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sábado, 4 de setembro de 2010

Doenças Tropicais

As doenças tropicais continuam sendo um problema grave de saúde pública, especialmente se considerarmos o alto índice de mortalidade associado a elas.

Algumas doenças tropicais são:

» Doença de Chagas

» Febre Amarela

» Leishmaniose

» Malária

Na época em que os ingleses estiveram empenhados em colonizar regiões nos trópicos, principalmente na África, Sudeste Asiático e Índia, entraram em contato com uma série de doenças desconhecidas no continente europeu e que receberam o nome de doenças tropicais ou doenças dos trópicos. Essa denominação ainda é pertinente porque, nos trópicos, os fatores climáticos favorecem a proliferação de insetos, os principais transmissores dessas doenças.

Atualmente, essas doenças estão bastante relacionadas a fatores socioeconômicos, pois se manifestam mais nos países pobres que em sua maioria se localizam nas regiões tropicais e não têm condições de implantar medidas efetivas de controle, prevenção e tratamento. Por isso, as doenças tropicais continuam sendo um problema grave de saúde pública, especialmente se considerarmos o alto índice de mortalidade associado a elas.

Além dos fatores sociais, existem os problemas técnicos, políticos e administrativos, que são comuns a qualquer programa de saúde pública. Resolver os problemas implica em ações com uso de tecnologia apropriada, estrutura sanitária básica, enfoque epidemiológico, decisão política e participação da sociedade. Novos paradigmas, têm, portanto, que serem estabelecidos para o combate às doenças tropicais.

Doenças de Chagas

É uma doença transmissível, causada por um parasito do gênero Trypanosoma e transmitida principalmente através do "barbeiro", também conhecido por: chupança, chupão, fincão, bicudo, procotó, etc. O "barbeiro", em qualquer estágio do seu ciclo de vida, ao picar uma pessoa ou animal com tripanossomo, suga juntamente com o sangue formas de T. cruzi , tornando-se um "barbeiro" infectado. Os tripanossomos se multiplicam no intestino do "barbeiro", sendo eliminados através das fezes.

Agente etiológico

É um protozoário denominado Trypanosoma cruzi . No homem e nos animais, vive no sangue periférico e nas fibras musculares, especialmente as cardíacas e digestivas: no inseto transmissor, vive no tubo digestivo.

Agente transmissor

O "barbeiro", é um inseto da sub-família Triatominae que se alimenta exclusivamente de vertebrados homeotérmicos, sendo chamados hematófagos.

Sintomas

Surgem de 4 a 6 dias após o contato do barbeiro infectado com a sua vítima. Entre os sintomas estão inflamações no lugar da mordida do barbeiro, onde também ele deposita suas fezes infectadas, febre baixa e contínua, falta de apetite, aceleramento nos batimentos cardíacos, inchação do fígado, do baço, nas faces e até mesmo no corpo inteiro. O aparecimento de "ínguas" - nome popular dado ao aumento dos gânglios linfáticos também é mais um sintoma.

Esse quadro é mais comum em crianças de um a cinco anos. Em pessoas mais velhas, esses sinais ficam mais atenuados e a fase inicial da doença pode até passar desapercebida, confundindo-se com uma "gripe" ou "mal estar" passageiro. Caso detectado algum desses sintomas, a pessoa deve procurar logo atendimento médico.

Profilaxia

Baseia-se principalmente em medidas de controle ao "barbeiro", impedindo a sua proliferação nas moradias e em seus arredores. Além de medidas específicas (inquéritos sorológicos, entomológicos e desinsetização), as atividades de educação em saúde, devem estar inseridas em todas as ações de controle, bem como, as medidas a serem tomadas pela população local, tais como:

- melhorar habitação, através de reboco e tamponamento de rachaduras e frestas;

- usar telagem em portas e janelas;

- impedir a permanência de animais, como cão, o gato, macaco e outros no interior da casa;

- evitar montes de lenhas, telhas ou outros entulhos no interior e arredores da casa;

- construir galinheiro, paiol, tulha, chiqueiro, depósito afastados das casas e mantê-los limpos;

- retirar ninhos de pássaros dos beirais das casas;

- manter limpeza periódica nas casas e em seus arredores;

- difundir junto aos amigos, parentes, vizinhos, os conhecimentos básicos sobre a doença, vetor e sobre as medidas preventivas;

- encaminhar os insetos suspeitos de serem "barbeiros", para o serviço de saúde mais próximo.


