e identificaram dois aminoácidos que ocupam posições diferentes nas fosfolipases alteradas. Com o apoio da FAPESP, eles mostraram ainda que os dois tipos de fosfolipases agem de maneira distinta sobre as células musculares. Enquanto as tradicionais provocam o rompimento da célula, as modificadas inicialmente causam danos menores: elas perfuram a membrana celular e geram um desequilíbrio no fluxo de íons que leva a uma morte celular aparentemente mais lenta. Em conjunto, porém, as duas formas aceleram a formação e ampliam a extensão das feridas. “Inicialmente buscamos compreender a organização espacial dos aminoácidos e, em seguida, descrever os mecanismos de danos às membranas das células”, conta o pesquisador, que publicou as conclusões em 2013 e 2014 no periódico Biochimica et Biophysica Acta. “Eram informações necessárias para buscar um composto capaz de completar a soroterapia”, diz. (Fonte: Revista Pesquisa FAPESP)

Pesquisa: 35% do plástico consumido são descartados após 20 minutos de uso

Comentário Akatu: a poluição dos oceanos por plásticos é nociva para a vida marinha e, consequentemente, às pessoas. Ao mesmo tempo em que aparece como provável vítima no final da cadeia alimentar, o homem está também no início da fila, já que a exploração do petróleo para a fabricação do plástico é atividade humana. A solução do problema passa pelo consumo consciente, que considera importante planejar as compras, para consumir apenas o necessário, reduzindo a geração de lixo, e mantendo, ainda, a preocupação com o destino final dos resíduos. Por ano, 250 milhões de toneladas de plástico produzidas e cerca de 35% desse montante são usados apenas uma vez, por apenas 20 minutos. Após o uso, em torno 10% do material descartado tem como destino o mar, revelou um estudo da Race for Water, fundação suíça dedicada à preservação da água. Marco Simeoni, chefe da expedição Race For Water Odyssey, passou oito meses fazendo um levantamento global de lixo nos oceanos. Segundo ele, 80% do plástico encontrado no mar têm origem em atividades em terra . “O problema dos plásticos nos oceanos é que o material se quebra em micro partículas que são ingeridas por peixes e pássaros”, explica Simeoni. “Os animais confundem isso com comida. No Havaí, por exemplo, 87% dos pássaros mapeados no local tinham plástico no estômago. O pior de tudo é que tudo é essas partículas são tão pequenas que é inviável fazer uma limpeza disso no mar.” O lixo plástico se concentra em cinco regiões específicas nos oceanos: Atlântico Norte, Atlântico Sul, Pacífico Norte, Pacífico Sul e Índico. Porém, a expedição localizou o lixo plástico em regiões remotas, fora das áreas de sujeira dos oceanos. Segundo as previsões da equipe de cientistas da Race for Water, se nada for feito na próxima década, haverá um quilo de plástico para cada três quilos de peixes nos oceanos. Entre redes de pesca e cordas, o plástico representou 84% do material colhido nos Açores, 70% em Bermuda e 91% na Ilha de Páscoa. Outros materiais, como espuma, cápsulas, filmes e filtros de cigarro, também foram encontrados nesses locais. As análises estão sendo realizadas pelo Laboratório de Meio Ambiente da Escola Politécnica Federal de Lausanne (CEL/EPFL). O objetivo da Race for Water Odyssey foi elaborar uma avaliação mundial das áreas com poluição por plástico. A expedição passa por 12 praias e ilhas que ficam dentro dos cinco vórtices de lixo principais. As ilhas, que agem como uma espécie de barreira natural contra o movimento do vórtice, acumulam o lixo em seus litorais. Assim, suas praias se tornam uma amostra conveniente e representativa dos tipos e da quantidade de lixo encontrado em águas próximas. Quando o lixo plástico é jogado no mar, ele flutua e viaja com as correntes marítimas. Esse material, que se decompõe lentamente na água, pode passar anos viajando em alto mar até se aglomerar nesses vórtices de lixo. Esses enormes redemoinhos são produzidos pela circulação oceânica, cujo movimento lento e rotatório cria áreas relativamente calmas, onde os detritos se acumulam. Estima-se que a soma das áreas desses lixões de plástico nos oceanos - ou sopas de lixo - seja de mais de 15 milhões de quilômetros quadrados. O mais próximo do Brasil, no Atlântico Sul, fica a uma distância de 3,3 mil quilômetros do Sul do país. Acredita-se que o lixo ocupe uma área de 1,3 milhão de quilômetros quadrados. O maior sopão de lixo marinho é o do Pacífico Norte, com mais de 3 milhões de quilômetros quadrados. Estima-se que 20% dos lixos flutuantes são resultado da atividade humana no mar (tráfego marítimo, pesca, aquicultura, plataformas de petróleo) e 80%, em terra (atividades domésticas, agrícolas e industriais). São inúmeros os impactos negativos desse tipo de poluição nos ecossistemas marinhos e na população humana: ingestão de plástico, enroscamento de animais, colonização de espécies invasoras trazidas pelo lixo, aumento de vetores de substâncias tóxicas contaminantes da cadeia alimentar (que em algum momento são consumidas por seres humanos). As cinco áreas de lixo pelas quais a expedição Race for Water passou totaliza 15,9 milhões de quilômetros quadrados, equivalente a quase duas vezes o território do Brasil. A mancha mais próxima ao território brasileiro, no Atlântico Sul, tem 1,3 milhão de quilômetros quadrados, área equivalente a quase 30 vezes o Estado do Rio de Janeiro. Dados sobre as sopas de lixo: 5 vórtices de lixo plástico 1 milhão de aves mortas por ano Mais de 3 bilhões de pessoas dependem do oceano para sua subsistência 80% da poluição no oceano é composta por plástico 250 milhões de toneladas de plástico são produzidas por ano, e 10% acabam no mar. Instituto Akatu e site www.akatu.org.br.

Só reciclamos 10% das embalagens que usamos

Apenas 43% das embalagens de vidro, 21% do papel e cartão e 10% das embalagens de plástico, metal e pacotes de bebida estão a ser recicladas. Os dados foram hoje divulgados pela Valorsul, responsável pelo tratamento e valorização de resíduos urbanos de 19 municípios da zona de Lisboa e região Oeste. Isto quer dizer que estamos aquém das metas da União Europeia. Em 2014, foram enviados para reciclar, na área da Valorsul, 40 quilos de resíduos por habitante – menos 9 quilos em relação ao estipulado para 2020. Para perceber como pode aproximar-se destes objectivos, a empresa realizou um estudo de mercado sobre os hábitos de separação de embalagens, em conjunto com o Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa e com o apoio da Sociedade Ponto Verde. O trabalho abrangeu 2.400 inquiridos dos concelhos onde a Valorsul opera. Conclusões: se o ecoponto estiver mais perto de casa, é mais fácil convencer quem ainda não recicla a começar a fazê-lo. As recolhas porta-a-porta também parecem ser eficazes. O estudo sugere que estas medidas seriam "incentivos bem maiores do que punições ou prémios". "Quem afirma separar 'quase nenhum' papel ou cartão e plástico ou metal está duas vezes mais longe do ecoponto do que quem diz que separa 'quase todo' esse material", refere o estudo. A Valorsul percebeu ainda que a percentagem de separação de latas de conserva e outras embalagens metálicas é muito baixa quando comparada com outros materiais porque muitas famílias ainda não sabem que as latas são totalmente recicláveis e que devem ser colocadas no contentor amarelo. Como em outras áreas, o que os inquiridos dizem fazer nem sempre se comprova. Se a grande maioria dos inquiridos afirma já ter hábitos de separação das embalagens, "a verdade é que os dados de receção, nos dois centros de triagem da Valorsul, evidenciam outra realidade, porque as pessoas não separam tudo, não separam sempre nem separam em todo o lado", salienta a entidade. A Valorsul valoriza mais de um quinto de todo o lixo doméstico produzido em Portugal e serve 1,6 milhões de habitantes.http://www.sabado.pt/

ONU prevê que mundo terá 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico em 2017

Até 90% do lixo eletrônico do mundo, com valor estimado em 19 bilhões de dólares, é comercializado ilegalmente ou jogado no lixo a cada ano, de acordo com um relatório divulgado na última terça-feira (12) pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA). A indústria eletrônica, uma das maiores e que mais crescem no mundo, gera a cada ano até 41 milhões de toneladas de lixo eletrônico de bens como computadores e celulares smartphones. Segundo previsões, este número pode chegar a 50 milhões de toneladas já em 2017. Entre 60 e 90% destes resíduos são comercializados ilegalmente ou jogados no lixo, de acordo com o PNUMA. A Organização Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL) estima que o preço de uma tonelada de lixo eletrônico gira em torno de 500 dólares. Seguindo esse cálculo, estima-se que o valor do lixo eletrônico não registrado e informalmente manuseado, incluindo os que são comercializados ilegalmente e despejados, encontra-se entre 12,5 a 18,8 bilhões de dólares por ano. O mercado global de resíduos, desde a coleta até a reciclagem, é estimado em 410 bilhões de dólares por ano, gerando emprego e renda. O relatório aborda questões relacionadas ao tratamento e descarte apropriado dos resídios em geral, inclusive seus possíveis danos para a saúde e custos relacionados. Entre os casos citados, inclui as novas orientações sobre pneus usados e reformados no comércio brasileiro, que proibiu a importação de todos os pneus usados e reformados em 2000. Esta restrição provocou uma ampla discussão entre os países vizinhos e o Brasil foi acusado de violar o acordo de comércio regional. Argumentos ambientais e de saúde pública foram a principal defesa das medidas. Como resultado, o Brasil e o Secretariado de Basiléia estão trabalhando em diretrizes para o manejo ambientalmente saudável dos pneus usados, o que ajudará os países tropicais, em particular, na regulação do comércio de pneus usados. http://nacoesunidas.org/

