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quarta-feira, 16 de março de 2011


O Fuji no dia de hoje, 16 de Março de 2011.
Que venha logo a primavera, este chão volte a ficar verdinho e cheio de flores.
Obrigado Hérika pelas fotos lindas!


Queria muito agradecer aos amigos que moram no Brasil e no mundo,
que nos enviam mensagens de apoio,
que pensam e oram pela gente,
que se preocupam conosco.

Que de, alguma maneira, tentam nos oferecer conforto, amizade, afeto.

Muito obrigado, esta ajuda sim é de muita valia!
Desculpem não ter agradecido a cada amigo em seus blogs ou por mail, infelizmente o tempo aqui está escasso por causa de tudo o que acontece.
Mas registro aqui um enorme muito obrigado!
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Deixo aqui um aviso para evitar mal-entendidos:
o post de hoje não é para os amigos que costumam visitar este blog há tempos ou que chegaram recentemente. Nem aos que trocam mensagens comigo via twitter.

Leiam o post de hoje como um desabafo, meu e de muitos amigos que moram aqui no Japão.
Vou publicá-lo aqui, é meu "quartinho da bagunça".

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Para refletir e entender o post de hoje:
Sabe aquela vizinha que, no meio do velório do seu pai (veja bem, velório) atazana todo mundo, reclama que o bolinho é de carne e não de queijo, que o café está frio e sem açúcar, briga com todos que não comeram a deliciosa cocadinha que ela fez?
Acha que velório é festa, feita para ela e...quem era mesmo o falecido?


Tem muita gente aqui no Japão realmente em situação tensa e muito difícil.
Afinal de contas é o quarto maior terremoto do mundo que enfrentamos, cheio de notícias bem desagradáveis, tristes e complicadas. Muitos amigos brasileiros estão em locais bem mais próximos do epicentro que eu e sim, estão e estamos tensos, cansados, apesar de estarem/estarmos "bem".

Muitos amigos estão se mexendo para ajudar, de verdade.
Arrecadando donativos, entrando em contato com pessoas para informar que estão bem, abrigando os seus que moram em regiões mais afetadas. Tranquilizam os mais nervosos tanto aqui como acolá. Se esmeram para passar a informação do que realmente acontece, sobre si e próximos, o que cada um presencia, vive e vê.

Dá trabalho também calar a boca dos boateiros do apocalipse (uma praga perene instalada na comunidade brasileira, que adora criar "emosssaum").
Uma presença de espírito incrível de muitos, no apoio mútuo, o mundo que roda além da órbita umbilical.

Fora isso, a vida tem que seguir.
O trabalho continua, idem despesas, vivências, sobrevivência, noite e dia.
Nosso cotidiano que ficou um tanto complicado mas que não parou.

Os que estão mais próximos da região do terremoto são os mais sofridos, é óbvio.
Mas...estão também é muito cansados de receber tantas perguntas ou observações fora de contexto. Gente que está muito longe, que quer saber coisas do tipo "você sabe se a produção de playstation foi afetada, se a série do anime x y z vai continuar a ser produzida, dá pra ver da janela a fumaça da usina e se é verde, quanto de prejuízo vai dar a usina x porque jogou água do mar no reator"....

Fora os que querem entrar em contato conosco para enviar publicidade de suas denominações religiosas, pedindo para que a gente distribua porta à porta... ou que envie correntes com teses e teorias diversas, que publique isso e aquilo.
Nada contra crença alguma, mas cada um que faça sua própria propaganda, da maneira que julgar melhor.

Os que não obtém respostas para suas "importantes" indagações ou requisições e... ficam em um mimimi cansativo, felzinho amargo.

Os que estão mais seguros, como eu, tentam agir para ajudar, da forma que podem, da forma que dá.
Então está todo mundo bem ocupado e dedicado à uma causa maior: sobrevivência (trabalho, afazeres do cotidiano), reestruturação de suas vidas, busca de notícias de desaparecidos entre tantas outras coisas. Entendem que, realmente... é um drama?

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Parece estranho, mas é verdade... muitas vezes a gente aqui precisa respirar fundo e ter calma para lidar com quem está seguro e longe de tudo... que nunca nos disse um "bom dia" mas quer saber qual a cor do cabelo no ovo, a gema que se dane.

Pessoas que da rosa oferecem os espinhos, a frase breguézima mas tão verdadeira.

PS: não nos esqueçamos dos que também enfrentam as graves enchentes no Sul do Brasil.
Quem puder, ajude-os nesta hora tão difícil.

Alexandre Mauj Imamura Gonzalez


Na hora da difículdade ainda se lembra do povo do Brasil.
Deus te quarde e todos vocês.
Estamos rezando por vocês!

Biólogo
José Carlos da Fonseca Maciel

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