Pilates e corrente russa
Pesquisa desenvolvida na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) comprovou a eficácia do método Pilates no tratamento da lombalgia crônica não específica, um desconforto sem causa aparente na região inferior das costas.
A fisioterapeuta Camila Pinhata Rocha testou ainda o uso de eletroestimulação neuromuscular, também conhecida como corrente russa e obteve bons resultados na melhora de uma das maiores queixas da população em geral.
No total, 36 mulheres foram submetidas a 15 sessões de uma ou outra técnica e, na maioria dos relatos, as voluntárias se consideraram beneficiadas com o tratamento. A pesquisa foi desenvolvida por Camila Rocha para conclusão de mestrado na Área de Anatomia, sob orientação do professor Paulo Henrique Ferreira Caria.
Pilates e ciência
O método Pilates foi criado pelo Alemão Joseph Pilates na década de 1920, mas só nos anos 1990 se tornou bastante conhecido no Brasil e, atualmente, encontra muitos adeptos satisfeitos com os resultados dos exercícios feitos sem esforço físico intenso, diferentemente daqueles empreendidos nas academias.
Em uma única sessão é possível trabalhar flexibilidade, fortalecimento, respiração e conscientização corporal.
A fisioterapeuta quis investigar cientificamente a eficácia do método em mais um aspecto, uma vez que são poucos os estudos na literatura que ratificam os efeitos dessa terapia no tratamento de lombalgia.
Corrente russa
Para um maior rigor científico, Camila optou ainda por comparar os resultados com os efeitos da eletroestimulação neuromuscular aplicada no abdome das voluntárias, por ser um método nunca antes testado com a finalidade de tratar a dor lombar.
A sua eficácia, no entanto, já foi comprovada no fortalecimento muscular, principalmente quando o nível de fraqueza é elevado.
As voluntárias também foram avaliadas nos aspectos de funcionalidade, intensidade da dor e alinhamento postural na primeira, sétima e décima quinta sessões.
Todas participantes eram sedentárias, com idade entre 25 e 45 anos e índice de massa corpórea (IMC) normal. Nenhuma havia recebido qualquer tipo de intervenção física para lombalgia no último mês antes do estudo. Aquelas que fizessem uso de analgésicos também foram excluídas.
Ativação dos músculos
Nos relatos, além da intensidade da dor diminuída, houve melhoras nas atividades cotidianas.
Embora constituam métodos completamente diferentes, nos dois casos, o objetivo principal foi a ativação dos músculos abdominais.
Isto porque, segundo a fisioterapeuta, normalmente, nas pessoas que sofrem de lombalgia crônica não específica, os músculos abdominais, aqueles estabilizadores da porção lombar da coluna vertebral, apresentam-se inativos ou pouco ativos.
E, para isso, os dois métodos tiveram resultados eficientes.
Pilates no SUS
Camila Rocha destaca ainda que a eletroestimulação, por se tratar de um método passivo, pode ser indicada para os pacientes que não conseguem trabalhar a região abdominal nos exercícios convencionais, na fase inicial do tratamento. Em geral, os portadores de dor lombar sentem medo de praticar exercícios que possam intensificar o desconforto.
Já o Pilates, a despeito da popularidade, encontra dificuldades de ser praticado por grande parte da população, devido ao seu alto custo. Em geral, são utilizados aparelhos específicos e a prática deve ser acompanhada por um profissional especializado de forma individual ou em pequenos grupos, o que acaba por encarecer a atividade.
Mas o quadro pode mudar, pois o Sistema Único de Saúde (SUS) já tem disponibilizado em algumas cidades do Estado de São Paulo centros para a prática gratuita.
Raquel do Carmo Santos - Jornal da Unicamp
Nenhum comentário:
Postar um comentário