O mundo vai gastar 140 mil milhões de toneladas de recursos anualmente em 2050, se o crescimento económico e populacional se mantiver, diz um relatório das Nações Unidas publicado esta quinta-feira. A organização alerta que é necessário deixar de assentar o desenvolvimento económico no aumento do uso destes recursos.
O relatório teve em conta os minerais, os minérios, os combustíveis fósseis e a biomassa que anualmente o mundo utiliza. Hoje, o mundo gasta anualmente menos da metade, com os cidadãos dos países desenvolvidos a gastar por ano 16 toneladas em média (alguns chegam a gastar 40). Por outro lado, o gasto médio de um cidadão na Índia, é de quatro toneladas por ano.
Se o aumento continuar a este passo, os níveis de consumo vão ser “bem maiores do que o que é sustentável”, diz o relatório produzido pelo Programa Ambiental das Nações Unidas.
“A dissociação [entre crescimento e consumo de recursos] faz sentido a todos os níveis, económico, social e ambiental”, disse em comunicado o sub-secretário geral das Nações Unidas, Achim Steiner. “As pessoas acreditam que os malefícios ambientais são o preço a pagar pelos benefícios económicos. No entanto, não podemos, nem precisamos de continuar a agir como se esta troca fosse inevitável.”
O relatório alerta para a dificuldade crescente de se encontrar fontes baratas e de qualidade, de materiais essenciais, como petróleo, cobre e ouro. Para os obter, é necessário uma quantidade cada vez maior de combustíveis fósseis e de água doce.
“A dissociação é parte da transição para uma economia verde com um gasto pequeno de carbono e de recursos, de modo a estimular o crescimento, gerar empregos decentes e erradicar a pobreza de forma a manter a pegada da humanidade dentro dos limites do planeta”, disse Achim Steiner.
Apesar do relatório não trazer soluções precisas, defende que o desenvolvimento de tecnologia que até agora tem sido utilizada para extrair quantidades cada vez maiores de recursos deve ser direccionado para formas mais eficientes de utilização destes recursos. Por outro lado, as cidades são soluções boas para reduzir a utilização dos gastos per capita, já que concentram as pessoas.
Entre 1900 e 2000, os recursos gastos aumentaram oito vezes, de seis mil milhões para 49 mil milhões de toneladas. Hoje estima-se que se gaste anualmente 59 mil milhões de toneladas. O relatório aponta que o crescimento económico já não depende tanto dos recursos utilizados, mas este abrandamento está a ser feito de uma forma muito lenta.
No documento são lançados três cenários para 2050. No cenário mais radical, os países desenvolvidos reduziriam o consumo dos recursos por pessoa em dois terços, e os países em desenvolvimento mantinham o consumo actual, o que resultaria num consumo final de 50 mil milhões de toneladas, equivalente ao gasto feito em 2000.
Este cenário “dificilmente poderá ser equacionado como um objectivo estratégico”, defendem os autores, já que seria muito restritivo e não seria atraente para os políticos. Muitos cientistas já “consideram este cenário insustentável”, diz o comunicado.
http://ecosfera.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1493919
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