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sábado, 16 de junho de 2012

Por dentro da Cúpula dos Povos

O desafio de gerir centenas de atividades dos mais diversos perfis e ainda criar condições para que as ideias se cruzem em um construto final. “Não queremos um novo FSM”, diz organizador Depois de um ano e meio de preparação, o coordenador do Forum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais (FBOMS), Carlos Henrique Painel, já não aguenta mais esperar. “A gente está muito ansioso, foram muitos altos e baixos. Porém, está chegando a hora em que a gente espera colher frutos de todo esforço. Queria que começasse logo”. Painel é um dos organizadores da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20, espécie de epicentro da sociedade civil global entre os dias 15 e 23 de junho. Com mais de 800 atividades e 30 mil pessoas esperadas por dia, o encontro dá continuidade ao legado do histórico Fórum Global, que reuniu milhares de ativistas no Rio de Janeiro em 1992, criando uma panela de pressão inédita para as conferências da ONU e inaugurando a tradição de eventos paralelos. Tal como há 20 anos, o desafio é proporcionar convergência nesse enorme fluxo de ideias. Em 92, os militantes do Fórum Global foram responsáveis pela Carta da Terra – também conhecida como Declaração do Rio – documento que marcou a centralidade de um discurso que perdura até hoje, de crítica aos padrões de consumo nos países mais ricos. Desta vez, a Cúpula dos Povos contará com uma metodologia em três partes. A base são as atividades autogestionadas, coordenadas por redes de organizações que inscreveram suas propostas nos últimos meses. Os grupos serão convidados a levar encaminhamentos para as plenárias de convergência que, ao final, culminarão com a Assembleia dos Povos. “O primeiro desafio que foi colocado é que nós não queríamos um novo FSM (Fórum Social Mundial). Hoje o FSM, tem milhares de atividades que não se cruzam, o conteúdo não é compartilhado. Claro que há um processo rico, mas há uma perda de energia importantíssima”, considera Painel. “É um desafio. Nem todas as atividades querem ou vão produzir conteúdo. Por isso não sei se o resultado final vai ser uma declaração, um documento ou uma frase. Mas estamos trabalhando para pactuar uma nova agenda global de lutas”. Uma inovação da Cúpula dos Povos, em relação ao seu correlato de 20 anos atrás, é ênfase atribuída às soluções e não apenas às críticas. Esse eixo está contemplado na programação dos Territórios do Futuro, nos quais ONGs compartilharão suas experiências sobre novos paradigmas e instrumentos de desenvolvimento, como a agroecologia ou a economia solidária. As atividades da Cúpula dos Povos estarão concentradas no Aterro do Flamengo, mas também há programação no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), no Museu da República e no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RJ). Todos os debates são abertos ao público. Se você deseja participar da Cúpula dos Povos, conheça aqui a programação completa das atividades autogestionadas, aqui a agenda dos Territórios do Futuro e aqui as atividades de cada tenda. * Publicado originalmente no site Vitae Civilis. (Vitae Civilis)

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