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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Mitos e verdades sobre gravidez e obesidade juntas

Gravidez com obesidade

Ironicamente, apesar da ingestão calórica excessiva, muitas mulheres obesas são deficientes em vitaminas vitais para uma gravidez saudável.

Mas há muitas outras estatísticas alarmantes que surgem quando obesidade e gravidez coincidem.

Juntas, elas apresentam um conjunto único de desafios que as mulheres e seus médicos devem enfrentar para alcançar o melhor resultado possível para a mãe e para o bebê.

Na edição de dezembro da revista Seminários em Perinatologia, a especialista em medicina materna, Loralei Thornburg (Universidade de Rochester - EUA) revisa as principais mudanças e obstáculos relacionados à gravidez que as mulheres obesas podem ter de enfrentar antes do parto.

Mito ou Verdade?

"Embora você possa ter uma gravidez bem-sucedida com qualquer peso, as mulheres precisam entender os desafios que o seu peso irá criar e se tornar uma parceira no seu próprio tratamento, pois elas precisam conversar com seus médicos sobre a melhor forma de otimizar a sua saúde e a saúde de seu bebê," recomenda ela.

"Eu trato pacientes obesas o tempo todo, e embora nem tudo saia sempre exatamente como planejado, elas podem ter uma gravidez saudável," afirma a médica.

Os seguintes mitos e verdades destacam alguns dos obstáculos para se ter em conta antes, durante e após a gravidez com obesidade.

Alguns são bem comuns, mas alguns chegam a ser surpreendentes.

Muitas mulheres obesas apresentam deficiência de vitaminas

Verdadeiro.

Quarenta por cento são deficientes em ferro, 24% em ácido fólico e 4% em vitamina B12.

Esta é uma preocupação porque certas vitaminas, como o ácido fólico, são muito importantes antes da concepção, diminuindo o risco de problemas cardíacos e defeitos da coluna vertebral em recém-nascidos.

Minerais, como cálcio e ferro, são necessários durante a gravidez para ajudar os bebês crescerem.

A especialista afirma que a deficiência de vitamina tem a ver com a qualidade da dieta, e não com a quantidade.

Mulheres obesas tendem a fugir dos cereais fortificados, frutas e legumes, e comer mais alimentos processados, que são ricos em calorias, mas pobres em valor nutritivo.

"Assim como todo mundo, as mulheres que estão pensando em engravidar, ou estão grávidas, devem adotar uma mistura saudável de frutas e legumes, proteínas magras e carboidratos de boa qualidade," afirma.

Pacientes obesas precisam de ganhar pelo menos 7 quilos durante a gravidez

Meia verdade.

Em 2009, o Instituto de Medicina dos Estados Unidos revisou suas recomendações para ganho de peso gestacional de mulheres obesas de "pelo menos 7 quilos" para "de 5 a 9 quilos".

O detalhe é que, além de um menor limite inferior, agora há um limite máximo.

De acordo com pesquisas anteriores, as mulheres obesas com ganho de peso excessivo durante a gravidez têm um risco muito elevado de complicações, incluindo o nascimento prematuro, cesariana, falha na indução do parto, bebês grandes demais para a idade gestacional e recém-nascidos com baixo teor de açúcar no sangue.

Se uma mulher começa a gravidez com sobrepeso ou obesa, não ganhar muito peso pode de fato melhorar a probabilidade de uma gravidez saudável, ressalta a médica. Falar com seu médico sobre o ganho de peso adequado para a sua gravidez é fundamental, diz ela.

O risco de parto prematuro espontâneo é maior em obesas do que em não-obesas.

Mito.

Mulheres obesas têm maior probabilidade de parto prematuro recomendado - um parto antecipado por razões médicas, como diabetes materno ou pressão arterial elevada.

Mas, paradoxalmente, o risco de parto prematuro espontâneo - quando uma mulher entra em trabalho de parto por uma razão desconhecida - é, na verdade, 20% menor em obesas do que em não-obesas.

Não há explicação para o porquê disso, mas Thornburg diz que a hipótese corrente sugere que isto está provavelmente relacionado a alterações hormonais nas mulheres obesas que podem diminuir o risco de parto prematuro espontâneo.

Doenças respiratórias na obesidade aumentam risco de complicações não pulmonares na gravidez

Verdadeiro.

As doenças respiratórias na obesidade incluem a asma e apneia obstrutiva do sono, enquanto as complicações não-pulmonares na gravidez incluem o parto cesáreo e a pré-eclâmpsia (pressão alta).

Mulheres obesas têm taxas de complicações respiratórias mais elevadas, e até 30% têm uma exacerbação da asma durante a gravidez, um risco quase uma vez e meia maior do que as mulheres não-obesas.

De acordo com Thornburg, as complicações respiratórias representam apenas uma peça do quebra-cabeça dos problemas de saúde na obesidade, que aumenta a probabilidade de problemas na gravidez.

Ela salienta a importância de manter a asma e outras condições respiratórias sob controle antes de engravidar.

As taxas de amamentação são elevadas entre mulheres obesas

Mito.

As taxas de amamentação são baixas entre as mulheres obesas, com apenas 80% amamentando nos primeiros dias, e menos de 50% indo além de seis meses, ainda que a amamentação esteja associada com menor retenção de peso pós-parto.

Thornburg reconhece que pode ser um desafio para as mulheres obesas amamentarem.

Muitas vezes leva mais tempo para seu leite descer e elas podem ter menor produção, já que o tamanho do peito não tem nada a ver com a quantidade de leite produzido.

"Devido a estes desafios, as mães precisam ser educadas, motivadas e trabalharem com seus médicos, enfermeiros e profissionais de lactação para caprichar na amamentação. Mesmo que só seja possível fazer o aleitamento parcial, ainda é melhor do que amamentação nenhuma," conclui a médica.

http://www.diariodasaude.com.br

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