Brasil supera recorde em reciclagem de alumínio com alta do preço da energia

O Brasil, o maior coletor de latas de alumínio do mundo, superou em 2014 seu próprio recorde em reciclagem desse tipo de material, com 98,4% de reutilização, em parte pela alta do preço da energia, informaram nesta segunda-feira fontes do setor. Segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), os números que são positivos para o meio ambiente refletem também a situação frágil da economia do país que, desde o ano passado, sofre com um doloroso processo de arrefecimento, recessão do PIB (Produto Interno Bruto) e inflação que dobra a meta estabelecida. Com esse cenário, os custos do uso de energia na indústria se elevaram e a produção primária do alumínio encareceu, por isso que a reutilização do material, a partir da reciclagem, ganhou mais força, com 98,4%, 1,3% a mais que em 2013, quando tinha estabelecido um recorde. Entre março de 2014 e o mesmo mês de 2015, o preço da energia no Brasil teve um aumento de 60% segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), depois de anos de um controle por parte do governo. “O alumínio migra para onde a energia é mais barata e infelizmente vivemos uma desindustrialização do alumínio primário”, afirmou à Agência Efe o coordenador do Comitê de Mercado de Reciclagem da Abal, Mario Fernández. De acordo com Fernández, “as indústrias que insistem em fazer a produção do alumínio primário são aquelas que produzem com sua própria energia, pois sem isto não poderiam fazê-lo”. A produção do alumínio secundário, a partir da reciclagem, tem um consumo de energia 95 % menor comparado ao processo primário, cuja produção mundial migrou para países como a Rússia e China, apontou Fernández. “Infelizmente, o alumínio secundário é limitado. Hoje estamos em 500 mil toneladas por ano e não há como colher mais que isto sem importar ferro-velho, uma coisa que já fazemos”, explicou. De acordo com Abal, o Brasil consome anualmente 1,4 milhão de toneladas de alumínio, das quais 33% são destinados a embalagens como latas de bebidas e outros produtos. Para os próximos anos, acrescentou Fernández, o país pode viver um novo “boom” no consumo do mineral por sua aplicação na indústria de veículos como alternativa para reduzir o peso dos carros e permitir mais economia no consumo de combustível. “O primeiro ‘boom’ do alumínio no Brasil foi com as embalagens e o segundo ‘boom’ será nos veículos automotores que pela legislação têm que reduzir as emissões de carbono e isso só poderá ser feito pela substituição do combustível ou pela redução do peso com o uso do alumínio”, explicou. O Brasil tem uma média de 30 quilos de alumínio por carro frente a 150 quilos aplicados pela indústria automobilística dos Estados Unidos. “A possibilidade de expansão que há no Brasil é gigante”, disse Fernández, que alertou que com os níveis de reciclagem tão altos é necessário mais consumo de latas para aumentar a oferta de reutilização. Entre 2013 e 2014, de acordo com a patronal, as vendas de latas de alumínio no Brasil tiveram um aumento de 11,1% frente a um aumento de 12,5% da reciclagem no mesmo período, que deixa o país sul-americano à frente do Japão, Estados Unidos e Europa. A cultura da reciclagem no Brasil obedece ao fato de comunidades pobres, organizadas em cooperativas ou informalmente, têm na coleta de latas a única fonte de ingressos para suas famílias. Ángela Gonzaga, presidente da cooperativa de reciclagem do distrito de Moreira Cessar, em Pindamonhangaba -interior do estado de São Paulo-, contou à Efe que a população não tem consciência para a separação dos materiais, que chegam sujos ou misturados com outros, como papéis. “Acho que se tivéssemos um pouco mais de apoio para conscientizar a população, seria muito melhor nosso trabalho, renderia muito mais”, opinou Gonzaga, que além disso disse que uma quinta parte dos membros de sua cooperativa tem unicamente a função de separar os materiais, perdendo tempo e eficiência no processo. Com uma separação adequada, por parte da população, a reciclagem aumentaria o dobro, considerou a cooperativista. (Fonte: Terra)

Resistência a antibióticos atinge níveis elevados, alerta OMS

O aumento da resistência aos antibióticos representa “um imenso perigo para a saúde mundial”, a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, na apresentação da primeira pesquisa sobre o tema, nesta segunda-feira (16). A OMS inicia a Semana Mundial para o Bom Uso dos Antibióticos. A resistência, acrescentou Margaret Chan, “atinge níveis perigosamente elevados em todas as partes do mundo”. A pesquisa, publicada na segunda-feira em Genebra, revela que todas as pessoas podem um dia ser afetadas por uma infecção resistente a esses medicamentos. O problema ocorre quando as bactérias evoluem e se tornam resistentes aos remédios usados para combater as infecções. Entre as causas estão o consumo excessivo de antibióticos e a sua má utilização. Perto de metade (44%) das pessoas que participaram do levantamento, realizado pela organização em 12 países, acha que a resistência é um problema das pessoas que abusam desses remédios. Dois terços dos entrevistados consideram que não existe qualquer risco de resistência aos antibióticos nas pessoas que utilizam corretamente o tratamento prescrito. “Na verdade, qualquer pessoa pode, a qualquer momento e em qualquer país, sofrer uma infecção resistente aos antibióticos”, lembrou a organização. (Fonte: Agência Brasil)

Verão terá chuvas intensas e raios no sul e sudeste do país, aponta Inpe

O verão de 2016 terá mais tempestades e raios no sul e sudeste do Brasil. A previsão é que nas duas regiões, os temporais aumentem em 20%. É o que aponta uma pesquisa divulgada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) nesta segunda-feira (16). O motivo é o El niño, aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico. Quando a temperatura dos oceanos fica maior, muita água evapora. As nuvens que se formam, se deslocam e provocam chuva. A pesquisa levou em consideração os dados registrados a partir de 1950. O El Niño atual deve durar até o fim do verão de 2016 e ser o terceiro mais forte dos últimos 65 anos – atrás apenas de 1983 e 1998. Na maioria dos anos, o El Niño foi responsável por tempestades intensas e concentradas somente no sul do país. Mas no caso de um El Niño muito forte, como o de agora, essas chuvas sobem e também atingem o sudeste e parte do centro-oeste, principalmente o Mato Grosso do Sul. “O El Niño de grande densidade modifica a circulação da atmosfera como um tudo. Isso muda o padrão de movimentação no ar e muda o padrão de tempestades”, disse Osmar Pinto, coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Inpe. As tempestades com raios já aumentaram na região sudeste. Nos últimos três meses foram registradas 480 mil descargas elétricas. Aumento de 54% em relação ao mesmo período do 2014. (Fonte: G1)

domingo, 15 de novembro de 2015

Restaurar natureza tomada por lama é impossível; rio Doce pode desaparecer

Os danos ambientais causados pela passagem da enxurrada de lama, provocada pelo rompimento de barragens da Samarco em Mariana (MG), foram drásticos, devem se estender por ao menos duas décadas, e, mesmo assim, a restauração total é tida como impossível, segundo ambientalistas ouvidos pelo UOL. A lama “cimentou” o bioma e pode até ter causado a extinção de animais e plantas que só existiam ali – a natureza local morreu soterrada. Além disso, a bacia do rio Doce ficou vulnerável e terá de criar um novo curso. A flora e a fauna dos rios Gualaxo do Norte e Doce nunca mais serão as mesmas.”A perda de habitat é enorme, e o dano provocado no ecossistema é irreversível”, explica o ambientalista Marcus Vinicius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, que monitora a atividade econômica e seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas dos principais rios mineiros pela Universidade Federal de Minas Gerais. “Qualquer ação a ser tomada agora é para mitigar os efeitos do impacto da lama.” Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), estima-se que foram lançados 50 milhões de m³ de rejeito de mineração (o suficiente para encher 20 mil piscinas olímpicas). A lama atingiu diretamente o Gualaxo do Norte, afluente do rio Doce. A enxurrada avança pela calha do Doce, que corta cidades de Minas Gerais e Espírito Santo até desaguar no oceano Atlântico. O grande montante de lama com rejeitos de minério de ferro e manganês está bloqueando o curso natural dos rios. Com isso, a água corrente começa a buscar alternativas para fluir, e a escolha pode não levar a um final feliz. O novo caminho pode levar os rios à extinção. “Existe a possibilidade de o rio perder força e se dividir em lagoas”, diz Missagia. As lagoas também podem morrer. “Além dos minérios de ferro, a lama trouxe consigo esgoto, pesticidas e até agrotóxicos das terras por onde passou. Essas substâncias aceleram a produção de algas e bactérias, que rapidamente cobrirão as lagoas, formando um tapete verde que impede a fotossíntese dentro d’água. Se não há fotossíntese, não há oxigênio. Sem oxigênio os animais, vegetais e bactérias não têm chance de sobreviver”, explica. Lama só sairá com retroescavadeira – Logo quando as barragens romperam um plano devia estar sendo desenhado, defende a coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro. “A lama é densa, não será diluída, só sairá de onde está com retroescavadeiras. Como os rios ficarão enquanto isso?” Os ambientalistas concordam que o acidente também pode ter sido responsável pela extinção de parte da fauna e flora local. “Espécies endêmicas podem ter sido soterradas”, afirma Missagia. Além disso, por conter ferro, a lama por si só já derruba os níveis de oxigênio e altera o PH da água. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) multou a mineradora Samarco em pelo menos R$ 250 milhões pelo rompimento de duas barragens. A multa abrange as seguintes infrações: poluir rios, tornar áreas urbanas impróprias para a ocupação humana, causar interrupção do abastecimento público de água, lançar resíduos em desacordo com as exigências legais, provocar a morte de animais e a perda da biodiversidade ao longo do rio Doce, colocando em risco a saúde humana. “Morreram todos os peixes” – Barro que impede a navegação, milhares de peixes mortos, mau cheiro invadindo a cidade. É esse o cenário narrado por um pescador esportivo do rio Doce em Governador Valadares (MG). “O que tinha de vida foi embora”, diz José Francisco Silva de Abreu, empresário e presidente da Associação de Pescadores e Amigos do Rio Doce. Segundo o pescador esportivo, é possível ver nas margens do rio sinais da luta pela vida. “Na agonia de achar oxigênio, os peixes subiram barrancos, rãs fugiram da água. Tinha um monte de cascudo [espécie de peixe] com a cabecinha na pedra, procurando oxigênio, um do lado do outro. Parecia um estacionamento de carros visto de longe”, conta. (Fonte: UOL)

Amazonas registra recorde de queimadas em outubro, aponta Inpe

O Amazonas registrou novo recorde de incêndios neste ano. O número de casos de queimadas em floresta e vegetação em outubro chegou a 2.494 focos. O índice é o maior já registrado no período pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que registra os dados via satélite há 17 anos. O mês de setembro de 2015 já havia registrado recordo nos casos, com 5.882 queimadas. A quantidade é 90,3% maior que a máxima já registrada em 2009, com 3.091 focos. O acumulado de registros de queimadas no Amazonas atingiu 13.592. Segundo o sistema de monitoramento de queimadas e incêndios por satélite, o mês de outubro de 2015 concentrou o maior número de queimadas no comparativo com o mesmo período dos anos anteriores. Houve um aumento de 162% em relação a outubro de 2014, quando 952 focos foram detectados. O volume de incêndios no mês de outubro também superou a marca história anterior de 2.189, registrada no ano de 2009, até então o maior índice. O novo recorde é 13,9% maior do que o antigo. Tendência crescente – Desde julho deste ano, o Amazonas registra número elevado de queimadas em diversas cidades. Entretanto, no último trimestre a situação ficou mais crítica. Atualmente, o Inpe contabiliza focos de calor em diversas cidades. Autazes e Nhamundá lideram a lista com 23 casos. Em Maués, segundo o Instituto, há 17 casos. Ao todo, são 202 incêndios entre 1º e 11 deste mês. Em Parintins, bombeiros foram acionados para conter um incêndio que atingiu o aterro sanitário da cidade na manhã do domingo (8). As chamas foram controladas na manhã desta segunda-feira (9), após cerca de 24 horas. Segundo a Secretaria de Limpeza Pública do município, há indícios de que o fogo começou de modo criminoso. De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Serviços de Limpeza Pública, Suammy Patrocínio, este é o terceiro incêndio que atinge o aterro em pouco mais de um mês. De acordo com dados do Inpe, em agosto deste ano foram 4.548 focos. No mesmo período do ano passado foram 3.852, aumento de 18,1% foi registrado. O índice também é a maior marca dos últimos 17 anos de monitoramento. (Fonte: G1)

Como alimentar uma população crescente em tempos de mudança climática?

