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domingo, 17 de junho de 2012

Rio+20 tem que garantir que o futuro seja sustentável e justo

Rio de Janeiro – De 20 a 22 de junho os lideres mundiais se reunirão no Brasil para a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável; uma oportunidade única para desenvolver e planejar um futuro sustentável para todos. As decisões tomadas no Rio de Janeiro poderão definir a agenda global de desenvolvimento para muito além da próxima década. A Cúpula da Terra em 1992 resultou numa série de compromissos importantes, mas o que foi efetivamente conquistado desde então não é suficiente e os avanços ambientais têm sido muito lentos. As crises financeiras mundiais já projetaram sua sombra sobre esta conferência, mas, mesmo assim, a Rio + 20 oferece uma chance para que os líderes se comprometam com um futuro sustentável para as futuras gerações; um futuro onde o bem estar dos humanos é colocado no coração da agenda. Segurança alimentar, energética e de água No Rio, a necessidade de abordar as conexões entre alimentos, água e energia deve estar no cerne das discussões. Por mais tenhamos conquistado algum progresso desde a Rio 92, hoje as ameaças ao meio ambiente ultrapassam cada vez mais as soluções. O Relatório Planeta Vivo 2012, do WWF, mostra que já estamos utilizando os recursos do planeta excessivamente e que as nações precisam reagir imediatamente para reduzir a pegada ecológica que está em constante expansão. Os serviços mais básicos não são disponíveis para grande parte da população mundial. Em torno de 0,9 bilhão de pessoas não tem acesso à água para suas necessidades mais básicas; 2,56 bilhões carecem de acesso a saneamento seguro e água limpa; perto de 1 bilhão é subnutrido e 1,5 bilhão não tem acesso a formas modernas de energia. As demandas por alimentos, água e energia, continuam seu crescimento constante, enquanto as mudanças climáticas e o crescimento populacional infligem seus danos. “Para enfrentar os desafios, nós temos que conservar o capital natural da Terra – sua riqueza de biodiversidade e de ecossistemas”, disse Lasse Gustavsson, diretor Executivo para Conservação do WWF Internacional. “Há anos, organizações, governos e corporações vêm abordando segurança alimentar, energética e hídrica como se fossem questões isoladas entre si. Mas se nós pretendemos, de fato, alcançar acesso à segurança nutricional, energética e hídrica adequada, precisamos adotar uma abordagem integrada.” Os elos entre alimentos, água e energia são múltiplos. Cultivar as lavouras para prover alimentos para as pessoas vai demandar água e energia. A provisão de certas formas de energia requer água, e tornar a água potável requer energia para torná-la limpa, assim como para distribuí-la. As mudanças climáticas, resultados de nosso consumo insustentável de combustíveis fósseis e de processos de desmatamento, afetam a produção de alimentos e a disponibilidade de água. O WWF está sinalizando a necessidade de um melhor gerenciamento dos recursos naturais do mundo, o qual tem que incluir a proteção aos sistemas de água doce, a redução de desperdício na produção e distribuição de alimentos, além de uma maneira mais racional de utilizar as águas, as terras e outros recursos. O compromisso político precisa ser muito mais forte e tem de haver um marco estabelecido para efetuar essa transformação toda. O que tem que sair da Rio+20 é um acordo forte e ambicioso com metas e cronograma claramente definidas. Valoração da Natureza A conferência Rio+20 coloca os líderes globais diante de uma oportunidade única para reconhecer o valor do capital natural e incorporá-lo no nosso desenvolvimento econômico global. Precisamos medir aquilo que valorizamos: A Rio+20 deve produzir um conjunto de indicadores claros, transparentes, e que permitam comparações, para a mensuração da qualidade do meio ambiente. No momento, existem indicadores para dois dos três aspectos do desenvolvimento (social e econômico) mas não para o meio ambiente. As lideranças no Rio devem tornar o PIB mais ‘verde’, com a atribuição de valor econômico ao capital natural. As empresas e os governos devem ser chamados para demonstrar na sua contabilidade nacional e nas balanças financeiras das empresas os custos ambientais associados a suas atividades. Metas de Desenvolvimento Sustentável O WWF aplaude o conceito de Metas de Desenvolvimento Sustentável (MDS), vendo-o como um meio para fazer frente aos desafios críticos e interligados que se oponham à agenda de desenvolvimento até 2030. As novas metas precisam abordar áreas prioritárias tais como os oceanos, alimentos, água e energia, e devem ser aplicáveis a todos os países. Portanto, as metas devem ser projetadas para impulsionar a sustentabilidade e devem deixar claro como as três dimensões do desenvolvimento sustentável – econômica, social e ambiental – dependem umas das outras. O ponto de partida das MDS seria as Metas de Desenvolvimento do Milênio, que estão prestes a expirar em 2015. Elas precisariam ter objetivos específicos de implementação atrelados a um cronograma, para poder enfrentar o desafio de alcançar a segurança nutricional, energética e de água no contexto de um meio ambiente global saudável – tem de ter indicadores que os países possam por em prática de acordo com as circunstâncias e especificidades nacionais. Subsídios perversos Todos os subsídios que levem a impactos negativos sobre o meio ambiente têm de ser eliminados, particularmente aqueles que estimulem a produção e uso de combustíveis fósseis e as práticas insustentáveis de agricultura e da pesca. O processo de eliminação deve ser transparente, incluir relatórios e avaliações anuais, e levar à eliminação total desses subsídios até, no mais tardar, o ano de 2020. * Publicado originalmente no site WWF Brasil. (WWF Brasil)

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