sábado, 16 de junho de 2012
Cientistas defendem criação de acordo sobre águas subterrâneas
A mudança climática deve afetar a disponibilidade de água em todo o mundo. As alterações da temperatura influem na quantidade de água perdida pelas plantas e pelo solo, o que modifica a frequência e a localização das chuvas. Naturalmente, rios e lagos estão sujeitos a esse efeito, mas não são só eles; as águas subterrâneas também podem sofrer com o problema.
Ursula Oswald-Spring, pesquisadora da Universidade Nacional Autônoma do México, está preocupada com a situação dos aquíferos e lençóis freáticos, como são chamados esses reservatórios de água subterrânea.
“Não temos nenhum acordo mundial sobre os aquíferos. E o futuro dos nossos recursos hídricos, especificamente nas regiões áridas e semiáridas, está relacionado aos aquíferos, porque teremos mudanças enormes na precipitação e na evapotranspiração [perda de água pelo solo e pelas plantas]”, apontou a cientista.
“Essa água dos aquíferos não é controlada em lugar nenhum do mundo, nem em termos de poluição nem de disponibilidade”, completou.
Os aquíferos são formados pela água dos rios e lagos que passa pelo solo até atingir esse reservatório natural. Portanto, todos os poluentes que vêm das cidades, da agricultura e da mineração contaminam essa água.
Além disso, a própria superexploração dos aquíferos pode causar uma poluição natural da água. Algumas substâncias tóxicas para o corpo, como o flúor, se acumulam no fundo dos lençóis freáticos e, quando o nível da água fica muito baixo, a concentração desses poluentes aumentam.
No Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Oswald-Spring mencionou uma pesquisa conduzida por sua equipe na região de Aguas Calientes, no México, que mostrou que 18% das crianças tiveram doenças nos rins – e 8% entraram na fila do transplante – devido a esse tipo de poluição da água.
Em outra parte do México, a Baixa Califórnia, próxima à fronteira com os Estados Unidos, o problema com as águas subterrâneas é outro. A pesquisadora contou que os americanos colocaram cimento no leito dos rios para aumentar o fluxo, e o resultado disso foi a seca do aquífero do lado mexicano. A região é desértica, e o abastecimento da população depende dessas águas.
A ameaça ao abastecimento dos aquíferos também vem do mar. Segundo Luis Valdés, da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas (Unesco, na sigla em inglês), a mudança climática deve alterar a temperatura dos oceanos, o que tem influência direta sobre as chuvas em terra.
“As coisas que ocorrem no mar têm consequência na terra, isso é evidente. Não saberia traduzir esse impacto em números, mas asseguro que o clima marinho tem efeito sobre o clima terrestre”, afirmou o pesquisador.
Além da questão das precipitações, a superexploração da água doce nas áreas litorâneas pode tornar a água dos aquíferos imprópria para o consumo. “Quando se gasta água demais dos rios, é a água do mar que desce, o que saliniza os aquíferos”, explicou Valdés. (Fonte: Tadeu Meniconi/G1)
A mudança climática deve afetar a disponibilidade de água em todo o mundo. As alterações da temperatura influem na quantidade de água perdida pelas plantas e pelo solo, o que modifica a frequência e a localização das chuvas. Naturalmente, rios e lagos estão sujeitos a esse efeito, mas não são só eles; as águas subterrâneas também podem sofrer com o problema.
Ursula Oswald-Spring, pesquisadora da Universidade Nacional Autônoma do México, está preocupada com a situação dos aquíferos e lençóis freáticos, como são chamados esses reservatórios de água subterrânea.
“Não temos nenhum acordo mundial sobre os aquíferos. E o futuro dos nossos recursos hídricos, especificamente nas regiões áridas e semiáridas, está relacionado aos aquíferos, porque teremos mudanças enormes na precipitação e na evapotranspiração [perda de água pelo solo e pelas plantas]”, apontou a cientista.
“Essa água dos aquíferos não é controlada em lugar nenhum do mundo, nem em termos de poluição nem de disponibilidade”, completou.
Os aquíferos são formados pela água dos rios e lagos que passa pelo solo até atingir esse reservatório natural. Portanto, todos os poluentes que vêm das cidades, da agricultura e da mineração contaminam essa água.
Além disso, a própria superexploração dos aquíferos pode causar uma poluição natural da água. Algumas substâncias tóxicas para o corpo, como o flúor, se acumulam no fundo dos lençóis freáticos e, quando o nível da água fica muito baixo, a concentração desses poluentes aumentam.
No Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Oswald-Spring mencionou uma pesquisa conduzida por sua equipe na região de Aguas Calientes, no México, que mostrou que 18% das crianças tiveram doenças nos rins – e 8% entraram na fila do transplante – devido a esse tipo de poluição da água.
Em outra parte do México, a Baixa Califórnia, próxima à fronteira com os Estados Unidos, o problema com as águas subterrâneas é outro. A pesquisadora contou que os americanos colocaram cimento no leito dos rios para aumentar o fluxo, e o resultado disso foi a seca do aquífero do lado mexicano. A região é desértica, e o abastecimento da população depende dessas águas.
A ameaça ao abastecimento dos aquíferos também vem do mar. Segundo Luis Valdés, da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas (Unesco, na sigla em inglês), a mudança climática deve alterar a temperatura dos oceanos, o que tem influência direta sobre as chuvas em terra.
“As coisas que ocorrem no mar têm consequência na terra, isso é evidente. Não saberia traduzir esse impacto em números, mas asseguro que o clima marinho tem efeito sobre o clima terrestre”, afirmou o pesquisador.
Além da questão das precipitações, a superexploração da água doce nas áreas litorâneas pode tornar a água dos aquíferos imprópria para o consumo. “Quando se gasta água demais dos rios, é a água do mar que desce, o que saliniza os aquíferos”, explicou Valdés.
(Fonte: Tadeu Meniconi/G1)
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