"Está avançando muito mais rapidamente do que esperávamos, existem milhares de experiências no Brasil inteiro", destacou. Caporal acredita que um grande impulso para o crescimento dessa metodologia foi a introdução do tema entre instituições e centros de pesquisa, com a criação novos estudos e projetos voltados para facilitar a transição para do sistema agrícola tradicional para o agroecológico.
A expansão da agroecologia também foi destacada por Gervásio Paulus, diretor-técnico da Emater-RS e organizador do evento. "Há sinais de que há uma preocupação muito forte de estabelecer formas mais sustentáveis de relação e produção com o ambiente." Segundo Paulus, os segmentos produtivos que estão mais avançados na adoção de técnicas agroecológicos são a fruticultura e olericultura. O diretor lembrou que a Comissão de Produção Orgânica (CPOrg), ligada ao Ministério da Agricultura, está fazendo um levantamento para indicar o número de produtores agroecológicos no País, suas principais culturas e dados de produção.
Já no Rio Grande do Sul, a adoção da metodologia ecologicamente correta deve ganhar impulso com o programa estadual de apoio à produção agroecológica, que será lançado amanhã no seminário. Previsto no Plano Safra Estadual, o projeto buscará apoiar produtores que quiserem investir em produtos ecológicos. "Nosso objetivo é desenvolver a cadeia produtiva dos orgânicos, que tem um potencial de consumo crescente, devido ao maior interesse do público", destacou o secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Ivar Pavan.
Durante o evento, Ladislau Dowbor, professor de Economia e Administração da PUC-SP, destacou que, com as tecnologias modernas e o avanço na biotecnologia, é possível que os pequenos e médios agricultores consigam altos rendimentos em suas terras mantendo padrões ecológicos de produção. "Pelos exemplos que existem na Europa e na China, é possível haver pequenas e médias propriedades mais intensivas e produtivas", lembrou.
Além disso, Dowbor lembrou que a diversificação de culturas em pequenas áreas faz com que as propriedades sejam mais eficientes. "Grandes monoculturas demandam muitos agrotóxicos e combustíveis, por exemplo. Já sistemas menores possuem ciclos mais coerentes, onde o adubo de animais serve para as hortas, e a mão de obra liberada de uma safra é empregada imediatamente no plantio de outros produtos."
Para o professor, o avanço da agroecologia depende do incentivo à organização cooperativa dos produtores, citando exemplos da Polônia, onde grupos de agricultores uniram-se de forma a criar serviços de apoio mútuo. "Quando não se dá suporte efetivo para os pequenos você os torna precários e diz que são pouco produtivos.
Mas quando geramos um sistema cooperativo ou público o salto de produtividade é fenomenal", destacou Dowbor.
O evento, que acontece até amanhã, reúne acadêmicos, pesquisadores, extensionistas e produtores rurais para discutir o papel da agroecologia na promoção do desenvolvimento rural sustentável.
Marcelo Beledeli
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