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quarta-feira, 6 de maio de 2020

Dia da Terra: como o coronavírus mudou o planeta

A pandemia de Covid-19 não mudou apenas o estilo de vida dos humanos. Com um terço da população mundial em quarentena, não é de se estranhar que ela também impactasse a dinâmica do meio ambiente.

Além de ser o ano do coronavírus, 2020 também é o ano do 50º Dia da Terra, celebrado no dia 22 de abril. A data foi criada em 1970 pelo senador americano Gaylord Nelson, com o objetivo de gerar conscientização sobre a preservação do meio ambiente e o impacto das ações humanas – e elas nunca estiveram tão visíveis.

A maior mudança foi a redução da poluição atmosférica. Com menos automóveis nas ruas e menos fábricas funcionando, a diminuição na emissão de poluentes foi detectada por satélites em várias regiões do mundo, incluindo Brasil, China, Estados Unidos e Itália.

 (Reprodução/NASA)

Na China, a redução de poluentes ocorreu entre janeiro (primeira foto) e fevereiro (segunda foto), quando a quarentena se intensificou no país. A imagem feita por satélites da NASA e ESA (Agência Espacial Europeia) mostra a concentração de NO2 na atmosfera chinesa. Agora, com a retomada da produção industrial, a China já voltou a registrar altos índices de poluição. Desde o dia 17 de fevereiro, os índices de NO2 estão 50% maiores do que no período de quarentena. Mesmo assim, eles ainda estão 20% mais baixos quando comparados ao mesmo período de 2019. Os dados são do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Puro.

Em Nova York, as emissões de monóxido de carbono de automóveis diminuíram 50% em comparação ao ano passado, segundo a Universidade Columbia. O mesmo aconteceu no Brasil: segundo a Cetesb, a poluição atmosférica em São Paulo também caiu pela metade após uma semana de quarentena na capital.

A Itália é outro país que passa por quarentena rígida. A animação abaixo, da Agência Espacial Europeia, mostra a queda nos níveis de NO2 no país.

Já alguns moradores do norte da Índia puderam ver parte da cordilheira de Dhauladhar, no Himalaia, pela primeira vez. Devido ao alto índice de poluição atmosférica no país, o fenômeno não acontecia desde a Segunda Guerra Mundial. 

Fonte : https://super.abril.com.br/ciencia/dia-da-terra-como-o-coronavirus-mudou-o-planeta/

PNUMA lista 6 fatos sobre coronavírus e meio ambiente

Você sabia que cerca de 60% das doenças infecciosas humanas e 75% das doenças infecciosas emergentes são zoonóticas, ou seja, transmitidas através de animais?

Alguns exemplos que surgiram recentemente são ebola, gripe aviária, a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), o Vírus Nipah, a Febre do Vale Rift, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), a Febre do Nilo Ocidental, o vírus zika e, agora, o coronavírus – todos ligados à atividade humana.

O surto de ebola na África Ocidental é resultado de perdas florestais que levaram a vida selvagem a se aproximar dos assentamentos humanos; a gripe aviária está relacionada à criação intensiva de aves e o vírus Nipah surgiu devido à intensificação da suinocultura e à produção de frutas na Malásia.

Cientistas e especialistas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estão reunindo os dados científicos mais recentes sobre a COVID-19 – tanto o que se sabe quanto o que não se sabe.

Embora a origem do surto e seu caminho de disseminação ainda não estejam claros, listamos seis pontos importantes que vale a pena conhecer:

A interação de seres humanos ou rebanhos com animais selvagens pode nos expor à disseminação de possíveis patógenos. Para muitas zoonoses, os rebanhos servem de ponte epidemiológica entre a vida selvagem e as doenças humanas.

Os fatores determinantes do surgimento de zoonoses são as transformações do meio ambiente – geralmente resultado das atividades humanas, que vão desde a alteração no uso da terra até a mudança climática; das mudanças nos hospedeiros animais e humanos aos patógenos em constante evolução para explorar novos hospedeiros.

As doenças associadas aos morcegos surgiram devido à perda de habitat por conta do desmatamento e da expansão agrícola. Esses mamíferos desempenham papéis importantes nos ecossistemas, sendo polinizadores noturnos e predadores de insetos.

A integridade do ecossistema evidencia a saúde e o desenvolvimento humano. As mudanças ambientais induzidas pelo homem modificam a estrutura populacional da vida selvagem e reduzem a biodiversidade, resultando em condições ambientais que favorecem determinados hospedeiros, vetores e/ou patógenos.

A integridade do ecossistema também ajuda a controlar as doenças, apoiando a diversidade biológica e dificultando a disseminação, a ampliação e a dominação dos patógenos.

É impossível prever de onde ou quando virá o próximo surto. Temos cada vez mais evidências sugerindo que esses surtos ou epidemias podem se tornar mais frequentes à medida que o clima continua a mudar.


“Nunca tivemos tantas oportunidades para as doenças passarem de animais selvagens e domésticos para pessoas”, disse a diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen.

“A perda contínua dos espaços naturais nos aproximou demasiadamente de animais e plantas que abrigam doenças que podem ser transmitidas para os seres humanos.”

A equipe do PNUMA está trabalhando continuamente nessas questões. As informações compartilhadas pela Divisão de Ciência estão disponíveis online com informações adicionais, incluindo uma lista de perguntas ainda não respondidas.

A natureza está em crise, ameaçada pela perda de biodiversidade e de habitat, pelo aquecimento global e pela poluição tóxica. Falhar em agir é falhar com a humanidade, segundo o PNUMA.

Enfrentar a nova pandemia de coronavírus (COVID-19) e nos proteger das futuras ameaças globais requer o gerenciamento correto de resíduos médicos e químicos perigosos, a administração consistente e global da natureza e da biodiversidade e o comprometimento com a reconstrução da sociedade, criando empregos verdes e facilitando a transição para uma economia neutra em carbono.

A humanidade depende de ação agora para um futuro resiliente e sustentável, salientou o PNUMA.

Fonte: https://nacoesunidas.org/pnuma-lista-6-fatos-sobre-coronavirus-e-meio-ambiente/amp/