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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Álcool em gel em hospitais agora é obrigatório

Álcool para todos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou resolução que torna obrigatória a instalação de dispensadores de álcool em gel em hospitais e clínicas.

A obrigação se estende a entidades públicas ou privadas, em todos os quartos, ambulatórios e prontos-socorros, para evitar a transmissão de infecções.

Os hospitais terão 60 dias para se adaptar à medida, que ocorre em meio à preocupação com os casos de infecções causados pela bactéria KPC dentro de hospitais.

A Klebsiella pneumoniae Carbapenemase (KPC) está sendo chamada de "superbactéria" por sua resistência a antibióticos e tem afetado pacientes hospitalares - mais vulneráveis por sua saúde fragilizada e por, em muitos casos, estarem tomando antibióticos.

Álcool em gel

"O (álcool em gel) facilita o hábito de higienização, porque é mais fácil de acessar. Mas as pessoas podem continuar a lavar as mãos com água e sabão", afirmou Dirceu Barbano, diretor da Anvisa, relata a Agência Brasil.

Especialistas reunidos pela Anvisa se reuniram durante todo o dia para discutir infecções por bactérias multirresistentes e a implementação de uma norma que obrigaria as farmácias a reter receitas de antibióticos no ato da compra dos remédios.

Médicos afirmam que a retenção deve ser aplicada, porque o excesso de uso de antibióticos é justamente o que está por trás do fortalecimento das bactérias.

"Mas quem vai fiscalizar? Na prática, é difícil que uma farmácia deixe de vender antibiótico para uma mãe", questiona o infectologista Luis Fernando Aranha, do hospital Albert Einstein, para quem os hospitais também devem ser mais cautelosos ao ministrar antibióticos.

Epidemia descartada

Mas a possibilidade de que a bactéria provoque surtos fora dos hospitais inexiste, na opinião de Aranha.

"O risco é zero. É uma doença que vai ficar nos hospitais", disse à BBC Brasil.

Isabela Rodrigues, enfermeira-coordenadora do Centro de Controle de Infecção do Hospital Universitário de Brasília, reforça que não há casos conhecidos de KPC nas ruas. "O contato com a flora saudável das pessoas (fora de hospitais) costuma fazer com que a bactéria seja eliminada."

Ela orienta às pessoas que visitem pacientes em hospitais que tomem cuidado com a higiene das mãos.

Há confirmações de infecções da KPC em hospitais de Distrito Federal, Espírito Santo, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Goiás, Minas Gerais e Paraíba, segundo levantamento da Agência Brasil.

No Distrito Federal, o problema já é classificado de surto pela Anvisa. Levantamento de quinta-feira da Secretaria da Saúde local, também citado pela Agência Brasil, apontou no DF 183 casos de contaminação em 17 hospitais, além de 18 mortes.

Carbapenemas

O caso brasileiro não é isolado. Em agosto, estudo publicado na revista científica Lancet advertiu que um novo tipo de bactéria resistente aos antibióticos mais poderosos poderia gerar uma epidemia mundial.

Essas bactérias contêm um gene chamado NDM-1, que as torna resistentes aos medicamentos, entre eles os chamados de carbapenemas. Isso é preocupante porque os carbapenemas são geralmente usados para combater infecções graves, causadas por outras bactérias resistentes.

As bactérias com NDM-1 causaram infecções na Índia, no Paquistão e em pacientes dos EUA e da Grã-Bretanha que haviam feito viagens a esses países para realizar tratamentos médicos.

Para Aranha, do Einstein, o caso do NDM-1 é uma "variante do mesmo problema" enfrentado no Brasil com a KPC e deve se repetir em distintos lugares. "É um problema mundial, e sempre vai ter uma (superbactéria que vai ser) a bola da vez."

Lapsos na higiene cometidos pelos próprios funcionários de hospitais ajudam na proliferação. "Costumamos identificar (casos de) má prática no controle de infecções e (no cumprimento de) normas de higienização", relatou Isabela Rodirgues.

http://www.diariodasaude.com.br

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