O forte impacto das mudanças climáticas acelerou o debate mundial sobre a necessidade de a sociedade contar com embalagens renováveis e biodegradáveis. É nesse contexto que os fabricantes de papel instalados no país - destacadamente de papelão ondulado - tomaram a dianteira na iniciativa de oferecer novas alternativas às embalagens como plástico e madeira. Em sintonia com a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, e com o apoio técnico da ABTCP - Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel e da ABPO - Associação Brasileira do Papel Ondulado, a indústria de papelão ondulado vem desenvolvendo novas embalagens e usos.
Devido ao avanço de novas tecnologias, tanto na matéria-prima do papelão ondulado como no acabamento de impressão, as embalagens passaram ter um maior apelo funcional e visual, tornando-se uma ferramenta de marketing para as empresas no mercado.
Entre as muitas inovações dos últimos anos, destacam-se as embalagens de produtos eletrônicos com impressão flexográfica em até cinco cores com verniz; as embalagens-display, que vão direto da linha de produção para a gôndola, denominadas "shelf ready package"; as embalagens tipo bag-in-box para bebidas e os displays para divulgação e promoção de novos produtos no ponto de venda, entre diversos outros projetos.
"As embalagens de papel estão evoluindo e apresentando novas alternativas. Nunca como agora o setor investiu tanto em inovação", destaca Afonso Moura, gerente técnico da ABTCP, ao ressaltar que "a sociedade está procurando se suprir de produtos sustentáveis, e, por pertencer a uma cadeia produtiva altamente sustentável, o papel se apresenta como a grande solução".
Ele lembra que a fabricação do papel tem base orgânica (não química); provêm 100% de florestas plantadas e conta com tecnologia nacional de ponta. Além disso, o papel se decompõe no prazo de 1 a 1,5 ano, enquanto outras embalagens levam dezenas de anos, e seu índice de reciclagem atinge 75%. "O papelão ondulado está ganhando importância no mercado de embalagens em geral, porque possui condições de competir com materiais, como plástico e madeira, não só em termos econômicos, mas também ambientais", destaca Ricardo Trombini, presidente da ABPO - Associação Brasileira de Papelão Ondulado.
Dentre as inovações nas embalagens de papel, o gerente técnico da ABTCP aponta o uso de papel cartão para substituir as embalagens de PET, o desenvolvimento de embalagens que permitam ter maior e melhor uso na residência - por exemplo, que possam ser colocadas no freezer e na geladeira.
A ABPO também aponta as inovações relacionadas ao aspecto gráfico e ao peso dos produtos. Hoje, com a flexografia, o processo de impressão direto em suportes variados - de durezas e superfícies diferentes -, é possível entregar produtos com qualidade próxima à do offset, que é um processo indireto e menos versátil.
A capacidade de produzir produtos mais leves e com melhor impressão gráfica, colocou a indústria de papelão ondulado nas prateleiras do supermercado, possibilitando que ela entrasse no mercado de embalagem primária. "Essa situação agrega muito valor ao nosso segmento e mostra que o papelão está cada vez mais apto a substituir outros materiais", ressalta o presidente da ABPO, Ricardo Trombini.
Essas e outras discussões serão apresentadas na semana que vem no ABTCP 2011, o principal encontro dos dirigentes, acadêmicos, pesquisadores, consultores, profissionais e especialistas de toda a cadeia produtiva e de serviços da indústria de celulose e papel. No ano passado, o evento, que contou com 167 expositores distribuídos em uma área de 7 mil m², recebeu 12 mil visitantes de 25 países na exposição e cerca de 800 profissionais qualificados que participaram do congresso.
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