A água é indispensável para a vida na Terra. O projeto “De Olho na Água” ajuda as comunidades a cuidar desse bem tão importante. O trabalho é integrado nas áreas de educação, pesquisa e no atendimento as famílias.
José Mauricio mora em Icapuí há 30 anos. Já presenciou muitas mudanças na região. “Aqui não tinha água, não tinha luz, então, através das prefeituras, nós conseguimos água e luz. Agora falta só a estrada”, conta.
Hoje, ele tem água de qualidade e possui sistema de saneamento que não agride o meio ambiente. “Há uma fossa que foi construída na região de uma maneira que eu não conhecia. Uma adaptação que foi feita de uma maneira que, ao invés de jogar a água contaminada, a planta consome a água”, continua Maurício.
As fossas foram construídas obedecendo todos os critérios de uma legislação que é totalmente vedada, totalmente fechada. O esgoto é rico em nutrientes, principalmente nitrogênio, fósforo e potássio, que é o de que as plantas necessitam. “Devido a essa grande quantidade de nutrientes que existem, isso tudo é absorvido pela planta, e a planta vai ficar muito bonita”, explica Anderson Oliveira, coordenador da estação ambiental.
O projeto “De Olho na Água” implantou 212 fossas biossépticas e 195 cisternas nas casas de Icapuí. Agora, José Mauricio também tem onde armazenar a água da chuva. “As comunidades que foram beneficiadas com as cisternas eram comunidades que tinham problemas de falta de água, devido ao sistema não abastecer corretamente essas comunidades. Elas foram implantadas e é uma tecnologia que só utiliza ferro e cimento”, finaliza Anderson.
Na comunidade de Retiro Grande, Liduína aguarda a chegada do projeto que ainda armazena a água em tambores. As fossas, construídas de maneira rudimentar, contaminam a água. “Todos os dejetos caem aqui dentro e depois se interconectam com o lençol freático e com a água. O passo seguinte vai ser isolar todo esse sistema, que vai deixar de contaminar e poluir a água do lençol freático, e vamos instalar um canteiro biosséptico, onde não vai ter esse problema”, explica o coordenador científico e pesquisador da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles.
A qualidade da água é controlada através de análises. São 150 pontos de coleta em todo o município. A cada dois meses, são realizadas análises químicas dos sistemas ambientais.
“Os primeiros exames feitos da água aqui em Icapuí indicavam alta concentração de coliforme, 10 vezes mais que o previsto pela Anvisa. Já tínhamos problemas de poluição dos lençóis e o uso inadequado e extensivo dos lençóis subterrâneos. Com isso, a pressão da maré solenizava a pouca água existente. É o nosso grande objetivo, dar início a um processo de transformação social, de mudança de atitude, tendo o meio ambiente como foco, e dentro do meio ambiente, a água como elemento transversal, que mobiliza todo mundo em torno de um objetivo comum, na qualidade de vida de todas as populações”, afirma João Bosco Carbogim, presidente da Fundação Brasil Cidadão.
As crianças de Icapuí também participam do projeto. A estação ambiental tem um centro de referência, um viveiro de mudas e uma passarela suspensa para observação da vida marinha. O projeto investe na educação ambiental. Recebe visitas de alunos de universidades e escolas públicas.
“No viveiro, são cultivadas mudas plantadas no mangue pelas crianças. Existe toda uma prática de ensino, de como eles vão fazer esse replantio, a importância de estar recuperando esses habitats degradados, e eles já conseguem observar a importância de executar essas ações e de impedir até que outras pessoas possam destruir novas árvores de mangue”, explica Anderson.
“É uma conscientização plena, uma produção extremamente ativa de relação entre pesquisadores, comunidades, a Fundação Brasil Cidadão e as universidades, e isso faz com que todos tenham uma parcela extremamente profunda e responsável de construção da qualidade ambiental e de preservação desses ecossistemas. Na essência, nós trabalhamos com sustentabilidade.”, diz Jeovah.
(Fonte: G1)
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