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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Afogamento no mar é pior que em água doce, dizem especialistas

A chegada do verão e o aumento de calor elevam o número de casos de afogamento no Brasil, especialmente no litoral. Segundo especialistas, esse risco é ainda maior quando o banhista está no oceano, já que uma quantidade menor de água salgada pode causar o mesmo estrago que um volume maior aspirado em rios e lagos.

O afogamento ocorre quando o organismo transporta muita água doce ou do mar para os órgãos usados na respiração: traqueia, brônquios e, principalmente, pulmões. Em casos menos graves, pode acontecer o “quase afogamento”: a pessoa também recebe uma grande quantidade de líquido estranho ao corpo, mas não chega a perder a consciência.

Quando a água se deposita dentro dos pulmões, a troca de gases que o órgão faz para garantir a chegada de oxigênio às células fica prejudicada. “Os pulmões têm uma área de 80 metros quadrados para a respiração. Quando alguém se afoga, uma parte significativa desse espaço é comprometida”, explica o pneumologista Lúcio Souza dos Santos, que atende na emergência do hospital paulista A.C. Camargo.

A gravidade do afogamento depende de quanto tempo o indivíduo passou com água em excesso nos pulmões. Mas o volume de líquido também é importante, e costuma ser maior quando a vítima está no mar. “A água salgada tem muito sódio, que entra nos alvéolos pulmonares e atrai uma grande quantidade do líquido que fica entre as células [material intersticial]”, diz o especialista.

Mergulhos perigosos – Os médicos recomendam que as pessoas saibam a profundidade do lugar onde estão entrando para nadar. “É preciso entrar aos poucos na água quando não se conhece o local, e jamais mergulhar de cabeça”, aponta Santos. “Se você bebeu ou tomou algum remédio ou substância que prejudique sua consciência, também deve ficar longe da água”, completa.

Evitar nadar em águas muito profundas em rios e mares é outra indicação importante. “É sempre bom ficar em um lugar em que você possa ficar de pé e não precise ficar nadando para não afundar”, afirma o pneumologista.

Já o ortopedista Alexandre Fogaça, do Hospital das Clínicas de São Paulo, lembra que brincadeiras perto de piscinas são tão perigosas quanto a imprudência ao mergulhar. “Fora o risco de afogamento, se um acidente acontecer a pessoa pode bater as costas no fundo da piscina e ficar paraplégica”, diz. Segundo ele, os mergulhos representam a quarta principal causa de lesão na medula.

O que fazer – O primeiro passo ao notar que alguém está se afogando é tentar manter a calma e buscar ajuda. “Se você estiver no mar, tente avisar alguém”, sugere Santos. “E apenas tente salvar a vítima de dentro da água se você aguentar o peso dela. Caso contrário, podem ser duas pessoas se afogando”, alerta.

Ao retirar o acidentado da água, é preciso prestar atenção nos sinais vitais. “Se o indivíduo estiver roxo, é preciso fazer massagem cardíaca”, destaca. “Para casos em que você consiga sentir o pulso dele no pescoço ou na virilha, é possível tentar tirar a água acumulada nos pulmões.”

Para remover o excesso de água, a vítima deve ser deitada com a barriga para baixo e a cabeça de lado. “Nessa posição, quem estiver ajudando pode comprimir as costas, começando perto do quadril e subindo até o tórax”, diz o pneumologista. O procedimento deve ser repetido até que a pessoa tussa e libere a água retida no organismo.

(Fonte: Mário Barra/ G1)

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