O infectologista David Uip – diretor do Instituto Emilio Ribas, unidade de referênia em infectologia no País – estima em R$ 1,88 bilhão o custo da descoberta de um antibiótico capaz de deter superbactérias como a Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC). Segundo ele, os laboratórios que produzem novas drogas podem não considerar o investimento rentável, portanto seria necessário promover um debate sobre quem pagará esta conta. Ele defende que haja um investimento público na pesquisa pelo remédio. “O que não podemos é ficar esperando que algum laboratório privado decida fazer este investimento”, disse.
No custo da descoberta de um antibiótico estaria envolvido desde a pesquisa da molécula até a chegada do produto à prateleira. “De cada 20 moléculas testadas, apenas uma é aproveitada, em média, e as outras precisam ser descartadas, gerando altos custos”, afirmou Uip. No enfrentamento do recente surto da bactéria, o médico afirmou que tem sido usado um antibiótico básico – a polimixina – associada a outros, o que ele classifica como uma “gambiarra” que possivelmente pode aumentar a resistência das bactérias e criar novas linhagens também resistentes.
Para o infectologista Rodrigo Pires dos Santos, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, é “imprescindível” o “desenvolvimento de novos antibióticos que combatam essas bactérias”. Segundo ele, a Sociedade Americana de Doenças Infecciosas lançou uma campanha que estabeleceu como meta, até 2020, colocar 10 novos produtos no mercado. “Estamos atualmente em uma situação em que não há novas opções terapêuticas e a única alternativa para evitar novas formas de resistência bacteriana é a prevenção”, disse.
David Uip afirmou que as recentes notícias sobre a Klebsiella Pneumoniae tendem a criar o pânico na população, o que não é necessário. “Me ligam para perguntar se é preciso evitar o Metrô. A bactéria está restrita a ambientes hospitalares e o cidadão não deve e nem precisa fazer nada além do que já faz”, disse. Entre os procedimentos de higiene mais importantes para evitar qualquer tipo de infecção, está o ato de lavar bem as mãos antes das refeições.
Na sexta-feira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou que, até o fim do ano, todos os hospitais brasileiros, públicos ou privados, serão obrigados a disponibilizar álcool em gel ou líquido em todos os ambientes onde houver trato de pacientes, como ambulatórios, leitos e pronto-socorro. A medida foi tomada após o aumento dos casos de infectados pela superbactéria. A KPC já matou 18 pessoas em Brasília e também foi notificada em hospitais de São Paulo, Paraná, Paraíba, Espírito Santo e Bahia.
O surgimento de bactérias resistentes não é uma novidade. De acordo com Uip, há cerca de 30 anos, a medicina vem descobrindo bactérias capazes de sobreviver à ação de antibióticos.
(Fonte: Portal Terra)
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