A Conferência do Clima em Durban, na África do Sul, trouxe avanços insuficientes para frear o desmatamento das últimas grandes florestas do planeta, avaliam especialistas, que pressionam para que a questão volte ao centro da luta contra as mudanças climáticas.
O mecanismo que prevê pagamentos para manter as florestas intactas chamado de Redd (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) avançou pouco na COP 17.
Houve algumas decisões para o futuro mercado de carbono, deixou claro que deve haver financiamento público e estabeleceu que haverá regras para garantir a redução de emissões e salvaguardas de respeito aos povos indígenas, locais e à biodiversidade. Mas faltou objetividade.
“Não houve avanços na definição de fontes de financiamento de longo prazo e sem isto não podemos falar em sustentabilidade do REDD”, lamentou, em declarações esta quarta-feira, Louis Verchot, cientista do Centro Internacional de Pesquisa Florestal (CIFOR).
“O REDD foi ofuscado em Durban por questões mais amplas”, disse Bruce Cabarle, líder da iniciativa de Florestas e Clima da ONG Fundo Mundial para a Natureza (WWF), que pediu pressa aos negociadores. “Todas as análises dizem que precisamos reduzir logo as emissões (provocadas) pelo desmatamento para limitar o aquecimento global a 2 ºC e para isto, a definição do REDD é fundamental”, considerou.
O desmate florestal representa cerca de 17% das emissões de gases de efeito estufa, causadores do aquecimento global, mais do que o volume emitido por todo o transporte no planeta. Estimativas apontam que, anualmente, o planeta perde 70 mil km² de sua cobertura vegetal, onde vivem mais de 1 bilhão de pessoas.
Sem combate – Num momento em que os cientistas denunciam um forte aumento dos índices de desmatamento na África, a vice-presidente de Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial, Rachel Kyte, deixou claro o desafio: “as florestas não podem ser preservadas se as pessoas tiverem fome”.
“É um pecado mundial que não tenhamos REDD. Combater o desmatamento é a opção que dá mais resultados de curto prazo na redução das emissões na atmosfera, isto sem contar a importância das florestas para a chuva, a conservação da biodiversidade e a água”, disse Franz Tattenbach, presidente do Instituto de Desenvolvimento Sustentável, do Canadá, que nos anos 1990 impulsionou o primeiro programa de pagamento de serviços ambientais, na Costa Rica.
As ações contra o desmatamento são críticas no Brasil e Indonésia, países que, embora tenham avançado, “concentram mais de 70% das emissões do desmatamento”; também são necessários avanços na bacia do Congo, em Malásia e Mianmar, e outras áreas da América Latina, destacou Verchot.
Muitos países se anteciparam às definições do REDD para estar preparados quando o sistema tiver sido lançado, e há iniciativas de grandes doadores, como a Noruega, ou através do Banco Mundial, mas as regras e a capacidade dos países em aplicá-las demoram.
(Fonte: G1)
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