Pesquisa, feita pelo Inpa, em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), analisou os casos de malária com fatores ambientais como a temperatura, chuva, nível d’água dos rios e repiquete em quatro cidades do Amazonas.
As ações públicas contra o mosquito da malária (Anopheles darlingi) ganham mais um dado importante. Uma pesquisa feita em parceira entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) fez análises estatísticas de dados que levam em conta fatores ambientais de cada município estudado.
Os municípios de Coari, Codajás, Manacapuru e Manaus fizeram parte da dissertação de Mestrado de Bruna Raquel Wolfarth e teve como título “Análise Epidemiológica Espacial, Temporal e suas Relações com as Variáveis Ambientais sobre a Incidência da Malária no Período de 2003 a 2009 em Quatro Municípios do Estado do Amazonas, Brasil”.
A pesquisa leva em consideração itens como temperatura, chuva, nível d’água dos rios e repiquete. De acordo com Wolfarth, o estudo teve o intuito de identificar relações significativas de aumento ou diminuição dos casos de malária em uma série de dados de sete anos (2003 a 2009). “A finalidade de relacionar os casos de malária com os níveis de água dos rios, por exemplo, é importante, pois havia poucos estudos que analisavam essa relação”, disse.
Essa relação foi feita a partir do cruzamento de variáveis ambientais dos municípios com os dados de casos de malária. Wolfarth explica que cada município apresentou características próprias em relação aos casos. “Coari, por ser uma área onde predomina a terra firme, teve relação maior entre casos de malária e a precipitação de chuvas. Já o município de Manacapuru, mostrou relação mais próxima dos casos de malária com o nível da água, uma vez que é uma região com mais características de várzea onde predominam lagos em seu entorno” declarou.
O repiquete
É um fenômeno hidrológico de oscilação do nível d’água, atípico em relação à sazonalidade dos rios da região Amazônica, caracterizado pela descida repentina do nível do rio em época de cheia, ou a subida repentina do nível da água em época de vazante. O tempo de duração total do repiquete pode variar de nove a 56 dias.
No inverno, o repiquete pode causar o aumento dos casos de malária, pois quando o nível d’água baixa forma lagoas provisórias, um ambiente perfeito para a proliferação de mosquitos. “Os picos dos casos de malária ocorrem geralmente entre julho e setembro, e quando ocorre o repiquete (mais frequente em março na região do estudo), há um pico anormal de casos que ocorre em março ou abril”, declara Wolfarth.
Os municípios que apresentaram o maior risco de aquisição da malária foram Manacapuru e Coari, respectivamente. Os estudos podem auxiliar as autoridades a direcionar as ações de controle no combate à doença, ajustadas às características peculiares de transmissão existentes em cada localidade.
A pesquisa foi orientada pelo Dr. Naziano Pantoja Filizola Júnior, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), professor colaborador no Programa de Clima e Ambiente do Inpa/UEA e teve o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Francês (IRD).
* Publicado originalmente no Inpa.
(Inpa)
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