Quanto custa a destruição do meio ambiente? De acordo com um estudo encomendado pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e divulgado na semana passada, a destruição da natureza causada pelo impacto humano em 2008 custou US$ 6,6 trilhões, ou 11% do PIB mundial. Um terço desse total (US$ 2,15 trilhões) foi de responsabilidade das 3.000 maiores empresas do planeta (segundo a capitalização de mercado).
Só como comparação, esse montante é 20% maior do que as perdas de US$ 5,4 trilhões acumuladas pelos fundos de pensões dos países desenvolvidos em função da crise financeira global.
O estudo "Universal Ownership: Why environmental externalities matter to institutional investors" ("Propriedade Universal: Por que externalidades ambientais importam para investidores institucionais") foi produzido pela consultoria Truscot sob encomenda da Unep Finance Initiative (Iniciativa Financeira do Pnuma).
Essa organização é uma parceria entre a agência da ONU para o meio ambiente e 175 instituições financeiras de mais de 50 países, cuja missão é identificar e promover melhores práticas na área de finanças sustentáveis.
Trata-se de mais uma tentativa da ONU de contabilizar as perdas ambientais que o planeta vem acumulando e especialmente de monetarizar o dano causado pelo modelo de produção atual, além das suas possíveis consequências sobre os portfólios dos investidores e rentabilidade das empresas.
O relatório aponta que mantido o cenário "business-as-usual", o custo das perdas ambientais deverá chegar a US$ 28,6 trilhões em 2050, o equivalente a 18% PIB mundial.
Os autores do estudo ressaltam que por falta de dados a estimativa foi calculada somente sobre os seguintes impactos ambientais: as emissões de gases de efeito estufa; o uso da água; poluição do ar; produção de resíduos; exploração de recursos naturais (pesca e madeira).
Uma importante mensagem do estudo é o papel dos fundos institucionais já que, devido aos seus amplos portfólios, eles podem ser considerados "proprietários universais" e tem grande potencial de influenciar a forma de atuação das grandes companhias globais.
Seus investimentos estão expostos a um crescente e generalizado risco financeiro por causa dos danos ambientais. Diz o estudo: "os investidores institucionais podem exercer seu poder de influência para minimizar o tamanho desse impacto - ou das externalidades negativas - e assim reduzir a exposição a esses custos potenciais".
Investimentos sustentáveis cresceram 11%
Embora seus impactos ambientais sejam enormes e crescentes, grande parte das empresas está preocupada com o tema e muitas estão investindo em tecnologias ou métodos para minimizar os danos causados por seus sistemas produtivos.
Os investimentos em iniciativas "verdes" de 1.800 empresas americanas, com valor acima de US$ 1 bilhão, aumentaram em 11% em 2010, segundo a consultoria Verdantix. E a consultoria prevê crescimento ainda maior para 2011 (16%) e para 2012 (24%).
Segundo os executivos entrevistados pela consultoria, os recursos anuais previstos para serem gastos com projetos sustentáveis deverão chegar a US$ 60 bilhões em 2014.
PRÉ-CANCUN
Acabou sem resultados relevantes a última reunião preparatória para a Conferência do Clima (a COP 16) que acontecerá em Cancun, México, entre 29 de novembro e 10 de dezembro. O encontro, na China, demonstrou que o conflito básico entre as nações em desenvolvimento e os países desenvolvidos continua. Os primeiros, em especial a China e a Índia, querem manter a divisão entre os deveres das economias ricas e das mais pobres, como foi estabelecido em Kyoto.
O mundo desenvolvido, puxado pelos EUA, quer que o novo pacto reflita o aumento das emissões do mundo em desenvolvimento, que hoje representam mais de metade da poluição global por gases estufa. A China tornou-se o maior emissor global, superando os EUA. (Da AE)
Com um impasse nas negociações, Kyoto pode acabar, o que colocará em cheque o mercado de carbono criado pelo protocolo
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