Organização Mundial de Meteorologia afirma que emissão dos três principais gases do efeito estufa aumentou em 2010 e é a maior já registrada, e que continuará na atmosfera por décadas, mesmo se fosse interrompida hoje
Se ainda há alguma dúvida de que as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) estão em um nível mais alto do que nunca, a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) apresenta mais uma prova para confirmar esse fato.
Nesta segunda-feira, a OMM afirmou que a liberação dos três principais GEEs – CO2, metano e óxido nitroso – atingiu índices recordes em 2010, indo ao encontrodos dados apresentados pelo Departamento de Energia dos EUA, pela empresa de consultoriaPricewaterhouseCoopers (PwC), pela Agência Internacional de Energia (AIE), pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) e pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
De acordo com o estudo da OMM, de 2009 a 2010 houve um aumento de 1,4% no forçamento radiativo da Terra, ou seja, o efeito do aquecimento sobre o clima através dos GEEs. Nas últimas duas décadas, esse crescimento foi de 29%.
Dos GEEs, o dióxido de carbono é o mais liberado, totalizando 80% das emissões de gases do efeito estufa, e sua quantidade subiu para 389 partes por milhão (PPM) no último ano, um crescimento de 2,3 PPM em relação ao ano anterior, e que representa um aumento maior do que a média das últimas duas décadas (1,5 PPM nos anos 1990 e dois PPM na década de 2000).
O metano, que é cerca de 20 vezes mais potente que o dióxido de carbono como gás de efeito estufa, subiu para 1,806 PPM. Já a concentração de óxido nitroso, 230 vezes mais eficaz que o CO2 no aquecimento global, cresceu para 323,3 partes por bilhão (PPB).
E segundo um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), até mesmo os hidrofluorcarbonos, que substituíram os clorofluorcarbonetos (CFCs) devido à ação prejudicial destes últimos na camada de ozônio mas que também são potentes gases de efeito estufa, aumentaram 10% em relação aos níveis de 2006.
“A carga atmosférica de gases do efeito estufa devido às atividades humanas já atingiu novamente níveis recordes desde a era pré-industrial”, declaorou Michel Jarraud, secretário-geral da OMM.
E o problema não é apenas o crescimento das emissões, mas também a duração que estes gases terão na atmosfera terrestre. “Mesmo se conseguíssemos parar nossas emissões de gases do efeito estufa hoje, e isso está longe, elas continuariam na atmosfera pelas décadas seguintes e continuariam a afetar o delicado equilíbrio de nosso planeta e de nosso clima”, alertou Jarraud.
A pesquisa também apresenta uma série de indicações de que o tempo para tomar iniciativas climáticas decisivas e para prevenir o agravamento de eventos climáticos extremos e está acabando à medida que a temperatura global aumenta. “Agora, mas do que nunca, precisamos entender as interações complexas e às vezes inesperadas entre os gases do efeito estufa na atmosfera, na biosfera da Terra e nos oceanos”, enfatizou o secretário-geral.
Andy Atkins, diretor executivo da ONG Amigos da Terra, concordou com Jarraud, e acrescentou que a Conferência de Durban, na África do Sul, (COP 17), deve ser utilizada para que ações climáticas sejam tomadas.
“Nos últimos anos, estamos caminhando em direção a um desastre climático – parece que agora desatamos em uma corrida. O mundo deve acordar para a enorme ameaça que todos enfrentamos através da ação internacional nas negociações climáticas da ONU na África do Sul”, concluiu.
Autor: Jéssica Lipinski - Fonte: Instituto CarbonoBrasil/OMM
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