As próximas décadas serão repletas de problemas relacionados às invasões biológicas. Essa é a aposta, ao menos, de uma equipe internacional de cientistas liderada por Stefan Dullinger, biólogo da Universidade de Viena.
Eles estão dizendo isso, em artigo científico publicado na revista “PNAS”, porque analisaram os padrões de bioinvasão em 28 países europeus no século 20 e chegaram a duas conclusões.
Primeiro, quanto mais quente está a atividade econômica de um país, mais espécies “imigrantes” ele atrai.
Isso porque crescimento econômico estimula atividades que trazem muitas espécies de outros lugares, notoriamente o transporte marítimo – estima-se que mais da metade dos casos de bioinvasão envolvam navios.
Acontece assim: para aumentar a estabilidade quando descarregados, os navios se enchem de água num tanque que atua como lastro. As espécies de um lugar viajam clandestinas nos tanques e chegam aos novos habitats.
A outra conclusão é que as espécies invasoras, em geral, não viram pragas assim que chegam ao seu destino.
Vários anos são necessários para que se estabeleça uma população mínima, a partir da qual a espécie ganha fôlego para se reproduzir rápido e ocupar nichos ecológicos que antes eram de espécies nativas.
Esse prazo varia dependendo da espécie invasora e da abundância de alimentos que ela acha no novo lar, mas a equipe de Dullinger descobriu que ele costuma ficar entre 20 anos e um século.
Assim, a ressaca biológica do século 20, no qual os países criaram riqueza como nunca antes na história, deve chegar nas próximas décadas, quando os períodos de “aclimatação” terminarem.
A bioinvasão acarreta perda da biodiversidade, pois as espécies nativas, forçadas a concorrer com as invasoras, podem acabar extintas. Desde 1600, 39% das extinções com causas conhecidas estavam relacionadas à competição com espécies invasoras.
São espécies invasoras no Brasil o búfalo, várias espécies de rato, o Aedes aegypti e as abelhas africanas.
(Fonte: Folha.com)
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