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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ministério da Saúde contesta reportagem sobre Tamiflu

O Ministério da Saúde divulgou nota neste sábado, 18, em que contesta reportagem da última edição da Revista Veja, associando a compra do medicamento Tamiflu, usado no tratamento da gripe H1N1, a esquema de pagamento de propina na Casa Civil. A revista relata que o suposto esquema beneficiou servidores da pasta em julho de 2009. Na época, a presidenciável Dilma Rousseff comandava a pasta e Erenice Guerra, que a sucedeu no órgão, era secretária-executiva. Ainda no sábado, o ministro da Saúde concedeu coletiva reforçando a posição do Ministério da Saúde.

Segundo a Veja, o governo fechou em junho de 2009 uma compra emergencial do Tamiflu, com aval da Casa Civil. Teriam sido comprados mais medicamentos que o necessário, no valor de R$ 34,7 milhões, em troca de uma comissão. A matéria afirma que o advogado Vinícius de Oliveira Castro – ex-assessor da Casa Civil, que deixou o cargo na semana passada após as primeiras denúncias contra Erenice – teria recebido R$ 200 mil para não revelar o esquema.

O Ministério da Saúde afirma que adquiriu “quantidade suficiente do antiviral para tratar 14,5 milhões de pessoas”, no valor global de R$ 400 milhões. Explica que o valor foi definido a partir de “critérios exclusivamente técnicos”, para tratar de 10% da população brasileira. “As negociações do Ministério com o laboratório resultaram num preço 76,7% mais baixo” que o de mercado, diz a nota.

O ministério acrescenta que as compras foram realizadas diretamente com o laboratório Roche, único produtor do medicamento, sem intermediários. Frisa que a “Casa Civil não teve interferência no processo” e lembra que a vacina contra a gripe chegaria ao Brasil somente em 2010. Por isso, o Tamiflu “era a única solução indicada contra a doença disponível naquele momento”.

Leia a nota do Ministério da Saúde:

Esclarecimento sobre compra de antiviral fosfato de oseltamivir (Tamiflu)

Em relação à compra do antiviral fosfato de oseltamivir (Tamiflu) para o tratamento contra a gripe H1N1, o Ministério da Saúde esclarece que:

” Adquiriu em 2009 quantidade do antiviral suficiente para tratar 14,5 milhões de pessoas contra influenza. O total foi definido a partir de critérios exclusivamente técnicos estabelecidos pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde. As compras foram realizadas diretamente entre o Ministério da Saúde e a diretoria do único laboratório produtor do medicamento, sem intermediários. Portanto, ao contrário do que afirma reportagem da revista Veja, a Casa Civil não teve interferência neste processo.

” As negociações do Ministério da Saúde com o laboratório produtor para a compra do antiviral resultaram num preço 76,7% mais baixo que o preço de mercado do produto. Os critérios técnicos adotados levaram em conta a previsão de 10% da população brasileira com indicação para o tratamento (o medicamento é indicado para casos graves e pessoas com fatores de risco), o que representaria aproximadamente 20 milhões de pessoas. Este percentual tem com base em modelo matemático do Center for Diseases Control, dos Estados Unidos, que considerou o número de casos graves em outras pandemias de influenza ocorridas historicamente.

” É importante lembrar que, em setembro de 2009, o Brasil chegou a ser criticado por ter estoque para apenas 5% da sua população, enquanto outros países adquiriram medicamentos para atender até 80% de sua população. Seguem exemplos dos estoques internacionais em 2009:

- Reino Unido – estoque suficiente para atender 80% da população; França e Austrália – estoque suficiente para 50% da população;

- Áustria, Japão, Cingapura e Irlanda – estoque para 45% da população;

- Suíça, Kuwait e Noruega – estoque para 40% da população;

- Nova Zelândia, Luxemburgo, Islândia e Catar – estoque para 35% da população;

- Estados Unidos, Holanda, Bélgica, Hong Kong e Macau – estoque para 30% da população.

” O volume adquirido também levou em conta a exigência de recomposição do estoque estratégico do oseltamivir, parcialmente utilizado na primeira onda da pandemia. A manutenção de um estoque nacional para garantir o atendimento da população em uma situação de pandemia mais grave, como a da gripe aviária, que tem letalidade de 70%, está estabelecida no Plano de Preparação Brasileiro para o Enfrentamento de uma Pandemia de Influenza, elaborado em 2005, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde.

” Em 2009, foram realizadas sete compras de medicamento de Tamiflu. Um total de 75 milhões de comprimidos de 75 mg, 14 milhões de comprimidos de 45 mg e outros 16 milhões de 30 mg, além de 4 toneladas do medicamento em barril. Isso representa um total de 14,5 milhões de tratamentos (o tratamento para uma pessoa é composto por 10 comprimidos). O valor da compra soma R$ 400 milhões. O preço de cada tratamento saiu, em média, por R$ 28. Cada tratamento adulto saiu por R$ 34, 93. O preço autorizado pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) para a venda dos medicamentos de uso adulto nas drogarias privadas é de R$ 150.

” Foram distribuídos aos Estados e DF, entre 2009 e 2010, um total de 4,86 milhões de tratamentos. Além disso, conforme preconizado, o Ministério da Saúde mantém, em sua reserva estratégica nacional, 20 milhões de tratamentos, o suficiente para tratar cerca de 10% da população em caso de nova pandemia.

” Ressalta-se que há apenas um produtor mundial do medicamento. A vacina contra a doença somente surgiu no segundo semestre de 2009 para os países do hemisfério Norte e a sinalização dos laboratórios produtores sobre a disponibilidade do insumo somente foi dada no final do ano. Para os países do Hemisfério Sul, a vacina somente estaria disponível no início deste ano. Ou seja, o medicamento era a única solução indicada contra a doença disponível naquele momento.

(Fonte: Agência Estado / Estadão Online)

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