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domingo, 7 de novembro de 2010

Hospital de Ribeirão Preto (SP) registra 60 infectados pela superbactéria KPC

Pelo menos 60 pessoas foram infectadas pela superbactéria KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase) nos últimos dois anos no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo). Neste ano foram, inclusive, registradas mortes em decorrência da infecção provocada pela bactéria.

A KPC é da mesma “família” da bactéria que, no fim de 2009, causou a morte de 19 recém-nascidos na Santa Casa de Franca (400 km de SP).

A assessoria de imprensa do HC informou que nos últimos dois anos foram confirmados um caso de infecção por KPC para cada 10 mil internações –o hospital faz 312 mil internações por ano.

Segundo o infectologista e presidente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do HC, Fernando Bellissimo Rodrigues, a KPC já era conhecida pelos médicos, “mas só agora os casos vieram à tona na mídia.”

“Neste ano tivemos mortes pela infecção no HC de Ribeirão, assim como nos últimos dois anos”, disse.

Na Santa Casa e na Beneficência Portuguesa de Ribeirão Preto, não foram confirmados surtos ou casos isolados da bactéria em 2009 e em 2010, segundo o infectologista Alessandro Prudêncio de Amorim, das comissões de Controle de Infecção Hospitalar das duas unidades.

“Tivemos infecções provocadas por bactérias, mas em alguns casos não foi possível identificar qual foi o agente causador. Por isso até podemos ter tido alguns casos, mas nenhum confirmado.”

ANTIBIÓTICOS

A KPC é um organismo super resistente a antibióticos, que vem sendo acompanhado por especialistas no mundo. Há tratamento, mas os pacientes devem se submeter a antibióticos mais fortes.

O temor, segundo os médicos, é que uma hora não haverá mais antibióticos capazes de tratar essa infecção e pacientes vão morrer por falta de tratamento.

A transmissão ocorre por meio do contato direto entre as pessoas ou pelo uso de um objeto comum. Além disso, o uso indiscriminado de antibióticos pode estar relacionado com a proliferação.

“Como a KPC é resistente a grande parte dos antibióticos, ela gasta muita energia e tem a vantagem de, no hospital, o paciente usar medicamentos que matam suas competidoras [outras bactérias]“, disse Rodrigues.

Ainda de acordo com o especialista, fora do hospital, ou quando a pessoa não está tomando antibióticos e outros tipos de medicamentos, a KPC não consegue concorrer com outras bactérias.

O infectologista alerta que o uso em excesso de sabonetes antibacterianos e de antissépticos podem expor o organismo à KPC.

“Para cada célula humana há nove de bactérias do bem no organismo. Quando usamos esses produtos em excesso, matamos essas salvadoras e ficamos expostos às agressoras”, disse.

As Santas Casas de Franca, São Carlos e Araraquara afirmaram que não tiveram nenhum caso de infecção pela KPC nos últimos anos.

(Fonte: Folha Online)

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