Em tempos de ecoeficiência, há quem acredite que as sacolas retornáveis são a melhor opção na hora de fazer compras.
Mas, de acordo com um estudo inédito, realizado pela Fundação Espaço ECO e Instituto Akatu, não é tão simples assim dizer que as sacolas retornáveis são melhores para o meio ambiente.
O estudo concluiu que a a ecoeficiência de cada tipo de sacola depende do hábito do consumidor.
Ciclo de vida das sacolas plásticas – Os pesquisadores analisaram o chamado “ciclo de vida” de oito opções de sacolas disponíveis no mercado brasileiro.
Isso incluiu sacolas descartáveis (de polietileno tradicional, de polietileno de cana-de-açúcar e as aditivadas com promotor de oxibiodegradação) e algumas retornáveis (papel, ráfia, tecido e TNT – tecido não-tecido). Todas foram avaliadas para um período de um ano.
Foram considerados vários cenários, envolvendo maior ou menor volume de compras, maior ou menor frequência de idas ao supermercado e de descarte do lixo, matéria-prima utilizada na produção das sacolas, capacidade de carga, custo de cada uma, número de vezes em que é utilizada, reutilização ou não da sacola como saco de lixo e envio ou não para reciclagem.
“Percebemos que cada material tem um desempenho mais adequado dependendo da função e da maneira como é empregado”, explica o gerente de ecoeficiência da Fundação Espaço ECO, Emiliano Graziano.
Vantagens e desvantagens de cada tipo de sacola – Segundo o pesquisador, a relação entre o número de idas do consumidor ao supermercado, o número de vezes que ele dispõe seu lixo em sacolas plásticas e o tamanho de sua compra definem quais sacolas são mais eficientes do ponto de vista da preservação ambiental.
Segundo os pesquisadores, as sacolas descartáveis são vantajosas em um cenário considerado de poucas compras (até duas idas ao supermercado por semana).
Já em situações de mais compras (mais de três visitas semanais ao supermercado), as sacolas descartáveis só seriam vantajosas se usadas no descarte de lixo ao menos três vezes por semana.
As sacolas de papel não se mostraram vantajosas em relação às demais em nenhum tipo de cenário. O motivo é a baixa capacidade de carga, reúso e reciclagem.
“O papel, por ter ficado como alternativa mais impactante no caso base do estudo, não significa que será sempre pior nas situações em que pode ser substituído pelo plástico. Ou seja, o desempenho da sacola de papel, como também ocorre nas outras alternativas, está diretamente ligada ao seu eco design (forma, estrutura, quantidade de matéria-prima empregada) e à sua condição de uso e durabilidade,” esclarece Graziano.
A sacola oxidegradável também não apresentou desempenho ambiental melhor do que a sacola descartável tradicional.
Polêmicas – O resultado é contrário ao que tem sido apregoado pela mídia, mas é coerente com outras pesquisas.
Este estudo, foi financiado pela Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas das Américas, portanto, com interesses na questão.
Por outro lado, a empresa já fabrica também plásticos à base de cana-de-açúcar e teve o primeiro plástico verde certificado do mundo.
Outra crítica é que o trabalho não incluiu entre os fatores de impacto ambiental o tempo de decomposição de cada um dos materiais, principal preocupação daqueles que se opõem às sacolas plásticas.
Ou seja, perdeu-se uma boa oportunidade para um parecer científico sobre o assunto.
Hoje a população recebe como informação apenas boatos e mitos: é possível encontrar na imprensa estimativas de degradação das sacolas plásticas que variam de 50 a 1.000 anos, sem a citação de nenhum estudo científico para embasar as afirmações.
(Fonte: Site Inovação Tecnológica)
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