A resposta ao tratamento da Aids depende da variante do vírus que causa a infecção e das características genéticas do próprio paciente. Mas os estudos sobre a doença estão focados apenas nos genes das pessoas e dos subtipos de HIV de países ricos.
O alerta veio de cientistas que participaram, na quarta-feira (15), de uma discussão sobre os aspectos genéticos da infecção pelo HIV, no 56º Congresso Brasileiro de Genética, que acontece no Guarujá (SP).
O grande problema é que o subtipo C da doença – o menos estudado – equivale à metade das infecções no mundo. Na Europa e no continente americano, que produzem cerca de 90% das pesquisas sobre a Aids, prevalece o subtipo B do vírus.
“A maioria dos estudos feitos com design de drogas anti-HIV hoje é para o subtipo B. Mas diferentes subtipos do vírus HIV têm comportamentos distintos em relação ao coquetel de drogas”, explica o biólogo Marcelo Alves Soares, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Os subtipos “não-B” são os que prevalecem em todo mundo. “Agora, estão se espalhando para os países desenvolvidos”, afirma ele.
O Brasil também é afetado. Há um aumento da incidência de vírus tipo C, principalmente no Rio Grande do Sul.
Os cientistas têm tentado entender como a ascendência, o sexo e outros fatores genéticos dos portadores de Aids podem afetar a sua resposta à medicação.
Novamente, predominam estudos sobre a população europeia e masculina. “É preciso incluir afrodescendentes e mulheres”, diz a farmacêutica Vanessa Mattevi, da UFCSPA (Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre).
Ela estuda cerca de 600 pacientes para avaliar a predisposição genética para a lipoatrofia, efeito colateral da medicação anti-HIV que leva à perda de gordura no corpo.
Mattevi notou que fatores como idade (adulta) e origem (europeia) são importantes na origem do problema.
(Fonte: Sabine Righetti/ Folha.com)
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