Mais uma série de documentos publicados no sítio WikiLeaks e divulgados na imprensa mundial revela as críticas dos EUA à diplomacia brasileira durante as negociações internacionais do clima, entre 2008 e 2010. Em um dos vários telegramas escritos por diplomatas norte-americanos, o texto é irônico ao tratar da liderança do Brasil na cúpula do clima de Copenhague, no final de 2009.
Na mensagem, a diplomata Lisa Kubiske diz que “Lula cacarejou” suas conquistas ambientais e sua capacidade de costurar um acordo e acrescenta que o Brasil teria passado uma imagem de “herói” e “cavaleiro branco”. Os documentos, revelam ainda que os EUA exercitaram a estratégia de tentar conquistar o apoio brasileiro às suas propostas com o enfraquecimento do Itamaraty em favor do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Durante o encontro de nações, ainda segundo o WikiLeaks, EUA e China negociaram um acordo para manter os atuais níveis de poluição no mundo.
De acordo com o sítio fundado pelo jornalista Julian Assange, preso em Londres, o embaixador do Brasil para o clima, Sergio Serra, teria dito que “quem lidera as negociações é o Itamaraty, e Carlos Minc (na época ministro do Meio Ambiente) fala apenas sobre as suas opiniões pessoais”.
A ex-ministra do Meio Ambiente e candidata derrotada à Presidência da República, Marina Silva, para os norte-americanos, trata-se de uma pessoa “inflexível e absolutista nas questões ambientais”. Carlos Minc, por sua vez, era visto como pragmático e parceiro-chave dos EUA para defender que países como China e Índia deveriam ter metas.
O WikiLeaks flagrou correspondências também do embaixador Clifford Sobel, nas quais ele critica Minc: “Ele tem tendência a dizer o que gostaria que fosse verdade, e não o que de fato ocorreu”, referindo-se à garantia do então ministro ao representante dos EUA no Brasil de que que a posição do Itamaraty não prevaleceria, e sim a de seu ministério, o que não ocorreu.
Sobel, no entanto, reconhece que “o MMA está muito mais preocupado em resolver a questão. O Itamaraty a vê (à política ambiental brasileira) no contexto maior da política externa e está disposto a fazer menos sacrifícios”.
Procurado por jornalistas, Minc disse que havia, sim, uma divisão nítida entre seu ministério e o Itamaraty.
– O conservadorismo do Itamaraty se alinhava às posições mundialmente mais atrasadas: como quem historicamente poluiu foram os ricos, eles que façam alguma coisa – disse ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo.
Minc, porém, não aprovou a ideia de ser apontado como o homem de confiança dos EUA.
– Não tenho nenhuma identidade com os EUA. Tenho posições duríssimas com relação a eles. Defendi posição histórica dos ambientalistas – concluiu.
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