Químico, biólogo, engenheiro ambiental e geólogo. Pode parecer estranho, mas estes profissionais trabalham em um banco, justamente na área de análise de crédito para empresas que precisam de linhas acima de R$ 1 milhão. No Santander, seis funcionários investigam as relações de 3.000 clientes com a sociedade e o meio ambiente, sendo 200 deles na região.
Metade do tempo desses profissionais é gasto com estudo de projetos dos setores de agricultura, frigorífico, madeireira, energia e infraestrutura. "Questões como trabalho escravo, problemas com licenças ambientais das obras e emprego de mão de obra infantil se detectadas pela equipe não têm o crédito concedido", afirma o superintendente de riscos ambientais do banco, Christopher Wells.
O fator socioambiental entrou na equação da instituição há oito anos. Se alguma irregularidade fosse encontrada, o limite seria concedido apenas após melhorias. Desde aquela época, o Santander cortou o relacionamento com 53 empresas ou projetos que não atenderam às exigências.
Wells comenta que a internet é grande aliada dos analistas de riscos ambientais, pois até as notícias veiculadas sobre as companhias podem ser monitoradas pelo departamento.
"Como somos poucos é impossível ir a campo toda vez que detectarmos alguma ação duvidosa. Consultamos os sites de diversos órgãos públicos que disponibilizam informações de inspeções em suas páginas."
Além da web, esses "profissionais verdes" - que dos bancos sabiam apenas como usar cartão de crédito e cheque - têm apoio de 100 analistas financeiros, os primeiros a checar questionários respondidos pelas candidatas a pegar empréstimos milionários. Basta uma dúvida para que os clientes sejam chamados para esclarecimentos.
TENDÊNCIA
As instituições consideram que conceder empréstimos às companhias que causam danos ao meio ambiente pode trazes grande prejuízo. Os bancos estão sujeitas a multas previstas na legislação entre outras consequências, interferindo no lucro do cliente. O superintendente do Santander avalia que o setor financeiro mundial está avançado nestas questões, mas ainda pode melhorar.
"Muitas vezes o brasileiro tem o hábito de pensar que está atrasado em relação ao resto do mundo, mas são poucos países que o setor está tão atuante na questão ambiental", diz Wells. Estimular o desenvolvimento sustentável das companhias é importante para o negócio e a sociedade não aceita postura diferente.
Depois das empresas de setores de risco e que requerem maior parte do trabalho da equipe, as companhias instaladas em grandes cidades aparecem na mira do banco. No região, por exemplo, um auxiliador deste trabalho é o controle ambiental desenvolvido pela Cetesb, que é considerado rígido.
O superintendente da instituição estima que, no Grande ABC, 200 empresas, especialmente da área industrial, têm crédito acima de R$ 1 milhão e são assistidas pelo Santander.
Alexandre Melo
Diário do Grande ABC
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