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sábado, 11 de setembro de 2010

Adolescentes comem menos frutas e verduras que o recomendado

Alimentação dos adolescentes

Em um estudo envolvendo 812 adolescentes brasileiros, com idades entre 12 e 19 anos, constatou que somente 6,4% deles consumiam 400 gramas (g) por dia ou mais de frutas, legumes e verduras (FLV), valor mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Dos entrevistados, 22% não comeram nenhuma fruta, legume ou verdura no dia da avaliação. Os adolescentes que comem poucas FLV têm um consumo médio destas de 70 g/dia

A pesquisa baseou-se em dados levantados em 2003 pelo Inquérito de Saúde do município de São Paulo (ISA), da Secretaria Municipal de Saúde. O trabalho envolveu diversos pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.

"Há sempre a ideia de que o adolescente come muito mal, porém, não tínhamos dados para confirmar este fato, pensávamos que havia um exagero nas afirmações. Mas os dados levantados são piores do que o esperado", diz a nutricionista Roberta Bigio, responsável pela pesquisa.

Complicações a curto e longo prazos

A nutricionista afirma que esse número é alarmante e ainda aponta outros dados preocupantes: 71,6% dos entrevistados consumiram em média 70 g/dia.

"Essa quantidade é muito abaixo do mínimo necessário. Quando se fala em comer ao menos 400 g/dia, isso quer dizer que o adolescente deveria, no mínimo, comer um prato raso de salada de folhosos, como um alface, uma porção de cerca de 80 g de hortaliça cozida, como uma cenoura, e três frutas de porte médio durante o dia, como uma banana ou uma maçã", comenta.

A pesquisadora alerta que o baixo consumo de FLV afeta o valor nutricional da dieta dos jovens, o que pode resultar em complicações a curto e em longo prazo. Ela explica que algumas vitaminas encontradas nesses alimentos são antioxidantes, como a C, a A e a E, e que a falta delas pode levar a inúmeros problemas, como os de doenças cardiovasculares e câncer.

"Além disso, frutas, legumes e verduras são produtos de baixa caloria e os adolescentes os substituem por produtos altamente calóricos, podendo levar ao excesso de peso e outras doenças decorrentes deste", acrescenta.

Cesta básica

No estudo também foi analisada a relação do consumo de FLV com a renda per capita e com a escolaridade dos pais dos adolescentes.

Percebeu-se que essas variáveis influenciavam no consumo, que aumentou nas categorias de maior renda e maior escolaridade do chefe da família.

A pesquisa não aborda as causas dessa relação, mas Roberta sugere algumas suposições. A nutricionista acredita que quanto maior a renda, maior é o alcance para consumir um tipo de alimento que é considerado mais caro.

Além disso, ela comenta que há aquelas pessoas que moram na periferia longe de feiras ou outros lugares que vendem frutas e verduras, "sem contar a pessoa que não compra a mais do que aquilo que ganha na cesta básica", diz. Quanto à escolaridade, Roberta lembra que quem tem melhor instrução possui um entendimento maior da importância do produto.

Agência USP

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