Febre Amarela

A Febre Amarela (FA) é uma doença infecciosa aguda, febril, de natureza viral, encontrada em países da África e Américas Central e do Sul. Caracteriza-se clinicamente por manifestações de insuficiência hepática e renal, que pode levar à morte, em cerca de uma semana. Existem dois tipos de Febre Amarela: a Febre Amarela Urbana (FAU) e a Silvestre (FAS).

Agente etiológico

O agente causal da Febre Amarela é o vírus amarílico, um arbovírus pertencente ao gênero Flavivirus , família Flaviviridae.

Agente transmissor

O mosquito transmissor da febre amarela urbana é o Aedes aegypti , o mesmo transmissor da dengue. Na febre amarela silvestre os mosquitos do gênero Haemagogus são os principais transmissores. No Brasil, desde a década de 1949 não há transmissão urbana. Os casos confirmados são de febre amarela silvestre. Na Febre Amarela Urbana (FAU), o homem é o único reservatório hospedeiro vertebrado com importância epidemiológica. Na Febre Amarela Silvestre (FAS), os primatas não humanos são os principais reservatórios e hospedeiros vertebrados do vírus amarílico, sendo o homem um hospedeiro acidental.

Sintomas

A febre amarela pode causar quadros praticamente inaparentes até formas graves da doença. Os primeiros sintomas tem início súbito e sintomas gerais como febre, calafrios, dores de cabeça, dores musculares, náuseas, vômitos e fotofobia. Após este período a doença pode evoluir para a cura ou para formas mais graves. Nestas, aparece novo acesso febril, icterícia progressiva e fenômenos hemorrágicos (sangramento nasal, bucal, cutâneo, no vômito e nas fezes), queda da pressão arterial e prostração.

Profilaxia

A principal medida de controle é a vacinação. Deve ser feita para todas as pessoas que se desloquem para regiões endêmicas. O reforço deve ser dado a cada 10 anos;

Não há necessidade de isolamento do paciente;

O combate do Aedes aegypti (vide Dengue), através de ações de saneamento básico (controle do lixo) e de educação em saúde (não deixar água parada em vasos de plantas e outros objetos que possam acumular água, tampar o lixo e as caixas de água, cobrir pneus) constituem-se medidas importantes de controle.

Regiõe Endêmicas

Brasil - Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Minas Gerias, Maranhão, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Rondônia e Distrito Federal.

África Tropical - Angola, Benin, Burkina Faso, Camarões, Congo, Gabão, Gâmbia, Ghana, Guiné, Libéria, Nigéria, Serra Leoa e Sudão.

Américas - Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Peru, Venezuela.


Leishmaniose

A Leishmaniose Visceral é também conhecida como Calazar, Esplenomegalia Tropical, Febre Dundun, dentre outras denominações menos conhecidas. É uma zoonose que afeta outros animais além do homem. É uma doença crônica sistêmica, caracterizada por febre de longa duração e outras manifestações, e, quando não tratada, evolui para óbito, em 1 ou 2 anos após o aparecimento da sintomatologia. Sua transmissão, inicialmente silvestre ou concentrada em pequenas localidades rurais, já está ocorrendo em centros urbanos de médio porte, em área domiciliar ou peri-domiciliar. É um crescente problema de saúde pública no país (encontra-se distribuída em 17 estados) e em outras áreas do continente americano, sendo uma endemia em franca expansão geográfica. Tem-se registrado cerca de 2.000 casos, por ano, no país, com letalidade em torno de 10%.

Agente etiológico

Protozoário da família tripanosomatidae, gênero Leishmania . Seu ciclo evolutivo é caracterizado por apresentar duas formas: a amastigota, que é obrigatoriamente parasita intracelular em vertebrados, e a forma promastígota, que se desenvolve no tubo digestivo dos vetores invertebrados e em meios de culturas artificiais.

Agente transmissor

A Leishmaniose Visceral é uma antropozoonose transmitida pelo inseto hematófago flebótomo Lutzomia longipalpis , mosquito de pequeno tamanho, cor de palha, grandes asas pilosas dirigidas para trás e para cima, cabeça fletida para baixo, aspecto giboso do corpo e longos palpos maxilares. Seu habitat é o domicílio e o peridomicílio humano onde se alimenta de sangue do cão, do homem, de outros mamíferos e aves.

