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domingo, 9 de junho de 2013

O que é transplante de fezes?

O transplante de fezes se tornou uma maneira bastante comum de tratar infecções bacterianas, como a colite pseudomembranosa, que causa diarreias persistentes e pode levar à desidratação e até a infecção generalizada. Os transplantes – que envolvem tirar a matéria fecal de um doador e levá-la ao cólon dos pacientes através de um tubo – têm sido demonstrados em estudos como uma terapia muito eficaz para tratar a infecção bacteriana Clostridium difficile. A condição, que causa diarreia grave, é notoriamente difícil de curar. No último mês, a Administração de Drogas e Alimentos americana (FDA, na sigla em inglês) afirmou que considera o procedimento, formalmente conhecido como transplante de microbiota fecal, um produto biológico que, portanto, deve ser regulamentado pela agência. As novas regras obrigam os médicos a apresentar um pedido especial antes de serem autorizados a realizar o procedimento. As novas regras têm como objetivo garantir que o procedimento seja seguro – por exemplo, que os doadores sejam bem selecionados e que os médicos não o realizem desnecessariamente. No entanto, alguns dizem que as regras estão prejudicando os pacientes de terem acesso ao tratamento de que necessitam. “A regulamentação da FDA criou uma negação, ou um acesso interrompido, de atendimento aos pacientes”, disse o Dr. Johan Bakken, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Minnesota, EUA. O processo de autorização é extenso, e os médicos podem esperar até 30 a 45 dias antes de terem a resposta da FDA, Bakken disse. “Torna-se um obstáculo muito importante, e a maioria dos médicos não vai ter tempo para fazer isso”. Em caso de emergência (quando o paciente corre risco de morte), a FDA pode dar uma autorização especial para o procedimento por telefone, sem a necessidade da papelada. Mas os médicos ainda terão de completar o pedido eventualmente, por isso não elimina o trabalho extra, Bakken explica. O médico ainda comenta que o grau da doença entre os pacientes que são candidatos a transplante fecal varia de diarreia recorrente, de longa duração, a complicações com risco de morte, que podem exigir a remoção do cólon. Embora mais de 700 transplantes de fezes tenham sido realizados, a FDA ainda tem dúvidas sobre os efeitos a longo prazo do tratamento. Bakken ressalta que mais estudos são necessários, feitos com pacientes aleatoriamente designados a receber o transplante fecal ou um tratamento alternativo, para compreender melhor os efeitos colaterais. “Uma vez que tais estudos tenham sido realizados, a FDA pode aprovar o transplante fecal como um tratamento de C. difficile, se não houver nenhum efeito adverso”, disse ele. No Brasil, o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, realizou em março os dois primeiros procedimentos do tipo no país. [LiveScience] [Estadão]

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