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domingo, 26 de maio de 2013

Quase desconhecido, bocavírus humano é prevalente em amígdalas de crianças

Um vírus provavelmente muito antigo na espécie humana, mas descoberto apenas em 2005, tem chamado a atenção de um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). O bocavírus humano, um parente distante do vírus causador da parvovirose canina, foi encontrado em cerca de 5% das mais de mil amostras colhidas de crianças internadas ou admitidas no Pronto Socorro da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. O número se assemelha aos obtidos em outros locais do mundo, incluindo a Suécia, onde o vírus foi descoberto em um estudo de metagenômica que investigou amostras respiratórias de pessoas com infecções respiratórias com resultados laboratoriais negativos para vírus convencionais. "O bocavírus humano é da família de um vírus humano já conhecido, o parvovírus B-19, e do bocavírus canino, que causa a parvovirose canina. Nunca antes de 2005 havia sido detectado um bocavírus humano", disse o professor Eurico de Arruda Neto. Em geral, o bocavírus causa infecção respiratória branda, mas pode também provocar bronquiolite em crianças muito pequenas. "Aproximadamente um quarto das crianças com bocavírus está de fato na fase aguda de infecção por esse agente. As outras provavelmente o têm de forma persistente, consequência de infecções passadas", disse. Os pesquisadores também verificaram que o bocavírus quase nunca está sozinho, e há uma taxa "altíssima" de coinfecções. "Achamos vários vírus nessas amostras, não somente um ou dois, mas muitas vezes quatro ou cinco agentes diferentes. Estamos investigando muito intensamente no laboratório qual a importância dessas coinfecções", disse Arruda Neto. Se apenas um quarto dos 5% das crianças com o vírus apresentou infecção aguda, a porcentagem de infectados aumentou quando foram feitas análises do tecido de amígdalas e adenoides retiradas de crianças por motivos de hipertrofia amigdaliana. Nesses casos, o número de infectados pelo bocavírus ultrapassou a metade das amostras, intrigando os pesquisadores. "O que eles [os bocavírus] estão fazendo em amígdalas e adenoides? A criança não tem sintoma de infecção aguda, não está espirrando, não está tossindo. O tecido foi removido porque estava hipertrofiado. E aí encontramos o vírus no interior daquele tecido da amígdala", afirmou Arruda Neto. "O que isso significa? A presença do vírus é benéfica ou maléfica? Está relacionada à hipertrofia das amígdalas apresentada por tantas crianças? Ainda não temos respostas a essas questões," disse o pesquisador, adiantando porém que este assunto já está sendo investigado em outro projeto da equipe. Agência Fapesp

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