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terça-feira, 7 de maio de 2013

Água da torneira pode ser mais limpa que água mineral em garrafão

Pesquisadores da UNESP de Araraquara (SP) avaliaram a qualidade de três "modelos" de água mineral e detectaram níveis preocupantes de contaminação em galões de 20 litros. Todos os garrafões analisados estavam dentro do período de validade. Nunca se vendeu tanta água mineral no mundo, o que em parte é resultado de uma bem-sucedida promoção do produto engarrafado como alternativa mais limpa, mais pura e mais segura àquela que nos chega pelas torneiras. Mas o estudo realizado por Maria Fernanda Falcone Dias e seus colegas, e publicado na revista Food Control, sugere que não é bem assim. Na verdade, em alguns casos, pode ser o contrário. 1.000 vezes pior Em várias amostras analisadas foram encontrados níveis preocupantes de bactérias nos garrafões de água mineral antes do vencimento do prazo de validade indicado no rótulo das garrafas. Em alguns casos, isso ocorreu já nos primeiros dias após o envase. Em dois terços dos 60 galões a contagem de microrganismos ficou acima do limite aceitável para a água da torneira. Em certos casos, o valor obtido era 1.000 vezes maior que esse padrão. Uma bactéria oportunista foi encontrada em pelo menos duas amostras. Proveniente de fontes naturais, a água mineral não passa por nenhum tipo de tratamento. Ela deve ser livre de contaminação na origem e preservar suas características originais, o que inclui a presença de diversos sais e de uma fauna microbiana considerada benéfica à saúde humana. Geralmente em posse da iniciativa privada, as fontes de água mineral devem ter sua qualidade certificada pelo Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM). Já a água de abastecimento público (vulgarmente conhecida como "torneiral"), além de passar por tratamento químico e físico, tem sua qualidade obrigatoriamente verificada por análises microbiológicas antes de ser distribuída nas cidades. A principal análise é chamada CHP, sigla para Contagem de [microrganismos] Heteretróficos em Placa. Embora esse teste seja feito também na água engarrafada, antes do envase, a legislação só estabelece um valor máximo aceitável - de 500 UFC/ml (unidades formadoras de colônia por mililitro de água) - para o líquido que vai para as torneiras. "Esse é o padrão internacional, que é seguido pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]", explica Maria Fernanda. Mas já existe uma tendência mundial de adotar o mesmo limite máximo também para a água de garrafa, acrescenta ela. Contaminação na água mineral Maria Fernanda analisou o conteúdo de garrafas de meio litro e de 1,5 litro em 11 ocasiões ao longo de um ano, que é o prazo recomendado para seu consumo. Já os garrafões de 20 litros passaram por cinco testes, realizados ao longo dos 60 dias de validade do produto. Ao todo foram 324 amostras de seis marcas diferentes. Além da CHP, outras análises procuraram detectar a presença de coliformes fecais e totais e de bactérias como a Escherichia coli e a Pseudomonas aeruginosa, que podem causar diarreia e infecções, principalmente em crianças, gestantes e idosos. Os resultados mostraram que, dos três tipos de garrafa d'água, o garrafão de 20 litros foi o que apresentou mais problemas de contaminação. Em dois terços dos 60 garrafões analisados foi encontrada contagem superior a 500 UFC/ml - às vezes chegando a incríveis 560.000 UFC/ml, mais de mil vezes acima do padrão aceitável para a água de abastecimento. Revista Unesp Ciência

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