Sintomas

As manifestações clínicas da leishmaniose visceral refletem o equilíbrio entre a multiplicação dos parasitos nas células do Sistema Fagocítico Mononuclear (SFM), a resposta imunitária do indivíduo e as alterações degenerativas resultantes desse processo. Observa-se que muitos infectados apresentam forma inaparente ou oligossintomática da doença, e que o número de casos graves ou com o cortejo de sintomatologia manifesta é relativamente pequeno em relação ao de infectados. Para facilitar pode-se classificar o Calazar da seguinte forma:

- Inaparente: paciente com sorologia positiva, ou teste de leishmanina (IDRM) positivo ou encontro de parasito em tecidos, sem sintomatologia clínica manisfesta.

- Clássica: cursa com febre, astenia, adinamia, anorexia, perda de peso e caquexia. A hepatoesplenomegalia é acentuada, micropoliadenopatia generalizada, intensa palidez de pele e mucosas, conseqüência de severa anemia. Observa-se queda de cabelos, crescimento e brilho dos cílios e edema de membros inferiores. Os fenômenos hemorrágicos são de grande monta: gengivorragias, epistaxes, equimoses e petéquias. As mulheres freqüentemente apresentam amenorréia. A puberdade fica retardada nos adolescentes e o crescimento sofre grande atraso nas crianças e jovens. Os exames laboratoriais revelam anemia acentuada, leucopenia, plaquetopenia (pancitopenia), hiperglobulinemia e hipoalbuminemia.

- Oligossintomática: a febre é baixa ou ausente, a hepatomegalia está presente, esplenomegalia quando detectada é discreta. Observa-se adinamia. Ausência de hemorragias e caquexia.

- Aguda: o início pode ser abrupto ou insidioso. Na maioria dos casos, a febre é o primeiro sintoma, podendo ser alta e contínua ou intermitente, com remissões de uma ou duas semanas. Observa-se hepatoesplenomegalia, adinamia, perda de peso e hemorragias. Ocorre anemia com hiperglobulinemia. Geralmente não se observa leucopenia ou plaquetopenia.

- Refratária: na realidade é uma forma evolutiva do calazar clássico que não respondeu ao tratamento, ou respondeu parcialmente ao tratamento com antimoniais. É clinicamente mais grave, devido ao prolongamento da doença sem resposta terapêutica. Os pacientes com calazar, em geral, têm como causa de óbito as hemorragias e as infecções associadas em virtude da debilidade física e imunológica.

Profilaxia

Medidas de Controle

a) Investigação epidemiológica procurando definir ou viabilizar os seguintes aspectos: se a área é endêmica, procurar verificar se as medidas de controle estão sendo sistematicamente adotadas. Se for um novo foco, comunicar imediatamente aos níveis superiores do sistema de saúde e iniciar as medidas de controle pertinentes; iniciar busca ativa de casos visando a delimitação da real magnitude do evento; verificar se o caso é importado ou autóctone. Caso seja importado, informar ao serviço de saúde de onde a Leishmaniose Visceral originou; acompanhar a adoção das medidas de controle, seguindo os dados da população canina infectada, existência de reservatórios silvestres, densidade da população de vetores, etc.; acompanhar a taxa de letalidade para discussão e melhoria da assistência médica prestada aos pacientes.

b) Eliminação dos reservatórios: a eliminação dos cães errantes e domésticos infectados, que são as principais fontes de infecção. Os cães domésticos têm sido eliminados, em larga escala, nas áreas endêmicas, após o diagnóstico, através de técnicas sorológicas (ELISA e Imunofluorescência). Os errantes e aqueles clinicamente suspeitos podem ser eliminados sem realização prévia de sorologia.

c) Luta antivetorial: a borrifação com inseticidas químicos deverá ser efetuada em todas as casas com casos humanos ou caninos autóctones.

d) Tratamento: o tratamento se constitui em um fator importante na queda da letalidade da doença e, conseqüentemente, é um importante item na luta contra esse tipo de leishmaniose. Secundariamente, pode haver também um efeito controlador de possíveis fontes humanas de infecção.

e) Educação em Saúde: de acordo com o conhecimento dos aspectos culturais, sociais, educacionais, das condições econômicas e da percepção de saúde de cada comunidade, ações educativas devem ser desenvolvidas no sentido de que as comunidades atingidas aprendam a se proteger e participem ativamente das ações de controle do calazar.

f) Busca ativa: para tratar precocemente os casos, a instalação das medidas citadas podem ser úteis no controle da doença em áreas endêmicas.


