Afinal, que aquecimento global é esse que resulta em dezenas de centímetros de neve amontoada em cidades que não viam nada parecido há mais de 20 anos? Perguntas como essa vêm surgindo na imprensa europeia nos últimos dias e são responsáveis por acalorados debates. As respostas para elas podem estar em um novo estudo apresentado por cientistas alemães que aponta que todo esse frio é na realidade um sintoma das mudanças climáticas que estão se tornando cada vez mais visíveis na vida das pessoas.
Segundo os pesquisadores da Unidade de Pesquisas de Potsdam do Instituto Alfred Wegener para Pesquisa Marinha e Polar, a queda das temperaturas na Europa está ligada ao degelo do Ártico.
De acordo com os cientistas, o grande degelo nos últimos verões está resultando em um oceano mais quente e que não consegue evitar que o calor retorne para a atmosfera. Assim, o ar sobre o oceano se aquece, principalmente entre o outono e o inverno, levando a novos padrões atmosféricos.
Uma das consequências desse fenômeno aparece quando a diferença de pressão entre a região continental e o Mar do Norte fica grande o suficiente para gerar ventos úmidos que sopram com força na direção dos países europeus, trazendo grandes nevascas. Seria isto que estaria ocorrendo nas últimas semanas.
“As altas temperaturas que causam o degelo podem facilmente ser comprovadas pelo monitoramento constante que fazemos do Ártico. Analisamos ainda processos complexos por trás das nevascas e chegamos a dados que mostram que o degelo influencia os padrões de pressão de ar e, por consequência, a circulação de ventos”, afirmou Ralf Jaiser, principal autor da pesquisa.
A atual frente fria, com temperaturas de até -32°C, já vitimou mais de 300 pessoas e está provocando o caos nos transportes por toda a Europa. As previsões afirmam que a situação deve melhorar um pouco no decorrer dos próximos dias.
Muitos meteorologistas estão responsabilizando um sistema de alta pressão que está empurrando o ar gelado da Sibéria para o resto do continente pela onda de frio.
“Diversos fatores possuem naturalmente um papel no complexo sistema do clima. No entanto, nossa pesquisa demonstra como as mudanças regionais na cobertura de gelo do Ártico são um ator importante nesse sistema”, explicou Jaiser.
A presença de gelo no Mar do Norte caiu 20% nas últimas três décadas de acordo com o monitoramento do Instituto Postdam e a tendência é uma taxa de derretimento ainda mais veloz nos próximos anos.
Cientistas norte-americanos afirmaram em novembro, em um estudo publicado na revista Nature, que o nível de degelo atual, 8,6% por década, é o maior em mais de um milênio.
Portanto, ao contrario do que se poderia pensar, a situação da Europa está mais para uma prova do aquecimento global do que para a negação do fenômeno.
"Invernos recentes mais severos que o normal não contradizem o aquecimento global. Na realidade dão mais apoio para as previsões que temos das mudanças climáticas. Vale alertar que o crescente degelo pode triplicar a probabilidade de invernos extremos na Europa e no norte da Ásia”, destacou Vladimir Petoukhov, físico do Instituto Postdam.
http://www.institutocarbonobrasil.org.br/?id=729604
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