A problemática ambiental está na ordem do dia. Basta atentarmos às fontes de informações para se ver que as agressões ambientais diuturnamente desfilam nos noticiários. Tudo decorre na constatação de um fenômeno corrente, segundo o qual o homem para satisfação de suas múltiplas necessidades, que são ilimitadas, disputa os bens da natureza por definições limitadas. E é esse fenômeno tão simples quanto importante que está na raiz de grande parte dos conflitos que se estabelecem no seio da comunidade. O impasse técnico/político no Código Florestal é o maior exemplo da ganância econômica do homem em prejuízo à natureza.
É preciso crescer, sim, mas com base num plano racional e integrado, com vistas a assegurar a compatibilidade do desenvolvimento com o meio ambiente. O progresso deverá ser focado em função do homem e não às custas do homem, e sempre voltado à preservação ambiental que, em outras palavras, é a própria vida.
A política ambiental imposta não deve se constituir em obstáculos ao desenvolvimento, mas, sim, em um de seus instrumentos ao proporcionar uma gestão racional dos recursos naturais.
Quando de uma implantação de quaisquer atividades, procura-se sempre divisas e a criação de empregos, mas não podemos perder de vista os verdadeiros custos que poderão surgir: perda de amenidade, degradação paisagística e, principalmente, perda da qualidade de vida.
É evidente que as amenidades que contribuem para a qualidade de vida dificilmente poderão ser expressas em dinheiro. Quanto vale a perda de uma praia ou de um rio? Quanto vale uma bela paisagem? Qual seria o custo monetário do incômodo de ruídos? Qual seria o custo de odores desagradáveis de uma indústria? E, em especial, qual seria o custo monetário da degradação da vida?
Entendendo que o interesse maior na questão ambiental é sobre nosso Município, permitimo-nos, então, invocá-los através de um simples diagnóstico.
Pois bem, com o advento da municipalização do meio ambiente, nosso Município foi um dos contemplados com novas atribuições, passando a ter como seu gestor ambiental a nova Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Todavia, para não fugir à regra, os problemas urbanístico/ambiental continuam crescente em nosso Município, independente de quem sejam as instituições responsáveis pelo seu controle, apesar de serem praticamente ignoradas pelos meios de comunicações.
Pelo desenvolvimento que está ocorrendo em Rio Grande, seja de ordem industrial, seja de ordem habitacional, impõe-se que a Gestão Urbana implantada ou a ser implantada, seja, realmente, um conjunto de instrumentos, atividades, tarefas e funções que visam a assegurar o seu bom funcionamento. Para tal, deveria o governo municipal dispor desses instrumentos que lhe permitam intervir de forma a resolver ou amenizar os conflitos surgidos.
A desinformação dos indivíduos de como a cidade funciona e, mais ainda, quais as possíveis soluções de seus problemas têm por fundo uma herança de ordem cultural. Tal prática, vez ou outra, nos leva a imaginar que os nossos conterrâneos não amam a sua terra, face aos seus descompromissos com ela. Alguns procedimentos identificam em que comunidade convivemos.
Basta observarmos as ruas de nossa cidade, onde o descarte de qualquer objeto na área pública é realizado sem nenhum constrangimento. Lançam toda a gama de resíduos ao solo e nos recursos hídricos. Entendem eles, que tudo que for disposto fora do seu espaço físico não é mais seu problema. São dos outros!
Os famosos ruídos, conhecidos como “bate estaca”, provocados pelos veículos, é outra identificação da atual depravação cultural desses incautos para com o meio ambiente. Hoje, nossa cidade está sob a ação de uma verdadeira “farra sonora” sem que se deslumbre qualquer intervenção dos órgãos públicos para coibi-las. E durma-se com um barulho desses!
A solução é através de uma Educação Ambiental, atividade essa, já implantada no Município. Todavia, essas práticas somente serão absorvidas pela comunidade a médio e a longo prazo. Mas como a população e a natureza não poderão ficar à espera do tempo, urge tratativas imediatas para coibir essas anomalias.
Insistindo no assunto, entendemos que habitantes mais conscientes significam comunidades mais organizadas e atentas, capazes de pressionar e fiscalizar o poder público. Mas, aqui em nosso Município, vê-se uma comunidade omissa no trato ambiental. Apenas reclamam, ignorando o seu poder no exercício de Cidadania.
Décadas atrás tínhamos ONGs voltadas para o meio ambiente, com fortes atuações, nas quais colaboravam decisivamente com o órgão ambiental do estado e Ministérios Público. Hoje, ou estão atreladas ao Paço Municipal, ou se mudaram para Pelotas ou, então, foram desativadas. Nos nossos dias a questão ambiental, até por sermos uma cidade portuária, estamos, com o perdão da palavra: a ver navios! Uma pena!
*Engenheiro civil e sanitário-urbanista
Diniz Maciel da Silva
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