Agir no nível local e consumir de maneira consciente estão entre as principais formas de reduzir o impacto climático da indústria alimentar, responsável por cerca de 50% das emissões globais de gases de efeito estufa Luna Gámez, do ISA Atualmente, 800 milhões de pessoas no mundo sofrem com a fome, o que representa 11% da população vivendo em situação de insegurança alimentar, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Conforme indica o Relatório Mundial de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, esse número pode aumentar para 1,4 bilhão de pessoas como consequência dos efeitos da mudança climática. “Até 2050, teremos que produzir comida para mais 2 bilhões de pessoas, o que supõe mais pressão sobre a terra e sobre a água. Precisamos de sistemas alimentares que produzam mais com menos e que sejam resilientes às mudanças climáticas”, disse o brasileiro José Graziano da Silva, diretor geral da FAO. O setor agropecuário emite 12% do total de emissões de gases de efeito estufa, mas, se contabilizarmos as emissões indiretas de todos os processos relacionados com a indústria alimentar, essa porcentagem atinge entre 44% e 57% do total das emissões globais, segundo a ONG Grain (saiba mais). No Brasil, essa porcentagem é ainda maior: 60% (leia mais). Entre os processos indiretos responsáveis pelas emissões figuram: o desmatamento e a queima da matéria orgânica – que em 90% das ocasiões são produzidos como resultado da expansão da fronteira agrícola; o transporte dos alimentos e das matérias primas; a embalagem e a refrigeração dos produtos; e o desperdício de alimentos, cuja decomposição emite 4% do total de emissões (leia mais sobre emissões do setor agropecuário e mudança climática). “Desperdício e fome são os dois lados de uma mesma moeda”, afirmou Carlo Petrini, sociólogo e gastrônomo italiano fundador do movimento Slow Food, no evento “Nós alimentamos o planeta”, realizado em Milão, em outubro, pela organização SlowFood. Petrini também lembrou que nosso sistema de produção de alimentos é capaz de alimentar 12 bilhões de pessoas, embora população do planeta seja hoje de 7,3 bilhões – e mais de 10% sofre com fome e malnutrição. “Este sistema esquizofrênico desperdiça 40% da comida produzida”, informou Petrini. Embora exista uma grande preocupação global com o problema da fome, o Banco Mundial adverte que só 1% dos recursos financeiros solicitados à comunidade internacional para ajudar aos países mais afetados pelo problema são disponibilizados atualmente (leia mais). Muitos países perdem entre 2% e 3% do seu PIB devido a problemas alimentares. Para alguns a resposta contra a fome no mundo tem sido a produção intensiva de alimentos. Porém, o projeto de consultoria da Trucost para a FAO demonstra que os custos ambientais da produção industrial de alimentos atingem US$ 3,33 trilhões por ano (quase o PIB da Alemanha). Como reduzir as emissões no setor alimentar? “Na minha região, muita gente perdeu as safras por conta das chuvas e muita gente sofre com a desnutrição.Temos de mudar a forma de produzir e consumir, mas com a mudança climática fica complicado”, disse o jovem produtor senegalês Hady Diop, no encontro, em Milão. A relação entre o clima e a produção de alimentos depende diretamente do manejo dos solos (veja aqui vídeo da Via Campesina e Grain). Quase a metade do CO2 da atmosfera provém da destruição de matéria orgânica dos solos. Por meio do manejo sustentável e da recuperação dos solos poderíamos conseguir estocar o carbono e aumentar a produção de alimentos em 58%, segundo a FAO. Metas específicas para controlar as emissões do setor agropecuário mal são consideradas no texto que deverá ser negociado na Conferência do Clima de Paris, que acontece em dezembro. Tampouco existem propostas alternativas ao sistema atual de produção de alimentos. Agir do local ao global Movimentos sociais e organizações como a Via Campesina, Grain ou Slow Food defendem que é preciso agir desde o nível local até o global para enfrentar esse desafio. Em outubro, o evento “Nós alimentamos o planeta” reuniu 2,5 mil jovens produtores do mundo inteiro, entre os quais também figuravam cozinheiros, acadêmicos e integrantes de movimentos sociais pela alimentação de mais de 120 países. “[O objetivo foi] juntar todos aqueles que produzem nosso alimento para discutir de que forma teria que ser nutrido o planeta”, disse Valentina Bianco, responsável pela região da América Latina na Slow Food Internacional, em entrevista ao ISA. “Precisamos tentar produzir e consumir localmente para reduzir o transporte, o desperdício de comida e as emissões resultantes desses processos”, disse Bianco. De acordo com ela, existem três caminhos para alimentar o planeta e limitar o impacto da alimentação no meio ambiente: “produzir e ser agricultor, ter uma pequena horta (que pode ser urbana) e ser um consumidor consciente, o que chamamos de coprodutor”. “O pessoal no campo está envelhecido, precisamos incentivar os jovens a ficarem na terra. Eu sou jovem e vivo as dificuldades de ser agricultor. Nós defendemos o campo com gente feliz que possa produzir alimentos de qualidade com um preço justo, a gente só fica no meio rural se tiver uma garantia econômica mensal”, disse Alexandre Leal dos Santos, jovem produtor do Paraná que participou encontro em Milão. Reunião da Comitiva Brasileira no encontro de Milão. Mais de 50 pessoas participaram do grupo Reunião da Comitiva Brasileira no encontro de Milão. Mais de 50 pessoas participaram do grupo “Num país periférico como o Brasil, cuja vocação sempre foi exportar coisas, hoje falamos de agricultura familiar, e isso é uma evolução, mesmo que ainda não seja uma agricultura ecológica, pois utiliza muito fertilizante. Mas é preciso entender que o Brasil é um lugar bastante complexo”, expôs Ranieri Portilho Rodrigues, representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário do Brasil. “Na Slow Food acreditamos que a agricultura familiar possa ser uma resposta aos problemas de alimentação que temos atualmente, mas precisamos que o setor político e institucional acredite e apoie realmente esse sistema”, afirmou Valentina Bianco. Ela acrescentou que esse movimento não só se preocupa com garantir a segurança alimentar, como também defende a luta pela soberania alimentar, pela qual “cada pessoa tenha direito a se alimentar com produtos próprios da sua tradição e do seu território e conservar o patrimônio agrícola de sua cultura”. Evento sobre alimentação indígena no encontro de Milão Evento sobre alimentação indígena no encontro de Milão “Se nós quisermos salvar o planeta, nós teremos que começar por nossa alimentação. Mas nós estamos deixando as nossas comidas tradicionais por alimentos industrializados”, afirmou, em entrevista ao ISA, Sergio Wara, indígena Sateré Mawé e liderança do projeto Guayapí, rede de comércio justo internacional de guaraná. Wara também anunciou que sua comunidade apresentará, em julho de 2016, o primeiro grupo de Slow Food indígena, que será chamado de “Miuakua”. Entre os representantes brasileiros também estavam Marcelo Martins do Programa Xingu, do ISA, e o indígena Miaraip Kaiabi, que apresentaram para mais de 2 mil pessoas o óleo de pequi e a pimenta do Xingu, entre outros produtos da Associação da Terra Indígena do Xingu (ATIX). Eles defenderam a necessidade de fortalecer a agrobiodiversidade. “Protegendo nossa alimentação também protegemos nossa cultura”, disse Miaraip. (ISA/ #Envolverde) * Publicado originalmente no site Instituto Socioambiental.

