Cortes nos subsídios europeus para projetos solares, maior interesse do governo norte-americano em manter a energia barata ao invés de limpa e a indecisão sobre políticas climáticas devem ajudar os combustíveis fósseis a manter sua posição privilegiada na economia mundial neste ano.
Segundo a análise da agência Reuters, os reflexos da crise financeira dos últimos anos ainda se faz sentir nos mercados e com isso os investimentos em projetos de novas fontes de energia, tidos como de alto risco, ainda estão em baixa.
A agência usa como exemplos as empresas Coal Índia e Enel Green Power. No mesmo dia de novembro em que as ações da companhia de carvão indiana subiram a níveis recordes, as de energia renovável foram ao chão.
“Isso revela bastante sobre o mercado e como os investidores, ainda que bem informados sobre as mudanças climáticas, não perdem um bom negócio. Existe uma demanda enorme por carvão”, explicou James Cameron, vice-presidente da corretora Climate Change Capital.
A queda de incentivos públicos também já se faz sentir, principalmente na União Européia, onde países como Espanha e Irlanda atravessam severas crises e uma alta taxa de desemprego.
Nos Estados Unidos não é diferente, com a Câmara de Comércio exercendo um forte lobby para as fontes fósseis e recomendando o não investimento em “geração de eletricidade de alto custo”.
“Temos que fazer as pessoas entenderem a nossa realidade energética ou invés de ficar sonhando com a energia que queremos. Dentro da atual conjectura econômica a prioridade deve ser a eletricidade barata”, afirmou Karen Harbert, especialista em energia da Câmara.
Futuro da Energia
O que pode alterar um pouco esse cenário é a Conferência Mundial de Energia do Futuro (World Future Energy Summit – WFES-2011) que reunirá líderes mundiais e a iniciativa privada por quatro dias a partir de 17 de janeiro em Abu Dhabi.
O evento é o maior do gênero e terá este ano o tema “Possibilitando Soluções Energéticas para o Futuro”. Mais de 600 empresas de 14 países irão realizar apresentações do que há de mais moderno em eficiência energética e fontes renováveis no planeta.
O Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon e a presidente da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC) Christiana Figueres irão participar da conferência para reforçar o combate às mudanças climáticas.
Uma iniciativa que já está chamando a atenção é o Project Village, criado pela Ernst & Young e Bloomberg New Energy Finance com o objetivo de aproximar desenvolvedores de projetos de energias renováveis e tecnologias de baixo carbono a possíveis investidores.
Fator China
Além do WFES-2011, um fator que pode afetar a dominância dos combustíveis fósseis vem curiosamente do país que mais consome carvão no planeta.
A China vem nos últimos anos incentivando projetos de fontes renováveis de energia, tendo inclusive se transformado no maior receptor mundial de investimentos com esse objetivo.
Nesta semana, o governo chinês anunciou que vai dobrar a geração eólica nos próximos cinco anos, alcançando 100GW. Já a capacidade solar aumentará cinco vezes, chegando a 5GW até 2015.
“O movimento global por trás de equipamentos para energia renovável, tanto solar quanto eólica, se transferiu claramente da Europa para a China”, afirma uma análise do Citigroup publicada nesta semana.
Autor: Fabiano Ávila - Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais
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