Não é novidade que o gelo marítimo do Ártico está derretendo a um índice cada vez mais acelerado. No entanto, o que cientistas norte-americanos descobriram em um novo estudo é que esse nível de degelo é o maior em mais de um milênio.
De acordo com os autores do relatório, publicado pela revista Nature na última quinta-feira (24), “tanto a duração quanto a magnitude da redução atual no gelo marítimo parecem ser sem precedentes nos últimos 1450 anos”.
“O que estamos experimentando nesse momento parece ser muito excepcional. Isso significa que estamos entrando em um mundo que não tem equivalente no passado”, observou Anne de Vernal, cientista da Universidade de Quebec e coautora da análise.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram uma série de dados, como registros da cobertura de gelo, dados de anéis de árvores, sedimentos de lagos e evidências históricas. O que eles descobriram é que esse derretimento foi causado principalmente por correntes marítimas anormalmente quentes que estão chegando ao Ártico.
“Tudo está em tendência de alta – a temperatura superficial, a atmosfera está mais quente, e parece também que o oceano está esquentando e há mais água quente e salina chegando ao Ártico, e então o gelo marítimo é erodido por baixo e derretido por cima”, explicou Christophe Kinnard, principal autor da pesquisa.
E embora ainda não haja certeza sobre o que está causando este aquecimento anormal da água, os cientistas acreditam que há grandes possibilidades desse aquecimento ser uma consequência das mudanças climáticas causadas pelo ser humano.
“Temos que concluir que há uma grande chance de que haja influência humana incorporada nesse sinal”, declarou Christian Zdanowicz, glaciologista do Departamento de Recursos Naturais do Canadá, coautor do documento.
“Esses resultados reforçam a afirmação de que o gelo marítimo é um componente ativo da variabilidade climática do Ártico e que a diminuição recente do gelo marítimo de verão é consistente com o aquecimento antropogênico forçado”, concordaram os outros autores.
Segundo o relatório, em 2011 a extensão do gelo marítimo de verão foi a segunda menor registrada no Ártico desde 1979, quando começou o armazenamento de dados. A primeira foi em 2007, mas os índices de 2011 bateram o recorde de menor volume de gelo marítimo de verão.
Essa taxa de degelo de 8,6% por década preocupa os pesquisadores, pois além de ter implicações na vida selvagem da região, como morsas e ursos polares, também afeta a vida da população local e de toda a economia baseada na região. “A perda de gelo marítimo está tendo, e continuará a ter, repercussões profundas no clima, na circulação oceânica, na ecologia e na economia do Ártico”, concluíram os autores.
Jéssica Lipinski - Fonte: Instituto CarbonoBrasil
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