Em meio a incertezas na economia, modelos de redes biológicas podem oferecer pistas valiosas para tentar compreender o sistema financeiro e seus riscos, indica artigo publicado nesta quinta-feira (20) pela revista Nature.
Segundo os autores, Andrew Haldane, do Bank of England, e Robert May, da Universidade Oxford, na Inglaterra, os responsáveis pela definição de políticas públicas precisam se concentrar em avaliar os riscos e aumentar a estabilidade do sistema financeiro como um todo, em vez de focar apenas em bancos individuais com mais problemas.
O artigo explora a relação entre a complexidade e a estabilidade do sistema financeiro por meio do uso de modelos simplificados – semelhantes aos usados em estudos ecológicos e epidemiológicos – de modo a explicar como o fracasso em um único banco pode ter efeito em cascata por todo o sistema.
“Ao estabelecer analogias com as dinâmicas de teias alimentares e com as redes pelas quais as doenças infecciosas se espalham, nós exploramos a interrelação entre complexidade e estabilidade em modelos simplificados de redes financeiras”, dizem os autores.
Haldane e May oferecem sugestões, a partir do uso desses modelos, para se atingir a estabilidade no sistema bancário como um todo, ao mesmo tempo em que seus integrantes possam crescer individualmente. Ampliar a diversidade e o caráter modular do sistema são dois exemplos.
Outro ponto importante, apontam, são estabelecer regras eficientes para que os ativos e patrimônios líquidos dos bancos, bem como derivativos financeiros complexos – instrumentos considerados de papel importante na crise financeira –, possam ser conhecidos e compreendidos.
“Ao se regular o sistema financeiro, pouco esforço tem sido feito no sentido de se avaliar as características do sistema como um todo, como a diversidade de sua balança agregada e dos modelos de gerenciamento de risco”, apontam.
“Menos esforços ainda têm sido alocados para fornecer incentivos regulatórios de modo a promover a diversidade de estruturas de balanço, modelos de negócio e de gerenciamento de riscos. Para reconstruir e manter o sistema financeiro, esses objetivos deveriam receber muito mais atenção da comunidade reguladora”, afirmam.
Segundo os autores, os modelos ecológicos precisaram de um tempo para se adaptar e “o mesmo deve ocorrer para os sistemas bancário e financeiro”.
O artigo Systemic risk in banking ecosystems (doi:10.1038/nature09659), de Haldane e May, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.
(Fonte: Agência Fapesp)
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