Malária

É uma doença infecciosa, causada por um protozoário, do gênero Plasmodium e transmitida de uma pessoa para outra, através da picada de um mosquito do gênero Anopheles , ou por transfusão de sangue infectado com plasmódios. A malária é também chamada de maleita, febre palustre, impaludismo ou sezão.

Agente etiológico

Existem cerca de 50 espécies de Plasmodium . As espécies que afetam o ser humano são: Plasmodium vivax , P. falciparum , P. malariae , P. ovale.

Agente transmissor

É um mosquito anofelino, conhecido também como: pernilongo, mosquito prego, carapanã. A fêmea do gênero Anopheles, alimenta-se de sangue para maturação dos ovos, enquanto que o macho, alimenta-se de seiva vegetal. Reproduzem-se em águas de remansos de rios e córregos, lagoas, represas, açudes, valas, valetas de irrigação, alagados, pântanos e em águas coletados em bromélias.

Sintomas

O período de incubação varia de 12 a 30 dias. Depois desse prazo, os sintomas podem ser: um mal-estar que inclui dores de cabeça, dor no corpo, tremores e calafrios; em seguida, vêm os calafrios e tremores intensos, seguidos por febre alta duradoura e vômitos. A pele fica bastante corada e a pessoa às vezes delira e apresenta sudorese. Estes sintomas se repetem com intervalos diferentes, de acordo com a espécie do plasmódio:

P. vivax - acessos em dias alternados, 48 em 48 horas - terçã benigna;

P. malarie - os acessos se repetem cada 72 horas - febre quartã;

P. falciparum - com intervalos de 36 a 48 horas - terçã maligna, pode resultar em formas graves da doença, com possibilidade de evoluir para o coma e o êxito letal.

Vários sintomas e sinais indicam que a forma mais grave de malária, causada pelo Plasmodium falciparum: vômitos repetidos; fraqueza aguda; pouca urina, com cor escura; desidratação grave; pressão muito baixa - o que pode acarretar diversos e sérios problemas de saúde, tais como icterícia, insuficiência dos rins, convulsões, coma e morte, daí a importância do tratamento imediato.

Profilaxia

Apesar de vários estudos, que vêm sendo feitos há muitos anos, ainda não existe uma vacina que confira proteção contra a malária. Para se obter algum grau de proteção contra a malária, restam, portanto, medidas de ordem pessoal, ou seja, a utilização de repelentes químicos, mosquiteiros sobre as camas ou redes de dormir, telas nas janelas e portas das habitações e evitar a permanência ao ar livre nos horários em que o mosquito se apresenta em maior quantidade, como o amanhecer (crespúsculo matutino) e o anoitecer (crepúsculo vespertino).

Neste sentido, a educação ambiental em conjunto com a saúde, tem-se utilizado de várias estratégias para o envolvimento da população leiga e profissionais da área de saúde , informando sobre a doença (modo de transmissão, quadro clínico, tratamento, etc.), sobre o vetor (seus hábitos, criadouros) e sobre as medidas de prevenção e controle.

A atuação conjunta do poder público - governos federal, estaduais e municipais - e da comunidade (associações de moradores, sindicatos, clubes, igrejas) é fundamental para o sucesso de afastar ou eliminar o mosquito, já que o esforço individual não é suficiente para tal.


Fonte:Superintendência de Controle de Endemias do Estado de São Paulo (www.sucen.sp.gov.br) e Prefeitura de Foz do Iguaçu (www.fozdoiguacu.pr.gov.br).

Fonte:FUNASA - Fundação Nacional de Saúde (www.funasa.gov.br) e Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (www.saude.pr.gov.br).

Fonte:Prefeitural de São Paulo e FUNASA http://portal.prefeitura.sp.gov.br e www.funasa.gov.br

Fonte:Fundação Carlos Chagas e Sucen-SP (Superintendência de Controle de Endemias do Estado de São Paulo).

Fonte: www.drauziovarella.com.br www.lincx.com.br www.radiobras.gov.br

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