Diabetes: saiba mais sobre esse distúrbio

O que é diabetes O diabetes é um distúrbio causado pela falta de uma substância denominada insulina. Ele também pode resultar da incapacidade da insulina exercer seus efeitos, fazendo com que o organismo não consiga obter a energia dos alimentos de forma adequada e aumentando os níveis de glicose (açúcar) no sangue. O controle da glicose é realizado através de um exame denominado glicemia de jejum. Nesse, é medida a quantidade de açúcar do sangue. Como muitas pessoas com diabetes apresentam a doença sem perceber os sintomas, é recomendado que adultos maiores de 40 anos realizem testes para diagnosticar o distúrbio a cada três anos. Mulheres grávidas com mais de 25 anos, obesas ou com história familiar de diabetes também devem pesquisar o diabetes, pois pode ser prejudicial ao bebê. Tipos de diabetes Existem diferentes tipos de diabetes. O diabetes tipo 1 (DM1), ocorre quando a pessoa tem pouca ou nenhuma insulina. Ele surge quando as células do pâncreas, que produzem a insulina, são destruídas. Essa destruição pode ser causada por fatores genéticos, ambientais (como caxumba, coqueluche ou rubéola congênita), ou por fatores da própria pessoa. Esse tipo de diabetes geralmente aparece de forma súbita em crianças ou em adultos jovens não obesos. O diabetes tipo 2 (DM2) é a forma mais comum de diabetes, afetando cerca de 90% dos pacientes diabéticos. Ele é resultado de uma predisposição genética que pode se manifestar ou não de acordo com os fatores ambientais. Os indivíduos com DM2 possuem menor capacidade de liberar insulina do que os indivíduos normais. Ao contrário dos pacientes com diabetes tipo 1, esses pacientes não são dependentes de injeções de insulina, mas usam um tipo de medicação oral para controlar o excesso de açúcar no sangue. Geralmente, o DM2 aparece após os 40 anos de idade e está associado à obesidade, mas estão mais comuns casos de pessoas mais jovens. A principal diferença entre o diabetes tipo 1 e tipo 2, é que no primeiro, as células do pâncreas não produzem a insulina suficiente e com o tempo, as pessoas desenvolvem uma resistência às ações dessa substância. Já no diabetes tipo 2, existe alguma produção de insulina, mas as ações dessa substância não são tão eficientes. Outros tipos de diabetes podem ocorrer devido a queimaduras, como consequência de outras doenças ou pelo uso de algumas drogas que induzem ao diabetes. Pode ainda ocorrer o diabetes gestacional. Nesse tipo de diabetes, que ocorre pela primeira vez na gestação, há a diminuição da tolerância à glicose, que, pode ou não persistir após o parto. Complicações O diabetes causa vários problemas a longo prazo, entre eles, complicações oculares, nos rins, nos nervos e nos vasos sanguíneos, sendo a principal causa de gangrena, infarto e derrame. As pessoas com diabetes podem apresentar uma alteração na retina denominada retinopatia diabética. Com o tempo esse distúrbio pode se transformar em cegueira. Contudo, as doenças oculares podem ser prevenidas em 90% dos casos através do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. Os diabéticos devem ser submetidos a exames oculares pelo menos uma vez ao ano. Outra complicação do diabetes é a neuropatia periférica. Ela é uma alteração nos nervos que pode causar uma perda da sensação, imobilização, reflexos mais lentos, dor ou sensação de formigamento nos pés e nas mãos. A diminuição da sensibilidade pode fazer com que a pessoa machuque sem sentir dor e o ferimento pode infeccionar por falta de cuidados, desenvolvendo um quadro grave que pode levar a amputação. Por isso, é essencial que a pessoa com diabetes esteja sempre atenta a feridas na pele, principalmente nos pés. A nefropatia diabética, doença que afeta os rins, também é preocupante e pode ser prevenida em 50% dos casos através do controle adequado da pressão sanguínea e dos níveis de glicose do sangue. Essa doença é denominada. Os rins funcionam como "filtros", que eliminam substâncias desnecessárias e/ou tóxicas para o nosso organismo. Quando ocorre a nefropatia diabética, os rins vão perdendo a capacidade de eliminar, de forma adequada, essas substâncias. Assim, ocorre eliminação exagerada de proteínas. Se a nefropatia diabética não for diagnosticada e tratada de forma adequada, pode evoluir para insuficiência renal, precisando de diálise para o controle. Sem dúvida, a principal complicação do diabetes é a doença cardiovascular. Por isso, as pessoas com diabetes devem tomar alguns cuidados. Uma preocupação importante é manter sempre baixos os níveis de colesterol. Deve-se também controlar a pressão arterial, a obesidade, o nível de glicose no sangue e o fumo. Além disso, é fundamental a realização de exercícios físicos. Tratamento O tratamento do diabetes depende do estágio da doença. Em casos mais simples, mudanças no estilo de vida, especialmente na alimentação, são suficientes. Contudo, em casos mais graves da doença, é necessário a utilização de medicamentos para controle da glicose e, em alguns casos, a aplicação de injeções diárias de insulina. É recomendado aos pacientes diabéticos o controle o peso, a cessação do tabagismo, o baixo consumo de álcool, açúcar e carboidratos, além da prática constante de exercícios físicos. Atividade física em pacientes diabéticos A realização de atividade física é muito importante para pacientes com diabetes. Já foi demonstrado em muitos estudos que a realização de exercícios reduz os níveis de glicose e melhora a ação da insulina. Essas ações reduzem a necessidade de medicamentos orais e a dose de insulina a ser aplicada. Além disso, o exercício queima calorias, o que ajuda no controle de peso e melhora o humor, ajudando a enfrentar os problemas da doença. Os exercícios físicos são uma ótima maneira de prevenir as doenças cardiovasculares, eles ajudam a diminuir a hipertensão e o colesterol. Sabe-se que os exercícios físicos são muito benéficos em pacientes com diabetes do tipo 2, mas existem poucas informações sobre o beneficio do exercício físico em pacientes com diabetes do tipo 1. Mas os estudos já realizados sugerem que as pessoas com diabetes tipo 1, que se exercitam regularmente, tendem a ter menos complicações vasculares, neuropatias ou nefropatias. É aconselhável que os pacientes com diabetes realizem uma avaliação médica completa antes de iniciar a realização de uma atividade física. Os indivíduos que desenvolveram a neuropatia devem ter alguns cuidados ao realizar exercício. Eles podem experimentar problemas durante as mudanças na intensidade do exercício. Assim os diabéticos são aconselhados a mudar a intensidade do exercício de forma gradativa. As pessoas devem realizar constantemente a avaliação dos pés quanto a feridas, pois elas podem se complicar em pacientes com diabetes. As doses de insulina devem ser reajustadas. Isso porque o exercício físico aumenta a sensibilidade das células à insulina, assim a pessoa precisará de menor quantidade de insulina para se obter os mesmos efeitos. Normalmente esta redução varia cerca de 30 a 50% nas doses subcutâneas de insulina, o que depende do tipo de exercício. Por isso, antes de realizar exercícios físicos, os diabéticos devem seguir algumas orientações: · Escolher de um tipo de exercício que não entre em conflito com as complicações do diabetes (ex. exercício de braço ou natação para pacientes com ulcerações frequentes no pé). · Medir a glicose sanguínea antes, durante e depois da atividade física. · Ingerir carboidrato extra quando for realizar um exercício não planejado (de 20 a 30 mg para cada 30 minutos de exercícios). · Ter sempre a mão, durante o exercício, carboidratos facilmente absorvíveis · Ter sempre um plano de exercício. · Realizar o aquecimento adequado. · Nunca terminar o exercício de forma abrupta. · Realizar sempre uma hidratação adequada. · Se possível, realize os exercícios com um companheiro informado de sua situação. · Usar um calçado adequado. · Inspecionar o sapato quanto a corpos estranhos. Todos os esportes são recomendáveis para as pessoas com diabetes, com exceção daquelas com retinopatia, nefropatia, neuropatia ou com problemas de equilíbrio. Os exercícios mais aconselhados são os esportes aeróbicos com intensidade moderada, como a natação, o ciclismo a caminhada e alguns esportes de equipe. Alguns esportes como alpinismo, mergulho, ou surf, não são proibidos, mas são menos recomendados, pois possuem maiores riscos no caso de hipoglicemia, perda de equilíbrio, traumatismo dos pés ou retinopatia. As atividades anaeróbicas de grande intensidade e curta duração, como uma corrida de curta distância, não são recomendadas, pois não levam a perda de peso, não melhoram o condicionamento físico nem controlam os níveis de glicose do sangue. E por isso devem ser evitadas no caso de diabetes. O ideal é que a atividade seja realizada três vezes por semana ou mais, com duração de pelo menos 40 a 60 minutos.http://www.boasaude.com.br/

Mesmo sem ser tóxica, lama de barragem em Mariana/MG deve prejudicar ecossistema por anos

O equivalente a quase 25 mil piscinas olímpicas de lama foi despejado nas redondezas próximas à barragem que se rompeu na cidade de Mariana, em Minas Gerais. A mineradora Semarco (responsável pelo local) garantiu que não há nada tóxico nos 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro liberados durante o acidente. Mas especialistas ouvidos pela BBC Brasil afirmaram que, apesar de o material não apresentar riscos à saúde humana, ele trará danos ambientais que podem se estender por anos. “Comparado ao mercúrio, por exemplo, esse rejeito não é tóxico, já que é formado basicamente por sílica. Ninguém vai desenvolver câncer, nada disso. O risco não é para ao ser humano, mas para o meio ambiente”, disse o professor de geologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Cleuber Moraes Brito, que é consultor na área de meio ambiente e mineração. “Essa lama avermelhada deve causar danos em todo o ecossistema da região, impactando por anos seus rios, fauna, solo e até os moradores, no sentido de que o trabalho deles, como a agricultura, pode se tornar impraticável.” Solo alterado – Os danos ao meio ambiente no entorno da barragem podem ser, a grosso modo, químicos ou de ordem física. O primeiro diz respeito à desestruturação química do solo, não só pelo ferro, mas também por outros metais secundários descartados durante o processo de mineração. Segundo Cleuber, esse solo recebe uma incorporação química anormal, já que o resíduo tem excesso de ferro, que pode alterar o pH da terra. Já o impacto físico dos rompimentos dizem respeito à quantidade de lama – e não à composição. “O problema não é o material em si, mas o fato de a lama ter coberto a região, soterrando a vegetação”, diz Mauricio Ehrlich, professor de geotecnia da COPPE, da UFRJ. “Esse resíduo é pobre em material orgânico, ou seja, não favorece o crescimento de vegetação. Assim, o que acontece é que essa lama vai começar a secar lentamente, criando uma capa ressecada por cima do solo, dificultando a penetração de água. E, por baixo, esse solo segue mole.” Maurício afirma ainda que, além do solo infértil, outro impacto ambiental está relacionado aos rios da região. Com o vazamento, os sedimentos vão sendo arrastados e se depositando nos trechos onde a corrente é mais fraca. Isso prejudica a calha dos rios, que podem ser assoreados, ficarem mais rasos ou até terem seus cursos desviados. Outro risco é o de que muitas nascentes sejam soterradas. Esse impacto nos recursos hídricos também afeta sua fauna, especialmente peixes e microrganismos que compõem a cadeia alimentar nos rios. “Mudança no perfil do solo, impacto nos recursos hídricos, na fauna. Quanto tempo a natureza vai demorar para assimilar tudo isso?”, questiona o geólogo da UEL. Segundo ele, apesar de ainda ser cedo demais para se ter essa resposta, é possível dizer que um programa para resgatar a área degradada em Mariana dure cerca de 5 a 10 anos. Os especialistas salientam que é preciso fazer um levantamento do impacto, sendo que uma das primeiras medidas reais será retirar a lama o quanto antes, especialmente por meio de escavação. (Fonte: G1)

