Mutação induzida em laboratório
Há pouco mais de um mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deu um duro puxão de orelhas nos cientistas que criaram um vírus mutante da gripe aviária.
Graças à mutação induzida em laboratório pelos cientistas, o perigoso vírus H5N1 passou a ser transmissível entre humanos.
Desde que foi detectado, em 1997, cerca de 600 pessoas contraíram o H5N1 e mais da metade delas morreram, uma taxa de letalidade inédita - mas o vírus selvagem não consegue passar de uma pessoa para outra, apenas das aves para os humanos.
Com a modificação feita pelos cientistas, o perigo do vírus seria incalculável.
Censura à ciência
Desde então, tem havido uma controvérsia inédita sobre se o estudo científico relatando como os cientistas induziram a mutação no vírus H5N1 deve ser publicada ou não.
No mais recente capítulo da história, especialistas em saúde pública, reunidos em Genebra, não chegaram a um acordo quanto sobre a publicação da pesquisa.
Com isto, a reunião da OMS decidiu que mais discussões são necessárias e ordenou uma moratória de prazo indefinido sobre as pesquisas.
Segundo a organização, a sua publicação nas revistas científicas Science e Nature, que vinha sendo aventada, poderia dar ensinamentos a bioterroristas que queiram causar uma pandemia global.
Liberdade acadêmica
Os dois estudos foram submetidos às revistas científicas em novembro do ano passado, mas o NSABB (Conselho Científico para a Biossegurança Nacional dos EUA) pediu aos editores que omitissem partes dos artigos científicos, alegando que os detalhes poderiam ser usados por extremistas para desenvolver vírus poderosos.
A censura causou protestos entre cientistas, que alegam que a medida fere a liberdade acadêmica.
Alguns alegam até que os detalhes dos estudos já eram amplamente conhecidos no meio científico e que sua censura teria pouco efeito prático.
Desde então, os pesquisadores envolvidos nos estudos e os periódicos científicos vêm debatendo a questão.
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