O delegado da Polícia Federal Fábio Scliar, que investiga o vazamento de petróleo da Chevron na Bacia de Campos, vai indiciar a empresa por dois crimes ambientais. O primeiro será pelo vazamento, em si, e o segundo porque, segundo Scliar, a Chevron não está recolhendo o petróleo derramado. Em vez de remover o óleo do ambiente, a empresa tem utilizado uma técnica para que o combustível desça para o fundo do mar.
Técnicos do Ibama e da ANP sobrevoaram região afetada pelo vazamento, na Bacia de Campos
“Esse método que estão utilizando, de jogar areia no petróleo para que se precipite e volte para o fundo, para mim tem nome: crime ambiental. Eles deveriam estar recolhendo o petróleo, que, em vez disso pode cair sobre corais, por exemplo”, disse ao iG o delegado.
O vazamento ocorreu há 12 dias em uma área de exploração da Chevron. Apesar de evitar falar sobre o assunto, a petroleira admite que houve um erro de cálculo na pressão.
Scliar afirma ainda que a empresa apresentou um relatório com informações falsas para as autoridades públicas. De acordo com o delegado, a Chevron declarou ter mais embarcações dedicadas ao recolhimento de petróleo do que de fato havia no local.
“Eles prepararam um relatório no dia 15 dizendo que tinham 17 embarcações fazendo o trabalho, mas a minha equipe só viu uma”, afirmou o delegado.
“Ainda não indiciei, mas eles (Chevron) devem ser indiciados agora, em dois crimes ambientais distintos. O primeiro por fazer o petróleo vazar e o segundo por mandar o petróleo para o solo do oceano. Sem dúvida eles serão indicados pelos dois, entre outros crimes que aparecerem durante o inquérito”, disse.
Chevron nega jateamento de areia
Procurada pelo iG, a assessoria de imprensa da Chevron negou que a empresa esteja precipitando o petróleo que vazou para o fundo do mar. Em nota, a petroleira afirmou que "as embarcações empregam métodos aprovados pelo governo brasileiro, que incluem barreiras de contenção, skimming e técnicas de lavagem, para controlar, recolher e reduzir a mancha. As embarcações já recolheram mais de 250 metros cúbicos de água oleosa proveniente da mancha. Os barcos não usam areia nem dispersantes para controlar a mancha".
Mancha de óleo que resultou do vazamento da Chevron é visível em imagem de satélite divulgada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe)
Priscila Bessa, iG Rio de Janeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário