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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Produção de biocombustível pode desenvolver agricultura na África

Artigo publicado nesta semana no periódico científico Nature defende que a bioenergia pode ser uma forma de aumentar a segurança alimentar na África. Para os dois autores do artigo, um pesquisador americano e outro do Reino Unido, o desenvolvimento de projetos nesta área pode resultar no crescimento econômico da região. Eles afirmam ainda que o Brasil é um bom exemplo a ser seguido pela África.

“Tanto a África quanto o Brasil podem produzir mais comida e energia. Só que se a África atingir o que o Brasil já atingiu há 10 anos, o mundo inteiro pode comemorar”, disse ao iG Lee Lynd, coordenador do comitê executivo do projeto de Bioenergia Sustentável Global e um dos autores do texto.

Para Lynd, os investimentos de longo prazo em pesquisa científica em culturas específicas como a cana-de-açúcar e a soja resultaram em ganhos contínuos para o campo, que ganhou em eficiência. “Não é necessariamente verdade dizer que a bioenergia compete com a segurança alimentar de um país. O Brasil prova isto”, disse.

O artigo defende que é preciso levar em conta que para que ocorra o aumento de produção de alimentos, é preciso mais energia. De acordo com Jeremy Woods, do Imperial College London e o segundo coautor do estudo, atualmente entre 30% e 40% do custo da colheita está relacionado com a energia e este montante vem aumentando por causa da alta do petróleo. “O rápido crescimento da bioenergia poderia criar fontes de energia modernas e locais que contribuam com o cultivo da terra, armazenamento e geração de combustível para os caminhões para que o produto chegue até os mercados”, escreveu em entrevista por email.

O artigo afirma que os agricultores africanos são agora indispensáveis para o desafio de produzir mais comida para a população global crescente e são também os com mais potencial para o aumento da eficiência do cultivo. Os autores lembram que a África tem 12 vezes mais terra que a Índia, qualidade similar da terra e uma população 30% menor. No entanto, a Índia produz o suficiente, ao contrário da África.

Os pesquisadores concedem que uma série de projetos de produção de bioenergia não deu certo na África. Para eles, os projetos terão resultados ruins quando deslocam a população local, já vulnerável e pobre, e não oferecem alternativas para sustento. “Modelos para o desenvolvimento de bioenergia e biocombustíveis precisam ser construídos de forma que permitam que o investimento e também a infraestrutura apoiem o produtor rural e produção local de alimento”, disse Woods.

(Fonte: Portal iG)

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