Alimentação baseada no Guia Alimentar é melhor e mais barata

Economia na alimentação Uma alimentação baseada no "Guia Alimentar para a População Brasileira", além de saudável, custa menos ao consumidor. O custo diário de quatro refeições saudáveis recomendadas no Guia é de R$ 11,84, contra R$ 24,77 de refeições compostas por alimentos ultraprocessados, 52,2% a mais. Ao longo de um mês, a diferença representa uma economia de R$ 387,90 e, em um ano, de R$ 4.654,80. Comparativo Foram comparados os custos de quatro refeições: café-da-manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. A porção dos alimentos foi definida com base na porção média de consumo dos brasileiros, e a pesquisa de preços foi realizada na CEASA-DF, DIEESE, e em três supermercados escolhidos aleatoriamente, todos no DF. O estudo consegue demonstrar que uma alimentação mais saudável, baseada em preparações regionais e com alimentos in natura e minimamente processados, pode ser mais barata se comparada a uma alimentação composta de ultraprocessados. Como comprar alimentos mais baratos Para economizar na compra de legumes, verduras e frutas, o ideal é usar variedades que estão na safra, pois essas sempre terão menor preço. Comprar esses alimentos em locais onde há menos intermediários entre o agricultor e o consumidor final, como 'sacolões' ou 'varejões', também pode reduzir custos. Ainda melhor é comprar diretamente dos produtores, seja em feiras, seja por meio de grupos coletivos de compras. A intenção do Guia Alimentar é promover a saúde e a boa alimentação, combatendo a desnutrição, em forte declínio em todo o país, e prevenindo enfermidades em ascensão, como a obesidade, o diabetes e outras doenças crônicas, como AVC, infarto e câncer. Além de orientar sobre qual tipo de alimento comer, a publicação traz informações de como preparar a refeição e sugestões para enfrentar os obstáculos do cotidiano para manter um padrão alimentar saudável, como falta de tempo e inabilidade culinária. A versão digital do Guia Alimentar para a População Brasileira pode ser baixada gratuitamente, neste endereço http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/novembro/05/Guia-Alimentar-para-a-pop-brasiliera-Miolo-PDF-Internet.pdf Ministério da Saúde

Cresce número de pessoas mortas por raios dentro de casa

Mortes por raios dentro de casa O Brasil registrou 1.789 mortes causadas por raios nos últimos 15 anos e ocupa a 6º colocação em ranking vítimas fatais do fenômeno natural, conforme estudo divulgado na última semana pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O dado mais preocupante, contudo, é o que mostra um aumento de mortes por raios dentro de casa. Entre 2000 e 2009, esse grupo representava 12% das mortes, que cresceu para 19% - 304 das vítimas fatais dos raios estavam nas suas casas. "Se é verdade que dentro de casa as pessoas estão protegidas, é verdade também que não se está completamente protegido", afirmou o pesquisador Osmar Pinto Júnior, acentuando que, nos países desenvolvidos, as mortes domésticas por raios variam entre 1% e 3% do total. Ele alerta para a necessidade de as pessoas tomarem cuidados como não tomar banho durante chuvas, evitar ficar perto de eletroeletrônicos ligados nas tomadas e não usar o telefone por fio. "Quando ocorre um raio perto da sua casa, ele induz corrente nas redes elétrica e telefônica que aparecem nos fios e nas tomadas", observa. Campeão de raios O Brasil é o líder mundial de incidência de raios, com 50 milhões por ano, em razão da extensão territorial em zona tropical do País, que deve assistir a um aumento do fenômeno em função das mudanças climáticas e pelo crescimento da urbanização. "Há uma tendência de a região Norte, por exemplo, aumentar a incidência de raios por ser a região que mais vai se aquecer", disse Osmar. Apesar do número expressivo de mortes e de raios, as vítimas fatais têm diminuído. No recorte anterior, de 2000 a 2009, a média de mortes por ano no País era de 132 pessoas. Já no intervalo 2000-2014, a média caiu para 111 mortes anuais. A queda é de 15% na comparação dos períodos. A queda na quantidade de mortes anuais, contudo, não foi verificada entre jovens de até 24 anos. Esse grupo viu o número de mortes subir de 40% do total para 68%, na comparação dos períodos analisados pela pesquisa. "Isso sugere que precisamos fazer uma ação para (informar) os jovens", alertou Osmar. Inpe

Evite estes produtos durante o primeiro trimestre de gravidez

Químicos na gravidez Durante o primeiro trimestre da gravidez, as futuras mamães devem evitar alguns cosméticos, agentes de limpeza e determinados medicamentos, para proteger o cérebro do feto em desenvolvimento da ação de produtos químicos que podem desencadear condições severas, como o autismo. "Os produtos que usamos diariamente, como cremes e cosméticos, contêm substâncias químicas que podem afetar um bebê em desenvolvimento durante a gravidez," alerta a professora Dorota Crawford, da Universidade de Iorque (Canadá). A lista compilada por Crawford e seus colegas é longa: solventes de limpeza pesticidas medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais, como o ácido acetilsalicílico misoprostol (um medicamento utilizado para induzir o parto) bifenilos policlorados, usados como lubrificantes industriais éteres difenil-polibromados, encontrados em madeira e têxteis ftalatos, presentes em pisos de PVC e alguns brinquedos infantis, cosméticos e loções Cautela na gravidez A equipe relata que, além do tipo de produto químico a que a mulher grávida pode ser exposta, a duração, a frequência e o nível de concentração do composto também impactam o cérebro em desenvolvimento na fase pré-natal. "Nós recomendamos que as mulheres aprendam sobre os efeitos à saúde da exposição a substâncias químicas [presentes] no ambiente," diz Christine Wong, que ajudou a compilar a lista, feita a partir da revisão dos estudos científicos publicados até o momento sobre produtos químicos com indícios de afetarem os bebês em gestação. O desenvolvimento do cérebro sofre alterações constantes no início da gestação, e seu funcionamento normal depende muito da presença de genes específicos em qualquer dado momento. Uma vez que fatores ambientais influenciam os níveis de expressão desses genes críticos, é importante que a mulher grávida fique atenta e seja cautelosa quanto à exposição a esses fatores, alertam as pesquisadoras. http://www.diariodasaude.com.br/

O que leva algumas pessoas a assumirem posturas antivacinação?

Contras e pró-vacinação "Apesar da retórica agressiva opondo 'anti-vacinadores' e 'pró-vacinadores', a maioria dos novos pais se situa em uma posição neutra em relação à vacinação dos seus filhos - ou seja, eles aceitam passivamente a vacinação, em vez de exigi-la ativamente." "Mas, mesmo nesses casos, algum desconforto entre os pais é natural," argumentam dois psicólogos europeus em uma análise do crescente problema da oposição à vacinação que surpreende pela não tomada de partido na questão, como geralmente ocorre nas comunicações científicas e médicas. Eles reconhecem que o ato da vacinação em si é contra-intuitivo, e requer confiança na medicina e no governo, "uma confiança que nem todos nós possuímos," escrevem Hugo Mercier (Universidade de Neuchatel, na Suíça) e Helena Miton (Universidade de Lyon, na França). "A menos que haja uma ameaça ativa da pólio ou uma tosse convulsiva, eles têm que nos lembrar que injetar antígenos da doença em nossas crianças já chorosas é uma coisa boa," acrescentam. Fontes confiáveis Os dois pesquisadores então se dispuseram a estudar o que leva as pessoas a vacinarem seus filhos e quais são os obstáculos cognitivos que fazem com que as mensagens pró-vacinação sejam rejeitadas por alguns pais. "Mesmo que as pessoas tenham fortes convicções antivacinação, isto não ocorre porque elas sejam ingênuas; elas têm razões que você pode entender quando você tenta ver as coisas de sua perspectiva," argumenta Mercier. Em tempos de saúde, torna-se mais difícil experimentar e compartilhar os benefícios da vacinação, de forma que visões negativas - como o argumento "vacinas causam autismo" - são mais propensas a se espalhar, escrevem os dois em seu artigo. Os contra-argumentos para estas alegações também levantam questões sobre quais fontes podem ser confiáveis, se as pessoas não vacinadas são significativamente mais propensas a ficar doentes, e os efeitos colaterais da vacinação. Isto faz com que as mensagens que têm como alvo a hesitação em vacinar, especialmente se forem provenientes de agências governamentais ou empresas farmacêuticas, sejam menos propensas a ter efeito. Opiniões sobre vacinação A comunidade também pode moldar opiniões sobre a vacinação. "Se você acredita em algo, e a ciência ou a sua comunidade não compartilham dessa crença, geralmente isto não é um estado confortável de se permanecer," diz Mercier. "Felizmente, na maioria dos casos, as comunidades adotam pontos de vista que são consensuais na ciência, mas há exceções, e se existem fortes pressões sociais, pode ser difícil mudar a mente de uma pessoa." No longo prazo, medidas enérgicas para vacinar as crianças produzem pouco efeito em aumentar a confiança entre as instituições governamentais e as pessoas que têm visões antivacinação, observam os autores. Eles acreditam que as agências e laboratórios farmacêuticos podem tornar-se mais confiáveis aumentando a transparência dos ensaios clínicos e se engajando em uma comunicação científica mais eficiente. O artigo, intitulado "Obstáculos Cognitivos às Crenças Pró-Vacinação", foi publicado na revista científica Trends in Cognitive Sciences.

Mosquito da dengue está resistente a temperatura amena, mostra pesquisa

Os cientistas do Instituto Butantan descobriram que o Aedes Aegypti evoluiu geneticamente para sobreviver a temperaturas mais baixas. Ele agora se adapta a temperaturas mais amenas, mostrou o SPTV. Os pesquisadores encontraram mosquitos com tamanho e formato de asas diferentes. São mudanças muito maiores que as esperadas para essa espécie. O estudo começou em 2011 com 150 fêmeas do mosquito e durou mais de um ano. O coordenador da pesquisa, Lincoln Suedesk, disse que essa mudança surpreendeu os pesquisadores. “Era presumida que a evolução era rápida, mas a gente não imaginou que era tão rápida”. A Secretaria Estadual de Saúde informou que até setembro, mais de 600 mil pessoas contraíram a doença no estado. O gerente comercial Vanderlei de Arruda está com a doença. “Algumas pessoas me ligaram para saber como eu estava, algumas delas perguntaram ‘poxa, mas isso só dá no versão, porque isso… você tem certeza que é dengue mesmo, que agora não é época disso’”. Na capital, 99 mil pessoas pegaram dengue e 22 morreram. Quase metade dos casos foi na Zona Norte. Vacina – O governo de São Paulo e o governo federal querem acelerar os testes da vacina contra a dengue estudada pelo Instituto Butantan em 13 mil pessoas. Ainda estão sendo feito testes, mas a vacina pode sair só em 2018. A vacina, que começou a ser elaborada há dois anos, deu bons resultados em fases anteriores. Os pesquisadores do instituto e da Faculdade de Medicina da USP fizeram a vacina com o vírus da dengue enfraquecido. Ela foi fabricada para combater os quatro tipos de vírus que existem no país em uma única dose. Na primeira fase, 50 voluntários foram vacinados e, na segunda fase, 130 pessoas. Os cientistas dizem que os resultados são promissores. Para ser um voluntário na fase 2 dos testes da vacina, é necessário já ter contraído dengue e ter entre 18 e 60 anos. Preenchendo esses requisitos, basta ligar para a Faculdade de Medicina da USP no telefone: 2661.3344. (Fonte: G1)

