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terça-feira, 16 de março de 2010

Consumo consciente desafia a comodidade, diz ministro

Em entrevista exclusiva ao R7, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, explicou a urgência em criar campanhas como Saco é um Saco e iniciativas como a do Carrefour, e diz porque a educação ambiental é a chave para o sucesso da preservação dos ecossistemas.

R7 - Muito tem se falado sobre sustentabilidade nos últimos tempos. Na opinião do senhor, qual é o caminho ideal para que a sociedade possa entender e colocar em prática esse conceito? .

Carlos Minc - Aqui no MMA temos buscado estimular diversas ações de desenvolvimento sustentável, como o programa de troca de geladeiras, que vai beneficiar milhares de brasileiros e garantir que a nossa camada de ozônio seja preservada dos gases de efeito estufa. Também defendemos o boicote que a sociedade tem feito aos frigoríficos que não têm controle sobre a origem da carne que compram e que estimulam o desmatamento na Amazônia. Temos atuado na defesa da sustentabilidade, do uso racional dos recursos, e do estabelecimento de um novo modelo de desenvolvimento econômico que seja compatível com a preservação do meio ambiente em prol do bem estar de todos nós, de nossos filhos, netos, bisnetos. A educação ambiental permeia todos esses esforços e é o caminho para que a sociedade possa consumir com consciência, de forma que permita às futuras gerações usufruir dos recursos naturais do nosso planeta..
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R7 - De que maneira o senhor acredita que campanhas como Saco é um Saco e ações como a do Carrefour podem contribuir para diminuir o impacto negativo da sociedade no meio ambiente?.

Minc - A discussão sobre sacolas plásticas se insere em uma discussão maior sobre sustentabilidade, uso de recursos naturais, consumo sustentável e racionalização de embalagens. O debate sobre sacolas plásticas foi o primeiro sinal de uma conscientização internacional acerca do impacto do consumo no ambiente. No momento em que se começou a discutir a quantidade de sacolas plásticas consumidas por cada pessoa e o impacto ambiental coletivo disso, passou-se a observar com mais atenção a importância da atitude individual para mudar as coisas como estão..
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R7 - Que outras medidas o MMA está tomando para conscientizar a população da importância em preservar o meio ambiente?.

Minc - O sucesso da preservação dos ecossistemas depende da consciência e da mudança de comportamentos. A educação ambiental profunda supõe uma ampla disponibilidade de informações, exercícios de análise, práticas de monitoramento, centrais de reciclagem, trabalho com as famílias, com as escolas, interação com as unidades de conservação e conhecimento dos problemas e soluções ambientais para indústrias, ecossistemas e comunidades da região. No caso das escolas, o ideal é tirarmos os alunos das salas de aula, levando-os para conhecer de perto os problemas locais, o desmatamento de uma encosta, a poluição de um rio. Trabalhamos com cinco metas prioritárias: agilizar e destravar o licenciamento ambiental; adotar métodos modernos e eficazes de fiscalização, de investigação e de combate à impunidade ambiental; ampliar o uso de tecnologias e energias limpas; generalizar a educação ambiental e formar uma rede de apoio político e social que sustente o desenvolvimento solidário e não predatório; e aumentar a conectividade do setor ambiental com os setores produtivo, científico e governamental, adotando estratégias de responsabilidade socioeconômica..
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R7 - O que falta para as pessoas tornarem-se consumidores conscientes?.

Minc - Não podemos mais dizer que nos falta informação: o meio ambiente e a preocupação com o impacto da sociedade humana no planeta está nos jornais todos os dias. Hoje não é possível alegar que não se conhece o impacto na Amazônia da compra de carne sem declaração de origem, ou deixar a água correr enquanto se escova os dentes sem ter a clara noção de que se está desperdiçando um recurso precioso. O consumo consciente desafia o conforto, a comodidade e questiona hábitos arraigados. Não é fácil convencer as pessoas a mudar sua rotina, no entanto, é absolutamente necessário que cada um se dê conta da importância de sua ação para a construção de uma sociedade mais sustentável. Somos 6,2 bilhões de habitantes no planeta, caminhando para 9 bilhões até 2050. A compreensão sobre a finitude dos recursos naturais, dos limites físicos da Terra é o que falta para uma real mudança de atitude individual, a efetiva prática do consumo consciente no dia a dia..
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R7 – Qual a posição atual do Brasil nesta questão ambiental?.
Minc


- A mudança climática é o problema mais grave que a humanidade deverá enfrentar neste século. Precisamos reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa para evitar o aumento do nível dos mares e também a ocorrência de eventos extremos como furacões, enchentes e secas. Ao contrário da China, que possui uma matriz energética altamente poluente à base de carvão, o Brasil prioriza fontes renováveis mais limpas fundadas na hidroeletricidade, além de sermos vanguarda no etanol e nos biocombustíveis, que emitem menos carbono. O nosso desafio é outro: o desmatamento..
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R7 - O que mais podemos fazer para contribuir com a sobrevivência do planeta?.

Minc - A mudança dos padrões de produção e consumo é fundamental. Cada cidadão deve contribuir economizando energia, plantando árvores, reciclando lixo e regulando o motor de seus carros. O consumidor precisa compreender sua força geradora de mudança. Quando o consumidor exige produtos mais sustentáveis, responsabilidade socioambiental das empresas, respeito ao meio ambiente e à saúde humana, ele força a mudança dos padrões de produção. Nossas ações diárias precisam ter este foco, assim como nossas escolhas sobre o que e de quem comprar..

http://noticias.r7.com

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