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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Novo aparelho produzirá fertilizante a partir de lixo orgânico

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Bauru, desenvolveram um aparelho capaz de transformar lixo orgânico em adubo. Esse processo de reutilização das sobras é conhecido como compostagem e é usado como alternativa para fertilizar o solo em pequenas propriedades.

Normalmente, a compostagem consiste em depositar cascas de frutas ou restos de vegetais no solo, e a decomposição natural, provocada por bactérias, cria o adubo. No entanto, a prática causa mau cheiro e atrai insetos. A técnica desenvolvida na Unesp tem a vantagem de ser feita num contêiner fechado, e não gera nenhum desses problemas.

“A ideia não é ter um desses em casa”, explicou ao G1 João Perea Martins, pesquisador responsável pela parte de automação da invenção. “A preocupação é dar um destino mais correto para o lixo gerado pelas empresas”, completou o professor. Se não for bem tratado, o lixo gerado pela indústria alimentícia pode se tornar um fator de poluição.

O aparelho – O lixo fica armazenado num contêiner fechado, onde o processo ocorre naturalmente. As bactérias presentes no próprio material orgânico o consomem. Quando o processo termina, o material que resta pode ser usado como fertilizante.

A grande preocupação que se deve ter durante a transformação é com os níveis dos gases dentro do contêiner. As bactérias consomem oxigênio e liberam gás carbônico. Por isso, é necessário saber a hora certa de injetar oxigênio para dentro do contêiner.

No protótipo, os pesquisadores usaram um analisador de gás. A máquina mede os níveis de oxigênio e revela os momentos ideais para a realização das trocas de gases. Quando o oxigênio dentro do contêiner deixa de ser consumido, é sinal de que as bactérias já consumiram todo o alimento que podiam e morreram de fome. Isso significa que todo o lixo foi transformado em fertilizante e ele pode ser retirado.

“A gente viu que o processo é factível”, ressaltou Perea. Porém, o analisador de gás usado no protótipo custa cerca de R$ 100 mil e é economicamente inviável. O próximo passo dos pesquisadores é aplicar um tipo mais barato de analisador para, depois, testar o fertilizante em alguma cultura. Para ter utilidade prática, a máquina deverá ainda ser bem maior que o protótipo construído.

Além de Perea, participaram do projeto os professores de engenharia Jorge Akutsu – hoje na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), em SP – e Adilson Renofio e o químico Gilberto Castilho Filho.

(Fonte: Tadeu Meniconi/ G1)

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