Humanidade na margem de erro do fracasso

A humanidade está oficialmente na margem de erro do fracasso em cumprir a meta de limitar o aquecimento da Terra a menos de 2oC neste século. É o que revela um relatório anual do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) divulgado nesta sexta-feira (6/11). Esse estudo, conhecido como Emissions Gap Report, avalia quão perto ou longe as políticas de clima em curso no planeta nos deixam de alcançar o objetivo dos 2oC, acordado na conferência de Copenhague, em 2009. A edição deste ano mostra que estamos bem longe, mas já estivemos pior: os 119 planos climáticos (INDCs) apresentados por 146 países como contribuição à conferência do clima de Paris são capazes de retirar da atmosfera, em 2030, de 4 bilhões a 6 bilhões de toneladas de gás carbônico, em comparação às políticas atuais (como o Protocolo de Kyoto e a meta brasileira de reduzir o desmatamento até 2020). Isso faria com que as emissões anuais do planeta em 2030 fossem de 54 bilhões de toneladas de CO2 no melhor cenário – um crescimento de apenas 2,4% em relação às 52,7 bilhões de toneladas emitidas em 2014. Ocorre que, para o mundo entrar numa trajetória de emissões que nos dê pelo menos 66% de chance de evitar que o limite de 2oC seja ultrapassado, seria preciso que as emissões em 2030 fossem de, no máximo, 42 bilhões de toneladas de CO2. Ou seja, se tudo der absolutamente certo com o cumprimento das INDCs, inclusive a parte delas que está condicionada a aporte de dinheiro externo, chegaremos a 2030 com 12 bilhões de toneladas de CO2 em excesso na atmosfera para fechar a conta da estabilização do clima. É esse o gap (“lacuna”, ou “hiato”, em inglês) a que se refere o título do relatório. Um pouco mais pessimista do que a avaliação das INDCs feita pela Convenção do Clima na semana passada, o relatório do Pnuma estima que os planos para Paris nos colocam numa trajetória de 3oC de aquecimento em 2100, pelo menos – contra 2,7oC mencionados pela Convenção. Mais grave ainda, a própria meta dos 2oC pode já ter sido perdida. Isso porque, segundo o relatório, um “número significativo” de modelos computacionais usados no estudo para calcular a trajetória de temperatura simplesmente não consegue produzir cenários futuros de 2oC se as emissões em 2030 forem maiores do que 55 bilhões de toneladas de CO2. À primeira vista, estamos dentro da meta, com 54 bilhões de toneladas previstas em 2030. Só que a relação entre INDCs e nível de emissão futura carrega um monte de incertezas, expressa em uma margem de erro: a média é de 54 bilhões de toneladas, mas o valor real está em 52 bilhões a 57 bilhões. No último caso, seria economicamente inviável baixar a curva de emissões do planeta para um cenário compatível com os 2oC. A menos que muita coisa aconteça bem antes de 2030. “Adiar esforços rígidos de mitigação até 2030 tornaria a transição para níveis de emissões de longo prazo em linha com o objetivo de 2oC significativamente mais difícil”, afirma o relatório, num eufemismo. O Gap Report, portanto, reforça a ideia, já expressa por um grande estudo internacional divulgado no último mês, de que a única solução possível para os 2oC é que o acordo de Paris produza um mecanismo internacional de aumento periódico da ambição das metas – o chamado “torniquete” (“ratchet”, em inglês) – que possa entrar em ação a partir de 2020. Esperar até 2030 para ajustar as INDCs será tarde demais para o clima. Mesmo assim, diz o estudo, para que essa ação pós-2020 siga uma trajetória de custo mínimo, será preciso lançar mão de tecnologias de “emissões negativas”, como o chamado bio-CCS (produção de bioenergia com captura e armazenamento de carbono). Alguns pesquisadores chamam essas tecnologias de “ficção científica”. Segundo o estudo do Pnuma, existe potencial técnico de mitigação no mundo capaz de apertar o torniquete em até 10 bilhões de toneladas. Há muita incerteza sobre o potencial dessas tecnologias, por um lado; por outro, há várias opções que não são consideradas pelos estudos sobre potenciais de mitigação, e que poderiam fazer com que a capacidade de cortar carbono seja ainda maior do que isso. REDD+ – Além disso, o Gap Report traz um recado que o Brasil faria bem em escutar: as florestas podem se tornar uma tábua de salvação planetária para fechar o hiato de emissões de forma rápida e relativamente barata: “O potencial teórico de atividades de mitigação relacionadas a florestas nos países em desenvolvimento é estimado em até de 9 Gt CO2e [bilhões de toneladas de gás carbônico] em 2030”, diz o estudo. É o chamado Redd+, o mecanismo de redução de emissões por desmatamento e degradação florestal. Para fazer o Redd+ funcionar, prossegue o Pnuma, os países florestais deveriam ter prontos níveis de referencia de emissões florestais, uma estratégia nacional de Redd+ e mecanismos de salvaguardas, para que a proteção ambiental e direitos de comunidades tradicionais não sejam atropelados. (Fonte: Observatório do Clima)

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

As cinco teorias de Darwin

Exceção feita à Bíblia, nenhum livro influenciou mais a filosofia do homem moderno quanto "A Origem das Espécies", de Charles Darwin. Até sua publicação, em 1859, o pensamento científico não oferecia alternativa à visão religiosa; ao contrário, era inseparável dela: o Criador havia estabelecido as leis que regem o Universo e criado todas as formas de vida na Terra num único dia. Numa época em que a cultura ocidental entendia ser o homem criado à imagem e semelhança de Deus, é possível imaginar a agitação intelectual causada pela idéia de que a vida na Terra seguia um fluxo contínuo de evolução, resultado da competição pela sobrevivência que, geração após geração, encarrega-se de eliminar os menos adaptados? E, pior, esquecer o sopro divino e admitir que a espécie humana pertence à ordem de primatas como chimpanzés, micos ou gorilas! Darwin era um observador tão criterioso e as conclusões que tirou foram tão primorosas que os avanços científicos dos últimos 150 anos só fizeram comprovar o acerto de suas idéias. Da anatomia dos dinossauros ao capricho microscópico das proteínas que se dobram dentro de nossas células, todos os fenômenos biológicos obedecem à lei da seleção natural. Na verdade, Charles Darwin e Alfred Wallace, trabalhando independentemente, descobriram um mecanismo universal, uma lei que rege não apenas a vida entre nós, mas a que porventura exista ou venha a existir em qualquer canto do Universo. Por qual razão as pessoas aceitam com naturalidade o fato de a Terra girar ao redor do Sol e ainda hoje rejeitam os ensinamentos de Darwin? Ernst Mayr, considerado "o Darwin do século XX", atribui essa dificuldade ao desconhecimento de que a teoria de Darwin não é única, mas pode ser decomposta em pelo menos cinco outras: 1) Teoria do ascendente comum Na viagem às ilhas Galápagos, Darwin verificou que o formato do bico de três espécies de pássaros locais sugeria serem eles descendentes de um ancestral que habitava o continente. Ciente de que a evolução não cria mecanismos particulares para qualquer espécie, entendeu que esse ancestral devia descender de outro: "Todas as nossas plantas e animais descendem de algum ser no qual a vida surgiu antes". Nenhuma das teorias de Darwin foi aceita com tanto entusiasmo como esta, porque dava sentido à semelhança entre os seres vivos, à distribuição geográfica de certas espécies e à anatomia comparada. Um século mais tarde, ao demonstrar que os genes das bactérias são quimicamente iguais aos das plantas, dos fungos ou dos vertebrados, a biologia molecular ofereceu a prova definitiva de que todos os organismos complexos descendem de seres unicelulares. 2) Teoria da evolução como tal Segundo ela, o mundo não se encontra em equilíbrio estático, as espécies se transformam no decorrer do tempo. A existência dos fósseis e as diferenças entre o organismo dos dinossauros e o das aves, únicos dinossauros sobreviventes à extinção, ilustram com clareza o que chamamos de evolução das espécies. 3) Gradualismo As transformações evolucionistas ocorrem gradualmente, nunca aos saltos. Para explicar como as espécies em nossa volta estão muito bem adaptadas às condições atuais, Darwin encontrou apenas duas alternativas: teriam sido obra da onipotência de um Criador ou evoluído gradualmente segundo um processo lento de adaptação: "Como a seleção natural age somente através do acúmulo de sucessivas variações favoráveis à sobrevivência, não pode produzir grandes nem súbitas modificações: ela deve exercer sua ação em passos lentos e vagarosos". 4) Teoria da multiplicação das espécies Calcula-se que existam de 5 a 10 milhões de espécies de animais e de 1 a 2 milhões de espécies de plantas. Darwin passou a vida atrás de uma explicação para tamanha biodiversidade e propôs, pela primeira vez, o conceito de que a localização geográfica seria responsável pelo surgimento das espécies. Embora mereça esse crédito, Darwin não foi capaz de perceber com clareza a importância do isolamento geográfico no aparecimento de espécies novas. Hoje, sabemos que indivíduos isolados por tempo suficiente da população que lhes deu origem podem acumular tantas mutações que passam a constituir uma espécie nova incapaz de acasalar-se com os ascendentes. 5) Teoria da seleção natural Foi o conceito filosófico mais revolucionário desde a Grécia antiga. Segundo Darwin, a seleção natural é resultado da existência da variabilidade genética, que assegura não existirem dois indivíduos exatamente idênticos, em qualquer espécie. Como conseqüência da vida num planeta com recursos limitados, a competição pela sobrevivência se encarregará de eliminar os mais fracos. A seleção natural varreu o determinismo que dominou a biologia desde a Antigüidade, segundo o qual cada espécie existiria para atender a determinada necessidade. Só então foi possível abandonar interpretações sobrenaturais para explicar o mundo orgânico. A seleção natural é um mecanismo universal inexorável, alheio a qualquer finalidade, imprevisível como a própria vida. http://www.universitario.com.br/

