Efeitos do bisfenol na gravidez
O Bisfenol A, presente em embalagens plásticas e até em mamadeiras, tem efeitos já bem-documentados sobre a reprodução e o desenvolvimento infantil.
Isto está levando que, aos poucos, o bisfenol seja banido do contato com alimentos.
Agora, um estudo realizado na França revelou que o material induz anomalias no ouvido interno de embriões de vertebrados, um efeito até agora desconhecido e que pode ter influência negativa sobre o feto durante a gravidez.
O estudo, liderado por Vincent Laudet, da Universidade de Lion, foi publicado na revista BMC Developmental Biology.
Perigos do bisfenol A (BPA)
O bisfenol A, ou BPA, é um composto químico sintético amplamente utilizado na fabricação de embalagens industriais, como garrafas plástico de policarbonato e outros objetos de uso cotidiano, como CDs, óculos, garrafas de plástico e algumas mamadeiras.
O material também é empregado em resinas epóxi utilizadas no revestimento interno de latas estanhadas para armazenamento de alimentos e em amálgamas dentários.
Contudo, o BPA pode alterar o equilíbrio hormonal dos vertebrados interagindo diretamente com os receptores hormonais ou com as enzimas que asseguram o metabolismo desses hormônios: o bisfenol A é um disruptor endócrino.
De fato, o BPA é capaz de se ligar aos receptores de estrogênio, o hormônio sexual feminino, e imitar sua ação no organismo.
Por esta razão, o bisfenol A é agora classificado como uma "reprotoxina categoria 3" - em outras palavras, como uma "substância que causa preocupação para a fertilidade humana", devido aos "possíveis efeitos tóxicos" na reprodução.
Bisfenol na formação do feto
Os resultados mostram, pela primeira vez, a sensibilidade do ouvido interno dos vertebrados ao bisfenol A.
O estudo demonstra que os efeitos deste composto químico sobre o desenvolvimento embrionário dos animais, incluindo mamíferos, precisam ser explorados com maior profundidade.
Até agora, a maioria dos estudos realizados para caracterizar e avaliar os efeitos do bisfenol sobre o corpo humano têm-se centrado na função reprodutiva e no desenvolvimento do cérebro.
Os pesquisadores franceses, por outro lado, centraram-se sobre o efeito deste composto no desenvolvimento embrionário.
Equilíbrio e audição
Os resultados foram surpreendentes, para dizer o mínimo: após a exposição ao BPA, a maioria dos embriões desenvolveu anormalidades dos otólitos, as pequenas estruturas do ouvido interno que controlam o equilíbrio e desempenham um papel importante na audição.
Agregados de otólitos se formaram em 60% dos embriões. Outras alterações menos frequentes do ouvido interno também foram observadas.
Acima de uma concentração de 15 mg/L, todos os animais desenvolveram anomalias - no entanto, esta dose corresponde a uma exposição muito aguda, muito superior à exposição a que os seres humanos estão propensos hoje.
Efeitos do bisfenol A
Além disso, os pesquisadores observaram que as anomalias persistiram mesmo quando os receptores de estrogênio - os alvos convencionais do bisfenol A - foram bloqueados, o que implica que o BPA pode se ligar a um outro receptor.
Este novo efeito agora descoberto pode ser completamente independente dos receptores de estrogênio.
Este trabalho demonstra claramente que, além de seus efeitos tóxicos para a reprodução, o bisfenol A em doses muito altas também tem um efeito sobre o desenvolvimento embrionário.
A pesquisa também mostra que este composto tem mais alvos do que se pensava anteriormente.
Finalmente, o estudo abre novas vias de investigação para caracterizar a forma como o bisfenol A funciona, bem como para avaliar corretamente os seus efeitos.
Redação do Diário da Saúde
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