A proximidade do verão e a chegada do calor fazem aumentar o alerta em relação à conjuntivite. Problema comum e de fácil tratamento, ela causa grande irritação nos olhos. Ambientes como piscinas, saunas e o próprio local de trabalho, com o ar condicionado ligado sem interrupção, facilitam a proliferação do vírus. Mas cuidados simples, como lavar as mãos e não compartilhar toalhas, podem evitar o contágio.
Apesar de não haver estatísticas oficiais sobre casos de conjuntivite, oftalmologistas já percebem um aumento no número de consultas ligadas ao problema. A própria mudança de estação afeta os olhos, ainda que indiretamente.
O vice-presidente do Departamento de Oftalmologia da AMMG (Associação Médica de Minas Gerais), Luiz Carlos Molinari, explica que a conjuntivite alérgica é a mais frequente. Mas, nesta época do ano, o tipo viral faz mais vítimas. A causa é uma inflamação na conjuntiva, a camada mais externa do olho.
O médico diz que os sintomas mais comuns são desconforto ocular, ardor, sensação de corpo estranho nos olhos e lacrimejamento. Outro sinal está nos olhos vermelhos. Mas, em geral, não há redução da capacidade visual, diz. “O que pode acontecer é um leve embaçamento pelo acúmulo de lágrimas e secreção.”
O período de incubação varia de 20 horas a três dias e a transmissão normalmente acontece em uma semana. O oftalmologista Victor Saques Neto, do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), destaca que a infecção afeta pessoas de qualquer idade e pode haver reinfecção ou recaída.
Ele explica que, durante a primavera, o tempo mais seco e a baixa umidade do ar tornam mais frequentes os registros das conjuntivites chamadas “primaveris”. Elas são causadas por reações alérgicas aos resíduos que flutuam na atmosfera, como poeira e pólen.
Já no verão as pessoas compartilham piscinas, praias, academias e outros ambientes públicos, o que aumenta potencialmente o risco de manifestação das conjuntivites contagiosas. No inverno, as pessoas costumam permanecer mais tempo dentro de casa, sem muita ventilação, propiciando um ambiente que favorece o compartilhamento de vírus e bactérias. É quando aparecem as conjuntivites bacterianas.
O tipo alérgico do problema, que não é contagioso, normalmente atinge entre 12% e 13% da população. O agente causador pode estar em cosméticos, no estojo das lentes de contato, em medicamentos, na poeira e no pólen. Esse tipo de conjuntivite geralmente afeta os dois olhos simultaneamente e provoca coceira, lacrimejamento, vermelhidão e pálpebras inchadas.
Uma conjuntivite viral afastou do trabalho, por sete dias, a assistente social Daísa de Souza Pinto, de 32 anos. Ela nunca tinha passado pelo problema. “Há uma semana, acordei com um dos olhos inchado, coçando muito e lacrimejando. Foi como se eu tivesse levado uma picada de marimbondo.”
No mesmo dia, ela procurou o médico. O tratamento foi apenas a limpeza dos olhos com soro fisiológico e uso de um colírio específico a cada seis horas.
Os cuidados pessoais só não foram suficientes para evitar a transmissão do vírus em família. O irmão de Daísa também acabou pegando conjuntivite. “Acredito que foi porque compartilharmos a toalha de rosto.”
O oftalmologista Luiz Molinari alerta que cautela não é frescura. “Quando se tem a doença é preciso evitar de qualquer maneira compartilhar objetos pessoais.”
Dor ocular muito intensa, febre, desconforto ao movimentar os olhos ou persistência de secreção contínua mesmo após o término da medicação podem indicar complicações. Neste caso, o médico deve ser procurado novamente.
Molinari chama atenção ainda sobre cuidados que o paciente deve ter durante a doença. É importante não coçar e não esfregar os olhos ao enxugá-los. Para fazer a higiene, a pessoa deve usar lenço de papel. Óculos escuros e compressas frias sobre as pálpebras também ajudam a aliviar o incômodo.
Se as pálpebras estiverem aderidas pela manhã, deve-se usar água filtrada ou soro fisiológico para a limpeza. Além da conjuntivite, outros problemas nos olhos podem surgir durante o período de calor, devido à maior sensibilidade dos olhos e à exposição mais frequente a agentes agressores como a poeira.
(Fonte: Portal R7)
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