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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

IPCC alerta para a mitigação de desastres climáticos

A exatamente uma semana da Conferência do Clima de Durban (COP17), o Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apresenta dados de um relatório que traz novas conclusões sobre o impacto do ser humano no clima e faz o alerta de que é preciso realizar ações de gerenciamento de catástrofes.

“Managing the Risks of Extreme Events and Disasters to Advance Climate Change Adaptation (SREX)” (algo como “Administrando os Riscos de Eventos Extremos e Desastres para o Avanço da Adaptação às Mudanças Climáticas”) estará disponível em fevereiro, mas o sumário apresentado pelo IPCC traz as probabilidades para eventos climáticos extremos em diferentes cenários de emissões globais, sendo que o relatório define como “provável” a porcentagem acima de 66% e de “virtualmente certo” acima de 99%.

“É virtualmente certo que o aumento da frequência e da magnitude das temperaturas diárias extremas acontecerá em todo o planeta no decorrer do século 21. É provável que a duração e a intensidade das ondas de calor crescerão. Recordes de temperaturas que costumavam serem batidos a cada 20 anos provavelmente serão quebrados a cada dois anos”, afirma o documento.

“Estamos convencidos que o aumento das temperaturas globais registradas por todo o mundo se deve às emissões de gases do efeito estufa”, resumiu Qin Dahe, membro do IPCC.

Nos últimos anos foram registrados diversos fenômenos climáticos extremos, de secas na Amazônia a grandes enchentes no Sudeste Asiático. Nem mesmo países ricos como os Estados Unidos ficaram livres de grandes prejuízos com ondas de calor, queimadas e tempestades.

“Uma atmosfera mais úmida e quente é com certeza um ambiente propício para desastres. Com o planeta se aquecendo, os riscos ficam maiores”, disse Michael Oppenheimer, principal autor do relatório.

Porém, os cientistas ainda não tem a certeza se as enchentes estão piorando por causa do aquecimento global. Também não há como apresentar conclusões definitivas sobre a influência humana em furacões, tufões e tornados.

Prevenção

De qualquer forma, o IPCC considera tão concretas suas informações sobre o aumento da frequência das catástrofes climáticas, que foco do relatório é o que se pode fazer para minimizá-las.

“Este documento fornece às autoridades opções de como administrar riscos e realizar ações de adaptação nas comunidades mais vulneráveis. Também apresenta as complexidades e a diversidade de fatores que explicam por que algumas áreas são de grande risco”, explicou Rajendra Pachauri, presidente do Painel.

O relatório destaca o crescimento desordenado, principalmente nas megacidades dos países em desenvolvimento, como uma das grandes causas da vulnerabilidade de milhões de pessoas e pede que os governos assumam a responsabilidade de criar políticas habitacionais.

“O nosso principal objetivo é passar a mensagem de que existem muitas coisas que podemos fazer para minimizar as consequências das mudanças climáticas e evitar perdas de vidas”, afirmou Chris Field, um dos coautores do trabalho.

Apesar do relatório não tratar diretamente de políticas de corte de emissões, as Nações Unidas e outras entidades, como a Agência Internacional de Energia, já alertaram que está na hora de ações concretas.

Delegados de quase 200 países se reunirão a partir da próxima segunda-feira (28) em Durban para debater justamente essas iniciativas e o futuro das políticas climáticas. As possibilidades de sucesso do encontro são consideradas mínimas, porém este novo relatório do IPCC pode ajudar.

“Esperamos que nosso trabalho sirva de base cientifica para decisões sólidas sobre infraestrutura, desenvolvimento urbano e saúde pública. Assim, podemos diminuir os riscos dos impactos climáticos na população”, concluiu Field.

Autor: Fabiano Ávila - Fonte: Instituto CarbonoBrasil/IPCC

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