O ano não acaba bem para o meio ambiente no Brasil. Só nos últimos meses, tivemos dois acidentes relacionados à exploração de petróleo em áreas oceânicas. Entre eles, o recente acontecido na Baía de Campos, norte do Rio de Janeiro, causado pela petroleira americana Chevron.
Maior que o impacto, grande, foi a falta da governança brasileira em atuar em situações de emergência. Na ocasião do vazamento faltou transparência, faltou verdade, estrutura, fiscalização e ações de comando e controle para garantir a preservação da nossa biodiversidade e a integridade do nosso mar.
O delegado da Polícia Federal Fabio Scliar foi pró-ativo. Lançou hoje uma nota afirmando claramente que “atuaram (representantes da empresa) aqui de maneira leviana e irresponsável”.
A empresa merece o banco dos réus. Mas, não o ocupa sozinha. Compartilha-o com o próprio governo brasileiro. A ANP não regulou, o IBAMA não fiscalizou, a Marinha não tinha estrutura suficiente para operar em casos de acidente off-shore e a Defesa Civil sequer apareceu na cena do crime.
Com uma estrutura dessas não dá para pensar em explorar o tal “bilhete premiado” do pré-sal, que desse jeito pode nos trazer mais problemas do que solução.
Minha lista dos desejos para o próximo ano? Que o governo brasileiro não se esqueça que o Brasil não deve seguir o exemplo dos países desenvolvidos, mas sim dar o exemplo, de como se desenvolver de forma limpa e segura. O nosso futuro é renovável. Investir nosso dinheiro na exploração do pré-sal é investir no passado.
* Leandra Gonçalves é bióloga da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace no Brasil.
http://www.portogente.com.br/ambiente/index.php?cod=60399
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