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domingo, 27 de novembro de 2011

Brasil tentará reverter ‘morte’ de Kyoto na COP 17, diz embaixador

O embaixador André Corrêa do Lago, um dos negociadores do Brasil na Conferência das Partes (COP 17), que começa na próxima segunda-feira (28) em Durban, na África do Sul, disse nesta quarta-feira (23) que o país vai apoiar a aprovação de uma emenda que prorrogaria o Protocolo de Kyoto até 2020.

O acordo global em vigência obriga as nações consideradas desenvolvidas, que mais emitem gases de efeito estufa (exceto Estados Unidos), a reduzir o envio de carbono à atmosfera, o que reverteria o aumento da temperatura global. Porém, ele expira no fim de 2012 e ainda não há um novo tratado para substituí-lo.

“Se deixar morrer Kyoto, vai-se deixar morrer o único acordo total. Há praticamente um consenso de que nunca mais vai se conseguir um acordo total”. Lago explicou que, desde a assinatura do Protocolo, em 1997, havia a determinação de que o primeiro período de compromisso seria revisto entre 2008 e 2012.

A declaração foi feita durante um encontro com jornalistas realizado em Brasília, onde o embaixador apontou os principais pontos em negociação na cúpula climática da Organização das Nações Unidas (ONU).

Crise climática – O embaixador explicou a crise existente entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento e como isto afeta no comprometimento para reduzir os gases causadores do efeito estufa.

Segundo ele, a postura dos Estados Unidos – que não são signatários do Protocolo de Kyoto – é “inflexível” e influencia Rússia, Japão e Canadá, que já sinalizaram que poderão abandonar o acordo. A União Europeia, por sua vez, está aberta a negociações.

“Nenhum país quer sair de Kyoto pra fazer mais do que faria em Kyoto. Todo mundo quer fazer menos”, comentou Lago. Para ele, a COP 17 é considerado o prazo limite para isto. “Sendo aprovada essa emenda em Durban, temos até outubro (de 2012) para o segundo período de compromisso entrar em vigor. [...] O momento ideal para aprovação é esse”.

Fundo do Clima Verde – Outro ponto que está em debate é a regularização do “Fundo do Clima Verde”, criado oficialmente em 2010 durante a COP 16, realizada no México, e que pretende canalizar até 2020 o montante de US$ 100 bilhões por ano para ajudar países em desenvolvimento a enfrentarem a mudança climática global.

O negociador brasileiro disse que será estabelecido os moldes de funcionamento. Ele classificou a iniciativa como um “desafio enorme” porque há previsão de que US$ 100 bilhões seriam insuficientes. “Existem estimativas que falam em US$ 500 bilhões ou US$ 700 bilhões”.

Em outubro, a secretária-executiva da ONU para mudanças climáticas, Christiana Figueres, disse que os trabalhos seriam submetidos à consideração e à aprovação em Durban. Ela comentou ainda que a proposta “inclui um forte sinal para envolver o setor privado, e uma sólida base para desenvolver operações impulsionadas pelos países por meio de acesso direto às verbas”.

(Fonte: Priscilla Mendes/ G1)

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