Mosquito da dengue evoluiu rápido ao ambiente das cidades e já pica à noite

No que se refere à capacidade de adaptação ao ambiente hostil das grandes cidades, talvez nenhuma espécie de mosquito tenha conseguido tanto sucesso quanto o Aedes aegypti – aquele com o corpo coberto de listras brancas que, para azar dos humanos, é capaz de transmitir doenças como dengue, febre amarela, febre chikungunya e zika. Além de resistência a alguns inseticidas, a espécie vem adquirindo a habilidade de se reproduzir em volumes cada vez menores de água – que nem precisa estar tão limpa quanto no passado. Os insetos, que antes só picavam durante o dia, passaram a atacar também à noite, bastando apenas alguma luz artificial a revelar o caminho até a vítima. Um estudo recentemente publicado na revista PLoS One por um grupo de pesquisadores do Instituto Butantan pode ajudar a entender de onde vem esse potencial adaptativo tão superior ao de outras espécies de mosquito. Os pesquisadores acompanharam durante 14 meses (cinco estações climáticas) uma população do inseto presente na Subprefeitura do Butantã, em São Paulo. Mensalmente, foram coletados ovos, larvas e pupas, que foram divididos em cinco grupos – cada um representando uma estação climática. Ao todo, foram estudadas aproximadamente 20 gerações de mosquitos de uma mesma população. Por dois métodos diferentes, os pesquisadores investigaram e compararam os grupos a variabilidade genética existente entre os indivíduos, ou seja, como era a variação de alelos de DNA ao longo do tempo. “Desde a primeira amostragem até a última, em todas as comparações feitas mês a mês, encontramos diferenças estatísticas significativas. Como se estivéssemos comparando indivíduos de populações diferentes, ou seja, coletados em locais distintos. Essa alta variabilidade genética indica que é uma espécie com muita capacidade de evoluir rapidamente e pode significar que se adapta rapidamente às adversidades”, afirmou Lincoln Suesdek, coordenador do estudo apoiado pela FAPESP. O trabalho foi feito durante a Iniciação Científica de Caroline Louise, sob orientação de Suesdek. Segue uma linha de pesquisa que teve início durante o doutorado de Paloma Oliveira Vidal, também bolsista da FAPESP. “Durante o doutorado, coletei amostras de mosquito de várias cidades do Estado de São Paulo em uma única época do ano. Comparei então a variabilidade genética entre as diferentes populações em uma única geração. Os resultados foram parecidos com os obtidos no projeto que comparou uma mesma população ao longo de várias gerações”, contou Vidal. De acordo com Suesdek, nos dois projetos foram usados dois diferentes métodos para aferir a variabilidade genética. Um deles é tradicionalmente usado em estudos de parentesco: os marcadores microssatélites. Eles avaliam unidades de repetição de pares de bases do DNA e acusam as variações evolutivas mais recentes. O método tem ligeira semelhança ao usado em testes de paternidade. O outro método, ainda inédito nesse tipo de estudo, foi a avaliação da morfologia da asa. Nesse caso os pesquisadores elegeram alguns pontos da asa do mosquito como marcos anatômicos. Uma série de softwares avalia a variação posicional entre esses pontos nos diferentes grupos. “Os marcadores microssatélites são bem informativos, mas esse método é caro e trabalhoso. Queríamos testar um marcador mais simples e barato. Estudos anteriores indicavam que a forma da asa dos mosquitos, assim como a fisionomia dos seres humanos, está ligada à herança familiar. Mas é difícil perceber a olho nu”, contou Suesdek. O objetivo do grupo era avaliar se os dois marcadores usados seguiriam o mesmo padrão. Os resultados indicaram que de fato há uma correlação, mas que ela não é de 100%. “Conseguimos prever uma parte da variabilidade genética estudando a asa, mas o método não substitui a análise do DNA. Pode ser uma metodologia preliminar, a ser usada quando não se conhece nada sobre uma população e se deseja fazer um teste rápido para entender a microevolução”, disse Suesdek. Controle ao longo do ano – Ao comparar o resultado das análises feitas durante seu projeto com dados da literatura científica, Louise concluiu que a dinâmica evolutiva do Aedes em São Paulo é mais acelerada do que em outras cidades onde há registros semelhantes. “Acreditava-se que no inverno a variabilidade seria menor, pois com o frio a reprodução do inseto se torna mais lenta. De fato a taxa reprodutiva é menor nos meses de inverno, mas a variabilidade genética se manteve alta em todos os meses avaliados. Esse resultado reforça a necessidade de combater o mosquito o ano inteiro, não apenas no verão”, disse Louise. Na avaliação de Louise, a melhor forma de controlar o mosquito é a adoção de medidas combinadas, como a eliminação de criadouros e a rotação de inseticidas, para que não ocorra a seleção de indivíduos resistentes. Suesdek também ressaltou a necessidade de se investir em pesquisas voltadas ao desenvolvimento de novos métodos de controle químico e biológico, como novos inseticidas e mosquitos transgênicos. “O cenário é preocupante e todas as pessoas têm uma parcela de responsabilidade. Tanto o governo quanto a população precisam fazer sua parte”, afirmou a equipe. (Fonte: Agência FAPESP)

A larva que come plástico e pode ter papel-chave em reciclagem

Todo ano, centenas de toneladas de plástico são descartadas em todo o mundo, pondo em riscos inúmeros ecossistemas de nosso planeta. Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas 10% do plástico que se utiliza anualmente é reciclado. Agora, uma equipe de cientistas da Universidade de Stanford, na Califórnia, acaba de apresentar um estudo que sugere uma solução, em um futuro próximo, para o grande problema da contaminação por plástico, substância que pode levar centenas de anos para se decompor. A chave está em uma pequena larva de besouro conhecida como bicho-da-farinha (Tenebrio molitor). Os pesquisadores descobriram que ela consegue se alimentar de isopor, ou poliestireno expandido, um plástico não biodegradável. Os pesquisadores descobriram que esses insetos transformam metade do isopor que consomem em dióxido de carbono e a outra metade em excremento como fragmentos decompostos. Além disso, comprovaram que o consumo de plástico não afeta a saúde das larvas. Isso os transforma em uma potencial arma de reciclagem de resíduos plásticos. O segredo destas larvas está nas bactérias que elas têm em seus sistemas digestivos, com capacidade de decompor o plástico. Segundo os autores do estudo – em que colaboraram especialistas chineses e cujos resultados foram publicados na revista Environmental Science and Technology – esta é a primeira vez em que se obtém provas detalhadas da degradação bacteriana de plástico no intestino de um animal. A compreensão exata de como as bactérias dentro das larvas da farinha fazem esta decomposição dá origem a uma nova maneira de tratar os resíduos plásticos. ‘Enfoque inovador’ – “É um enfoque muito inovador para enfrentar ao enorme problema que representa a contaminação do plástico”, explica Anja Malawi Brandon, doutoranda da Universidade de Stanford que participou da pesquisa. “É preciso pensar de forma inovadora sobre o que fazer com todo o plástico que acaba no meio ambiente. Esse estudo está mudando a percepção de como fazer a gestão de detritos plásticos”, disse Brandon à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC. “Foi demonstrado que o bicho-da-farinha é capaz de converter 50% do plástico que consome em CO2, o que é uma quantidade enorme.” Segundo Brandon, o grupo agora pesquisa outros tipos de plástico que podem ser decompostos pelas larvas. “As bactérias em seus estômagos tornam possível essa degradação e poderiam ser capazes de degradar outros plásticos. Estamos estudando uma maneira de extrair essas bactérias e utilizá-las diretamente para tratar o plástico.” Brandon diz que os pesquisadores estão convencidos de que, na natureza, há outros insetos com uma habilidade similar à do bicho-da-farinha. “Esperamos que este enfoque se converta em um futuro próximo em parte do sistema de manejo de resíduos plásticos.” (Fonte: UOL)

sábado, 31 de outubro de 2015

Cuidados no reaproveitamento da água da chuva

Coleta de água da chuva Apesar de ser uma técnica relativamente simples, o aproveitamento de água da chuva possui requisitos mínimos que devem ser respeitados para garantir o funcionamento do sistema e, principalmente, para assegurar a qualidade dos volumes coletados. O telhado ou a laje de cobertura da edificação funcionam como área de captação. "Jamais deve-se fazer a captação a partir de pisos", explica o pesquisador Luciano Zanella, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT). Calhas e tubos direcionam facilmente as águas até um reservatório, mas é preciso prever um sistema de tratamento, cuja complexidade vai depender dos usos pretendidos. Em alguns casos, pode-se pensar em uma rede de distribuição da água para pontos de consumo de água não potável, caso das bacias sanitárias. Em edificações já construídas, entretanto, é indicado optar por sistemas simplificados, uma vez que o custo de novas instalações hidráulicas prejudicará a viabilidade financeira do projeto. Dois aspectos não podem ser ignorados: o espaço disponível para a instalação do reservatório e, quando a intenção for instalá-lo sobre a laje de cobertura, a capacidade da estrutura para suportar o peso adicional. "A carga extra de um reservatório cheio de água pode não ser suportada por alguns tipos de construção", ressalta Zanella. A capacidade de reservação deve levar em conta a demanda por água não potável. O número de usuários e seus hábitos de consumo, além das diversas aplicações que essa água pode ter na edificação, como limpeza de pisos e rega de jardins, também precisam ser levados em conta. Tratamento da água de chuva É imprescindível, alertam os pesquisadores do IPT, desprezar as primeiras chuvas. São elas que vão arrastar os poluentes presentes no ar e lavar a sujeira acumulada na área de captação. As recomendações técnicas indicam um descarte em torno de um a dois litros de água da primeira chuva para cada metro quadrado de telhado. Assim, se a cobertura tem 20 metros quadrados, é necessário desconsiderar um volume entre 20 e 40 litros. Um sistema mínimo de tratamento das águas pluviais envolve não somente o descarte das primeiras águas, mas a remoção dos sólidos, como folhas, galhos e areia, por meio da utilização de filtro ou tela. "É recomendada a desinfecção com compostos de cloro, quando existir a possibilidade de contato da água com a pele do usuário ou quando o tempo de armazenamento for longo," esclarece o pesquisador Wolney Castilho Alves. Sistemas permanentes de aproveitamento da água da chuva, instalados com o objetivo de suplementar o abastecimento para fins não potáveis, demandam sistemas mais complexos de tratamento. É possível encontrar no mercado filtros e componentes de desinfecção que devem ser empregados nesses casos. É exigido, para sistemas de uso integrados à edificação, um projeto elaborado por profissional devidamente habilitado. Armazenamento de água A qualidade da água está diretamente relacionada com o seu armazenamento. Por isso, é fundamental manter o reservatório com tampa e com quaisquer aberturas fechadas para evitar a proliferação de mosquitos ou mesmo a contaminação da água pela entrada de ratos ou insetos. Além disso, o reservatório deve ser protegido de impactos e da luz solar, e também se deve prever uma saída de fundo no reservatório que propicie sua limpeza, quando for necessária. Os pesquisadores do IPT alertam ainda para a importância de manter o reservatório longe do acesso de crianças para evitar acidentes. O mais comum é utilizar a água de chuva para a rega de jardins e plantações, lavagem de carros e pisos e também em descargas de bacias sanitárias. Em condições anormais de abastecimento, desde que se mantenha a forma adequada de coleta, tratamento e armazenamento, é possível considerar o uso para lavagem de roupas, louças e para o banho. Com informações do IPT

