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domingo, 17 de junho de 2012

Cientistas criam cadastro de micróbios benéficos no corpo humano

Condomínio humano O Projeto Microbioma Humano elaborou o primeiro "cadastro" de bactérias que vivem no corpo humano. Não se trata de germes ou criaturas nocivas que precisam ser eliminadas. Ao contrário, é uma parte fundamental daquilo que nos torna humanos, dizem os pesquisadores. O cadastro de bactérias humanas confirma algo que já se supunha: não somos exatamente "um ser", mas um "condomínio de seres", todos trabalhando em conjunto para que aquilo que percebemos como "nosso corpo" funcione a contento. Microbioma Humano Até recentemente, pouco se sabia sobre a identidade de trilhões de micróbios que habitam nosso corpo. Desde que os cientistas reconheceram a existência dos micróbios - a existência dos micróbios, e depois dos átomos, foi negada pela ciência oficial durante muito tempo - só era possível investigar micróbios que conseguiam sobreviver em laboratórios. E os estudos tinham de ser feitos isoladamente, quase sempre um de cada vez. Mas, com o advento de técnicas cada vez mais avançadas de sequenciamento de DNA, o Projeto Microbioma Humano está sendo capaz de descobrir micróbios que nunca haviam sido vistos antes, e observar como eles se comportam em comunidades. Mais de 200 voluntários, homens e mulheres, todos saudáveis, tiveram amostras de micróbios retiradas de várias partes de seus corpos. E os pesquisadores foram capazes de encontrar mais de dez mil tipos diferentes de organismos que integram o microbioma saudável humano. A maioria desses micróbios, aparentemente, não causa qualquer dano ao organismo. Pelo contrário. Existem cada vez mais indícios de que esses micróbios nos ajudam de várias formas. Alguns, por exemplo, nos auxiliam a extrair energia da comida e outros nos ajudam a absorver nutrientes como vitaminas. Mudança de paradigma Uma das questões centrais que os pesquisadores perguntaram foi: existe um grupo básico de micróbios que todos compartilhamos? Os cientistas encontraram uma variedade de micróbios em diferentes seres humanos, e comunidades únicas de micróbios vivendo em diferentes partes do corpo. Mas o que os deixou muitos surpreendidos foi que, em partes específicas do corpo, muitos dos micróbios compartilhavam funções semelhantes. Ou seja, cada pessoa pode ter o seu próprio conjunto de bactérias benéficas, mas, mesmo sendo diferentes, elas desempenham as mesmas funções. O estudo fez uma descoberta que implica em uma mudança no modelo atual de se pensar em doenças, onde uma doença é atribuída a um único micróbio. [Imagem: BBC] Essa descoberta implica em uma mudança no modelo atual de se pensar em doenças, onde uma doença é atribuída a um único micróbio. Talvez o que importe em algumas doenças não seja um tipo particular de micróbio mas, sim, que a função desse grupo de micróbios tenha de alguma forma desaparecido. Uma prova contundente disso foi obtida quando os pesquisadores descobriram que voluntários saudáveis carregam baixos índices de micróbios, tradicionalmente vistos como causadores de doenças. Por exemplo, a bactéria Staphylococcus aureus, que pode estar envolvida na infecção MRSA, foi encontrada nos narizes de cerca de 30% dos voluntários, e nenhum deles estava com infecção. Influências genéticas Outra possibilidade é que os genes das bactérias que colonizam nosso corpo possam nos influenciar. "O genoma humano é herdado, mas o microbioma humano é adquirido", explicou Lita Proctor, diretor do projeto. "Isso significa que ele tem uma propriedade de se alterar, de mudar, o que é muito importante". "Isto nos dá algo com que podemos trabalhar na clínica. Se você pode manipular o microbioma, você pode fazer um microbioma saudável continuar saudável ou rebalancear um que não está saudável". O mais importante agora será descobrir como o microbioma se comunica com as células do corpo humano. "Isso ainda é território desconhecido. Embora seja território doméstico, ainda estamos descobrindo novas formas de vida nele", disse David Relman, da Universidade de Stanford, membro do projeto. Os primeiros resultados do projeto, que terá cinco anos de duração e foi lançado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, foram publicados pelas revistas científicas Nature e Public Library of Science (PLoS). Informações da BBC

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