Como diminuir o ruído das turbinas eólicas

Barulho dos geradores eólicos Quem já visitou um parque de geração de energia eólica sabe o quanto a paisagem de aparência bucólica é na verdade dominada por um ruído assombroso. Sim, turbinas eólicas giram lentamente, mas fazem muito barulho, o que tem impedido a adoção da tecnologia em regiões mais próximas a áreas residenciais. Engenheiros europeus, reunidos no Projeto Windtrust, acreditam ter encontrado, se não a solução definitiva, pelo menos uma forma de minimizar essa poluição sonora. A saída consiste em instalar painéis plásticos em formato de serra no bordo de fuga das pás dos geradores, com os dentes apontando na direção oposta ao movimento. "Estes serrilhados funcionam como dispositivos de controle de fluxo, com foco na diminuição da emissão de ruído das pás. Seu design leve e processo de montagem simples os torna uma opção atraente não só para novas turbinas, mas também para as que já estão instaladas," disse Jasper Madsen, membro do consórcio. Configuração ideal Hoje, para minimizar o ruído as pás precisam ser desligadas quando o vento está em determinadas direções, já que o barulho se afunila na sua parte traseira, ou a turbina deve ser configurada em modo silencioso - ou seja, duas medidas que reduzem a capacidade de geração de energia da turbina. "Em parques eólicos em áreas com restrição de ruído, as turbinas equipadas com esta tecnologia poderão trabalhar em uma configuração ideal, com a maior geração anual de energia," disse Madsen. Redação do Site Inovação Tecnológica

Planeta em destruição mostra como será o fim da Terra

Morte de um sistema planetário A destruição de um sistema planetário, captada pela primeira vez pelo telescópio Kepler, pode dar uma resposta para uma questão que muita gente se pergunta: o que vai acontecer com a Terra quando o Sol apagar? Por ora, não é algo com o qual devamos nos preocupar - ainda faltam cerca de 5 bilhões de anos para isso. Mas pesquisadores descobriram os restos de um planeta rochoso em vias de decomposição girando em torno de uma anã branca (o núcleo ardente que permanece de uma estrela quando ela já consumiu todo seu combustível nuclear), que pode fornecer pistas interessantes sobre esse possível cenário do "fim do mundo". A estrela moribunda, do mesmo tipo que nosso Sol e batizada de WD1145+017, fica na constelação de Virgem, a 570 anos-luz da Terra. Segundo um estudo publicado esta semana pela revista Nature, a diminuição regular da intensidade de seu brilho - uma queda de 40% que se repete a cada 4,5 horas - indica que há vários pedaços de rocha de um planeta em decomposição orbitando em espiral a seu redor. "Isso é algo que nenhum ser humano tinha visto antes", afirmou Andrew Vanderburg, pesquisador do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian e principal autor do estudo. "Estamos vendo a destruição de um sistema solar." Evaporação planetária O planeta observado pelo Kepler parecer ser menor do que a Terra, com um tamanho semelhante ao de Ceres - o maior objeto do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter -, ainda que, no passado, possa ter sido maior. As imagens de Kepler, corroboradas por observações e medições de outros telescópios, mostram um total de seis ou mais fragmentos rochosos e poeira. Isso indica que o planeta está em processo de decomposição, impulsionado pela gravidade da estrela que o atrai em direção a ela. Os restos estão "evaporando" e, nesse processo, deixam uma "cauda de moléculas", o que que explica a presença de poeira. Os astrônomos acreditam que a morte da estrela possa ter desestabilizado a órbita de um planeta maciço vizinho a ponto de empurrar outros planetas rochosos menores em direção à estrela. "Acreditamos que descobrimos o processo em seu início", disse Patrick Dufour, físico da Universidade de Montreal, no Canadá, e coautor do estudo. "Isso é muito raro e muito interessante", acrescentou. Fim da vida do Sol Quando chegar a vez do nosso Sol, que ainda vive em plenitude, o mais provável é que este processo se repita. Assim como o WD1145+017, quando o hidrogênio acabar o Sol começará a queimar elementos mais pesados, como hélio, carbono e oxigênio, e se expandirá até se desfazer de suas camadas externas, tornando-se uma anã branca de tamanho semelhante ao núcleo de nosso planeta. Ao fazer isso, consumirá provavelmente a Terra, Vênus e Mercúrio. E, na eventual hipótese de a Terra sobreviver a esta convulsão, ela acabará destruída em pedaços à medida que a gravidade do "Sol branco" atraí-la para si. Informações da BBC

Cientistas avistam baleia de até 12 m viva pela primeira vez

Uma espécie de baleia que até então nunca havia sido vista viva (apenas seus fósseis eram conhecidos por pesquisadores) foi finalmente observada na costa do Madagascar. O primeiro vislumbre da baleia de Omura foi feito enquanto cientistas analisavam uma população de golfinhos na região, informou O Globo . Catalogada em 2003 com base em exemplares mortos, a baleia que pode chegar até 12 metros de comprimento inicialmente foi confundida com uma Baleia-de-Bryde, mas os cientistas observaram que havia algumas diferenças entre o exemplar avistado e essa espécie do mamífero. O estudo publicado na revista da Royal Society Open Science relata que esses primeiros exemplares vivos da baleia de Omura foram identificados em 2011, durante uma pesquisa sobre golfinhos na região de Madagascar, quando os biólogos avistaram duas baleias adultas e um filhote, que pensaram ser Baleias-de-Bryde. No ano seguinte, voltaram a ver mais quatro baleias e perceberam que elas possuíam características um pouco diferentes. Primeira população – Foi em 2013 que resolveram explorar áreas mais afastadas da costa e viram membros da espécie cerca de 13 vezes. Em 2014, o número de avistamentos chegou a 44 e então os cientistas constataram por meio de testes de DNA que haviam encontrado a primeira população viva da baleia de Omura. “Alguns colegas pensaram que se tratava de uma espécie nova e começaram a pensar em nomes. São animais espetaculares, com corpos longos e estreitos”, afirmou o biólogo Salvatore Cerchio, que coordenou o estudo. O avistamento da população de baleias de Omura nas águas do Madagascar revelou que a espécie circula em uma área maior que a esperada, extrapolando a parte oriental do Oceano Índico e chegando à sua parte ocidental. (Fonte: Terra)

Influência do El Niño em SC tende a diminuir nos próximos 3 meses

O El Niño deve ter uma influência menor durante o verão catarinense do que a registrada nesta primavera. De acordo com Leandro Puchalski, da Central RBS de Meteorologia, o fenômeno deve diminuir de intensidade gradativamente nos próximos meses. Segundo o meteorologista, a temperatura tende a ser acima do normal no início da próxima estação. O assunto foi tema de debate durante o Fórum Climático Catarinense, nesta quinta-feira (29), que reuniu meteorologistas de todo estado para elaborar a previsão climática para o próximo trimestre. “Nos últimos meses, o El Niño tem influenciado o clima com chuva em excesso, mas deve ter diminuição gradativa de intensidade ao longo dos primeiros meses do ano que vem. A temperatura deve ser acima do normal, ou seja, o final da primavera e o início do verão devem ser mais quentes”, esclarece Puchalski. A conclusão do fórum aponta para chuvas acima do normal ainda para os próximos três meses, principalmente, por causa da característica do mês de novembro, tradicionalmente o que mais recebe influência do El Niño. “Entre dezembro e janeiro devemos começar a ter condições típicas de verão, com chuvas de final de tarde ou início de noite, associadas ao aquecimento do período”, diz Puchalski. De acordo com o especialista da Central RBS de Meteorologia, a distribuição da chuva tende a ser irregular pelas regiões de Santa Catarina. “Apesar de continuar ativo durante o verão, o fenômeno pode impactar o próximo inverno”, antecipa Puchalski. “Mas é cedo para falar disso”. (Fonte: G1)

O que há debaixo do gelo na Antártida

O continente da Antártida, que se expande por 14 milhões de quilômetros quadrados cobertos de gelo no Pólo Sul, ainda esconde mistérios fascinantes. Na história, poucos achados intrigaram tanto os geógrafos quanto a Cordilheira subglacial de Gamburtsev, situada abaixo da superfície de gelo. Descoberta por exploradores soviéticos nos anos 1950, a Cordilheira de Gamburtsev é exatamente isso: uma cadeia de gigantescas montanhas que se estende por um comprimento de 800 quilômetros, o que a torna comparável aos Alpes, na Europa. Não se pode vê-la, na Antártida, porque está soterrada por uma camada de 4 mil metros de neve. Ao observar todo o gelo que há na superfície, nem todo mundo lembra-se disso, mas a Antártida é uma área primariamente feita de terra firme. E a riqueza geológica desse continente chamou a atenção de um grupo internacional de pesquisadores, que decidiram mapear exatamente o relevo que há por baixo de tanta neve. Munidos de potentes radares cujo sinal penetra no gelo, os cientistas puderam mapear exatamente qual o desenho geográfico do chamado “continente branco”. E o resultado, que aparece ilustrado por computação gráfica, é uma maciça sequência de montanhas, lagos e geleiras, muito mais complexas do que se imaginava. Essa complexidade, segundo os cientistas, tem muito a contar sobre a história geológica da Terra. Essa narrativa começa há cerca de 1,1 bilhão de anos, quando grandes porções de terra do planeta se uniram para formar um ex-supercontinente, chamado Rodínia. O que aconteceu a seguir foi uma série de dobramentos geológicos, nos quais o pico das montanhas erodia, mas a base das cordilheiras permanecia firme. Esse processo se repetiu ainda algumas vezes. A cada novo dobramento, o ponto mais alto da Antártida (que hoje é a Cordilheira de Gamburtsev) ia ficando um pouco mais elevado. A configuração atual, que teria sido originada há cerca de apenas 35 milhões de anos, surgiu com a criação de geleiras, que soterraram paulatinamente a cadeia de montanhas nascida ali. Esse foi o grande mistério solucionado: até antes dessa pesquisa, não se sabia o motivo de haver montanhas “jovens” instaladas no coração da Antártida. Isso ainda está apenas no campo da teoria, mas as providências para comprová-la já foram tomadas: os cientistas planejam um projeto para retirar amostras de rocha de Gamburtsev. Um mapeamento mais detalhado da região, conforme explicam os pesquisadores, pode fornecer respostas geológicas que a ciência ainda desconhece. Para obter essas informações, um batalhão de cientistas está instalado em Gamburtsev, equipado com o melhor que a tecnologia tem a oferecer. [BBC]